O "Edificio Elinga" la' continua de pe' e esteve aberto no ultimo fim de semana para um espectaculo de variedades organizado por um grupo de jovens luandenses empenhados em que ele assim se mantenha...
Estive quase, mas acabei por nao ir, 'atraves' de um dia passado a viajar agradavelmente para sul, por entre picadas e riachos, ate' a Barra do Kwanza e ao Parque da Kissama e de volta a Luanda por baixo de uma chuvada (quase) torrencial e o trafego que, naturalmente, estava mais piormente engarrafado do que ja' e' vagarosamente habitual... Prazer e cansaco, foi o balanco.
Mas, quem la' esteve a cantar especialmente foi o Paulo Flores (tive pena de ter perdido tao boa oportunidade de o ver actuar pela primeira vez) e foi de la' que me trouxeram o ExCombatentes (por sinal, na vespera tinha finalmente ganho coragem - em todas as minhas idas anteriores tinha sempre desconseguido isso - sim, kate' ganhei korage para pedir que me levassem la', aos ExCombatentes, expressamente para ver, de caxexe, de fora, de baixo, o meu kubiko que la' me kassumbularam kum ele, ja' la' vai o que parece uma eternidade...) - sua ultima producao discografica (uma trilogia ja' antes aqui anunciada pelo proprio), integrando tres CDs entitulados, respectivamente, Viagem, Sembas e Ilhas. Do ultimo deixo aqui estes registos:
Eu Quero E' Paz
Amba
Rencontre (Sax by Nanuto)
Gepe'
Ja' agora, proponho que revisitemos o/as musico/as angolano/as cantado/as ai nesse Gepe' do Paulo Flores, em posts e comentarios anteriores neste e no de um (ex?)combatente deste blog:
Kabokomeu
Mamborro'
Milhorro'
Minguito
Mariana
Uzala Ute' Ute' (Rete' - Kassav)
E, ja' agora tambem, voltemos a este post... So' a proposito do blues do Eu Quero E' Paz (podia ser tambem a proposito de vozes melhores do que a do Paulo Flores... mas nao e'). Nao e' o Muddy Waters (ouviste, tu, meu filho que o tens andado ultimamente a explorar? By the way, ainda nao vi o tal filme com/sobre ele que me sugeriste...), de quem o Paulo Flores diz ter ganho a inspiracao. E' o BB King... o BB... o King!
Tuesday, 31 March 2009
Tuesday, 24 March 2009
LUANDANDO (II)
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Monday, 23 March 2009
LUANDANDO (I)
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JADE GOODY (R.I.P)
Falei aqui sobre ela, numa altura em que era impossivel prever-se o tragico desfecho que a sua vida acaba de ter tao cedo. Tao cedo em termos de esperanca media de vida em qualquer parte do mundo. Tao cedo porque, desde o que a tornou famosa pela negativa, ela vinha demonstrando progressivamente uma grande capacidade de aprender com os seus erros e de se reinventar, e a sua vida futura, pela positiva. Morreu, assim, como uma "role model" apesar de tudo quanto, a determinada altura, a tornou detestavel aos olhos de muita gente, dentro e fora do seu pais. Paz a sua alma.
(Obituario)
Falei aqui sobre ela, numa altura em que era impossivel prever-se o tragico desfecho que a sua vida acaba de ter tao cedo. Tao cedo em termos de esperanca media de vida em qualquer parte do mundo. Tao cedo porque, desde o que a tornou famosa pela negativa, ela vinha demonstrando progressivamente uma grande capacidade de aprender com os seus erros e de se reinventar, e a sua vida futura, pela positiva. Morreu, assim, como uma "role model" apesar de tudo quanto, a determinada altura, a tornou detestavel aos olhos de muita gente, dentro e fora do seu pais. Paz a sua alma.
(Obituario)
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Saturday, 21 March 2009
O PAPA EM ANGOLA
Tirei estas fotos pouco mais de uma hora depois de o Papa ter chegado a Luanda, quando decidi ir ate a igreja adjacente ao Palacio Presidencial, onde estava anunciado ele se deslocaria ao fim da tarde. Cheguei cedo demais e como a espera se afigurava longa, acabei por desistir. Nao sem registar as imagens do local ao principio da tarde. As multidoes e o objecto do seu fervor (ou apenas atencao) bem como as palavras que dedicou a esta terra e aos seus nacionais, esses ja os tinha visto pela televisao. Ficou, portanto, apenas o registo de um local normalmente "longe da cidade"...
Frase do dia (mais coisa menos coisa):
"Nos estamos seguros de que os cristaos, e os catolicos praticantes em particular, estao munidos de todos os instrumentos necessarios para dispensarem o uso de preservativos, mas temos que ter tambem em conta os outros."
(Ministro da Saude de Angola, no dia da chegada do Papa, a uma radio local)
Tirei estas fotos pouco mais de uma hora depois de o Papa ter chegado a Luanda, quando decidi ir ate a igreja adjacente ao Palacio Presidencial, onde estava anunciado ele se deslocaria ao fim da tarde. Cheguei cedo demais e como a espera se afigurava longa, acabei por desistir. Nao sem registar as imagens do local ao principio da tarde. As multidoes e o objecto do seu fervor (ou apenas atencao) bem como as palavras que dedicou a esta terra e aos seus nacionais, esses ja os tinha visto pela televisao. Ficou, portanto, apenas o registo de um local normalmente "longe da cidade"...
Frase do dia (mais coisa menos coisa):
"Nos estamos seguros de que os cristaos, e os catolicos praticantes em particular, estao munidos de todos os instrumentos necessarios para dispensarem o uso de preservativos, mas temos que ter tambem em conta os outros."
(Ministro da Saude de Angola, no dia da chegada do Papa, a uma radio local)
Thursday, 12 March 2009
A(S) MEMORIA(S) E O(S) PATRIMONIO(S) - PASSADO(S) E FUTURO(S)
La’ diz o velho ditado que nao ha’ duas sem tres…
Assim sendo, depois dos turbilhoes a volta da ‘transformacao’ do edificio conhecido como Palacio de Dona Ana Joaquina e, mais recentemente, da demolicao do antigo Mercado do Kinaxixe, novo turbilhao anda no ar em Luanda a volta da questao da preservacao do patrimonio historico da cidade. Desta vez trata-se do que e’ agora conhecido como Edificio Elinga e que ja’ foi, em tempos mais recuados, Centro Cultural Universitario (CCU) e Colegio Casa das Beiras.
Tenho conhecimento de pelo menos duas “frentes de combate” contra a sua planeada demolicao, diz-se que para dar lugar a um novo edificio e parque de estacionamento:
- Uma, iniciada por nostalgicos dos tempos do CCU que, algo resignados com a aparentemente inevitavel demolicao de um espaco do qual retinham experiencias de vida preciosas (e.g. o nascimento da Brigada Jovem de Literatura de Luanda), criaram uma corrente de partilha de memorias por email visando “comemorar” o desaparecimento daquele espaco, ate’ que… um dos contribuintes da corrente foi desencantar este despacho do Ministerio da Cultura datado de 1981, que, na letra e no espirito, parece conter o essencial para que se fale na existencia de uma politica de preservacao do patrimonio arquitectonico em Angola… excepto os necessarios mecanismos para a sua efectiva implementacao (questao que aqui abordei aquando da demolicao do Kinaxixe), falando-se, inclusive, na possibilidade de tal despacho poder ter sido ja’ revogado – do que nao parece haver confirmacao;
- Outra, que, certamente integrando alguns dos participantes da primeira, optou por uma posicao mais activamente politica (ideologica?), que decidiu expressar atraves deste Abaixo Assinado, correntemente aberto a subscricao por naturais e/ou residentes de Luanda.
Por entre as duas, vai-se movendo, como que em terreno minado, o responsavel pelo novo projecto, que se tem multiplicado em entrevistas e encontros publicos e privados, argumentando, por um lado, que o edificio esta mesmo tecnicamente condenado a morte (morrida, ou matada? – parece ser a questao no centro do debate, sendo certo que, como aqui tive ocasiao de notar, os edificios tambem morrem…) por, alegadamente, ja’ ter nascido “deficiente” e, por outro lado, dando garantias de que os mais directamente afectados pela planeada demolicao (nomeadamente o grupo de teatro Elinga e o pintor Antonio Ole, que la’ tem o seu attelier ha’ varios anos) terao espacos garantidos no novo edificio.
Esses, em resumo, os ‘factos’ que ate’ agora me chegaram ao conhecimento atraves da primeira “frente de combate” (atraves da qual recebi tambem copias 'scaneadas' de um artigo alusivo ao assunto publicado em Luanda no ultimo numero de "O Pais" e do despacho do Minicult acima mencionado, com que ilustro este post). Nas duas reconheco os meritos do activismo civico, as duas desejo sucesso – mesmo que sucesso neste caso possa eventualmente significar uma solucao de compromisso perante uma realidade que parece inevitavel, o que ja’ sera’ assinalavel dada a aparente resignacao inicial…
Agora, por entre os ‘factos’ e a memoria colectiva de toda uma geracao, ha’ um espacozinho para a minha propria memoria individual: lembro-me de, nos anos 80, ter naquele edificio frequentado um curso de guitarra classica, dado por dois professors Vietnamitas… lembro-me da vez em que, ja' no sec. XXI, fui la’ assistir a representacao pelo Elinga do “Quem Me Dera Ser Onda”, do Manuel Rui Monteiro… ou de ter la’ comemorado parte de um Dia Internacional da Mulher (uma memoria que, portanto, fez anos nos ultimos dias e que neste blog relatei aqui ha' uns tempos)… e lembro-me, sobretudo, das pessoas com quem partilhei aqueles momentos.
Memorias… sao elas que dao sentido a palavra “historico” ao lado da designacao “patrimonio arquitectonico”. Resta-nos sempre a consolacao de que, pelo menos enquanto somos vivos, elas sobrevivem a morte dos edificios. O problema e’ a preservacao dessas memorias, individuais e colectivas, para as geracoes futuras, nao perdendo de vista, contudo, que estas nao so’ teem direito ao conhecimento da historia, como tambem (alias, a semelhanca da "primeira frente de combate" aqui mencionada...) teem o direito a e a capacidade para criarem a sua propria historia e construirem as suas proprias memorias para o seu proprio futuro - que sera', afinal, o futuro da Nacao, portanto de todos nos.
Assim sendo, depois dos turbilhoes a volta da ‘transformacao’ do edificio conhecido como Palacio de Dona Ana Joaquina e, mais recentemente, da demolicao do antigo Mercado do Kinaxixe, novo turbilhao anda no ar em Luanda a volta da questao da preservacao do patrimonio historico da cidade. Desta vez trata-se do que e’ agora conhecido como Edificio Elinga e que ja’ foi, em tempos mais recuados, Centro Cultural Universitario (CCU) e Colegio Casa das Beiras.
Tenho conhecimento de pelo menos duas “frentes de combate” contra a sua planeada demolicao, diz-se que para dar lugar a um novo edificio e parque de estacionamento:
- Uma, iniciada por nostalgicos dos tempos do CCU que, algo resignados com a aparentemente inevitavel demolicao de um espaco do qual retinham experiencias de vida preciosas (e.g. o nascimento da Brigada Jovem de Literatura de Luanda), criaram uma corrente de partilha de memorias por email visando “comemorar” o desaparecimento daquele espaco, ate’ que… um dos contribuintes da corrente foi desencantar este despacho do Ministerio da Cultura datado de 1981, que, na letra e no espirito, parece conter o essencial para que se fale na existencia de uma politica de preservacao do patrimonio arquitectonico em Angola… excepto os necessarios mecanismos para a sua efectiva implementacao (questao que aqui abordei aquando da demolicao do Kinaxixe), falando-se, inclusive, na possibilidade de tal despacho poder ter sido ja’ revogado – do que nao parece haver confirmacao;
- Outra, que, certamente integrando alguns dos participantes da primeira, optou por uma posicao mais activamente politica (ideologica?), que decidiu expressar atraves deste Abaixo Assinado, correntemente aberto a subscricao por naturais e/ou residentes de Luanda.
Por entre as duas, vai-se movendo, como que em terreno minado, o responsavel pelo novo projecto, que se tem multiplicado em entrevistas e encontros publicos e privados, argumentando, por um lado, que o edificio esta mesmo tecnicamente condenado a morte (morrida, ou matada? – parece ser a questao no centro do debate, sendo certo que, como aqui tive ocasiao de notar, os edificios tambem morrem…) por, alegadamente, ja’ ter nascido “deficiente” e, por outro lado, dando garantias de que os mais directamente afectados pela planeada demolicao (nomeadamente o grupo de teatro Elinga e o pintor Antonio Ole, que la’ tem o seu attelier ha’ varios anos) terao espacos garantidos no novo edificio.
Esses, em resumo, os ‘factos’ que ate’ agora me chegaram ao conhecimento atraves da primeira “frente de combate” (atraves da qual recebi tambem copias 'scaneadas' de um artigo alusivo ao assunto publicado em Luanda no ultimo numero de "O Pais" e do despacho do Minicult acima mencionado, com que ilustro este post). Nas duas reconheco os meritos do activismo civico, as duas desejo sucesso – mesmo que sucesso neste caso possa eventualmente significar uma solucao de compromisso perante uma realidade que parece inevitavel, o que ja’ sera’ assinalavel dada a aparente resignacao inicial…
Agora, por entre os ‘factos’ e a memoria colectiva de toda uma geracao, ha’ um espacozinho para a minha propria memoria individual: lembro-me de, nos anos 80, ter naquele edificio frequentado um curso de guitarra classica, dado por dois professors Vietnamitas… lembro-me da vez em que, ja' no sec. XXI, fui la’ assistir a representacao pelo Elinga do “Quem Me Dera Ser Onda”, do Manuel Rui Monteiro… ou de ter la’ comemorado parte de um Dia Internacional da Mulher (uma memoria que, portanto, fez anos nos ultimos dias e que neste blog relatei aqui ha' uns tempos)… e lembro-me, sobretudo, das pessoas com quem partilhei aqueles momentos.
Memorias… sao elas que dao sentido a palavra “historico” ao lado da designacao “patrimonio arquitectonico”. Resta-nos sempre a consolacao de que, pelo menos enquanto somos vivos, elas sobrevivem a morte dos edificios. O problema e’ a preservacao dessas memorias, individuais e colectivas, para as geracoes futuras, nao perdendo de vista, contudo, que estas nao so’ teem direito ao conhecimento da historia, como tambem (alias, a semelhanca da "primeira frente de combate" aqui mencionada...) teem o direito a e a capacidade para criarem a sua propria historia e construirem as suas proprias memorias para o seu proprio futuro - que sera', afinal, o futuro da Nacao, portanto de todos nos.
La’ diz o velho ditado que nao ha’ duas sem tres…
Assim sendo, depois dos turbilhoes a volta da ‘transformacao’ do edificio conhecido como Palacio de Dona Ana Joaquina e, mais recentemente, da demolicao do antigo Mercado do Kinaxixe, novo turbilhao anda no ar em Luanda a volta da questao da preservacao do patrimonio historico da cidade. Desta vez trata-se do que e’ agora conhecido como Edificio Elinga e que ja’ foi, em tempos mais recuados, Centro Cultural Universitario (CCU) e Colegio Casa das Beiras.
Tenho conhecimento de pelo menos duas “frentes de combate” contra a sua planeada demolicao, diz-se que para dar lugar a um novo edificio e parque de estacionamento:
- Uma, iniciada por nostalgicos dos tempos do CCU que, algo resignados com a aparentemente inevitavel demolicao de um espaco do qual retinham experiencias de vida preciosas (e.g. o nascimento da Brigada Jovem de Literatura de Luanda), criaram uma corrente de partilha de memorias por email visando “comemorar” o desaparecimento daquele espaco, ate’ que… um dos contribuintes da corrente foi desencantar este despacho do Ministerio da Cultura datado de 1981, que, na letra e no espirito, parece conter o essencial para que se fale na existencia de uma politica de preservacao do patrimonio arquitectonico em Angola… excepto os necessarios mecanismos para a sua efectiva implementacao (questao que aqui abordei aquando da demolicao do Kinaxixe), falando-se, inclusive, na possibilidade de tal despacho poder ter sido ja’ revogado – do que nao parece haver confirmacao;
- Outra, que, certamente integrando alguns dos participantes da primeira, optou por uma posicao mais activamente politica (ideologica?), que decidiu expressar atraves deste Abaixo Assinado, correntemente aberto a subscricao por naturais e/ou residentes de Luanda.
Por entre as duas, vai-se movendo, como que em terreno minado, o responsavel pelo novo projecto, que se tem multiplicado em entrevistas e encontros publicos e privados, argumentando, por um lado, que o edificio esta mesmo tecnicamente condenado a morte (morrida, ou matada? – parece ser a questao no centro do debate, sendo certo que, como aqui tive ocasiao de notar, os edificios tambem morrem…) por, alegadamente, ja’ ter nascido “deficiente” e, por outro lado, dando garantias de que os mais directamente afectados pela planeada demolicao (nomeadamente o grupo de teatro Elinga e o pintor Antonio Ole, que la’ tem o seu attelier ha’ varios anos) terao espacos garantidos no novo edificio.
Esses, em resumo, os ‘factos’ que ate’ agora me chegaram ao conhecimento atraves da primeira “frente de combate” (atraves da qual recebi tambem copias 'scaneadas' de um artigo alusivo ao assunto publicado em Luanda no ultimo numero de "O Pais" e do despacho do Minicult acima mencionado, com que ilustro este post). Nas duas reconheco os meritos do activismo civico, as duas desejo sucesso – mesmo que sucesso neste caso possa eventualmente significar uma solucao de compromisso perante uma realidade que parece inevitavel, o que ja’ sera’ assinalavel dada a aparente resignacao inicial…
Agora, por entre os ‘factos’ e a memoria colectiva de toda uma geracao, ha’ um espacozinho para a minha propria memoria individual: lembro-me de, nos anos 80, ter naquele edificio frequentado um curso de guitarra classica, dado por dois professors Vietnamitas… lembro-me da vez em que, ja' no sec. XXI, fui la’ assistir a representacao pelo Elinga do “Quem Me Dera Ser Onda”, do Manuel Rui Monteiro… ou de ter la’ comemorado parte de um Dia Internacional da Mulher (uma memoria que, portanto, fez anos nos ultimos dias e que neste blog relatei aqui ha' uns tempos)… e lembro-me, sobretudo, das pessoas com quem partilhei aqueles momentos.
Memorias… sao elas que dao sentido a palavra “historico” ao lado da designacao “patrimonio arquitectonico”. Resta-nos sempre a consolacao de que, pelo menos enquanto somos vivos, elas sobrevivem a morte dos edificios. O problema e’ a preservacao dessas memorias, individuais e colectivas, para as geracoes futuras, nao perdendo de vista, contudo, que estas nao so’ teem direito ao conhecimento da historia, como tambem (alias, a semelhanca da "primeira frente de combate" aqui mencionada...) teem o direito a e a capacidade para criarem a sua propria historia e construirem as suas proprias memorias para o seu proprio futuro - que sera', afinal, o futuro da Nacao, portanto de todos nos.
Assim sendo, depois dos turbilhoes a volta da ‘transformacao’ do edificio conhecido como Palacio de Dona Ana Joaquina e, mais recentemente, da demolicao do antigo Mercado do Kinaxixe, novo turbilhao anda no ar em Luanda a volta da questao da preservacao do patrimonio historico da cidade. Desta vez trata-se do que e’ agora conhecido como Edificio Elinga e que ja’ foi, em tempos mais recuados, Centro Cultural Universitario (CCU) e Colegio Casa das Beiras.
Tenho conhecimento de pelo menos duas “frentes de combate” contra a sua planeada demolicao, diz-se que para dar lugar a um novo edificio e parque de estacionamento:
- Uma, iniciada por nostalgicos dos tempos do CCU que, algo resignados com a aparentemente inevitavel demolicao de um espaco do qual retinham experiencias de vida preciosas (e.g. o nascimento da Brigada Jovem de Literatura de Luanda), criaram uma corrente de partilha de memorias por email visando “comemorar” o desaparecimento daquele espaco, ate’ que… um dos contribuintes da corrente foi desencantar este despacho do Ministerio da Cultura datado de 1981, que, na letra e no espirito, parece conter o essencial para que se fale na existencia de uma politica de preservacao do patrimonio arquitectonico em Angola… excepto os necessarios mecanismos para a sua efectiva implementacao (questao que aqui abordei aquando da demolicao do Kinaxixe), falando-se, inclusive, na possibilidade de tal despacho poder ter sido ja’ revogado – do que nao parece haver confirmacao;
- Outra, que, certamente integrando alguns dos participantes da primeira, optou por uma posicao mais activamente politica (ideologica?), que decidiu expressar atraves deste Abaixo Assinado, correntemente aberto a subscricao por naturais e/ou residentes de Luanda.
Por entre as duas, vai-se movendo, como que em terreno minado, o responsavel pelo novo projecto, que se tem multiplicado em entrevistas e encontros publicos e privados, argumentando, por um lado, que o edificio esta mesmo tecnicamente condenado a morte (morrida, ou matada? – parece ser a questao no centro do debate, sendo certo que, como aqui tive ocasiao de notar, os edificios tambem morrem…) por, alegadamente, ja’ ter nascido “deficiente” e, por outro lado, dando garantias de que os mais directamente afectados pela planeada demolicao (nomeadamente o grupo de teatro Elinga e o pintor Antonio Ole, que la’ tem o seu attelier ha’ varios anos) terao espacos garantidos no novo edificio.
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Agora, por entre os ‘factos’ e a memoria colectiva de toda uma geracao, ha’ um espacozinho para a minha propria memoria individual: lembro-me de, nos anos 80, ter naquele edificio frequentado um curso de guitarra classica, dado por dois professors Vietnamitas… lembro-me da vez em que, ja' no sec. XXI, fui la’ assistir a representacao pelo Elinga do “Quem Me Dera Ser Onda”, do Manuel Rui Monteiro… ou de ter la’ comemorado parte de um Dia Internacional da Mulher (uma memoria que, portanto, fez anos nos ultimos dias e que neste blog relatei aqui ha' uns tempos)… e lembro-me, sobretudo, das pessoas com quem partilhei aqueles momentos.
Memorias… sao elas que dao sentido a palavra “historico” ao lado da designacao “patrimonio arquitectonico”. Resta-nos sempre a consolacao de que, pelo menos enquanto somos vivos, elas sobrevivem a morte dos edificios. O problema e’ a preservacao dessas memorias, individuais e colectivas, para as geracoes futuras, nao perdendo de vista, contudo, que estas nao so’ teem direito ao conhecimento da historia, como tambem (alias, a semelhanca da "primeira frente de combate" aqui mencionada...) teem o direito a e a capacidade para criarem a sua propria historia e construirem as suas proprias memorias para o seu proprio futuro - que sera', afinal, o futuro da Nacao, portanto de todos nos.
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Wednesday, 11 March 2009
MUSIC & IDENTITY
I came across this book today at the University of Stellenbosch book store and found it interesting for those of us who give more to music than just the ears.
Here's an extract from the intro:
Because of radio, television, and internet we are all – at various levels and in extremely varied contexts – exposed to several musics from the moment we are born. And no two people are exposed in the same way, as studies in music psychology and music sociology have shown. Just as the methodology of case studies and sampling can seem only provisional and exploratory “[i]n a world of some six-billion people and possibly just as many compositions”, as Nishlyn Ramanna puts it in his study of South African jazz and identity (2005, p. 71), so musical identity globally can be said to have been constructed in at least 6 billion ways, of which only a handful are presented in this book.
One of the major things this book does, then, is to examine a few very specific circumstances under which musical identities in certain areas of the world at certain times have been constructed; it does not attempt to draw wider conclusions. The book also scrutinises the meanings such constructions hold for individuals and the societies in which they live. Another thing the book shows is how identities are manipulated: what happened in Ghana, for example, when an inherent multiculturalism encountered “colonial legacies like external music examinations, the playing of Western musical instruments, ballroom dance, choirs and bands … resulting in the creation of vibrant music genres and cultures to service the musical identities of people in both countries”? (Akrofi and Flolu in this volume). What happens when a school music curriculum that favours one kind of music culture over another, is imposed upon such vibrancy? The imposed music is an imposed identity, and is bound to be rejected to some extent and in various ways, unless (as with organ transplants), the operation proceeds with the greatest possible caution and the environment is sufficiently antiseptic – which rarely happens in the mayhem of most schools.
The project behind this book brought together music educationists, musicologists, and ethnomusicologists (although some of us are not quite sure where to place ourselves in this triad). At the surface level of content it is fairly easy to see which is which, and the way people’s interests have overlapped is reflected in the way chapters are loosely
grouped under the headings “concepts of identity”, “music and discourse”, and “musical encounters”; but these headings don’t tell us what is going on at a deeper level.
Here's an extract from the intro:
Because of radio, television, and internet we are all – at various levels and in extremely varied contexts – exposed to several musics from the moment we are born. And no two people are exposed in the same way, as studies in music psychology and music sociology have shown. Just as the methodology of case studies and sampling can seem only provisional and exploratory “[i]n a world of some six-billion people and possibly just as many compositions”, as Nishlyn Ramanna puts it in his study of South African jazz and identity (2005, p. 71), so musical identity globally can be said to have been constructed in at least 6 billion ways, of which only a handful are presented in this book.
One of the major things this book does, then, is to examine a few very specific circumstances under which musical identities in certain areas of the world at certain times have been constructed; it does not attempt to draw wider conclusions. The book also scrutinises the meanings such constructions hold for individuals and the societies in which they live. Another thing the book shows is how identities are manipulated: what happened in Ghana, for example, when an inherent multiculturalism encountered “colonial legacies like external music examinations, the playing of Western musical instruments, ballroom dance, choirs and bands … resulting in the creation of vibrant music genres and cultures to service the musical identities of people in both countries”? (Akrofi and Flolu in this volume). What happens when a school music curriculum that favours one kind of music culture over another, is imposed upon such vibrancy? The imposed music is an imposed identity, and is bound to be rejected to some extent and in various ways, unless (as with organ transplants), the operation proceeds with the greatest possible caution and the environment is sufficiently antiseptic – which rarely happens in the mayhem of most schools.
The project behind this book brought together music educationists, musicologists, and ethnomusicologists (although some of us are not quite sure where to place ourselves in this triad). At the surface level of content it is fairly easy to see which is which, and the way people’s interests have overlapped is reflected in the way chapters are loosely
grouped under the headings “concepts of identity”, “music and discourse”, and “musical encounters”; but these headings don’t tell us what is going on at a deeper level.
I came across this book today at the University of Stellenbosch book store and found it interesting for those of us who give more to music than just the ears.
Here's an extract from the intro:
Because of radio, television, and internet we are all – at various levels and in extremely varied contexts – exposed to several musics from the moment we are born. And no two people are exposed in the same way, as studies in music psychology and music sociology have shown. Just as the methodology of case studies and sampling can seem only provisional and exploratory “[i]n a world of some six-billion people and possibly just as many compositions”, as Nishlyn Ramanna puts it in his study of South African jazz and identity (2005, p. 71), so musical identity globally can be said to have been constructed in at least 6 billion ways, of which only a handful are presented in this book.
One of the major things this book does, then, is to examine a few very specific circumstances under which musical identities in certain areas of the world at certain times have been constructed; it does not attempt to draw wider conclusions. The book also scrutinises the meanings such constructions hold for individuals and the societies in which they live. Another thing the book shows is how identities are manipulated: what happened in Ghana, for example, when an inherent multiculturalism encountered “colonial legacies like external music examinations, the playing of Western musical instruments, ballroom dance, choirs and bands … resulting in the creation of vibrant music genres and cultures to service the musical identities of people in both countries”? (Akrofi and Flolu in this volume). What happens when a school music curriculum that favours one kind of music culture over another, is imposed upon such vibrancy? The imposed music is an imposed identity, and is bound to be rejected to some extent and in various ways, unless (as with organ transplants), the operation proceeds with the greatest possible caution and the environment is sufficiently antiseptic – which rarely happens in the mayhem of most schools.
The project behind this book brought together music educationists, musicologists, and ethnomusicologists (although some of us are not quite sure where to place ourselves in this triad). At the surface level of content it is fairly easy to see which is which, and the way people’s interests have overlapped is reflected in the way chapters are loosely
grouped under the headings “concepts of identity”, “music and discourse”, and “musical encounters”; but these headings don’t tell us what is going on at a deeper level.
Here's an extract from the intro:
Because of radio, television, and internet we are all – at various levels and in extremely varied contexts – exposed to several musics from the moment we are born. And no two people are exposed in the same way, as studies in music psychology and music sociology have shown. Just as the methodology of case studies and sampling can seem only provisional and exploratory “[i]n a world of some six-billion people and possibly just as many compositions”, as Nishlyn Ramanna puts it in his study of South African jazz and identity (2005, p. 71), so musical identity globally can be said to have been constructed in at least 6 billion ways, of which only a handful are presented in this book.
One of the major things this book does, then, is to examine a few very specific circumstances under which musical identities in certain areas of the world at certain times have been constructed; it does not attempt to draw wider conclusions. The book also scrutinises the meanings such constructions hold for individuals and the societies in which they live. Another thing the book shows is how identities are manipulated: what happened in Ghana, for example, when an inherent multiculturalism encountered “colonial legacies like external music examinations, the playing of Western musical instruments, ballroom dance, choirs and bands … resulting in the creation of vibrant music genres and cultures to service the musical identities of people in both countries”? (Akrofi and Flolu in this volume). What happens when a school music curriculum that favours one kind of music culture over another, is imposed upon such vibrancy? The imposed music is an imposed identity, and is bound to be rejected to some extent and in various ways, unless (as with organ transplants), the operation proceeds with the greatest possible caution and the environment is sufficiently antiseptic – which rarely happens in the mayhem of most schools.
The project behind this book brought together music educationists, musicologists, and ethnomusicologists (although some of us are not quite sure where to place ourselves in this triad). At the surface level of content it is fairly easy to see which is which, and the way people’s interests have overlapped is reflected in the way chapters are loosely
grouped under the headings “concepts of identity”, “music and discourse”, and “musical encounters”; but these headings don’t tell us what is going on at a deeper level.
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