Sunday 11 April 2010

UNIFICACAO DA ESCRITA DA LINGUA PORTUGUESA [R]*


“A língua portuguesa vai mudar, para que seja (sic) escrito de uma única forma nos oito países que adotam este idioma. (...) Serão cerca de 40 mudanças, entre elas estão o alfabeto com 26 letras (atualmente são 23), com a inserção do “k”, “w” e “y” (…)."

Extracto do mais recente post do Blog das Causas.

{Querera' isto dizer que ja' posso escrever Koluki, Kwanza, Lwei, Kwando, Kubango, Kongo, Yam, ou Afrika 'a vontade?}


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[Ver tambem comentarios a este post]

* [First Posted 03/05/07]


"Repostado" em referencia a este artigo.

“A língua portuguesa vai mudar, para que seja (sic) escrito de uma única forma nos oito países que adotam este idioma. (...) Serão cerca de 40 mudanças, entre elas estão o alfabeto com 26 letras (atualmente são 23), com a inserção do “k”, “w” e “y” (…)."

Extracto do mais recente post do Blog das Causas.

{Querera' isto dizer que ja' posso escrever Koluki, Kwanza, Lwei, Kwando, Kubango, Kongo, Yam, ou Afrika 'a vontade?}


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* [First Posted 03/05/07]


"Repostado" em referencia a este artigo.

14 comments:

Fernando Ribeiro said...

Estou céptico (cético) quanto à aplicação do Acordo Ortográfico, passados que já foram 17 anos (!) sobre a sua proposta formal. Aguardemos.

Quanto ao uso das letras K, W e Y na língua portuguesa, esta era uma reivindicação de Angola, a que alguns outros países se opunham (Brasil? Portugal?). Seja como for, com Acordo Ortográfico ou sem ele, a verdade é que os angolanos utilizam fartamente estas letras na sua escrita. Basta ver, por ex., que a moeda nacional angolana é grafada KWANZA e não CUANZA.

Anonymous said...

Claro que assim é.
E são frequentes os nomes de origem local assumidos em documentos oficiais com a utilizaçõa desses caracteres. Bem como os nomes de algumas localidades. Esse é o caminho certo desde que não se caia em exageros (estou a humorizar) do tipo: kadeira, karta de kondução, loyça ou swando.
Abraços.

Koluki said...

Denudado,

So' nao digo que estou completamente de acordo consigo porque, embora a maior parte do tempo nao o consiga evitar, ha' muito ando cansada de me sentir 'ceptika' em relacao a esse tipo de coisas...

Portanto, apenas repito consigo: Aguardemos.

Cigarra said...

Ora nem mais.......Aguardemos que o cepticismo é azedo...(é para ti Kolukikikikiki...lol)
Beijinho pa ti especialmente e....obrigada pela consideração

Daniel Duende said...

Eu não estou muito certo de que concorde com a "unificação das escritas". Temos que perceber que ao mesmo tempo que há uma certa unidade linguística no português falado nos vários países lusófonos, há também uma grande particularidade na língua portuguesa destes países. Qualquer unificação e normatização geral, como bem sabemos, acaba se valendo das normas ditadas pelos elementos hegemônicos -- o que é muito ruim. Acredito, antes disso, na libertação da língua. Creio que o povo de Angola deveria ser livre para usar todos os "K", "W" e "Y" que bem quisessem usar. Eu mesmo gostaria que a norma gramatical brasileira também agregasse estas letras. Mas creio que uma unificação geral do português no mundo, apesar de sua importância política enquanto "formador de bloco" pode ser sacrificante para os sabores e culturas locais de vários dos países lusófonos.

Sou brasileiro, e meu país tem proporções continentais. Acredito até que o esforço para que todos os nossos cento e tantos milhões de brasileiros falem o mesmo português pode ser "procrusteano"*. A língua é viva, é livre, se modifica de acordo com os sabores do tempo, da cultura e da necessidade simbólica. Nisto, sou contra o excesso de normatismo e ainda mais contrário à unificação da língua portuguesa. Vamos falar do jeito que somos, e não achar que deveríamos falar deste ou daquele jeito. A cultura, o uso e a produção artística se responsabilizam por manter a lingua bela, viva e útil. O resto é política.

*procrusteano: referente à cama de procrustes -- mito europeu onde um indivíduo era colocado em uma cama, a cama de procrustes, e se seu corpo fosse maior do que a cama, partes dele seriam cortadas para que ele coubesse na cama. Usa-se o termo (ao menos por aqui, no Brasil) para referir-se a uma circunstância onde se traça uma meta, sem se pensar na realidade, e depois tenta-se impor esta meta irreal sobre o mundo, causando muita dor desnecessária e contrariando o fluxo humano.


Abraços do Verde.

Muadiê Maria said...

Koluki, achei a reflexão de Daniel muito lúcida e concordo com ele. Em tempo de globalização todo cuidado é pouco.
Amei o comentário que vc pôs em meu blog. Achei lindo.
Um beijo,
Martha

Koluki said...

Daniel,

Obrigadissima pelo seu pertinente e esclarecedor comentario. Concordo absolutamente com o seu ponto de vista (e, ja' agora, tambem com o comentario que deixou na materia do 'Ango' sobre as novelas brasileiras).
Claro que uma rigida normatizacao e/ou institucionalizacao de um unico padrao para a escrita da lingua portuguesa (e aqui assumo que o proposito da "unificacao" se restringe a escrita e nao as variantes foneticas nos varios paises e, dentro destes, regioes) tera sempre um 'que' de procusteano, perante a vastidao dos territorios envolvidos, a sua diversidade cultural e linguistica (so' em Angola ha' pelo menos 10 linguas nacionais e seus respectivos "dialectos", todos a contribuirem com os seus sabores e cores para o Portugues...) e o numero de utentes em questao.
Nao me considero suficientemente abalizada, porque nao sou linguista, para dar uma maior contribuicao a questao da "unificacao" possivel, mas creio que um minimo de principios deverao ser adoptados, entre os quais a manutencao da escrita das palavras introduzidas no Portugues derivadas de outras linguas, em particular as Africanas, o mais fiel possivel as suas origens.
E' neste contexto que julgo ser curial a introducao das letras K, W e Y no alfabeto.

***

Martha,

Obrigada tambem pela sua (mais uma) contribuicao.
Quanto ao meu ultimo comentario no seu poetico blog, nao me agradeca porque e' sincero.

Um beijo.

Anonymous said...

Eu acho que cada um dos países da CPLP tem que criar suas próprias regras com base no padrão existente da língua portuguesa e dentro delas incluir as variantes locais e sua escrita respeitando suas próprias culturas. Só assim poderemos celebrar a diversidade da língua portuguesa no mundo.

Daniel Duende said...

Olá caríssima Koluki,
quero antes de mais nada agradecer pelo destaque que dente às minhas palavras. Fico feliz que tenhamos concordado nestes pontos, e fico sem palavras ao ver tua apreciação do que eu disse. Muito obrigado!

Agora, vamos ao ponto da discussão...
Concordo que uma unificação não-agressiva, que vise apenas tentar captar as normas já existentes informalmente e contruir uma "norma bem orientada" sobre a língua é possível. Mas eu temo, como já disse, que qualquer movimento de unificação será ditado pelos "mais fortes", e será procrusteano e inadequado para os vários países lusófonos que não se incluirem nesta designação.

Sou disposto a trabalhar em propostas de unificação, mas até que me convença que tal coisa pode fazer mais bem do que mal, sou contra a unificação gramatical da língua portuguesa, embora esteja sempre aberto a discutir sobre ela.

Antes, prefiro que os países lusófonos, individualmente, mergulhem em uma busca de alma da essência das línguas que são faladas por seu povo, e busquem tornar aquilo que já é real nas ruas, uma prática. Não sou linguista também. Não sou acadêmico. Mas me invisto do sagrado direito de leitor, escritor e falante do português para dizer que a língua é viva, e se as leis contrariam aquilo que é vital e real na língua, que se derrubem as leis.

Em tempo, eu ADOREI a sonoridade de palavras como "Bwé" em tua língua. Mesmo sendo brasileiro, lutaria ardentemente pela manutenção de palavras tão belas em uma língua tão viva, de um povo tão digno e vibrante como o Angolano. Además, nenhuma lei poderá calar a voz e a língua de um povo. Espero, portanto, que o povo de Angola tenha consciência do tesouro linguístico que possue, e o defenda com amor. Pois este tesouro desperta amor mesmo do outro lado do oceano.

Abraços apertados do Verde.

Koluki said...

Daniel, meu carissimo amigo,

Nao tem que me agradecer em nada pelo destaque que decidi dar as suas sensatas palavras porque elas merecem-no plenamente!

E, mais uma vez, destaco aqui algo com que concordo plenamente consigo: "Antes, prefiro que os países lusófonos, individualmente, mergulhem em uma busca de alma da essência das línguas que são faladas por seu povo, e busquem tornar aquilo que já é real nas ruas, uma prática. Não sou linguista também. Não sou acadêmico. Mas me invisto do sagrado direito de leitor, escritor e falante do português para dizer que a língua é viva, e se as leis contrariam aquilo que é vital e real na língua, que se derrubem as leis."

Tudo isso pode ser confirmado no meu ultimo post "Agora Luanda"... Nenhum de nos e' linguista, e acho que este assunto nao pode dizer respeito exclusivamente aos linguistas, portanto, ao relancar e destacar esta reflexao sobre a "unificacao" pretendo tambem que os "decision-makers" que, porventura, leiam esta troca de ideias tenham essas realidades em conta!

Numa outra nota, tomo esta oportunidade para convidar os leitores deste espaco a lerem este post num dos seus blogs, em que da' destaque as vozes brasileiras globais e a dois dos mais recentes e muito relevantes projectos do Global Voices, sobretudo o 'Rising Voices' cuja 'deadline' esta' ja' muito proxima (15 de Junho):

http://newalriadaexpress.blogspot.com/2007/06/vozes-brasileiras-vozes-globais.html

Um abracao igualmente apertado do... Castanho!

Fernando Ribeiro said...

Eu também não sou linguista, nem pouco mais ou menos. Parece-me, no entanto, que a "unificação" da língua não foi tão longe quanto se pretendia inicialmente. Por exemplo: os brasileiros vão continuar a poder escrever Antônio, enquanto os portugueses poderão continuar a escrever António. A proposta original eliminava os acentos nas palavras esdrúxulas. Segundo ela, todos nós teríamos que passar a escrever Antonio sem acento. Se esta regra da eliminação dos acentos nas palavras esdrúxulas prevalecesse, resultaria que a palavra cágado, por exemplo, passaria a ser escrita cagado... Felizmente o bom senso prevaleceu e os acentos foram mantidos de acordo com a pronúncia de cada país.

Koluki said...

Denudado,

Bem vindo de volta a esta conversa que tao bem iniciou.
A mim, para ser honesta, ate' me dava muito geito que os acentos fossem todos eliminados... mas compreendo perfeitamente as "problematicas" que a falta de alguns deles gerariam, como bem exemplifica.
Se bem que nesse caso particular, creio que os ingleses, por exemplo adoptariam algo como 'caagado' para o animal...

Um abraco.

Fernando Ribeiro said...

Há pessoas que, não tendo acentos no seu teclado, utilizam a letra H em seu lugar, à semelhança do que se fazia antigamente nos textos enviados por telex, por exemplo, onde também não havia acentos. Por exemplo, a palavra água era grafada AHGUA, América era AMEHRICA, etc. (Nos telexes também não havia letras minúsculas; as palavras eram escritas todas em maiúsculas).

Koluki said...

Ora ai estah uma boa lembranca!