Está agendado para hoje, em Luanda, o acto central comemorativo dos 46 anos sobre a data de 15 de Março de 1961, a ser presidido por Holden Roberto, presidente da FNLA. A propósito da efeméride, aqui fica o registo de declarações prestadas à VOA por Ngola Kabangu, um dos dirigentes daquele partido.
««Sob o nome de código "A filha do senhor Nogueira casa-se no dia 15 de Março de 1961", a União das Populações de Angola (UPA) iniciava o ataque armado de maior impacto contra o sistema de dominação colonial português em Angola. Embora a propaganda hostil lhe dê um cunho racial e tribal, na opinião de Ngola Kabangu, segundo vice-presidente da FNLA, sucedânea da UPA, na verdade o ataque tinha um objectivo bem definido e dele participaram milhares de guerrilheiros:
“A luta transbordou o norte geográfico e não o norte etno-linguístico, atingiu os arredores de Luanda ali onde está a nona esquadra junto ao Roque Santeiro, ali no Asa Branca as acções dos nossos guerrilheiros se fizeram sentir. Na parte sul as acções da guerrilha chegaram a Calulo, Quibala, Libolo e iam em direcção ao planalto. A acção do 15 de Março de 1961 atingiu uma boa parte do território que hoje é Angola e foi uma acção de grande envergadura que envolveu milhares de patriotas e, por isso é que o consideramos como o início do fim do império colonial português."
"Foi a partir dos anos 50 que a União dos Povos do Norte de Angola (UPNA, antecessora da UPA), criada em 1954, começou o trabalho de consciencialização política. O inesquecível Barros Nekaka Sidney a pretexto de ir a Luanda renovar o seu bilhete de identidade contactou grandes patriotas como Víctor de Carvalho, João Viegas, Pereira Inglês, António da Costa Kimpiololo e trouxe a semente da luta e inciou um trabalho de consciencialização, cujo impulsionador foi o cónego Manuel da Neves. Todo esse engajamento de Barros Nekaka viria a ter reflexão ainda nas acções de 4 de Janeiro e 4 de Fevereiro de 1961, conformando uma jornada de luta nacional organizada do ponto de vista político e militar."
"Por isso é que nós apelamos a consciência de todos os patriotas angolanos independentemente da sua filiação política para que o 15 de Março seja proclamado feriado nacional pela Assembleia Nacional, que só vai dignificar o povo angolano, só vai respeitar a história, só vai transmitir uma mensagem positiva às gerações vindouras".»»
(Foto: Capa de "Angola Freedom Songs - UPA Fighters", Smithonian Folkway Records, 1962)
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