AGORA LUANDA
Chega-me noticia de que o livro Agora Luanda, com fotografias de Ines Goncalves e Kiluanje Liberdade e textos de Jose Eduardo Agualusa e Delfim Sardo, recentemente publicado pela editora portuguesa Almedina, serviu de base a um documentario entitulado “Mae Ju” e a uma exposicao fotografica nas instalacoes do Centro Cutural Portugues de Luanda.
“Hoje, misturam-se pelas ruas de Luanda o umbundo oblongo dos ovimbundos. O lingala (língua que nasceu para ser cantada) e o francês arranhado dos regrês. O português afinado dos burgueses. O surdo português dos portugueses. O raro quimbundo das derradeiras bessanganas. A isso junte-se, com os novos tempos, uma pitada do mandarim elíptico dos chineses, um cheiro a especiarias do árabe solar dos libaneses; e ainda alguns vocábulos em hebreu ressuscitado, (...), colhidos sem pressa nas manhãs de domingo, em alguns dos mais sofisticados bares da Ilha. Mais o inglês, em tons sortidos, de ingleses, americanos e sul-africanos. O português feliz dos brasileiros. O espanhol encantado de um outro cubano que ficou para trás. E toda esta gente movendo-se pelos passeios, acotovelando-se nas esquinas, numa espécie de jogo universal da cabra-cega. Moços líricos. Moças tísicas. Empresas de esperança privada”, escreve Jose Eduardo Agualusa neste livro.
Chega-me noticia de que o livro Agora Luanda, com fotografias de Ines Goncalves e Kiluanje Liberdade e textos de Jose Eduardo Agualusa e Delfim Sardo, recentemente publicado pela editora portuguesa Almedina, serviu de base a um documentario entitulado “Mae Ju” e a uma exposicao fotografica nas instalacoes do Centro Cutural Portugues de Luanda.
“Hoje, misturam-se pelas ruas de Luanda o umbundo oblongo dos ovimbundos. O lingala (língua que nasceu para ser cantada) e o francês arranhado dos regrês. O português afinado dos burgueses. O surdo português dos portugueses. O raro quimbundo das derradeiras bessanganas. A isso junte-se, com os novos tempos, uma pitada do mandarim elíptico dos chineses, um cheiro a especiarias do árabe solar dos libaneses; e ainda alguns vocábulos em hebreu ressuscitado, (...), colhidos sem pressa nas manhãs de domingo, em alguns dos mais sofisticados bares da Ilha. Mais o inglês, em tons sortidos, de ingleses, americanos e sul-africanos. O português feliz dos brasileiros. O espanhol encantado de um outro cubano que ficou para trás. E toda esta gente movendo-se pelos passeios, acotovelando-se nas esquinas, numa espécie de jogo universal da cabra-cega. Moços líricos. Moças tísicas. Empresas de esperança privada”, escreve Jose Eduardo Agualusa neste livro.
5 comments:
Belo texto, bela foto. Pena que os livros tardam em passear entre nossos países.
É incrível como me reconheço em Luanda, sem dúvida Salvador é um pedaço da África na América.
Beijo, querida.
Beijo Martha.
Espero que o livro chegue brevemente ao Brasil.
Eu ja' estive no Rio, mas o meu maior sonho e' mesmo ir a Bahia... estive quase, quase ha' pouco tempo atras, mas infelizmente nao se concretizou.
E voce, ja' esteve em Luanda?
Não,infelizmente nunca estive em Luanda nem na África. Quando vier à Salvador não esqueça de me avisar.
bjo
Que pena Martha... tem que remediar isso.
Ja' agora, outra curiosidade, de onde e' que vem o seu "Muadie'"? E' que e' tambem uma expressao tipicamente angolana para designar "fulano" ou "sicrano".
Quando for a Salvador aviso-a sim senhora!
O "meu" muadié vem exatamente desta expressão angolada. Durante um tempo fiz parte de um grupo de pesquisa em literatura africana de expressão portuguesa, e li vários autores africanos, especialmente angolanos e moçambicanos. Quando fui fazer o blog,não quis usar meu nome e procurei uma palavra bonita. Gostei do muadié, e numa breve pesquisa descobri que esta expressão antes referia-se a um indivíduo que merce respeito, consideração, e atualmente é usado com esta conotação que vc falou. Gostei da idéia de brincar com estes dois sentidos.
Um beijo,
Martha
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