Thursday 16 December 2010

Uma estorieta infantil [actualizado]



It is not Where you live but How you live that matters most
Maya Angelou


Era uma vez...

Corriam os anos “de todas as certezas”, entre finais da decada de 60 e principios da de 70.

Era Luanda e moravamos entao nas, na altura brand new, urbanizacoes da Cuca – na verdade, aquilo era mais Precol do que Cuca, uma vez que a separar-nos havia apenas a linha ferrea. Tratava-se, para a epoca e para aquela zona da cidade, de um moderno complexo habitacional, construido por uma das entao maiores cooperativas habitacionais do pais, com casas suficientemente amenas e condignas, todas de dois andares e varios quartos, jardim com varanda a frente e quintal atras (... invocando um pouco a imagem da “batata no cu, batata na boca” dos casorios de entao...).

Os jardins eram o espaco de todas as competicoes entre os vizinhos (to 'keep up with the joneses', como dizem os ingleses): 'quem mantinha melhor a relva', 'quem tinha as plantas mais bonitas'... Mas o meu espaco de ser, estar e crescer era o quintal, onde cultivavamos uma horta e o meu pai exercia um dos seus maiores especialismos: fertilizar mamoeiros machos!




Outros dos seus especialismos eram ouvir religiosamente o Angola Combatente num radio antigo muito parecido com o da imagem, ler bastante (foi nos livros dele que bebi as minhas primeiras “leituras serias”), fumar cachimbo (para alem dos imprescindiveis ACs) e... escrever poesia!






Um dos seus poemas que ficou mais celebre na familia, escrito em elaborada caligrafia gotica, era dedicado a sua primeira filha, a quem tinha dado o nome Elinar (embora a tenham baptizado Elisa Bernarda, nomes, respectivamente das minhas avos materna e paterna - Elinar era a combinacao dos dois) de onde lhe vem o diminutivo Nanay com que e’ geralmente conhecida ate’ hoje. Poema esse que sempre associo a balada Fur Elise de Beethoven...


E havia os vizinhos: familias negras, brancas, mesticas, cabo-verdianas (estas, geralmente, apenas se distinguiam pelo seu crioulo - que entao se referia apenas a linguagem em que comunicavam entre si...), suponho que quase todos vivendo pela primeira vez a experiencia de partilhar as mesmas ruas e ruelas, becos e vielas, maximbombos e boleias, lojas e cantinas. Enfim, andavamos todos ali a negociar as nossas respectivas identidades e a ver se (... em portugues...) nos entendiamos...

Mas os desentendimentos eram frequentes entre “nos” e os “outros”... Os “nos”, no meu caso particular, eram todo/as com quem eu me entendia e que nao me faziam chorar, ou “perder a paciencia”! Os “outros” eram... os outros! Em particular uns miudos cabo-verdianos muito mais escuros do que nos, mas que quando perdiam em algum jogo ou se saiam mal em alguma brincadeira na rua, iam a correr para casa gritando: “mama, bim ka bie’ ke esta’ faze pretito”! ... Os “pretitos” eramos nos, alguns dos quais mais claros do que eles...

“Outros” eram tambem as miudas brancas da vizinhanca. Um grupinho delas, um belo dia, por entre chorrilhos de insultos racistas, comecou a atirar-nos pedras (... nao, nada parecido com “brincando na serra enquanto o lobo nao vem”...)! Mas nos nao batemos em retirada, nem lhes devolvemos os insultos (... nao sabiamos como – eramos um tanto "gentias", “matumbas” e "bantus" nesse aspecto ...), mas devolvemos-lhes as pedradas... ate’ que eu lhes atirei com uma que acertou em cheio no olho de uma delas!

Bom... a miuda viu estrelas, ficou sem saber de que terra era e... ia perdendo a vista! Por outras palavras, ia ficando aveugle que nem uma cegueta!

Mas o meu pai quando chegou a casa naquele dia e ouviu o relato dos “acontecimentos”, saiu calmamente com a sua caixa de enfermagem, foi pedir desculpas aos pais dela e, durante semanas, como bom enfermeiro que (tambem) era, tratou profissionalmente do olho da miuda ate’ recupera-lo completamente.[*]

Porem, educador firme que (tambem) era, mas tambem sempre cumplice com a minha “paciencia curta” para com racismos e injusticas outras, o meu pai em nenhum momento durante todo aquele episodio, ou depois dele, me dirigiu uma palavra de repreensao... [**]

[Aqueles eram (tambem) os tempos do Milhorro’...]

Mas pergunto, agora “afectuosamente”: o que sera’ feito de ti, oh miuda?...






For many are the pleasant forms which exist in
numerous sins,
and incontinencies,
and disgraceful passions
and fleeting pleasures,

which (men) embrace until they become
sober
and go up to their resting place

And they will find me there,
and they will live
and they will not die again.
 [Toni Morrison, introduction to Paradise]
 
***



Pai,

Aparentemente, eu matei o mulato (santo) deles.
Aparentemente, eu matei o branco (alheio) deles.
Aparentemente, so’ nao te matei a ti, pai.
Nem matei Cristo.
Mas, aparentemente, Cristo pode ressuscitar e pedir:
pai afasta de mim esse calice de vinho tinto de sangue.
Tu nao podes ressuscitar, pai.
Nao podes afastar de mim essas pedras com que me lapidam em Madalena,
nem essa lama com que tentam sujar o bom nome que me deste.
Tu nao podes pai, nunca pudeste.
Por isso nao tenho arrependimentos de Madalena,
nem sentimentos de culpa,
nem complexos de colonizado, pai…
So’ revolta e uma vontade grande de ter respostas!

P.




[*] E isto lembra-me de uma vez, muitos anos depois, em que o artista fez uma feia contusao no dedo grande do pe’ e comecou a ser tratado por uma medica amiga que era vizinha dele, mas passada mais de uma semana nao se notavam nenhumas melhoras, ate’ que eu comecei a trata-lo e... em cerca de 3 dias as melhoras eram notaveis, ate’ que o dedo sarou completamente. Ele veio depois dizer-me que a medica tinha mandado perguntar qual tinha sido o “meu segredo”... Eu na altura "fiz caixinha" so' por gozo, mas revelo-o agora: anos a fio a ver o meu pai trabalhar!


[**] O que me traz a memoria um outro episodio alguns anos antes, quando ainda moravamos na Rua de Benguela [que era separada em duas pela Rua de S. Paulo: para quem viesse da Igreja do mesmo nome - onde fui baptizada e fiz a primeira comunhao e o crisma -, a nossa Rua de Benguela ficava do lado esquerdo, ou seja, no Bairro Operario, vulgo B.O. (ou seja, o SOWETO - South West Township - Luandense), e era a ultima antes da Antonio Enes que separava o B.O. do Miramar]. O meu pai trabalhava, na altura, como enfermeiro da, tambem na altura brand new, fabrica de texteis Textang num turno das 7 da manha as 3 da tarde. Entao o almoco dele era separado e colocado na mesa a sua espera. Num certo dia, o almoco era cozido de bacalhau e eu, por fome ou apenas gulodice ou vontade de comer, fui destapar o prato dele, de onde retirei apenas o ovo, comi-o e voltei a tapar o prato.

Quando o meu pai chegou e alguem lhe disse quem e’ que tinha comido o ovo dele, ele chamou-me, mandou-me sentar a mesa e ordenou-me que comesse todo o resto do prato e que bebesse ao mesmo tempo um litro de agua!

Bem, foi um verdadeiro ordeal para mim que nao tinha estomago para tudo aquilo (especialmente para as batatas enormes!) ... mas que, por entre lagrimas, comi e bebi tudo, la’ isso comi e bebi! E nao vomitei, nem nunca mais me esqueci da licao (sem qualquer outra violencia... alias, nao me lembro de alguma vez o meu pai ter levantado uma mao para me bater!) ou me atrevi a voltar a tocar no prato do pai antes de ele regressar do trabalho.... Era assim que se educavam (algumas) criancas naqueles tempos!




It is not Where you live but How you live that matters most
Maya Angelou


Era uma vez...

Corriam os anos “de todas as certezas”, entre finais da decada de 60 e principios da de 70.

Era Luanda e moravamos entao nas, na altura brand new, urbanizacoes da Cuca – na verdade, aquilo era mais Precol do que Cuca, uma vez que a separar-nos havia apenas a linha ferrea. Tratava-se, para a epoca e para aquela zona da cidade, de um moderno complexo habitacional, construido por uma das entao maiores cooperativas habitacionais do pais, com casas suficientemente amenas e condignas, todas de dois andares e varios quartos, jardim com varanda a frente e quintal atras (... invocando um pouco a imagem da “batata no cu, batata na boca” dos casorios de entao...).

Os jardins eram o espaco de todas as competicoes entre os vizinhos (to 'keep up with the joneses', como dizem os ingleses): 'quem mantinha melhor a relva', 'quem tinha as plantas mais bonitas'... Mas o meu espaco de ser, estar e crescer era o quintal, onde cultivavamos uma horta e o meu pai exercia um dos seus maiores especialismos: fertilizar mamoeiros machos!




Outros dos seus especialismos eram ouvir religiosamente o Angola Combatente num radio antigo muito parecido com o da imagem, ler bastante (foi nos livros dele que bebi as minhas primeiras “leituras serias”), fumar cachimbo (para alem dos imprescindiveis ACs) e... escrever poesia!






Um dos seus poemas que ficou mais celebre na familia, escrito em elaborada caligrafia gotica, era dedicado a sua primeira filha, a quem tinha dado o nome Elinar (embora a tenham baptizado Elisa Bernarda, nomes, respectivamente das minhas avos materna e paterna - Elinar era a combinacao dos dois) de onde lhe vem o diminutivo Nanay com que e’ geralmente conhecida ate’ hoje. Poema esse que sempre associo a balada Fur Elise de Beethoven...


E havia os vizinhos: familias negras, brancas, mesticas, cabo-verdianas (estas, geralmente, apenas se distinguiam pelo seu crioulo - que entao se referia apenas a linguagem em que comunicavam entre si...), suponho que quase todos vivendo pela primeira vez a experiencia de partilhar as mesmas ruas e ruelas, becos e vielas, maximbombos e boleias, lojas e cantinas. Enfim, andavamos todos ali a negociar as nossas respectivas identidades e a ver se (... em portugues...) nos entendiamos...

Mas os desentendimentos eram frequentes entre “nos” e os “outros”... Os “nos”, no meu caso particular, eram todo/as com quem eu me entendia e que nao me faziam chorar, ou “perder a paciencia”! Os “outros” eram... os outros! Em particular uns miudos cabo-verdianos muito mais escuros do que nos, mas que quando perdiam em algum jogo ou se saiam mal em alguma brincadeira na rua, iam a correr para casa gritando: “mama, bim ka bie’ ke esta’ faze pretito”! ... Os “pretitos” eramos nos, alguns dos quais mais claros do que eles...

“Outros” eram tambem as miudas brancas da vizinhanca. Um grupinho delas, um belo dia, por entre chorrilhos de insultos racistas, comecou a atirar-nos pedras (... nao, nada parecido com “brincando na serra enquanto o lobo nao vem”...)! Mas nos nao batemos em retirada, nem lhes devolvemos os insultos (... nao sabiamos como – eramos um tanto "gentias", “matumbas” e "bantus" nesse aspecto ...), mas devolvemos-lhes as pedradas... ate’ que eu lhes atirei com uma que acertou em cheio no olho de uma delas!

Bom... a miuda viu estrelas, ficou sem saber de que terra era e... ia perdendo a vista! Por outras palavras, ia ficando aveugle que nem uma cegueta!

Mas o meu pai quando chegou a casa naquele dia e ouviu o relato dos “acontecimentos”, saiu calmamente com a sua caixa de enfermagem, foi pedir desculpas aos pais dela e, durante semanas, como bom enfermeiro que (tambem) era, tratou profissionalmente do olho da miuda ate’ recupera-lo completamente.[*]

Porem, educador firme que (tambem) era, mas tambem sempre cumplice com a minha “paciencia curta” para com racismos e injusticas outras, o meu pai em nenhum momento durante todo aquele episodio, ou depois dele, me dirigiu uma palavra de repreensao... [**]

[Aqueles eram (tambem) os tempos do Milhorro’...]

Mas pergunto, agora “afectuosamente”: o que sera’ feito de ti, oh miuda?...






For many are the pleasant forms which exist in
numerous sins,
and incontinencies,
and disgraceful passions
and fleeting pleasures,

which (men) embrace until they become
sober
and go up to their resting place

And they will find me there,
and they will live
and they will not die again.
 [Toni Morrison, introduction to Paradise]
 
***



Pai,

Aparentemente, eu matei o mulato (santo) deles.
Aparentemente, eu matei o branco (alheio) deles.
Aparentemente, so’ nao te matei a ti, pai.
Nem matei Cristo.
Mas, aparentemente, Cristo pode ressuscitar e pedir:
pai afasta de mim esse calice de vinho tinto de sangue.
Tu nao podes ressuscitar, pai.
Nao podes afastar de mim essas pedras com que me lapidam em Madalena,
nem essa lama com que tentam sujar o bom nome que me deste.
Tu nao podes pai, nunca pudeste.
Por isso nao tenho arrependimentos de Madalena,
nem sentimentos de culpa,
nem complexos de colonizado, pai…
So’ revolta e uma vontade grande de ter respostas!

P.




[*] E isto lembra-me de uma vez, muitos anos depois, em que o artista fez uma feia contusao no dedo grande do pe’ e comecou a ser tratado por uma medica amiga que era vizinha dele, mas passada mais de uma semana nao se notavam nenhumas melhoras, ate’ que eu comecei a trata-lo e... em cerca de 3 dias as melhoras eram notaveis, ate’ que o dedo sarou completamente. Ele veio depois dizer-me que a medica tinha mandado perguntar qual tinha sido o “meu segredo”... Eu na altura "fiz caixinha" so' por gozo, mas revelo-o agora: anos a fio a ver o meu pai trabalhar!


[**] O que me traz a memoria um outro episodio alguns anos antes, quando ainda moravamos na Rua de Benguela [que era separada em duas pela Rua de S. Paulo: para quem viesse da Igreja do mesmo nome - onde fui baptizada e fiz a primeira comunhao e o crisma -, a nossa Rua de Benguela ficava do lado esquerdo, ou seja, no Bairro Operario, vulgo B.O. (ou seja, o SOWETO - South West Township - Luandense), e era a ultima antes da Antonio Enes que separava o B.O. do Miramar]. O meu pai trabalhava, na altura, como enfermeiro da, tambem na altura brand new, fabrica de texteis Textang num turno das 7 da manha as 3 da tarde. Entao o almoco dele era separado e colocado na mesa a sua espera. Num certo dia, o almoco era cozido de bacalhau e eu, por fome ou apenas gulodice ou vontade de comer, fui destapar o prato dele, de onde retirei apenas o ovo, comi-o e voltei a tapar o prato.

Quando o meu pai chegou e alguem lhe disse quem e’ que tinha comido o ovo dele, ele chamou-me, mandou-me sentar a mesa e ordenou-me que comesse todo o resto do prato e que bebesse ao mesmo tempo um litro de agua!

Bem, foi um verdadeiro ordeal para mim que nao tinha estomago para tudo aquilo (especialmente para as batatas enormes!) ... mas que, por entre lagrimas, comi e bebi tudo, la’ isso comi e bebi! E nao vomitei, nem nunca mais me esqueci da licao (sem qualquer outra violencia... alias, nao me lembro de alguma vez o meu pai ter levantado uma mao para me bater!) ou me atrevi a voltar a tocar no prato do pai antes de ele regressar do trabalho.... Era assim que se educavam (algumas) criancas naqueles tempos!


3 comments:

Kuribota said...

A miuda bateu em retirada em 74/75 como o lobo mau e agora deve andar nos cavalos onde quer que ela esteja!
eheheheheheheh!!!!!!!!

Kuribota said...

Ou entao ja' regressou a Angola, agora "afectuosamente" feita lobo com pele de cordeiro!
Mas assim que chegou a Luanda foi direitinha para os cavalos, ehhehehehehe!!!!!!!!

Koluki said...

E, ja' agora, 2 comentarios meus que fui desenterrar ao Angonoticias:

Angolana
… Por me terem feito lembrar do Milhorro’, fui desencantar um CD de musica urbana de Angola (Angola 70’s/ 1972-1973) que comeca com a Lurdes Van Dunem e termina com o Artur Nunes, passando pelo Bonga, Aguias Reais, Mila Melo, Kiezos, Ngoma Jazz, Gambuzinos, Africa Show, David Ze e Urbano de Castro, entre outros. O Milhorro’ dos Kiezos e’ seguido pelo ‘Finpantima’ dos Super Coba e ‘Celestina’ dos Cabinda Ritmos (o que nao deixa de ser interessante dada a situacao actual do Raul Danda)… O “libretto” do CD diz o seguinte sobre os Kiezos: “Os Kiezos foram criados em 64, por jovens do bairro Marcal. Tornou-se um dos conjuntos mais famosos e mais caracteristicos da capital… O ritmo dos Kiezos e’ inconfundivel: muito acelerado, rijo, enraizado no carnaval do musseque. Milhorro’ foi escrita por Abel Murrimba (“Murrimba Show”) em 61, num botequim do Marcal. Milhorro e’ giria para melhorar: ANGOLA TEM QUE MELHORAR. “Vao se embora” – subentendido, os colonialistas – “isto assim nao pode ser”. A versao de 61 tambem falava dos ‘arrarakuaras’, a policia indigena criada para fazer rusgas nos bairros. Quando os Kiezos lancaram esta musica em 72, foram interpelados no Salao do Batalha pela Pide. Murrimba Show teve que inventar uma explicacao: o convite a irem-se embora era dirigido ao Cabinda Ritmos que fazia muito sucesso em Luanda, lhes roubando publico e namoradas. Milhorro’, tocado a boa maneira dos Kiezos, foi um grande sucesso”… Sobre o Marito (incluindo uma fotografia dele) diz o seguinte: “ A viola – artesanal com caixa de chapa, violao acustico ou viola electrica – tem sido o instrumento fundamental da evolucao do semba. Duia, dos Gingas, foi um dos primeiros grandes solistas. Marito, um dos fundadores dos Kiezos aprendeu a tocar com Duia, criando depois um estilo proprio. Era muito expressivo, fazia caretas e dancava”… E sobre o Semba: “O semba dos anos 70 tem sido UM MODELO, UMA REFERENCIA HISTORICA E UMA BANDEIRA IDENTITARIA. E’ multiplo e diverso e ainda transformado pela criatividade de varias geracoes”… Vou fazer o replay do CD…

Angolana
(…) Muxietu watu n’vualelaaaaaa………… Desculpem-me os puristas e corrijam-me a grafia se necessario, mas talvez nao tenha havido um outro momento na nossa Historia, cultural e politicamente falando, em que um Milhorro’ II fosse tao necessario!


[Aqui: http://angonoticias.com/full_headlines_.php?id=11833]