Saturday, 17 February 2007

AFRIKA

Parte d’África
Que estás morrendo
O mesmo navio negreiro
Leva agora a tua alma
Se demandavas
Os campos de café
Em abjecta escravidão
Se te deram
Atroz estigma
Muito abaixo de cão
És total e
Realmente escrava
Sublimas hoje
O rude abraço do patrão

Luís Rosa Lopes

Afri aka
Onde estão as pessoas que gritam
Mas ninguém as ouve
Onde tem as pessoas que choram
Mas ninguém as sente
Afrika
O berço da humanidade
Que já virou o berço da guerrilha
A luta pelo poder já virou partilha
A corrupção virou pastilha
A violência para nós já virou ciência
O deixar estar e andar virou paciência
O reclamar pelos nossos direitos é contra-inteligência
O paraíso natural parece estar longe da nossa existência
Afrika
Onde o estado é mais importante que o nosso
irmão
Onde o café é produzido mas não consumido pela
maioria
Onde o povo é o estado e o estado é um bocado do povo
Onde nascer pobre é crime
estudar é um privilégio
O pobre não vai a um colégio
Ser primo de! Sobrinho de! Irmão de! Filho de!
É o passaporte para o sucesso
É a porta para o emprego
É a ficha de inscrição para a escola
É a salvação para não ser analfaburro
Afrika
Onde estão todas as riquezas e os piores jagunssos
Onde comer todos os dias é um privilégio para muitos
Onde comer uma lagosta com funge não é luxo
Onde o melhor cinema vive-se todos os dias nas ruas
Afrika
Onde se paga um salário de dez cozinheiros a um
cozinheiro expatriado
Onde um pedreiro estrangeiro ganha mais que um
médico
Onde sem dinheiro morres na cama do hospital
Onde a reforma só dá para comprar uma lata de leite
Onde se assassina uma árvore para fazer uma tanga
E ninguém, ninguém grita
Afrika

Kardo Bestilo

Parte d’África
Que estás morrendo
O mesmo navio negreiro
Leva agora a tua alma
Se demandavas
Os campos de café
Em abjecta escravidão
Se te deram
Atroz estigma
Muito abaixo de cão
És total e
Realmente escrava
Sublimas hoje
O rude abraço do patrão

Luís Rosa Lopes

Afri aka
Onde estão as pessoas que gritam
Mas ninguém as ouve
Onde tem as pessoas que choram
Mas ninguém as sente
Afrika
O berço da humanidade
Que já virou o berço da guerrilha
A luta pelo poder já virou partilha
A corrupção virou pastilha
A violência para nós já virou ciência
O deixar estar e andar virou paciência
O reclamar pelos nossos direitos é contra-inteligência
O paraíso natural parece estar longe da nossa existência
Afrika
Onde o estado é mais importante que o nosso
irmão
Onde o café é produzido mas não consumido pela
maioria
Onde o povo é o estado e o estado é um bocado do povo
Onde nascer pobre é crime
estudar é um privilégio
O pobre não vai a um colégio
Ser primo de! Sobrinho de! Irmão de! Filho de!
É o passaporte para o sucesso
É a porta para o emprego
É a ficha de inscrição para a escola
É a salvação para não ser analfaburro
Afrika
Onde estão todas as riquezas e os piores jagunssos
Onde comer todos os dias é um privilégio para muitos
Onde comer uma lagosta com funge não é luxo
Onde o melhor cinema vive-se todos os dias nas ruas
Afrika
Onde se paga um salário de dez cozinheiros a um
cozinheiro expatriado
Onde um pedreiro estrangeiro ganha mais que um
médico
Onde sem dinheiro morres na cama do hospital
Onde a reforma só dá para comprar uma lata de leite
Onde se assassina uma árvore para fazer uma tanga
E ninguém, ninguém grita
Afrika

Kardo Bestilo

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