
E, para assinalar condignamente esse “marco historico”, a “estreia” e’ feita pelos Kiezos (Rumba 70), seguidos pelos Gingas (Lamento) in 'Spirited Sounds'.
BREVE INTRODUÇÃO:
Os Kiezos
Os Kiezos foram criados em 1964, por jovens do bairro Marçal. Tornou-se um dos conjuntos mais famosos e mais caracteristicos da capital. O ritmo dos Kiezos e’ inconfundivel: muito acelerado, rijo, enraizado no carnaval do musseque.
O Semba
O semba e’ de Luanda. Faz parte do sentimento e da expressividade dos Luandenses. Reflecte o seu andar cadenciado, a sua linguagem musical e a sua forma de estar no universo. A palavra semba vem da massemba da dança rebita. Foi a partir dessa referencia ritmica e melodica que os conjuntos luandenses forjaram o semba moderno. Cada bairro tinha um estilo, um som e uma batida proprios, so’ um ouvido muito apurado e atento, ou um bom passista os conseguia distinguir. As letras, muitas vezes da autoria dos cantores, cronicavam cenas da vida do bairro – rivalidades amorosas, ciumes e invejas – criticando os comportamentos familiares e sociais. Mas semba e’ antes de tudo dança, um dos grandes prazeres dos Luandenses.
Origens
Esse ritmo sensual, quente e cadenciado, e’ a fusao de ritmos de Angola e de outros do exterior. As varias adaptações e conjugações das danças de carnaval – kazukuta, kabetula, kabuko, maringa, dizanda – definem os diversos estilos de sembas. A criatividade ritmica, melodica e harmonica, assim como a evolução da instrumentação firmaram as bases do semba dos anos 70.
Instrumentos
Os grupos tinham percussões tradicionais e violas. Os tambores, ngomas, feitos num barril de vinho ou num tronco de arvore com peles de animais, foram substituidos por tumbas e, em vez de dois tamboristas, um a fazer grave, outro agudo, tinha um so’, com tres tumbas. Os bongos, pequenos tambores em tripe’ tocados com baguetes, substituiram as caixas tradicionais. Desapareceram progressivamente a puita (cuica) e o bate-bate (cana tocada com uma baguete e batida no chão). A dikanza (reco-reco) tem resistido mas e’ substituida hoje pelos pratos da bateria.
Ligações
Entre varias outras, a ligação com o Brasil vem do Imperio Portugues e do intenso trafico de escravos entre as duas colonias – varios milhões de angolanos foram desterrados para o Brasil nos seculos XVII e XVIII. As danças afro-brasileiras que deram forma ao samba teem muito em comum com as raizes tradicionais do semba.
Evolução
A viola – artesanal com caixa de chapa, violão acustico ou viola electrica – tem sido o instrumento fundamental da evolução do semba. Duia, dos Gingas, foi um dos primeiros grandes solistas. Marito (o de camisa cor-de-rosa no slide show), um dos fundadores dos Kiezos (Vassouras) aprendeu a tocar com Duia, criando depois o seu estilo proprio. Era muito expressivo, fazia caretas e dançava. Nestes primeiros anos de 70, o miolo da estrutura do semba e’ dado pela viola ritmica e pelo baixo. Este, que antes era de seis cordas, e’ substituido por um de quatro. Os teclados e os sopros foram se generalizando a partir do final dos anos 70.
Legado
O semba dos anos 70 tem sido um modelo, uma referencia historica e uma bandeira identitaria. E’ multiplo e diverso e ainda transformado pela criatividade de varias gerações.
(Extracto de compilação de textos de Jorge Macedo, Artur Arriscado, João Chagas, Gilberto Junior e Ariel de Bigault, in Angola 70’s – Buda Musique 1999)

E, para assinalar condignamente esse “marco historico”, a “estreia” e’ feita pelos Kiezos (Rumba 70), seguidos pelos Gingas (Lamento) in 'Spirited Sounds'.
BREVE INTRODUÇÃO:
Os Kiezos
Os Kiezos foram criados em 1964, por jovens do bairro Marçal. Tornou-se um dos conjuntos mais famosos e mais caracteristicos da capital. O ritmo dos Kiezos e’ inconfundivel: muito acelerado, rijo, enraizado no carnaval do musseque.
O Semba
O semba e’ de Luanda. Faz parte do sentimento e da expressividade dos Luandenses. Reflecte o seu andar cadenciado, a sua linguagem musical e a sua forma de estar no universo. A palavra semba vem da massemba da dança rebita. Foi a partir dessa referencia ritmica e melodica que os conjuntos luandenses forjaram o semba moderno. Cada bairro tinha um estilo, um som e uma batida proprios, so’ um ouvido muito apurado e atento, ou um bom passista os conseguia distinguir. As letras, muitas vezes da autoria dos cantores, cronicavam cenas da vida do bairro – rivalidades amorosas, ciumes e invejas – criticando os comportamentos familiares e sociais. Mas semba e’ antes de tudo dança, um dos grandes prazeres dos Luandenses.
Origens
Esse ritmo sensual, quente e cadenciado, e’ a fusao de ritmos de Angola e de outros do exterior. As varias adaptações e conjugações das danças de carnaval – kazukuta, kabetula, kabuko, maringa, dizanda – definem os diversos estilos de sembas. A criatividade ritmica, melodica e harmonica, assim como a evolução da instrumentação firmaram as bases do semba dos anos 70.
Instrumentos
Os grupos tinham percussões tradicionais e violas. Os tambores, ngomas, feitos num barril de vinho ou num tronco de arvore com peles de animais, foram substituidos por tumbas e, em vez de dois tamboristas, um a fazer grave, outro agudo, tinha um so’, com tres tumbas. Os bongos, pequenos tambores em tripe’ tocados com baguetes, substituiram as caixas tradicionais. Desapareceram progressivamente a puita (cuica) e o bate-bate (cana tocada com uma baguete e batida no chão). A dikanza (reco-reco) tem resistido mas e’ substituida hoje pelos pratos da bateria.
Ligações
Entre varias outras, a ligação com o Brasil vem do Imperio Portugues e do intenso trafico de escravos entre as duas colonias – varios milhões de angolanos foram desterrados para o Brasil nos seculos XVII e XVIII. As danças afro-brasileiras que deram forma ao samba teem muito em comum com as raizes tradicionais do semba.
Evolução
A viola – artesanal com caixa de chapa, violão acustico ou viola electrica – tem sido o instrumento fundamental da evolução do semba. Duia, dos Gingas, foi um dos primeiros grandes solistas. Marito (o de camisa cor-de-rosa no slide show), um dos fundadores dos Kiezos (Vassouras) aprendeu a tocar com Duia, criando depois o seu estilo proprio. Era muito expressivo, fazia caretas e dançava. Nestes primeiros anos de 70, o miolo da estrutura do semba e’ dado pela viola ritmica e pelo baixo. Este, que antes era de seis cordas, e’ substituido por um de quatro. Os teclados e os sopros foram se generalizando a partir do final dos anos 70.
Legado
O semba dos anos 70 tem sido um modelo, uma referencia historica e uma bandeira identitaria. E’ multiplo e diverso e ainda transformado pela criatividade de varias gerações.
(Extracto de compilação de textos de Jorge Macedo, Artur Arriscado, João Chagas, Gilberto Junior e Ariel de Bigault, in Angola 70’s – Buda Musique 1999)
2 comments:
acompanhante para esta banda sonora.
sabado, 2 horas da tarde debaixo do jango e sentados numa esteira, comemos um funge e o conduto 'e, carne seca com macosso, makenene e um molho de candondo.
isso para quem vem das Lundas(norte exactamente) como eu, porque em outras paragens da nossa querida Angola de certeza que a escolha seria diferente.
PS: todos a pitar com as maos.
Eu so' lhe acrescentaria uma mwamba de ginguba com bagre fumado, uma boa kizaka acompanhada de kikwanga e, para rematar, um pouco de kitaba e kifufutila!
E para regar o bankete: maruvo freskinho.
Post a Comment