Tuesday 22 April 2008

ECOS DA IMPRENSA ANGOLANA (6)

“Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.”

Manuel Alegre

Bom, tudo parece indicar que enquanto os apetites do aparentemente interminavel numero de replicantes as implicancias de Agualusa sobre a poesia de Neto (e de Jacinto, e de Cardoso – mas parece que a maka, chamemos-lhe a “Maka de 1 Jose' contra 3 Antonios”, tanto por parte do implicante, como dos replicantes, se restringe mesmo a poesia daquele que tera' sido eleito 'por unanimidade e aclamacao', “Poeta Maior da Nacao Angolana”…) nao estiverem completamente saciados, o ‘kibeto’ promete continuar ad-infinitum. Dos ultimos episodios, destaque vai para o que se segue:

Celso Malavoloneke despacha, do seu canto no SA, recados tanto para o implicante como para o mais inflamado dos replicantes:

RECADO I
Ao José Eduardo Agualusa, uma réplica: se por gostar desalmadamente da
poesia de Agostinho Neto não percebo rigorosamente nada de poesia, então
o senhor percebe ainda menos -se é que isso é possível - do papel essencial
da Arte e Literatura na vida dos povos

RECADO II
Ao Artur Queiroz outro recado: a poesia de Agostinho Neto não precisa de
ser defendida com linguagem de carroceiros brigando por uma picha de
cerveja barata numa taberna qualquer

RECADO III
A não ser que vocês os dois decidam fazê-lo algures em terras lusas, onde
essas baixarias parecem confundidas com democracia. Então porquê não
irem para lá e entabernarem-se, que assim deixa de ser problema nosso?
[Aqui]

Por seu lado, o implicante provocador de ‘toda a maka no museke’, para alem de uma primeira reaccao, registada aqui, disse mais de sua justica ao Novo Jornal:

Para me fazer compreender melhor, quanto ao assunto que me traz aqui, talvez seja útil comparar a obra e o trajecto de Agostinho Neto com o de outro grande nome do nacionalismo africano: Leopold Sedar Senghor. Agostinho Neto e Leopold Senghor tiveram percursos aparentemente semelhantes. Senghor foi o primeiro presidente do Senegal. Agostinho Neto foi o primeiro presidente de Angola. Ambos publicaram livros de poesia. Olhando com mais atenção, porém, começam a perceber-se as diferenças. Agostinho Neto foi um político que frequentou a poesia -por razões políticas. Senghor foi um poeta que frequentou a política - por razões poéticas.
(…)
Talvez se justifique aqui acrescentar, para concluir, que gosto muito de escutar os versos de Agostinho Neto musicados por Rui Mingas. Gosto deles, como centenas de milhares de angolanos, devido à arte de Rui Mingas e também porque fazem parte do meu imaginário, e isto independentemente da sua qualidade literária. Quando quero ler grande poesia, então procuro outros autores. E era aqui que eu queria chegar na entrevista ao Semanário Angolense.
[Aqui]

Agora, quem, apesar de tao penosamente elaborada explicacao, continue com o apetite insaciado (eu creio ter percebido tudo, excepto uma coisa, e espero com isto nao dar mais alento a outros eventuais replicantes a espera de vez: porque que o implicante, nas suas replicas aos replicantes, continua repetidamente a referir-se ao Semanario Angolese?), talvez consiga encontrar alguma luz na ‘Teoria Geral dos Xinguilamentos’, cientificamente exposta por Mestre Paulo Mulembo no Agora:

Queremos reportar-nos ao debate que se gerou em torno da entrevista dada pelo escritor Agualusa ao Jornal Angolense, que ao exprimir numa frase a sua opinião sobre a poesia de Agostinho Neto ("Neto é um poeta medíocre"), provocou uma onda de mal estar em certos sectores, a ponto de provocar xinguilamentos ou vontades de xinguilar.
(…)
"Xingar o Kilamba faz Xinguilar", "Kidi Kidi, Kididi Kididi". O professor começa por esta bonita marcação de identidade cultural (linguística) pese embora o sincretismo da primeira expressão, onde a força da rima clássica, portanto exógena, é conseguida através da apropriação gramatical da conjugação portuguesa. Não é pecado. A interface cultural produz estes empréstimos ou apropriações em todo legitimas de ambas as partes, angolana e portuguesa. Mas é exactamente por esta primeira afirmação: Xingar o Kilamba faz Xinguilar que queremos começar, na sincera esperança de poder acalmar o xinguilamento do Professor. Elegemos esta expressão porque achamos que é sobre ela que assenta toda a estrutura profunda da reacção do Professor, objectivada no texto.
(…)
Sabemos que a FRENTE, a FpD, tem uma proposta de código de conduta social, que serviria de pauta reguladora para a coexistência saudável entre nós. Pedimos que aí seja inscrito o princípio seguinte:
"Não vale Xinguilar, quem xinguilar perde a razão".
[Aqui]

Entenderam, oh replicantes de insaciaveis apetites? Assumindo que sim, passemos entao das makas literarias as mais substantivas makas da economia. Ou, mais especificamente, as makas do piteu que esta’ cada vez mais caro a nivel global e cujos efeitos se comecam a fazer sentir de forma dramatica em varias partes do mundo (so’ para citar os casos mais mediatizados, vimos nos ultimos dias violentos confrontos no Haiti e no Egipto por nao outra razao que o aumento vertiginoso dos precos de bens alimentares basicos):

No Novo Jornal, Fernando Pacheco, equaciona a crise alimentar em termos de proposicoes concretas para uma politica agricola mais autonoma e sustentavel em Angola:

Acabada a guerra, aumentou naturalmente o interesse na produção camponesa - que erradamente continua a ser considerada de subsistência, ignorando-se que ela foi responsável pela auto suficiência alimentar de Angola em termos líquidos até 1973 - pelo papel que pode ter na redução do peso do petróleo no Produto Interno Bruto. Como durante mais de trinta anos esta questão esteve longe do centro do debate nacional - excepto quando os preços do petróleo baixaram para níveis considerados inquietantes -, não há hoje ideias claras sobre a forma de lidar com ela.
[Aqui]

“Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.”

Manuel Alegre

Bom, tudo parece indicar que enquanto os apetites do aparentemente interminavel numero de replicantes as implicancias de Agualusa sobre a poesia de Neto (e de Jacinto, e de Cardoso – mas parece que a maka, chamemos-lhe a “Maka de 1 Jose' contra 3 Antonios”, tanto por parte do implicante, como dos replicantes, se restringe mesmo a poesia daquele que tera' sido eleito 'por unanimidade e aclamacao', “Poeta Maior da Nacao Angolana”…) nao estiverem completamente saciados, o ‘kibeto’ promete continuar ad-infinitum. Dos ultimos episodios, destaque vai para o que se segue:

Celso Malavoloneke despacha, do seu canto no SA, recados tanto para o implicante como para o mais inflamado dos replicantes:

RECADO I
Ao José Eduardo Agualusa, uma réplica: se por gostar desalmadamente da
poesia de Agostinho Neto não percebo rigorosamente nada de poesia, então
o senhor percebe ainda menos -se é que isso é possível - do papel essencial
da Arte e Literatura na vida dos povos

RECADO II
Ao Artur Queiroz outro recado: a poesia de Agostinho Neto não precisa de
ser defendida com linguagem de carroceiros brigando por uma picha de
cerveja barata numa taberna qualquer

RECADO III
A não ser que vocês os dois decidam fazê-lo algures em terras lusas, onde
essas baixarias parecem confundidas com democracia. Então porquê não
irem para lá e entabernarem-se, que assim deixa de ser problema nosso?
[Aqui]

Por seu lado, o implicante provocador de ‘toda a maka no museke’, para alem de uma primeira reaccao, registada aqui, disse mais de sua justica ao Novo Jornal:

Para me fazer compreender melhor, quanto ao assunto que me traz aqui, talvez seja útil comparar a obra e o trajecto de Agostinho Neto com o de outro grande nome do nacionalismo africano: Leopold Sedar Senghor. Agostinho Neto e Leopold Senghor tiveram percursos aparentemente semelhantes. Senghor foi o primeiro presidente do Senegal. Agostinho Neto foi o primeiro presidente de Angola. Ambos publicaram livros de poesia. Olhando com mais atenção, porém, começam a perceber-se as diferenças. Agostinho Neto foi um político que frequentou a poesia -por razões políticas. Senghor foi um poeta que frequentou a política - por razões poéticas.
(…)
Talvez se justifique aqui acrescentar, para concluir, que gosto muito de escutar os versos de Agostinho Neto musicados por Rui Mingas. Gosto deles, como centenas de milhares de angolanos, devido à arte de Rui Mingas e também porque fazem parte do meu imaginário, e isto independentemente da sua qualidade literária. Quando quero ler grande poesia, então procuro outros autores. E era aqui que eu queria chegar na entrevista ao Semanário Angolense.
[Aqui]

Agora, quem, apesar de tao penosamente elaborada explicacao, continue com o apetite insaciado (eu creio ter percebido tudo, excepto uma coisa, e espero com isto nao dar mais alento a outros eventuais replicantes a espera de vez: porque que o implicante, nas suas replicas aos replicantes, continua repetidamente a referir-se ao Semanario Angolese?), talvez consiga encontrar alguma luz na ‘Teoria Geral dos Xinguilamentos’, cientificamente exposta por Mestre Paulo Mulembo no Agora:

Queremos reportar-nos ao debate que se gerou em torno da entrevista dada pelo escritor Agualusa ao Jornal Angolense, que ao exprimir numa frase a sua opinião sobre a poesia de Agostinho Neto ("Neto é um poeta medíocre"), provocou uma onda de mal estar em certos sectores, a ponto de provocar xinguilamentos ou vontades de xinguilar.
(…)
"Xingar o Kilamba faz Xinguilar", "Kidi Kidi, Kididi Kididi". O professor começa por esta bonita marcação de identidade cultural (linguística) pese embora o sincretismo da primeira expressão, onde a força da rima clássica, portanto exógena, é conseguida através da apropriação gramatical da conjugação portuguesa. Não é pecado. A interface cultural produz estes empréstimos ou apropriações em todo legitimas de ambas as partes, angolana e portuguesa. Mas é exactamente por esta primeira afirmação: Xingar o Kilamba faz Xinguilar que queremos começar, na sincera esperança de poder acalmar o xinguilamento do Professor. Elegemos esta expressão porque achamos que é sobre ela que assenta toda a estrutura profunda da reacção do Professor, objectivada no texto.
(…)
Sabemos que a FRENTE, a FpD, tem uma proposta de código de conduta social, que serviria de pauta reguladora para a coexistência saudável entre nós. Pedimos que aí seja inscrito o princípio seguinte:
"Não vale Xinguilar, quem xinguilar perde a razão".
[Aqui]

Entenderam, oh replicantes de insaciaveis apetites? Assumindo que sim, passemos entao das makas literarias as mais substantivas makas da economia. Ou, mais especificamente, as makas do piteu que esta’ cada vez mais caro a nivel global e cujos efeitos se comecam a fazer sentir de forma dramatica em varias partes do mundo (so’ para citar os casos mais mediatizados, vimos nos ultimos dias violentos confrontos no Haiti e no Egipto por nao outra razao que o aumento vertiginoso dos precos de bens alimentares basicos):

No Novo Jornal, Fernando Pacheco, equaciona a crise alimentar em termos de proposicoes concretas para uma politica agricola mais autonoma e sustentavel em Angola:

Acabada a guerra, aumentou naturalmente o interesse na produção camponesa - que erradamente continua a ser considerada de subsistência, ignorando-se que ela foi responsável pela auto suficiência alimentar de Angola em termos líquidos até 1973 - pelo papel que pode ter na redução do peso do petróleo no Produto Interno Bruto. Como durante mais de trinta anos esta questão esteve longe do centro do debate nacional - excepto quando os preços do petróleo baixaram para níveis considerados inquietantes -, não há hoje ideias claras sobre a forma de lidar com ela.
[Aqui]

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