Conheci Noemia de Sousa durante um qualquer evento literario em Lisboa nos anos 80. Desse breve, mas muito marcante encontro, lembro-me de ela me ter perguntado algo como “sera' que voces, da nova geracao de escritores, teem nocao de que os vossos livros no tempo colonial nunca seriam publicados?”. Nao me lembro exactamente da minha resposta, mas acho que lhe respondi que “sim, obviamente, temos nocao disso”.
O que sempre me impressionou e fascinou em Noemia, antes e depois de a conhecer, foi o impacto que a sua poesia teve na literatura Mocambicana e das ex-colonias Portuguesas, apesar de nunca ter publicado um unico livro ate’ quase ao fim da sua vida (isto numa era em que, cada vez mais, pelo menos em certos circulos, so' se considera poeta ou escritor a quem publique livros como quem fabrica e vende pao quente todos os dias). Ha’ quem diga que assim o foi porque ela assim o quiz. Nao sei se tera sido exactamente essa a razao, ou se ela tera tido a ver com a pergunta que me fez naquele encontro. Ou talvez Noemia se sentisse plenamente satisfeita apenas com a esparsa aparicao da sua poesia em publicacoes tais como Mensagem, Itinerário, Notícias do Bloqueio, O Brado Africano, Moçambique 58, Vértice, ou Sul.
Qualquer que tenha sido a razao, em 2001, Nelson Saute finalmente conseguiu a sua autorizacao para a edicao de uma colectanea dos seus poemas, escritos cerca de 50 anos antes, entitulada “Sangue Negro”. Sobre ela Francisco Noa, critico literario, escreveu: “Feita arma ou confissão, a poesia de Noémia de Sousa , reunida na obra “Sangue Negro”, exprime não só as inquietações de espírito de um sujeito, claramente localizado no tempo e no espaço, como também prefigura sentimentos, percepções e aspirações, onde converge toda uma nação por acontecer.”
De seu nome completo Carolina Noemia Abranches de Sousa Soares, nasceu em 1926 em Catembe (entao Lourenco Marques, hoje Maputo), Mocambique. Tambem usando o pseudonimo Vera Micaia, comecou a escrever poesia aos 22 anos de idade e nao deixou desde entao de impressionar o mundo literario Mocambicano e nao so’, sobretudo pela profunda afirmacao das suas raizes africanas. Noemia deixou Maputo com destino a Lisboa em 1951, tendo dali emigrado para Paris em 1964. Regressou a Lisboa em 1975, onde residiu e trabalhou como jornalista e tradutora ate’ ao seu falecimento em Dezembro de 2002. Com a devida venia perante a sua memoria, aqui ficam dois dos seus poemas:
O que sempre me impressionou e fascinou em Noemia, antes e depois de a conhecer, foi o impacto que a sua poesia teve na literatura Mocambicana e das ex-colonias Portuguesas, apesar de nunca ter publicado um unico livro ate’ quase ao fim da sua vida (isto numa era em que, cada vez mais, pelo menos em certos circulos, so' se considera poeta ou escritor a quem publique livros como quem fabrica e vende pao quente todos os dias). Ha’ quem diga que assim o foi porque ela assim o quiz. Nao sei se tera sido exactamente essa a razao, ou se ela tera tido a ver com a pergunta que me fez naquele encontro. Ou talvez Noemia se sentisse plenamente satisfeita apenas com a esparsa aparicao da sua poesia em publicacoes tais como Mensagem, Itinerário, Notícias do Bloqueio, O Brado Africano, Moçambique 58, Vértice, ou Sul.
Qualquer que tenha sido a razao, em 2001, Nelson Saute finalmente conseguiu a sua autorizacao para a edicao de uma colectanea dos seus poemas, escritos cerca de 50 anos antes, entitulada “Sangue Negro”. Sobre ela Francisco Noa, critico literario, escreveu: “Feita arma ou confissão, a poesia de Noémia de Sousa , reunida na obra “Sangue Negro”, exprime não só as inquietações de espírito de um sujeito, claramente localizado no tempo e no espaço, como também prefigura sentimentos, percepções e aspirações, onde converge toda uma nação por acontecer.”
De seu nome completo Carolina Noemia Abranches de Sousa Soares, nasceu em 1926 em Catembe (entao Lourenco Marques, hoje Maputo), Mocambique. Tambem usando o pseudonimo Vera Micaia, comecou a escrever poesia aos 22 anos de idade e nao deixou desde entao de impressionar o mundo literario Mocambicano e nao so’, sobretudo pela profunda afirmacao das suas raizes africanas. Noemia deixou Maputo com destino a Lisboa em 1951, tendo dali emigrado para Paris em 1964. Regressou a Lisboa em 1975, onde residiu e trabalhou como jornalista e tradutora ate’ ao seu falecimento em Dezembro de 2002. Com a devida venia perante a sua memoria, aqui ficam dois dos seus poemas:
NEGRA
Gentes estranhas com seus olhos cheios doutros mundos
quiseram cantar teus encantos
para elas só de mistérios profundos,
de delírios e feitiçarias...
Teus encantos profundos de Africa.
Mas não puderam.
Em seus formais e rendilhados cantos,
ausentes de emoção e sinceridade,
quedas-te longínqua, inatingível,
virgem de contactos mais fundos.
E te mascararam de esfinge de ébano, amante sensual,
jarra etrusca, exotismo tropical,
demência, atracção, crueldade,
animalidade, magia...
e não sabemos quantas outras palavras vistosas e vazias.
Em seus formais cantos rendilhados
foste tudo, negra...
menos tu.
E ainda bem.
Ainda bem que nos deixaram a nós,
do mesmo sangue, mesmos nervos, carne, alma,
sofrimento,
a glória única e sentida de te cantar
com emoção verdadeira e radical,
a glória comovida de te cantar, toda amassada,
moldada, vazada nesta sílaba imensa e luminosa: MÃE
[Fotos de Maputo: "O Sol Nasce a Oriente", por Ana Santana]
IF YOU WANT TO KNOW ME
If you want to know me
examine with careful eyes
this bit of black wood
which some unknown Makonde brother
cut and carved
with his inspired hands
in the distant lands of the North.
This is what I am
empty sockets despairing of possessing life
a mouth torn open in an anguished wound
huge hands outspread
and raised in imprecation and in threat
a body tattooed with wounds seen and unseen
from the harsh whip strokes of slavery
tortured and magnificent
proud and mysterious
Africa from head to foot
this is what I am.
If you want to understand me
come, bend over this soul of Africa
in the black dockworker's groans
the Chopez' frenzied dances
the Changanas' rebellion
in the strange sadness which flows
from an African song, through the night.
And ask no more
to know me
for I'm nothing but a shell of flesh
where Africa's revolt congealed
its cry pregnant with hope.
(Mais poesia de Noemia Aqui)
A Song To Heal - Jean 'Binta' Breeze
8 comments:
Noémia de Sousa, pois então! Um nome bem grande da poesia moçambicana. Excelente lembrança, minha amiga.
O primeiro poema que aqui tem, "Negra", vai na mesma linha de um outro, chamado "Poema para a Negra", do angolano Geraldo Bessa Victor, que conheci quando eu ainda era criança.
O segundo poema reza assim em português:
Se me quiseres conhecer,
Estuda com olhos de bem ver
Este pedaço de pau preto
Que um desconhecido irmão maconde
De mãos inspiradas
Talhou e trabalhou em terras distantes lá do norte.
Ah! Essa sou eu:
órbitas vazias no desespero de possuir a vida
boca rasgada em ferida de angústia,
mãos enormes, espalmadas,
erguendo-se em jeito de quem implora e ameaça,
corpo tatuado feridas visíveis e invisíveis
pelos duros chicotes da escravatura...
torturada e magnífica
altiva e mística,
África da cabeça aos pés,
– Ah, essa sou eu!
Se quiseres compreender-me
Vem debruçar-te sobre a minha alma de África,
Nos gemidos dos negros no cais
Nos batuques frenéticos dos muchopes
Na rebeldia dos machanganas
Na estranha melodia se evolando
Duma canção nativa noite dentro
E nada mais me perguntes,
Se é que me queres conhecer...
Que não sou mais que um búzio de carne
Onde a revolta de África congelou
Seu grito inchado de esperança.
(In Notícias, 07.03.1958, página “Moçambique 58”)
Noémia é linda.
Um beijo pra você.
Denudado,
E’ realmente espantosa a intertextualidade entre esses dois poemas sobre “a Negra” de Bessa Victor e Noemia de Sousa… o tipo de material sobre o qual os estudiosos da literatura gostam de se debrucar. Nao sei se ja’ havera’ algum estudo sobre isso.
Pessoalmente penso que, apesar da aparente intertextualidade, ha’ pelo menos uma diferenca crucial entre os dois poemas: enquanto Noemia se projecta a si mesma, como mulher negra/africana na imagem que contrapoe a das “gentes estranhas com seus olhos cheios doutros mundos”, resgatando a ‘negra como mae’, essa “silaba” para onde convergem a sua identidade, personalidade, espiritualidade e sexualidade coisificadas pelo olhar e a posse do “outro” (… Ainda bem que nos deixaram a nós,/ do mesmo sangue, mesmos nervos, carne, alma,/ sofrimento,/ a glória única e sentida de te cantar/ com emoção verdadeira e radical,/ a glória comovida de te cantar, toda amassada,/ moldada, vazada nesta sílaba imensa e luminosa: MÃE), ja’ Bessa Victor, apesar de falar do “exotismo que dizem descobrir na nossa raca” e de “eu canto do mais fundo do teu ser, o’ minha amada”, nao deixa de se projectar como “outro” (o amante) na carne e alma de uma mulher, que ele nao e’ – mesmo que, eventualmente, porque o desconheco, ele tenha pertencido a raca negra... Nao parece haver aqui nenhuma diferenca radical entre esta abordagem e a do proverbial amante que, em qualquer contexto ou sociedade, pretende afirmar a superioridade dos seus sentimentos sobre o objecto amado em relacao aos dos seus “rivais”… E se imaginarmos que o objecto amado e’ representado pela rapariga na foto que tem no seu blog a ilustrar o poema, dir-se-ia que a sua expressao de rosto e a sua “pose” artificial com duas folhas de bananeira estrategicamente colocadas para lhe reforcar o “exotismo”, revelam precisamente, mais do que a imagem dela, a imagem do “outro” por detras da camara que a pretende retratar…
E, infelizmente, este tipo de “apropriacao” e “coisificacao” da alma e da carne da mulher negra esta’ longe de ter deixado de ser pratica comum nos dias de hoje, apesar de estes dois poemas serem datados de ha cerca de meio seculo ou mais. Pior do que isso, mais do que da carne e da alma, e no que configura uma das formas mais soezes e aviltantes de violacao da pessoa humana, ha’ quem em pleno sec. XXI se aproprie e coisifique sem qualquer pudor, para dizer o minimo (incluindo outras mulheres – realidade abjecta com que me confronto neste preciso momento por conta, entre outros, de uma serie de ataques de que tenho ultimamente sido vitima num blog pornografico de uma mulher portuguesa…) das formas de expressao artistica e identitaria dessa “coisa feita negra”, para atingir os seus proprios fins mais inconfessos…
Nao e’ esse, felizmente, o caso de Bessa Victor e isso o redime aos meus olhos. Mas, curiosamente, ha’ no site da UEA uma recensao da “Obra Poetica” onde se pode ler o seguinte:
“Não se negará a angolanidade literária de Bessa Victor, todavia reconhecendo-lhe limitações, exactamente as de imitação de modelos extemporâneos e exauridos, que o remetem para um papel secundário na história da literatura angolana”, assim remata Pires Larangeira. (…) “A lírica de Bessa Victor não é, portanto alheia à defesa dos interesses dos da terra, nem representa propriamente a alienação dos seus habitantes, nem silencia os motivos e os tópicos associados à “raça” negra e à identidade angolana ou regional (sobretudo luandense). A sua diferença consiste em manter, junto com o elogio e a mistificação do negro, uma postura social conservadora e uma posição política no mínimo ambígua, porque de raiz não assinala o sistema como um mal, apenas algumas das suas manifestações, por vezes só as mais recentes.”
P.S.: Ola’ Martha, beijo para si tambem!
Koluki,
Antes de mais nada, quero que saiba que estou do seu lado no que diz respeito à sua questão com a proprietária do blog pornográfico. Só visitei o dito blog uma vez e não fiquei com vontade de lá voltar.
Tanto quanto julgo saber, Geraldo Bessa Victor ainda é vivo e reside em Portugal, devendo completar este ano noventa anos de idade. Ele é natural de Luanda e é negro ou, pelo menos, mestiço muito escuro.
A minha amiga cita Pires Laranjeira (autor que muito prezo) que diz, a certo passo, que Geraldo Bessa Victor teve «uma postura social conservadora». Sejamos claros: apesar de ser negro, Geraldo Bessa Victor foi um firme apoiante da política colonial de Salazar. Como facilmente se imagina, o seu relacionamento com os meios nacionalistas africanos foi francamente mau. Ele não negava a existência de gravíssimas injustiças em Angola e nas outras colónias portuguesas, nem poderia negá-lo, pois ele mesmo deve ter sofrido bastantes na sua própria pele negra. Não custa nada admitir, por exemplo, que seja autobiográfico o seu poema O menino negro não entrou na roda. No entanto, ele achava que essas injustiças eram corrigíveis no interior do próprio regime colonial e que o tal "Portugal multirracial e pluricontinental", em que ele acreditava, viria um dia a ser uma realidade.
Esse Portugal não foi uma realidade, nem nunca poderia sê-lo. Basta lembrar que foi preciso que a guerra de libertação se desencadeasse em Angola, para que o salazarismo empreendesse finalmente a extirpação dos artigos mais revoltantes contidos na legislação colonial. Se a guerra não tivesse começado, nunca nenhuma das reformas feitas pelo prof. Adriano Moreira teria visto a luz do dia. Mesmo assim, com ou sem cobertura legislativa, a minha amiga sabe muito melhor do que eu que muitas das injustiças continuaram a ser praticadas depois das reformas, com destaque para o famigerado "contrato", o qual continuou a existir praticamente até à véspera da independência, com a conivência descarada das autoridades coloniais, tanto civis como militares. O colonialismo não estava mesmo interessado em construir o tal "Portugal multirracial".
Acredito na sinceridade de Geraldo Bessa Victor, embora não esteja de acordo com ele. Por causa da sua oposição à independência das antigas colónias, ele foi de certo modo votado ao ostracismo pelos seus patrícios, raramente figurando, por exemplo, nas antologias de poesia africana de língua portuguesa. Esta atitude tomada em relação a Bessa Victor contrasta flagrantemente com a que tem sido tomada em relação a um outro apoiante do regime colonial, o santomense Francisco José Tenreiro. É claro que daria demasiado nas vistas não incluir numa antologia uma figura tão importante para a poesia africana, como foi Francisco Tenreiro. E no entanto, Tenreiro foi ainda mais longe do que Geraldo Bessa Victor no apoio ao regime, pois chegou a ser deputado integrante nas listas do partido único de Salazar, a "União Nacional".
É certo que Geraldo Bessa Victor não foi tão bom poeta como Francisco José Tenreiro, nem pouco mais ou menos. A sua poesia tem um sabor arcaico, mais parecendo ter sido escrita no séc. XIX do que em pleno séc. XX. No entanto, ela também tem bastante qualidade, o que dá direito ao seu autor a ocupar finalmente o lugar que lhe cabe na poesia angolana, a par de muitos poetas que ele combateu politicamente. Porque a verdade é que Geraldo Bessa Victor é um poeta angolano, malgré lui, não é um poeta português.
A ilustrar o "Poema para a Negra", de Geraldo Bessa Victor, coloquei aquela foto, e não outra, porque ela ilustra precisamente a tentativa de exotificação (não sei se esta palavra existe) que quiseram fazer de uma negra num postal ilustrado colonial, por um lado, e porque esta mulher negra apresenta um ar intensamente magoado, por outro, que é a negação mesma dessa exotificação. Esta mulher de etnia macua (do norte de Moçambique) não se deixou transformar num objecto exótico.
Caro amigo Silvera,
Obrigada antes de mais pelo seu voto de solidariedade.
Aceito como sensato o seu conselho, mas permita-me que esclareca um pouco a minha decisao de quebrar o silencio sobre esse lamentavel assunto:
1. Como deixei patente, nao tinha incialmente intencoes de sobre ele me debrucar, ou de lhe dar demasiado espaco aqui. Porque o fiz aqui e agora? Porque, se bem interpreto o poema “Negra” de Noemia e a sua postura, tanto literaria como politica e social, sobre este tipo de questoes, esse poema lanca uma luz unica sobre os problemas de fundo levantados por essa questao. Trata-se, nada mais nada menos, do confronto entre “gentes estranhas com seus olhos cheios de outros mundos” (neste caso especifico, olhos cheios de pornografia e devassidao), “ausentes de emocao e sinceridade” e com palavras “vazias” e a reaccao do “objecto coisificado”, ‘exoticisado’, abusivamente apropriado, de que eu falava no meu primeiro comentario. Acontece tambem que “essa coisa feita negra”, tal como no poema da Noemia, “queda-se longinqua, inatingivel, virgem de contactos mais fundos” perante as violacoes que pretendem transforma-la em “tudo menos tu”. Qual e’ a diferenca? E’ que, ao contrario da(s) negra(s) de que a Noemia falava, eu nao deixo outra(o)s cantarem ou falarem por mim… porque, felizmente, posso e devo faze-lo por mim propria!
2. Eu nao estou arrasada, estou, quanto muito, chocada e enojada… Na minha estimacao, quem esta’ arrasada e’ a tresloucada assaltante. Ficou arrasada, primeiro porque lhe manifestei desinteresse pelos seus interesses (note-se como, depois de ter aparecido aqui pela primeira vez como lobo em pele de cordeiro, da segunda vez aparece num transe de histerismo a falar em “presuncao e agua benta” e outros similares disparates…); segundo, porque atraves de alguns posts, anexos e comentarios meus e de outros aqui, ela constatou que, entre outras coisas, ela e o seu blog nao se podem, nem de perto nem de longe, colocar ao mesmo nivel (note-se como uma criatura assumidamente (?) pornografa – o que, em qualquer estimacao, constitui a forma mais extrema de exibicionismo – me acusa de ser “exibicionista” e de fazer “auto-promocao”, passando por cima do facto de que apenas falei aqui do meu livro e de alguns aspectos da minha biografia em reaccao a uma outra situacao que quem acompanha este e pelo menos alguns outros blogs tera’ perfeitamente identificado e compreendido e do facto de que o que falei e aqui postei sobre mim constitui uma gota de agua no oceano do muito que tenho falado e postado sobre outra(o)s…); terceiro, porque apaguei os comentarios dela, incluindo o inicial e o primeiro da ultima serie, que generosamente tinha inicialmente deixado ficar (note-se como ela, de cuja existencia estava eu a milhas ate’ ela aparecer por aqui, fala em “apagam-nos, mas nos reacendemos a chama de outra maneira” e “quem se mete comigo, ou connosco, leva o troco”, ou coisa parecida…). Portanto, tudo o que ela esta a fazer e’ motivado por puro despeito, raiva, inveja, ciume, odio e um misto de complexos de inferioridade e superioridade, o que tudo junto se resume na seguinte atitude, que conheco a distancia porque com ela ja’ me confrontei vezes sem conta ao longo da minha vida: “Quem e’ que essa preta julga que e’? Porque, como, com base em que e desde quando e’ que ela se pode julgar “superior” a mim?” E dai, parte para uma serie de ataques com o objectivo de, por um lado, por-me ao mesmo nivel dela tentando com o uso da minha poesia no seu blog demonstrar que “somos farinha do mesmo saco” e simultaneamente tentar “valorizar” o seu blog e, por outro lado, pretender manter-se renitente e reincidente perante avisos e tentativas de a chamar a razao, apenas para demonstrar o seu demente e psicopatico sentido de “superioridade”, mesmo perante a lei (note-se como, na cabeca dela, se acha com todo o direito de fazer o que esta a fazer e muito pior ainda porque entende que eu e’ que tenho que “apagar todos os tracos da minha existencia e da minha poesia”, isto na mesma linha de alguem que nao ha muito tempo me sugeria que “tomasse coragem para cometer um suicidio em grande estilo”...);
3. Embora este seja um caso extremo de demencia psicopatica, este tipo de atitude e’, infelizmente, bastante mais comum do que aquilo que muito boa gente se dispoe a aceitar, particularmente no contexto das relacoes inter-raciais e, mais particularmente ainda, no contexto das relacoes entre mulheres brancas e negras… Nao sera’ de todo por acaso que tudo isto acontece sobre o pano de fundo da publicacao que fiz aqui da poesia de Kardo Bestilo e de extractos da vida e obra de Biko, mas muito particularmente da poesia de Maya Angelou e do destaque que dei a algumas das suas afirmacoes, das quais ressalto aqui apenas estas: “The fact that the adult American Negro female emerges a formidable character is often met with amazement, distaste and even belligerence. It is seldom accepted as an inevitable outcome of the struggle won by survivors, and deserves respect if not enthusiastic acceptance”; “As far as I knew white women were never lonely, except in books. White men adored them, Black men desired them, and Black women worked for them”. Infelizmente, constata-se que pelo menos algumas mulheres brancas tenhem uma dificuldade absolutamente intransponivel de lidar com essa realidade historica, que se verificou e continua a verificar nao so’ nos EUA, ante e post-esclavagismo, mas tambem e com ainda mais incidencia no mundo colonial e post-colonial em Africa, o que as leva, perdidas nas suas proprias teias, tramas e dramas, a acusarem de “racismo negro” ou de “complexos de negra” e “complexos de colonizado” a quem se atreva a reagir aos seus insultos e abusos e a confronta-las por isso, seja de que forma for ... o que apenas revela uma das formas mais cruas de exercicio de um sentido de poder despotico, que lhes foi outorgado ao longo de seculos (… atraves dos olhares e discursos dos que a Noemia descreve como “gentes estranhas com seus olhos cheios de outros mundos”…), sobre essas ‘nosotras’, essas “coisas feitas negras”, que elas se habituaram, cultural, psicologica, social e politicamente, a considerar como inferiores a elas porque, entre outras coisas, supostamente “mais feias”, “mais incultas” e “menos inteligentes” do que elas (… embora mais “exoticas” e sexualmente atractivas…), enfim, umas “petit-riens” que precisam de “ser postas no seu devido lugar” por terem o “atrevimento” de sequer existirem, quanto mais dirigirem-se a elas e, “shock, shock, horror, horror”, “pretenderem disputar” as suas posicoes... Mas esse e’ um problema delas, nao meu, quanto mais nao seja porque me sinto e sempre me senti muito bem na minha pele e nunca tive necessidade de me apropriar de palavras ou mascaras de outras para forjar ou afirmar a minha identidade propria!
4. Porque dediquei o livro onde estao incluidos os poemas em questao, literalmente “A minha Mae e ao meu filho com Amor”…
Deixo-o, caro amigo, com um grande abraco de amizade e retribuo-lhe a disponibilidade de poder contar sempre comigo. Quem sabe para a reactivacao do ‘Monte das Acacias’?
Denudado,
Obrigada igualmente pelo seu apoio em relacao a essa sordida questao. Devo dizer que a primeira vez que visitei o tal blog foi quando a criatura apareceu aqui no "dia da mulher angolana", tendo-a eu inicialmente saudado calorosamente, mas logo a seguir, ao visitar o blog dela, nao consegui passar sequer da primeira fotografia… fechei-o imediatamente e voltei aqui para a informar que nao partilhava os seus interesses. Nunca mais la’ voltei ate’ que aqui ha’ uns dias ela deixou aqui um “recado” a dizer que tinha colocado la’ a minha poesia…
Quanto ao resto, na mesma recensao que mencionei, pode ler-se que “O poeta e contista Geraldo Bessa Victor nasceu em 1917 em Luanda e faleceu no ano de 1990, Lisboa, sua segunda Pátria.” Nao sabia que ele era negro, sobretudo porque nao faco as minhas avaliacoes da obra de quem quer que seja com base primordialmente na sua raca e tambem porque nao me lembro de ter visto uma fotografia dele.
Desculpe-me nao ter feito a quotacao correctamente, mas o segundo paragrafo de onde retira a frase a que se refere nao e’ de Pires Laranjeira, mas sim de Francisco Soares.
Com base no que me e’ dado saber sobre esses dois nomes incontornaveis, para o ‘bem’ ou para o ‘mal’, das literaturas africanas das ex-colonias portuguesas, concordo na generalidade com a analise que faz da poesia e trajectoria politicas de Bessa Victor e Francisco Tenreiro e pouco ou nada lhe terei a acrescentar neste contexto.
Quanto a foto da rapariga Macua, estamos entendidos.
Um abraco.
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