Saturday, 9 May 2009

OLHARES DIVERSOS (II)


O texto que planeara postar neste segundo “Olhares Diversos”, encontrei-o ha’ dias, por mero acaso, num forum cujo link segui a partir da lista de “referrers” de um dos contadores deste blog – trabalho a que apenas me dou quando tais referencias indiciam uma qualquer ligacao a posts meus. Ao chegar ao tal forum, assolou-me imediatamente uma sensacao de mal-estar pelas mencoes no seu cabecalho ao “white pride world wide”...

Continuei, no entanto, a descer pela pagina abaixo a procura do que por la’ poderia haver relacionado com o meu blog. E, a medida que o fazia, pelos titulos, as imagens e, sobretudo, a referencia permanente a Declaracao da ONU sobre os Direitos dos Povos Indigenas, foi-se-me instalando a duvida sobre se realmente aquele se trataria de um forum da “extrema-direita racista”... ate’ que encontrei o que o ligava ao meu blog: este texto do meu amigo Denudado aqui publicado na serie “Be My Guest!”.

Mas, chamou-me particularmente a atencao o post imediatamente anterior, sob o titulo "Brancos, Pretos e Mulatos", que assim comecava: “Uma boa parte dos mulatos, nos tempos coloniais, não saberia quem era o pai. Os brancos entravam no caniço e tinham a negra que quisessem. A bem ou a mal. A seguir desapareciam, e como poderia alguém saber de onde eram, como se chamavam? Se os mulatos eram renegados pelos pais, não aconteceria por serem mulatos, mas por serem filhos nascidos fora do casamento. Os brancos mantinham a mulher branca algures no centro da cidade, ou na Metrópole. E para lá seguiam. As "traquinices" sexuais dos brancos com negras não assombravam o seu futuro, porque uma negra não tinha poder para reclamar qualquer paternidade. Ninguém lhe daria crédito.”

Enquanto o lia, a partir de um determinado momento comecei a ficar com a sensacao de que conhecia aquele tipo de estoria e a forma como era escrita de um blog que 'espreitei' durante algum tempo (ainda muito proximo de quando me lancei na blogosfera, qual “pata brava em mar alto”...). Cheguei mesmo a inclui-lo nos links do meu blog, mas pouco tempo depois conclui que, por “mais que perfeito” que fosse, aquele, definitivamente, nao era o meu mundo. “Deslinkei-o” entao e aos poucos fui deixando de o visitar.

Ja’ la’ nao ia ha’ um bom par de anos (e’... ja’ por aqui ando ha’ uns tempos...), ate’ hoje, quando me preparava para postar aqui o texto em questao e fui a procura do sitio onde ele tinha sido originalmente publicado, porque faco sempre questao de indicar a origem do que aqui publico e que nao e' de minha autoria, e... sim, era do “Mundo Perfeito” (MP). E se isso nao constituiu espanto para mim, espantou-me deveras acabar por descobrir que a sua autora decidiu encerra-lo em protesto pela (re)postagem de textos seus em espacos com os quais nao se identifica ideologicamente e, transcrevo, “Por outro lado, sinto que o que fui escrevendo sobre as minhas memórias coloniais, as quais considero historica e politicamente relevantes, foi sendo erradamente interpretado. Afinal, talvez não seja possível escrever sobre colonialismo três décadas após o seu término, a não ser como se espera vê-lo escrito. Talvez o colonialismo não tenha terminado ainda. Talvez seja confuso isto de uma mulher não conservadora, um pouco anarca, independente de esquerda ser simultaneamente filha de uma pesada herança colonial que não nega.”

Tendo eu tido, nestas minhas lides na blogosfera e, muito especialmente, na lusosfera, as minhas mais do que suficientes doses de abusos de toda a ordem por parte de terceiros (incluindo gente nos antipodas das minhas conviccoes ideologicas e/ou inclinacao sexual), nao posso deixar de manifestar a minha solidariedade para com a lesada. No entanto, como ficou registado pelas minhas reaccoes a tais abusos, nao sei se, no seu lugar, eu teria tomado a mesma decisao, mas... longe de mim a leviandade de pretender questiona-la e muito menos as suas razoes. E, perante tal decisao e suas razoes, mesmo nao me tendo sentido movida por quaisquer intentos eticamente reprovaveis quando pensei em postar o seu texto aqui, coibi-me imediatamente de o fazer. Contudo, nao foi fundamentalmente isso que me levou a tracar estas linhas – mesmo porque acabei por ficar tambem a saber que ela ja’ decidiu criar um outro blog. No que lhe desejo melhor sorte.

O que me trouxe a estas linhas, porem, foi o reviver da sensacao de desconforto que sentira ao ler algumas das suas “cronicas coloniais” quando inicialmente descobri o MP. Fui para elas atraida nao apenas pelo tema, obviamente, mas tambem pela forma, nua e crua (quase que diria mordaz e impiedosa), como as escrevia. Mas esse polo de atraccao acabou por ser rapidamente anulado por um outro, senao de rejeicao, pelo menos de indiferenca: porque cedo fiquei convencida de que se tratava de alguem a tentar resolver intimamente a sua relacao com os seus pais, em particular com o seu pai, usando apenas como “pano de fundo” o mundo “dos (seus) pretos” e, como pretexto, o lugar do seu pai nesse mundo (um lugar com doses nauseantes de paternalismo para com os "seus pretos"...) e, mais particularmente, o seu lugar (dela, da sua mae e do seu pai) no mundo (e, mais nua e cruamente, no lugar mais intimo) “das pretas” (n.b.: a cronica que se tornou mais popular na serie entitulava-se, e perdoem-me os leitores mais susceptiveis, "a cona das pretas"...). Nao chegou a repugnar-me, muito menos a revoltar-me, porque... simples e sinceramente nunca a cheguei a perceber (particularmente se lida simultaneamente com outras posturas por si manifestadas sobre assuntos mais correntes da Africa post-colonial), mesmo porque nao me lembro de na altura ter conseguido ler alguma daquelas cronicas ate’ ao fim. Tomei-o apenas como algo pessoal da autora que, nao sendo de modo nenhum irrelevante, tinha um impacto limitado sobre o mundo que pretendia retratar. Por isso, tambem, achei a cronica que aqui pretendi postar adequada ao espaco de “olhares diversos” – como apenas isso, um olhar diverso sobre uma realidade que todos conhecemos de modos diversos.

E, tal como tive dificuldade em percebe-la, nao percebo a que proposito o texto do Denudado publicado aqui no meu blog constitui materia de interesse e "suporte de causa" para um forum de grupos racistas de extrema-direita. Nao sei sequer se foi esse o mesmo forum que provocou o encerramento do MP. Sei apenas que esta’ longe de mim a ideia de encerrar o meu blog por causa deles, porque... pura e simplesmente nao os percebo. Nem me interessa.

O que me interessa, todavia, em toda esta estoria, e’ a ideia de olhares diversos – neste caso, respectivamente de “extrema direita” e de “extrema(?) esquerda” (ja’ se escreveu bastante sobre a “atraccao entre os opostos” e sobre como, mais frequentemente do que nao, os extremos se tocam...) – mas convergentes, sobre um mesmo mundo, sobre os mesmos “objectos”: “os pretos” e, muito especialmente, “as pretas” e a sua intimidade. Porque, em ambos os casos, mesmo se com motivacoes diferentes, “os pretos”, e especialmente “as pretas”, a quem se inventaram mulatos, parecem nao passar disso mesmo: objectos para os quais se olha a distancia mas que se evita a todo o custo ver, sobre os quais se fala mas com quem nao se comunica e muito menos interage para la’ da superficie (para la’ da pele e da sua cor... para la’ do sexo!), as quais se usa para psicanalisar as relacoes entre eles - eles “sujeitos”, eles “outros” -, perante elas ou a sua revelia, mas nao a sua relacao com elas. E’ tudo quanto julgo perceber em ambos os casos. Ah... isso, mais o que me parece infinitamente ridiculo nas disputas sobre se “os brancos em Africa eram mais ou menos racistas que os brancos da Metropole”...

Mas tudo isto me leva a um outro questionamento: o deste olhar aqui apresentado sobre o que o meu antigo (e controverso) professor de Historia de Africa no Lubango, Arlindo Barbeitos, uma das pessoas que tive a oportunidade de reencontrar durante a minha recente estada em Luanda, classifica como “identidades coloniais equivocadas” (obviamente, nao tendo ainda lido o livro, reservo melhor opiniao para quando o puder fazer): “(...) no final, essas relacoes assemelham-se a um sistema de vasos comunicantes onde, neste caso preciso, dominadores e dominados se influenciam reciprocamente e em todos os dominios desde o seu primeiro contacto registado no seculo XVI. 'A relacao com o outro e’ inscrita virtualmente na relacao consigo mesmo', escreveu o sociologo Edgar Morin.”

Sera’ mesmo? Bom, admitamos que sim, que “a relacao com o outro e’ inscrita virtualmente na relacao consigo mesmo”. Mas sera’ que isso conduz necessariamente a um “equivoco de identidades”? Sera’ que os “vasos” a que se alude sao efectivamente “comunicantes”? Sera’ que, de facto, “dominadores e dominados se influenciam reciprocamente”? Nao contera’ a condicao de “dominador” (seja homem ou mulher, pai ou mae, preto, branco ou mulato), isso mesmo na sua essencia: dominar, influenciar unilateralmente? Nao serao os olhares trocados entre dominados e dominadores numa relacao de poder (como a que e', sempre, a relacao colonial!) forcosamente (forcadamente) diversos? Nao sera’ o olhar do “eu” sobre o “outro” um veiculo de estabelecimento da identidade propria e de diferenciacao do “eu” em relacao a identidade do “outro”? Nao sera’ esse, precisamente, o processo de formacao e afirmacao de identidades distintas, sem (nao diria “quaisquer”, mas...) muitas margens para equivocos? O que e', afinal, isso que dizemos prezar e a que chamamos "diversidade"?

Ou, colocado de outro modo, teremos agora que passar de uma discussao sobre o “white pow(d)er” para uma discussao sobre “white washing” (... da historia colonial, quero dizer, nao "da pele dos pretos ou do sexo das pretas"...)?!

O texto que planeara postar neste segundo “Olhares Diversos”, encontrei-o ha’ dias, por mero acaso, num forum cujo link segui a partir da lista de “referrers” de um dos contadores deste blog – trabalho a que apenas me dou quando tais referencias indiciam uma qualquer ligacao a posts meus. Ao chegar ao tal forum, assolou-me imediatamente uma sensacao de mal-estar pelas mencoes no seu cabecalho ao “white pride world wide”...

Continuei, no entanto, a descer pela pagina abaixo a procura do que por la’ poderia haver relacionado com o meu blog. E, a medida que o fazia, pelos titulos, as imagens e, sobretudo, a referencia permanente a Declaracao da ONU sobre os Direitos dos Povos Indigenas, foi-se-me instalando a duvida sobre se realmente aquele se trataria de um forum da “extrema-direita racista”... ate’ que encontrei o que o ligava ao meu blog: este texto do meu amigo Denudado aqui publicado na serie “Be My Guest!”.

Mas, chamou-me particularmente a atencao o post imediatamente anterior, sob o titulo "Brancos, Pretos e Mulatos", que assim comecava: “Uma boa parte dos mulatos, nos tempos coloniais, não saberia quem era o pai. Os brancos entravam no caniço e tinham a negra que quisessem. A bem ou a mal. A seguir desapareciam, e como poderia alguém saber de onde eram, como se chamavam? Se os mulatos eram renegados pelos pais, não aconteceria por serem mulatos, mas por serem filhos nascidos fora do casamento. Os brancos mantinham a mulher branca algures no centro da cidade, ou na Metrópole. E para lá seguiam. As "traquinices" sexuais dos brancos com negras não assombravam o seu futuro, porque uma negra não tinha poder para reclamar qualquer paternidade. Ninguém lhe daria crédito.”

Enquanto o lia, a partir de um determinado momento comecei a ficar com a sensacao de que conhecia aquele tipo de estoria e a forma como era escrita de um blog que 'espreitei' durante algum tempo (ainda muito proximo de quando me lancei na blogosfera, qual “pata brava em mar alto”...). Cheguei mesmo a inclui-lo nos links do meu blog, mas pouco tempo depois conclui que, por “mais que perfeito” que fosse, aquele, definitivamente, nao era o meu mundo. “Deslinkei-o” entao e aos poucos fui deixando de o visitar.

Ja’ la’ nao ia ha’ um bom par de anos (e’... ja’ por aqui ando ha’ uns tempos...), ate’ hoje, quando me preparava para postar aqui o texto em questao e fui a procura do sitio onde ele tinha sido originalmente publicado, porque faco sempre questao de indicar a origem do que aqui publico e que nao e' de minha autoria, e... sim, era do “Mundo Perfeito” (MP). E se isso nao constituiu espanto para mim, espantou-me deveras acabar por descobrir que a sua autora decidiu encerra-lo em protesto pela (re)postagem de textos seus em espacos com os quais nao se identifica ideologicamente e, transcrevo, “Por outro lado, sinto que o que fui escrevendo sobre as minhas memórias coloniais, as quais considero historica e politicamente relevantes, foi sendo erradamente interpretado. Afinal, talvez não seja possível escrever sobre colonialismo três décadas após o seu término, a não ser como se espera vê-lo escrito. Talvez o colonialismo não tenha terminado ainda. Talvez seja confuso isto de uma mulher não conservadora, um pouco anarca, independente de esquerda ser simultaneamente filha de uma pesada herança colonial que não nega.”

Tendo eu tido, nestas minhas lides na blogosfera e, muito especialmente, na lusosfera, as minhas mais do que suficientes doses de abusos de toda a ordem por parte de terceiros (incluindo gente nos antipodas das minhas conviccoes ideologicas e/ou inclinacao sexual), nao posso deixar de manifestar a minha solidariedade para com a lesada. No entanto, como ficou registado pelas minhas reaccoes a tais abusos, nao sei se, no seu lugar, eu teria tomado a mesma decisao, mas... longe de mim a leviandade de pretender questiona-la e muito menos as suas razoes. E, perante tal decisao e suas razoes, mesmo nao me tendo sentido movida por quaisquer intentos eticamente reprovaveis quando pensei em postar o seu texto aqui, coibi-me imediatamente de o fazer. Contudo, nao foi fundamentalmente isso que me levou a tracar estas linhas – mesmo porque acabei por ficar tambem a saber que ela ja’ decidiu criar um outro blog. No que lhe desejo melhor sorte.

O que me trouxe a estas linhas, porem, foi o reviver da sensacao de desconforto que sentira ao ler algumas das suas “cronicas coloniais” quando inicialmente descobri o MP. Fui para elas atraida nao apenas pelo tema, obviamente, mas tambem pela forma, nua e crua (quase que diria mordaz e impiedosa), como as escrevia. Mas esse polo de atraccao acabou por ser rapidamente anulado por um outro, senao de rejeicao, pelo menos de indiferenca: porque cedo fiquei convencida de que se tratava de alguem a tentar resolver intimamente a sua relacao com os seus pais, em particular com o seu pai, usando apenas como “pano de fundo” o mundo “dos (seus) pretos” e, como pretexto, o lugar do seu pai nesse mundo (um lugar com doses nauseantes de paternalismo para com os "seus pretos"...) e, mais particularmente, o seu lugar (dela, da sua mae e do seu pai) no mundo (e, mais nua e cruamente, no lugar mais intimo) “das pretas” (n.b.: a cronica que se tornou mais popular na serie entitulava-se, e perdoem-me os leitores mais susceptiveis, "a cona das pretas"...). Nao chegou a repugnar-me, muito menos a revoltar-me, porque... simples e sinceramente nunca a cheguei a perceber (particularmente se lida simultaneamente com outras posturas por si manifestadas sobre assuntos mais correntes da Africa post-colonial), mesmo porque nao me lembro de na altura ter conseguido ler alguma daquelas cronicas ate’ ao fim. Tomei-o apenas como algo pessoal da autora que, nao sendo de modo nenhum irrelevante, tinha um impacto limitado sobre o mundo que pretendia retratar. Por isso, tambem, achei a cronica que aqui pretendi postar adequada ao espaco de “olhares diversos” – como apenas isso, um olhar diverso sobre uma realidade que todos conhecemos de modos diversos.

E, tal como tive dificuldade em percebe-la, nao percebo a que proposito o texto do Denudado publicado aqui no meu blog constitui materia de interesse e "suporte de causa" para um forum de grupos racistas de extrema-direita. Nao sei sequer se foi esse o mesmo forum que provocou o encerramento do MP. Sei apenas que esta’ longe de mim a ideia de encerrar o meu blog por causa deles, porque... pura e simplesmente nao os percebo. Nem me interessa.

O que me interessa, todavia, em toda esta estoria, e’ a ideia de olhares diversos – neste caso, respectivamente de “extrema direita” e de “extrema(?) esquerda” (ja’ se escreveu bastante sobre a “atraccao entre os opostos” e sobre como, mais frequentemente do que nao, os extremos se tocam...) – mas convergentes, sobre um mesmo mundo, sobre os mesmos “objectos”: “os pretos” e, muito especialmente, “as pretas” e a sua intimidade. Porque, em ambos os casos, mesmo se com motivacoes diferentes, “os pretos”, e especialmente “as pretas”, a quem se inventaram mulatos, parecem nao passar disso mesmo: objectos para os quais se olha a distancia mas que se evita a todo o custo ver, sobre os quais se fala mas com quem nao se comunica e muito menos interage para la’ da superficie (para la’ da pele e da sua cor... para la’ do sexo!), as quais se usa para psicanalisar as relacoes entre eles - eles “sujeitos”, eles “outros” -, perante elas ou a sua revelia, mas nao a sua relacao com elas. E’ tudo quanto julgo perceber em ambos os casos. Ah... isso, mais o que me parece infinitamente ridiculo nas disputas sobre se “os brancos em Africa eram mais ou menos racistas que os brancos da Metropole”...

Mas tudo isto me leva a um outro questionamento: o deste olhar aqui apresentado sobre o que o meu antigo (e controverso) professor de Historia de Africa no Lubango, Arlindo Barbeitos, uma das pessoas que tive a oportunidade de reencontrar durante a minha recente estada em Luanda, classifica como “identidades coloniais equivocadas” (obviamente, nao tendo ainda lido o livro, reservo melhor opiniao para quando o puder fazer): “(...) no final, essas relacoes assemelham-se a um sistema de vasos comunicantes onde, neste caso preciso, dominadores e dominados se influenciam reciprocamente e em todos os dominios desde o seu primeiro contacto registado no seculo XVI. 'A relacao com o outro e’ inscrita virtualmente na relacao consigo mesmo', escreveu o sociologo Edgar Morin.”

Sera’ mesmo? Bom, admitamos que sim, que “a relacao com o outro e’ inscrita virtualmente na relacao consigo mesmo”. Mas sera’ que isso conduz necessariamente a um “equivoco de identidades”? Sera’ que os “vasos” a que se alude sao efectivamente “comunicantes”? Sera’ que, de facto, “dominadores e dominados se influenciam reciprocamente”? Nao contera’ a condicao de “dominador” (seja homem ou mulher, pai ou mae, preto, branco ou mulato), isso mesmo na sua essencia: dominar, influenciar unilateralmente? Nao serao os olhares trocados entre dominados e dominadores numa relacao de poder (como a que e', sempre, a relacao colonial!) forcosamente (forcadamente) diversos? Nao sera’ o olhar do “eu” sobre o “outro” um veiculo de estabelecimento da identidade propria e de diferenciacao do “eu” em relacao a identidade do “outro”? Nao sera’ esse, precisamente, o processo de formacao e afirmacao de identidades distintas, sem (nao diria “quaisquer”, mas...) muitas margens para equivocos? O que e', afinal, isso que dizemos prezar e a que chamamos "diversidade"?

Ou, colocado de outro modo, teremos agora que passar de uma discussao sobre o “white pow(d)er” para uma discussao sobre “white washing” (... da historia colonial, quero dizer, nao "da pele dos pretos ou do sexo das pretas"...)?!

2 comments:

chib said...

Good blog

Koluki said...

Thanks for the visit, chib. And for the link to one of my earlier posts on Luanda. I wish I could understand what you wrote there in Swahili - except for 'Macho yetu', which means 'our machos', from which I can only guess what you meant...