EM BUSCA DE CERTEZA
Do chão ruge um leão
que
após comer uma estrela
encontra a lua
e
nela se estatela
em fugaz mansidão
aí desprende-se da tela
a onça chorona
que
num salto pleno de destreza
tudo transporta com leveza
para a parangona.
Invocados os espíritos
à sala
volta a razão
e
a tragédia se instala
conduzindo a angústia
pelo labirinto
em plena comunhão
dá-se então à música um reforço
e a ela se volta
presa ao chão
a multidão
que
não conseguindo matar a cobra
vive com ela ao pescoço
e diz que tá tudo bem.
Resulta que os sonhos
andam em parafuso
para uso desuso e abuso
novela na barriga
chupa (a)o pé
dos coitados
mas a música já
nos desce mais às mãos
nada há que nos falte
tudo vem a nós
o reino e a vontade
se não houver desfalque
e
sobretudo
se não duvidarmos
das nossas mãos
e
soubermos buscar a certeza
na ponta da estrela.
(A.S., in 'Poemario Proscrito' - catalogado algures sob "geracao das incertezas")
[Ilustracao: Tomckokôkô (1999) - JOEL NAMBOZOUINA, Republica Centro-Africana]
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