Wednesday, 3 January 2007

FIM DE ANO NO LUENA...

O local óbvio para se passar o fim de ano e aguardar o próximo, em Angola, é o Moxico.

Porque o Moxico está a 3 fusos horários de Luanda. E quando os vaidosos de Luanda começam a festejar o novo ano já o Moxico leva 3 horas de avanço. Assim o enterrar das coisas para esquecer do ano que passou e todas as esperanças no futuro começam mais cedo no Moxico.

A convite de uma minha amiga, luena, filha de mãe luena e pai cubano morto na guerra, fui passar o fim de ano ao Luena. Onde convivi com gente que sobreviveu á longa guerra que acabou por ter o episódio definitivo exactamente no Moxico - Um bom exemplo é a mulher que encontrei no povo junto ao Lumege, com um olhar e uma cara por onde tudo passou.

E claro as crianças, que para terem futuro precisam de uma escola e um posto médico.



Ouvi histórias espantosas, as pequenas histórias que as pessoas recordam depois das guerras acabarem, de coragem, de sorte, de humor.

Um dia o caminho de ferro de Benguela vai voltar e as pessoas deixam de estar pendentes de abastecimentos que levam 15 dias de Luanda, por Saurimo até ao Luena ou da única companhia aérea que ainda resiste á pista estreita e esburacada.

E os espantosos por do sol, (…) e os rios cheios de jacarés que comem gente sem descriminação (há pouco tempo foi um brasileiro) e não tocam nos chineses que pescam de pés dentro de água (…) e se banham nus á noite em magotes. Á cautela nem os jacarés se metem com eles.

(…) Vi 2 ou 3 europeus e milhares de chineses. A próxima geração luena terá a sua quota parte de olhos em bico.

Texto e Fotos de José Alçada, Janeiro 2007

O local óbvio para se passar o fim de ano e aguardar o próximo, em Angola, é o Moxico.

Porque o Moxico está a 3 fusos horários de Luanda. E quando os vaidosos de Luanda começam a festejar o novo ano já o Moxico leva 3 horas de avanço. Assim o enterrar das coisas para esquecer do ano que passou e todas as esperanças no futuro começam mais cedo no Moxico.

A convite de uma minha amiga, luena, filha de mãe luena e pai cubano morto na guerra, fui passar o fim de ano ao Luena. Onde convivi com gente que sobreviveu á longa guerra que acabou por ter o episódio definitivo exactamente no Moxico - Um bom exemplo é a mulher que encontrei no povo junto ao Lumege, com um olhar e uma cara por onde tudo passou.

E claro as crianças, que para terem futuro precisam de uma escola e um posto médico.



Ouvi histórias espantosas, as pequenas histórias que as pessoas recordam depois das guerras acabarem, de coragem, de sorte, de humor.

Um dia o caminho de ferro de Benguela vai voltar e as pessoas deixam de estar pendentes de abastecimentos que levam 15 dias de Luanda, por Saurimo até ao Luena ou da única companhia aérea que ainda resiste á pista estreita e esburacada.

E os espantosos por do sol, (…) e os rios cheios de jacarés que comem gente sem descriminação (há pouco tempo foi um brasileiro) e não tocam nos chineses que pescam de pés dentro de água (…) e se banham nus á noite em magotes. Á cautela nem os jacarés se metem com eles.

(…) Vi 2 ou 3 europeus e milhares de chineses. A próxima geração luena terá a sua quota parte de olhos em bico.

Texto e Fotos de José Alçada, Janeiro 2007

1 comment:

Anonymous said...

Nasci no Luena na década de 60. Saudades do cheiro e dos sons dessa zona de África. Fico contente por saber que há quem se interesse pelo local e até quem lá vá para uma passagem de ano. Felicidades. Fernando Paiva, Leiria / Portugal