Tuesday 3 November 2009

OLHARES DIVERSOS (XVI)

BENTO BENTO ao Pais

(…)

Nós, como dizia no princípio, estamos na primeira linha de combate contra uma oposição liderada por um opositor também de respeito e com alguma capacidade de intervenção. Mas graças à nossa própria capacidade e à nossa combatividade, e principalmente à nossa capacidade de organização e mobilização, temos levado vantagem sobre os nossos opositores. Depois há também os problemas que Luanda tem e nós temos estado a passar à população a mensagem segundo a qual é preciso trabalharmos com alguma velocidade, mas também termos alguma paciência porque nem todos os problemas poderão ser resolvidos de um dia para outro.

Temos também a considerar algumas falhas … talvez voluntaristas de alguns quadros do partido que deveriam dialogar cada vez mais, que deveriam procurar entender cada vez mais antes de partir para algumas medidas impopulares que poderiam ser materializadas num outro clima …

(…)

Porque muitas das pessoas visadas são nossos militantes também. Mas tivemos de fazer um trabalho para que as pessoas pudessem entender que o desenvolvimento às vezes dá nisso. Mas, também, será que a capacidade de alguns dos nossos quadros administrativos, sendo eles militantes do MPLA, ou não, que não têm em conta a forma como devem materializar algumas decisões do governo, que podem materializá-las de forma distinta. Mas saímos deste mandato que hoje cessa com o sentido de missão cumprida, com o espírito e o ânimo de soldados que acabam de sair de um duro combate.

(…)

É importante dizer que nós, do Comité Provincial do Partido de Luanda, os comités municipais, os comités de acção, somos de opinião de que é preciso pôr fim à ocupação anárquica de terrenos. É preciso pôr fim às negociatas de terrenos, que tem havido de forma generalizada nalguns municípios de Luanda. Razão pela qual, todos quantos utilizam a ocupação ilegal de terras para negócio ilícito… nós somos por uma posição drástica por parte do Estado. Agora, temos situações em que muitos dos nossos munícipes construíram ilegalmente, mas para benefício familiar. E muitas dessas casas são casas que foram construídas como fruto das poupanças das populações. E isto multiplicado, na prática, são milhares e milhares de dólares, ou de kwanzas.

Muitas dessas populações viram-se privadas dos seus bens, das suas residências de um momento para outro. Então nós fazemos um diálogo com essas populações. E o partido, a todos os níveis, principalmente na base, nos seus activistas, podem facilitar esse diálogo, fazendo compreender às pessoas que para construir devem seguir determinados pressupostos. Pois que torna-se doloroso que uma família se veja privada da sua residência e, principalmente, vendo crianças e mulheres ao relento. E aí, nós, às vezes, ficamos sem argumentos para explicar a uma família, para explicar às crianças e às mulheres que de um momento para outro ficaram sem as suas residências.

Quanto às cabanas de chapa isso resolve-se. Uma cabana de chapas destruída agora, ainda que estejam pessoas a residir nela, essas pessoas podem ser transferidas numa fracção de segundos, constroem noutro lugar. Mas uma casa definitiva, uma residência com três, quatro quartos, uma residência de primeiro andar, devemos ter cuidado. É melhor usarmos o diálogo, inclusive darmos algum tempo, porque as pessoas, depois, podem não ter os recursos para construir outras casas.

(…)

Há, por exemplo uma reflexão que às vezes nos tem chegado… de pessoas que vão ao Comité provincial, que são às dezenas e às vezes até às centenas, que nos dizem: o pior é tirarem os nossos terrenos, demolirem as nossas casas, e depois aparecerem condomínios privados. E aí ficamos sem respostas. Não era conveniente, por exemplo, negociar com as pessoas, os privados que têm esses terrenos e dar-lhes outras parcelas de terreno? Porque também muitos desses privados ligados a imobiliária, cujos terrenos têm sido resgatados, usufruíram da distribuição sem o próprio Estado se precaver que já aí residem pessoas.

Por isso é que só com o diálogo profundo, inteligente, prudente, com uma concertação de todas as estruturas do partido e organizações da sociedade civil poderemos levar a bom termo os processos de demolições, por um lado, e, por outro lado, o realojamento. Mas também somos contra aqueles que desafiam o Estado, porque há indivíduos que o Estado diz: não construam aqui. E ele insiste construindo. Aí não há alternativas. Mas para mim, Bento Bento, o mais doloroso é ver crianças e mulheres chorando ao relento, não pela cabana destruída, mas por uma casa de construção definitiva.

[Aqui]

BENTO BENTO ao Pais

(…)

Nós, como dizia no princípio, estamos na primeira linha de combate contra uma oposição liderada por um opositor também de respeito e com alguma capacidade de intervenção. Mas graças à nossa própria capacidade e à nossa combatividade, e principalmente à nossa capacidade de organização e mobilização, temos levado vantagem sobre os nossos opositores. Depois há também os problemas que Luanda tem e nós temos estado a passar à população a mensagem segundo a qual é preciso trabalharmos com alguma velocidade, mas também termos alguma paciência porque nem todos os problemas poderão ser resolvidos de um dia para outro.

Temos também a considerar algumas falhas … talvez voluntaristas de alguns quadros do partido que deveriam dialogar cada vez mais, que deveriam procurar entender cada vez mais antes de partir para algumas medidas impopulares que poderiam ser materializadas num outro clima …

(…)

Porque muitas das pessoas visadas são nossos militantes também. Mas tivemos de fazer um trabalho para que as pessoas pudessem entender que o desenvolvimento às vezes dá nisso. Mas, também, será que a capacidade de alguns dos nossos quadros administrativos, sendo eles militantes do MPLA, ou não, que não têm em conta a forma como devem materializar algumas decisões do governo, que podem materializá-las de forma distinta. Mas saímos deste mandato que hoje cessa com o sentido de missão cumprida, com o espírito e o ânimo de soldados que acabam de sair de um duro combate.

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É importante dizer que nós, do Comité Provincial do Partido de Luanda, os comités municipais, os comités de acção, somos de opinião de que é preciso pôr fim à ocupação anárquica de terrenos. É preciso pôr fim às negociatas de terrenos, que tem havido de forma generalizada nalguns municípios de Luanda. Razão pela qual, todos quantos utilizam a ocupação ilegal de terras para negócio ilícito… nós somos por uma posição drástica por parte do Estado. Agora, temos situações em que muitos dos nossos munícipes construíram ilegalmente, mas para benefício familiar. E muitas dessas casas são casas que foram construídas como fruto das poupanças das populações. E isto multiplicado, na prática, são milhares e milhares de dólares, ou de kwanzas.

Muitas dessas populações viram-se privadas dos seus bens, das suas residências de um momento para outro. Então nós fazemos um diálogo com essas populações. E o partido, a todos os níveis, principalmente na base, nos seus activistas, podem facilitar esse diálogo, fazendo compreender às pessoas que para construir devem seguir determinados pressupostos. Pois que torna-se doloroso que uma família se veja privada da sua residência e, principalmente, vendo crianças e mulheres ao relento. E aí, nós, às vezes, ficamos sem argumentos para explicar a uma família, para explicar às crianças e às mulheres que de um momento para outro ficaram sem as suas residências.

Quanto às cabanas de chapa isso resolve-se. Uma cabana de chapas destruída agora, ainda que estejam pessoas a residir nela, essas pessoas podem ser transferidas numa fracção de segundos, constroem noutro lugar. Mas uma casa definitiva, uma residência com três, quatro quartos, uma residência de primeiro andar, devemos ter cuidado. É melhor usarmos o diálogo, inclusive darmos algum tempo, porque as pessoas, depois, podem não ter os recursos para construir outras casas.

(…)

Há, por exemplo uma reflexão que às vezes nos tem chegado… de pessoas que vão ao Comité provincial, que são às dezenas e às vezes até às centenas, que nos dizem: o pior é tirarem os nossos terrenos, demolirem as nossas casas, e depois aparecerem condomínios privados. E aí ficamos sem respostas. Não era conveniente, por exemplo, negociar com as pessoas, os privados que têm esses terrenos e dar-lhes outras parcelas de terreno? Porque também muitos desses privados ligados a imobiliária, cujos terrenos têm sido resgatados, usufruíram da distribuição sem o próprio Estado se precaver que já aí residem pessoas.

Por isso é que só com o diálogo profundo, inteligente, prudente, com uma concertação de todas as estruturas do partido e organizações da sociedade civil poderemos levar a bom termo os processos de demolições, por um lado, e, por outro lado, o realojamento. Mas também somos contra aqueles que desafiam o Estado, porque há indivíduos que o Estado diz: não construam aqui. E ele insiste construindo. Aí não há alternativas. Mas para mim, Bento Bento, o mais doloroso é ver crianças e mulheres chorando ao relento, não pela cabana destruída, mas por uma casa de construção definitiva.

[Aqui]

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