Friday, 30 October 2009

VOCÊ SABIA QUE...

- Mais de um bilhão de pessoas no mundo vive com menos de um dólar por dia;
- Cada dia, morrem, por causa da fome, 24 mil pessoas. 10% das crianças, em países em desenvolvimento, morrem antes de completar cinco anos...
- um terço da população é mal alimentado e outro terço está faminto.
- Que a cada dia 275 mil pessoas começam a passar fome ao redor do mundo. O Brasil é o 9º pais com o maior número de pessoas com fome...
- Atualmente, cerca de 1,2 bilhão de pessoas se encontra no estado de alta pobreza devido às condições climáticas de suas regiões.

Você Sabia?
- Mais de um bilhão de crianças, a metade dos menores do mundo, é castigado pela pobreza, as guerras e a Aids;
- Todos os dias, o HIV/AIDS mata 6.000 pessoas e infecta outras 8.200 .
- Todos os anos, seis milhões de crianças morrem de má nutrição antes de completar cinco anos.
- Cerca de 90 mil crianças e adolescentes são órfãos no Brasil, à espera de uma adoção.
- a escassez de água já atinge 2 bilhões de pessoas. Esse número pode dobrar em 20 anos...

Você Sabia?
- Cerca de 100 milhões de pessoas estão sem teto;
- No Brasil, são 33,9 milhões de pessoas sem casa. Só nas áreas urbanas, são 24 milhões que não possuem habitação adequada ou não têm onde morar.
- Que vinte e cinco milhões de pessoas são dependentes de drogas no mundo;
- Que os indígenas continuam a ser vítimas de assassinatos, violência, discriminação, expulsões forçadas e outras violações de direitos humanos.

Você Sabia?
- Mais de 2,6 bilhões de pessoas não têm saneamento básico e mais de um bilhão continua a usar fontes de água imprópria para o consumo.
- Cinco milhões de pessoas, na sua maioria crianças, morrem todos os anos de doenças relacionadas à qualidade da água.
- No mundo inteiro, 114 milhões de crianças não recebem instrução sequer ao nível básico e 584 milhões de mulheres são analfabetas.

Você Sabia?
- Que é gasto 40 vezes mais dinheiro com cosméticos do que com doações...
- é gasto 10 vezes mais dinheiro com armas do que com educação básica;
- O Brasil é campeão mundial de desmatamento. Em segundo lugar está a Indonésia: 18,7 km2 por ano e, em terceiro, segue o Sudão, com 5,9 km2.
- O país perdeu um campo de futebol a cada dez minutos na Amazônia, nos últimos 20 anos.

..Agora você já sabe.

E vai ficar aí parado? Tome uma atitude.

Milhões de Pessoas em Pobreza Extrema Precisam da sua Ajuda!
Seja Voluntário você Também!

Planeta Voluntários
www.planetavoluntarios.com.br
Porque ajudar faz bem!

- Mais de um bilhão de pessoas no mundo vive com menos de um dólar por dia;
- Cada dia, morrem, por causa da fome, 24 mil pessoas. 10% das crianças, em países em desenvolvimento, morrem antes de completar cinco anos...
- um terço da população é mal alimentado e outro terço está faminto.
- Que a cada dia 275 mil pessoas começam a passar fome ao redor do mundo. O Brasil é o 9º pais com o maior número de pessoas com fome...
- Atualmente, cerca de 1,2 bilhão de pessoas se encontra no estado de alta pobreza devido às condições climáticas de suas regiões.

Você Sabia?
- Mais de um bilhão de crianças, a metade dos menores do mundo, é castigado pela pobreza, as guerras e a Aids;
- Todos os dias, o HIV/AIDS mata 6.000 pessoas e infecta outras 8.200 .
- Todos os anos, seis milhões de crianças morrem de má nutrição antes de completar cinco anos.
- Cerca de 90 mil crianças e adolescentes são órfãos no Brasil, à espera de uma adoção.
- a escassez de água já atinge 2 bilhões de pessoas. Esse número pode dobrar em 20 anos...

Você Sabia?
- Cerca de 100 milhões de pessoas estão sem teto;
- No Brasil, são 33,9 milhões de pessoas sem casa. Só nas áreas urbanas, são 24 milhões que não possuem habitação adequada ou não têm onde morar.
- Que vinte e cinco milhões de pessoas são dependentes de drogas no mundo;
- Que os indígenas continuam a ser vítimas de assassinatos, violência, discriminação, expulsões forçadas e outras violações de direitos humanos.

Você Sabia?
- Mais de 2,6 bilhões de pessoas não têm saneamento básico e mais de um bilhão continua a usar fontes de água imprópria para o consumo.
- Cinco milhões de pessoas, na sua maioria crianças, morrem todos os anos de doenças relacionadas à qualidade da água.
- No mundo inteiro, 114 milhões de crianças não recebem instrução sequer ao nível básico e 584 milhões de mulheres são analfabetas.

Você Sabia?
- Que é gasto 40 vezes mais dinheiro com cosméticos do que com doações...
- é gasto 10 vezes mais dinheiro com armas do que com educação básica;
- O Brasil é campeão mundial de desmatamento. Em segundo lugar está a Indonésia: 18,7 km2 por ano e, em terceiro, segue o Sudão, com 5,9 km2.
- O país perdeu um campo de futebol a cada dez minutos na Amazônia, nos últimos 20 anos.

..Agora você já sabe.

E vai ficar aí parado? Tome uma atitude.

Milhões de Pessoas em Pobreza Extrema Precisam da sua Ajuda!
Seja Voluntário você Também!

Planeta Voluntários
www.planetavoluntarios.com.br
Porque ajudar faz bem!

Thursday, 29 October 2009

OLHARES DIVERSOS (XV)



FERNANDO MOURAO ao JA

(…)
Aqui em Angola ou se dá o salto para altíssima tecnologia, principalmente para as Tecnologias de Informação e Comunicação ou seremos sempre importadores das ideias dos outros. Ficar só como receptor não dá. O Brasil rompeu com essa ideia depois da II Guerra Mundial, a Índia hoje tem tecnologia altamente sofisticada, o Paquistão também, a China está a lutar por isso. Que se produza matérias-primas alimentares é bom e é preciso, mas, do ponto de vista tecnológico, isso não serve para subir degraus. Ou partimos para tecnologias de ponta ou estamos sempre a importar técnicos especializados para fazer aquilo que não sabemos.
(…)
Acho que temos de apostar no ensino e na tecnologia. Mas num ensino que não seja uma reposição deste ensino tradicional do tempo colonial. Temos de ir para um ensino altamente qualificado e formar quadros.Sou professor de Direito e vejo muitos alunos com códigos na mão e eu digo-lhes: podem deitar fora o código. Eles ficam admirados. Entendo que o necessário é eles terem a racionalidade para entenderem o que está no código e, principalmente hoje, nas convenções internacionais.
(…)
Formação de quadros e reforma do ensino. O actual quadro do ensino em Angola é um quadro europeu do século passado, mas de europeu continental. Angola tem vizinhos que falam francês e inglês. Eu apostaria muito mais numa aproximação aos anglo-saxónicos. É preciso criar universidades bilingues pelas regiões do país e, de uma vez por todas, pôr os angolanos a falarem inglês, que é, cada vez mais, a língua universal. Enquanto os angolanos falarem só português e a língua materna ou, os que estão no Norte, um pouco de francês, estão sempre fora do comércio mundial. Hoje, quem está no comércio mundial é a Sonangol, mas não se pode ver o futuro de Angola só a partir do petróleo. O petróleo possibilitou a renovação das Forças Armadas, a reabilitação dos aeroportos, das estradas, mas se não se desenvolver uma classe média produtiva de pequenos e médios industriais eficientes e produtores, o país não vai para diante.
(…)
Temos de ultrapassar esta fase e passarmos a ser produtores. Para isso, o país precisa de quadros. Enquanto tiver um ensino tradicional, em que o jovem sai da universidade e não sabe nada, como é que vai conseguir criar?
(…)
O ensino técnico tem de arrancar juntamente com o ensino universitário. Mas que ensino universitário? De alunos que ficam por aí a papaguear códigos? Ou que vão ser preparados através de métodos de ensino racionais para que possam pensar?
(…)
Ou se aposta com coragem na formação de quadros ou não teremos desenvolvimento. Vejo Angola como uma nação em crescimento, que saiu do inchaço para um certo crescimento. Só lhe falta dar um empurrãozinho, que é a aposta no ensino. A saída para este país está na formação de quadros. Agora, há a mania de falar em desenvolvimento, mas muitos não sabem o que é isso. Só hoje já ouvi falar mais de 50 vezes sobre desenvolvimento sustentado, mas metade das pessoas não sabe o que é.
(…)
Se o país tiver boa formação de economistas, não apenas de econometristas. Acho que a matemática, as línguas e a filosofia deviam ser disciplinas obrigatórias para as pessoas abrirem o pensamento, saberem pensar.
(…)
Já chega de culpar os outros. Cada um de nós é que tem de sair do buraco. É preciso consciência e optar por um ensino racional, modelo anglo-saxónico. De contrário estaremos a formar papagaios.

[Aqui]


N.B.: Voltarei, tao logo quanto possivel, a esta entrevista, com alguns comentarios, nomeadamente as observacoes do Professor Mourão (que daqui saudo na distancia que vai ate' a este simposio, onde o conheci pessoalmente) sobre os planos integrativos da SADC:



P- Quais considera serem hoje os pontos fortes e os pontos fracos de Angola?

R- O ponto forte de Angola é ser um país fiável, que tem uma unidade e uma vocação universal. Dentro das suas particularidades faz um equilíbrio entre o lado tradicional, o moderno e a concepção nacional e regional. Hoje, estamos na dúvida se vamos ficar na África Central, na Austral ou nas duas. Sem querer ser agradável ao Presidente José Eduardo dos Santos, vejo nele uma qualidade extraordinária, assim como Agostinho Neto, que era o homem da praxis, de aguentar a luta. O Presidente José Eduardo dos Santos é um homem que criou um quarto poder. O que é isso? Existe o Legislativo, o Executivo e o Judicial. No Brasil, até há um século, tínhamos um quarto poder que é o moderador. Vejo na presença do Presidente José Eduardo dos Santos um elemento moderador da política interna. Este poder moderador do Presidente José Eduardo dos Santos está a permitir, de certa forma, um equilíbrio regional e internacional, e uma prudência da parte dele não ir na conversa de modelos. Agora inventaram transformar a SADC num mercado comum, começando por uma região aduaneira.

P – A ideia de um mercado comum não é benéfica para Angola?

R - Será bom quando os países da SADC tiverem condições de formar essa região aduaneira. O facto de Angola não ir nessa conversa é benéfico. Por exemplo, o Mercosul é, ainda hoje, uma união aduaneira imperfeita, porque há situações diversas em cada um dos países que o integra. Na Europa, há a Alemanha que pagou a conta dos que não têm dinheiro. Em África isso não existe. Têm de se dar compensações, como se deu na Europa. Aqui, em África, existe uma porção de países que ainda dependem das Alfândegas. Se acabam com elas, onde é que vão buscar dinheiro para pagar o médico, o polícia, o professor? Que isso seja uma meta, estou de acordo.

P– Qual seria afinal o papel da SADC?

R – Um aprendizado integrativo, que leva a uma prática integrativa aos poucos. No fundo, é a grande proposta das Nações Unidas, de não ficar só pelos acordos de natureza bilaterais. Uma coisa crucial que a SADC está a fazer é a integração dos sistemas das redes eléctricas dos países que compõem a região, certas políticas aduaneiras, certas políticas de rodovias, o problema central da água, que Angola tem resposta na mão. A África do Sul não tem água e os outros também não. Este é um problema seríssimo de que ninguém quer falar. A SADC, aos poucos, vai criando legislação, com esforços diplomáticos, no sentido de, daqui a alguns anos, se poder fazer, então, a União Aduaneira, mas não uma União Aduaneira só de conversa fiada. Penso que isso pode ser feito dentro de 20 anos, mais ou menos. Ainda hoje ouvi falar no NEPAD e apanhei um susto. Sinceramente, não acredito nisso. É uma ideia muito bonita, mas o que é que se fez em nome da NEPAD? Há alguma indústria criada em nome do NEPAD? Claro que não.



FERNANDO MOURAO ao JA

(…)
Aqui em Angola ou se dá o salto para altíssima tecnologia, principalmente para as Tecnologias de Informação e Comunicação ou seremos sempre importadores das ideias dos outros. Ficar só como receptor não dá. O Brasil rompeu com essa ideia depois da II Guerra Mundial, a Índia hoje tem tecnologia altamente sofisticada, o Paquistão também, a China está a lutar por isso. Que se produza matérias-primas alimentares é bom e é preciso, mas, do ponto de vista tecnológico, isso não serve para subir degraus. Ou partimos para tecnologias de ponta ou estamos sempre a importar técnicos especializados para fazer aquilo que não sabemos.
(…)
Acho que temos de apostar no ensino e na tecnologia. Mas num ensino que não seja uma reposição deste ensino tradicional do tempo colonial. Temos de ir para um ensino altamente qualificado e formar quadros.Sou professor de Direito e vejo muitos alunos com códigos na mão e eu digo-lhes: podem deitar fora o código. Eles ficam admirados. Entendo que o necessário é eles terem a racionalidade para entenderem o que está no código e, principalmente hoje, nas convenções internacionais.
(…)
Formação de quadros e reforma do ensino. O actual quadro do ensino em Angola é um quadro europeu do século passado, mas de europeu continental. Angola tem vizinhos que falam francês e inglês. Eu apostaria muito mais numa aproximação aos anglo-saxónicos. É preciso criar universidades bilingues pelas regiões do país e, de uma vez por todas, pôr os angolanos a falarem inglês, que é, cada vez mais, a língua universal. Enquanto os angolanos falarem só português e a língua materna ou, os que estão no Norte, um pouco de francês, estão sempre fora do comércio mundial. Hoje, quem está no comércio mundial é a Sonangol, mas não se pode ver o futuro de Angola só a partir do petróleo. O petróleo possibilitou a renovação das Forças Armadas, a reabilitação dos aeroportos, das estradas, mas se não se desenvolver uma classe média produtiva de pequenos e médios industriais eficientes e produtores, o país não vai para diante.
(…)
Temos de ultrapassar esta fase e passarmos a ser produtores. Para isso, o país precisa de quadros. Enquanto tiver um ensino tradicional, em que o jovem sai da universidade e não sabe nada, como é que vai conseguir criar?
(…)
O ensino técnico tem de arrancar juntamente com o ensino universitário. Mas que ensino universitário? De alunos que ficam por aí a papaguear códigos? Ou que vão ser preparados através de métodos de ensino racionais para que possam pensar?
(…)
Ou se aposta com coragem na formação de quadros ou não teremos desenvolvimento. Vejo Angola como uma nação em crescimento, que saiu do inchaço para um certo crescimento. Só lhe falta dar um empurrãozinho, que é a aposta no ensino. A saída para este país está na formação de quadros. Agora, há a mania de falar em desenvolvimento, mas muitos não sabem o que é isso. Só hoje já ouvi falar mais de 50 vezes sobre desenvolvimento sustentado, mas metade das pessoas não sabe o que é.
(…)
Se o país tiver boa formação de economistas, não apenas de econometristas. Acho que a matemática, as línguas e a filosofia deviam ser disciplinas obrigatórias para as pessoas abrirem o pensamento, saberem pensar.
(…)
Já chega de culpar os outros. Cada um de nós é que tem de sair do buraco. É preciso consciência e optar por um ensino racional, modelo anglo-saxónico. De contrário estaremos a formar papagaios.

[Aqui]


N.B.: Voltarei, tao logo quanto possivel, a esta entrevista, com alguns comentarios, nomeadamente as observacoes do Professor Mourão (que daqui saudo na distancia que vai ate' a este simposio, onde o conheci pessoalmente) sobre os planos integrativos da SADC:



P- Quais considera serem hoje os pontos fortes e os pontos fracos de Angola?

R- O ponto forte de Angola é ser um país fiável, que tem uma unidade e uma vocação universal. Dentro das suas particularidades faz um equilíbrio entre o lado tradicional, o moderno e a concepção nacional e regional. Hoje, estamos na dúvida se vamos ficar na África Central, na Austral ou nas duas. Sem querer ser agradável ao Presidente José Eduardo dos Santos, vejo nele uma qualidade extraordinária, assim como Agostinho Neto, que era o homem da praxis, de aguentar a luta. O Presidente José Eduardo dos Santos é um homem que criou um quarto poder. O que é isso? Existe o Legislativo, o Executivo e o Judicial. No Brasil, até há um século, tínhamos um quarto poder que é o moderador. Vejo na presença do Presidente José Eduardo dos Santos um elemento moderador da política interna. Este poder moderador do Presidente José Eduardo dos Santos está a permitir, de certa forma, um equilíbrio regional e internacional, e uma prudência da parte dele não ir na conversa de modelos. Agora inventaram transformar a SADC num mercado comum, começando por uma região aduaneira.

P – A ideia de um mercado comum não é benéfica para Angola?

R - Será bom quando os países da SADC tiverem condições de formar essa região aduaneira. O facto de Angola não ir nessa conversa é benéfico. Por exemplo, o Mercosul é, ainda hoje, uma união aduaneira imperfeita, porque há situações diversas em cada um dos países que o integra. Na Europa, há a Alemanha que pagou a conta dos que não têm dinheiro. Em África isso não existe. Têm de se dar compensações, como se deu na Europa. Aqui, em África, existe uma porção de países que ainda dependem das Alfândegas. Se acabam com elas, onde é que vão buscar dinheiro para pagar o médico, o polícia, o professor? Que isso seja uma meta, estou de acordo.

P– Qual seria afinal o papel da SADC?

R – Um aprendizado integrativo, que leva a uma prática integrativa aos poucos. No fundo, é a grande proposta das Nações Unidas, de não ficar só pelos acordos de natureza bilaterais. Uma coisa crucial que a SADC está a fazer é a integração dos sistemas das redes eléctricas dos países que compõem a região, certas políticas aduaneiras, certas políticas de rodovias, o problema central da água, que Angola tem resposta na mão. A África do Sul não tem água e os outros também não. Este é um problema seríssimo de que ninguém quer falar. A SADC, aos poucos, vai criando legislação, com esforços diplomáticos, no sentido de, daqui a alguns anos, se poder fazer, então, a União Aduaneira, mas não uma União Aduaneira só de conversa fiada. Penso que isso pode ser feito dentro de 20 anos, mais ou menos. Ainda hoje ouvi falar no NEPAD e apanhei um susto. Sinceramente, não acredito nisso. É uma ideia muito bonita, mas o que é que se fez em nome da NEPAD? Há alguma indústria criada em nome do NEPAD? Claro que não.

Saturday, 24 October 2009

MORRO DO SEMBA (II)



As Malambas dos Mwangoles

Depois de algumas malambas das mulheres mwangoles (ou pelo menos de algumas dentre elas) trazidas aqui pela Patricia Faria, especialmente com o seu “Cama e Mesa (Pacheco)”, parece-me apropriado dar conta tambem de algumas das malambas que alguns mwangoles veem pondo em musica nestes ultimos tempos. Faco-o com algumas cancoes de Matias Damasio (“Vitoria” e “Amor e Festa na Lixeira”).

A primeira (“A Outra”) nao sera’ tanto uma malamba de homens (ou sera’?), mas de algumas mulheres. Decidi inclui-la neste lote porque se “as outras” comecarem a pensar como quem fez (e bem!) o comentario que se segue a esta materia no Angonoticias, esta passara’, a prazo – curto ou longo, mas previsivel –, a ser mais uma malamba para os brothers

==Reflexão - Salt Lake city==

Pelo menos uma voz se fez ouvir. Eu não sei o que será do nosso país. Assistimos a uma perda de valores nos campos cruciais para o desenvolvimento sadio de uma sociedade! O que se dizer quando a poligamia contínua a crecer de forma indescriminada sem que ninguém ponha cobro a situação. A mulher tem perdido o seu respeito e também muitos homens. Que pincípios (valores), estamos a passar as futuras gerações? A sida tem avassalado a nossa Angola e paralelamente quase que se generaliza a poligamia (ter 2 ou 3 esposas) é aceitável na nossa sociedade! VALORES, isto existe na sociedade angolana, desculpem-me! porque sinceramente é algo que se existe está quase em extinção. É preciso uma reflexão muito séria. Temos ministérios da mulher, a família da criança, O que eles fazem exactamente para a promoção destes valores na sociedade? A família é a base da sociedade. Porque ali se formam os indíviduos que um dia conduzirão os destinos deste país. Nos paises desenvolvidos não se aceitam filhos com de pais incógnitos. São imediatamente encaminhados para o tribunal de menores e chamados a justiça. A nossa Angola, temos que aceitar e esperar por dias melhores... Mas um recado para a mulher angolana: DÊem-se o devido respeito. Não se deixem tratar como simples objectos. Vocês são lindas, batalhadoras, sacrificadas. Exigem mais: Exigem casamento! Não se contentem em ser "A OUTRA". A dignidade não tem preço!!!

As outras dispensam comentarios - just enjoy!

Free file hosting by Ripway.com
A OUTRA


DIKINDO - feat. Dina Santos


M’BOA GI


SAUDADES


M’BOA ANA




As Malambas dos Mwangoles

Depois de algumas malambas das mulheres mwangoles (ou pelo menos de algumas dentre elas) trazidas aqui pela Patricia Faria, especialmente com o seu “Cama e Mesa (Pacheco)”, parece-me apropriado dar conta tambem de algumas das malambas que alguns mwangoles veem pondo em musica nestes ultimos tempos. Faco-o com algumas cancoes de Matias Damasio (“Vitoria” e “Amor e Festa na Lixeira”).

A primeira (“A Outra”) nao sera’ tanto uma malamba de homens (ou sera’?), mas de algumas mulheres. Decidi inclui-la neste lote porque se “as outras” comecarem a pensar como quem fez (e bem!) o comentario que se segue a esta materia no Angonoticias, esta passara’, a prazo – curto ou longo, mas previsivel –, a ser mais uma malamba para os brothers

==Reflexão - Salt Lake city==

Pelo menos uma voz se fez ouvir. Eu não sei o que será do nosso país. Assistimos a uma perda de valores nos campos cruciais para o desenvolvimento sadio de uma sociedade! O que se dizer quando a poligamia contínua a crecer de forma indescriminada sem que ninguém ponha cobro a situação. A mulher tem perdido o seu respeito e também muitos homens. Que pincípios (valores), estamos a passar as futuras gerações? A sida tem avassalado a nossa Angola e paralelamente quase que se generaliza a poligamia (ter 2 ou 3 esposas) é aceitável na nossa sociedade! VALORES, isto existe na sociedade angolana, desculpem-me! porque sinceramente é algo que se existe está quase em extinção. É preciso uma reflexão muito séria. Temos ministérios da mulher, a família da criança, O que eles fazem exactamente para a promoção destes valores na sociedade? A família é a base da sociedade. Porque ali se formam os indíviduos que um dia conduzirão os destinos deste país. Nos paises desenvolvidos não se aceitam filhos com de pais incógnitos. São imediatamente encaminhados para o tribunal de menores e chamados a justiça. A nossa Angola, temos que aceitar e esperar por dias melhores... Mas um recado para a mulher angolana: DÊem-se o devido respeito. Não se deixem tratar como simples objectos. Vocês são lindas, batalhadoras, sacrificadas. Exigem mais: Exigem casamento! Não se contentem em ser "A OUTRA". A dignidade não tem preço!!!

As outras dispensam comentarios - just enjoy!

Free file hosting by Ripway.com
A OUTRA


DIKINDO - feat. Dina Santos


M’BOA GI


SAUDADES


M’BOA ANA


IT'S NOBEL TIME... (Recidivus)*

Doris Lessing was on the headlines earlier this year for saying, at the Hay Book Festival, such interesting things as (and they sound as if I am hearing myself...):

- "I have not noticed that women, when they get to be prime ministers are particularly peaceful. (…) On the contrary, some of the worst crimes have been committed by women. (…) We like to think we are motherly and kind and that we are not going to go to war, but it's not true, is it?"

- “What use are men? (…) An haphazard species who always have to be looked after and die much too easy."

- "There's something abrasive in me because I have often made people very cross. (…) But as a writer it is important not to care what other people think and the profession must honour that. (…) We are free... I can say what I think. We are lucky, privileged, so why not make use of it?"

Yesterday and today Lessing came back to the headlines as the 2007 winner of the Nobel Prize for Literature. I was particularly drawn to her writing by her novel ‘The Grass is Singing’ about the relationship between the wife of a white farmer with a black servant in colonial Zimbabwe, where she lived her earlier life. The Nobel Academy described Lessing as "that epicist of the female experience, who with scepticism, fire and visionary power has subjected a divided civilisation to scrutiny".


Former US Vice-President, Al Gore, was on the headlines earlier this week as the subject of an “inconvenient judgment” by a British High Court judge who branded his Oscar and Emmy award-winning film on climate change, ‘An Inconvenient Truth’, something like “not fit for purpose” as didactic material to be used in this country's schools.

The judge stated that the film contains "nine scientific errors, some of which arisen in the context of alarmism and exaggeration” and determined that it must be accompanied by new guidance notes and appropriate scientific caveats to balance what he termed Gore’s “one-sided views”, before it can be shown in UK Schools.

Today Gore came back again to the headlines for sharing this year's Nobel Peace Prize with the UN Intergovernmental Panel on Climate Change. According to the Nobel judges, “his strong commitment, reflected in political activity, lectures, films and books, has strengthened the struggle against climate change.”

Gore follows Wangari Maathai (winner in 2004) as the second environmental campaigner to be awarded the Nobel Peace Prize, which is usually reserved for those who bravely oppose war and conflict.

(I can't wait to hear about the Nobel for Economics on Monday...)

*First published 12/10/07
Doris Lessing was on the headlines earlier this year for saying, at the Hay Book Festival, such interesting things as (and they sound as if I am hearing myself...):

- "I have not noticed that women, when they get to be prime ministers are particularly peaceful. (…) On the contrary, some of the worst crimes have been committed by women. (…) We like to think we are motherly and kind and that we are not going to go to war, but it's not true, is it?"

- “What use are men? (…) An haphazard species who always have to be looked after and die much too easy."

- "There's something abrasive in me because I have often made people very cross. (…) But as a writer it is important not to care what other people think and the profession must honour that. (…) We are free... I can say what I think. We are lucky, privileged, so why not make use of it?"

Yesterday and today Lessing came back to the headlines as the 2007 winner of the Nobel Prize for Literature. I was particularly drawn to her writing by her novel ‘The Grass is Singing’ about the relationship between the wife of a white farmer with a black servant in colonial Zimbabwe, where she lived her earlier life. The Nobel Academy described Lessing as "that epicist of the female experience, who with scepticism, fire and visionary power has subjected a divided civilisation to scrutiny".


Former US Vice-President, Al Gore, was on the headlines earlier this week as the subject of an “inconvenient judgment” by a British High Court judge who branded his Oscar and Emmy award-winning film on climate change, ‘An Inconvenient Truth’, something like “not fit for purpose” as didactic material to be used in this country's schools.

The judge stated that the film contains "nine scientific errors, some of which arisen in the context of alarmism and exaggeration” and determined that it must be accompanied by new guidance notes and appropriate scientific caveats to balance what he termed Gore’s “one-sided views”, before it can be shown in UK Schools.

Today Gore came back again to the headlines for sharing this year's Nobel Peace Prize with the UN Intergovernmental Panel on Climate Change. According to the Nobel judges, “his strong commitment, reflected in political activity, lectures, films and books, has strengthened the struggle against climate change.”

Gore follows Wangari Maathai (winner in 2004) as the second environmental campaigner to be awarded the Nobel Peace Prize, which is usually reserved for those who bravely oppose war and conflict.

(I can't wait to hear about the Nobel for Economics on Monday...)

*First published 12/10/07

Thursday, 22 October 2009

DAMBISA MOYO's "DEAD AID"

I have been so immersed in my ongoing research on China-Africa economic relations since January, including a brief stint as Research Director of the Centre for Chinese Studies at the University of Stellenbosch, South Africa, during the first half of this year, that I totally missed all the furore made around Dambisa Moyo’s book "Dead Aid" on the (in)effectiveness of aid to eradicate poverty in Africa.

This has been a recurring theme in this blog since I started it. However, my critique of the aid industry always fell short of calling for a total halt to it and… of writing a book on the subject! As put in her dubbed "Anti-Bono (another recurring subjet in this blog) interview" for the New York Times Magazine, “you are perhaps the first African to request in book form that all development aid be halted within five years.”

The Economist follows the same thread: “(…) Yet the intellectual arguments about aid are still conducted largely within a small circle of Western white men. So it is good to welcome a new voice to the debate, and a black African woman too, Dambisa Moyo, a Zambian economist at Goldman Sachs. It is remarkable that so few voices have been raised in Africa, supposedly the main beneficiary of the world’s largesse, about how the aid money should be spent, or even whether it should be received at all.”

It then goes on to argue that “unfortunately, Ms Moyo’s contribution ends there, for “Dead Aid” does not move the debate along much. Yes, she has joined the chorus of disapproval—and that in itself might surprise a few diehards who think that Africans should just be grateful for the aid and shut up. But her arguments are scarcely original and her plodding prose makes her the least stylish of the critics. Moreover, she overstates her case, almost to the point of caricature. There is almost nobody left, even in the aid lobby, who seriously thinks that bilateral (government-to-government) aid is the sole answer to world poverty, as she suggests. “Trade not aid” is only one of several newish mantras among aidniks that seem to have passed her by.”

A review of reviews by The Complete Review on "Dead Aid" concludes: “No consensus -- and the global financial-world meltdown makes for bad timing for the argument.”

I couldn’t find the time to read the book yet, so it was with great pleasure and gratefulness that, while gradually catching up with ‘all the fuss about it’ (which included Moyo's nomination by Time Magazine as one of the 100 most influential people in the world), I came across what is certainly one of the most meaningful reviews made of it. Meaningful on various counts: it was one of the first among the many published so far; it was written by a Zambian; it was made by an economist; it was by my good friend Cho. And, above all, it was a thorough, insightful, thought-provoking and analytically-sound review too. Moreover, it was enriched by the interesting debate it generated among his readers. I am sorry that I missed it at the time, but having read it in the last few days I can only strongly recommend it to my readers as well. Here’s the gist of it:

"The central argument of Dead Aid is that aid is the fundamental cause of poverty and therefore eliminating aid is critical to spur growth in ailing African states. Aid is the disease that we must treat to bring us back to full economic health. A bold and daring statement built around the central belief that aid distorts incentives among policymakers and society at large. It makes governments less accountable to their citizens and has led to civil wars, rampant corruption (electoral and otherwise) and has been central to an undercurrent of irresponsibility culminating in increased and self-reinforcing poverty since independence from colonialism. None of these arguments are new of course, but Dambisa is probably the first economist to boldly claim that aid causes poverty.

If aid is the disease that causes endless bleeding, to stop the bleeding you simply need to stop aid, the only challenge therefore is how to do it. The Dead Aid solution is a five year exit strategy built around the idea of incentivising poor countries to access finance on international markets, supported by the tripod of microfinance, trade/FDI and remittances. In the Dead Aid world there’s a stash of money out there on the international financial markets that is just waiting to be tapped by any African country willing to invest in a credit rating. If African countries can enter these markets and borrow, it would provide the right incentives to spark good governance since the international markets would be more willing to “punish” bad behaviour compared to those that provide aid at infinitum. In other words, borrowing through international financial markets is a sort of "self commitment mechanism" to good governance, and with that comes better long term prosperity. It is certainly likely to be slightly more expensive than “easy money” that concessional loans and grants bring, but by rejecting these overtures nation states will find themselves on a better path to prosperity. The trouble is that African governments have limited incentives to do this on their own, though some have made progress in this direction, so they need to be compelled through the Dead Aid proposal of terminating aid completely within a five year period.

(…)

I am afraid to say, and with deep sorrow, that the Dead Aid proposal falls far short in many areas, with at least four worth highlighting.

First, there’s a general lack of clear analytical rigour evidenced by elementary confusion in key areas : correlation/causality issues; definitional problems; poor evidence on policy counterfactuals; incomplete and unbalanced citation of evidence; and, perhaps more worryingly lack of general familiarity with refined areas of existing literature.

Secondly, the treatment of aid in a homogeneous and aggregate way is particularly problematic. Dead Aid defines aid as the “sum total of concessional loans and grants”, but excludes “emergency aid” e.g. help for Darfur or the Asian Tsunami. There’s no distinction within Dead Aid between budget support, infrastructure aid, person to person aid, heath related aid, grants or concessional loans for discretionary spending. It is all discussed under one umbrella and handed the same fate.

Thirdly, Dead Aid is characterised by a plethora of inconsistent arguments. A key example that stands out is the emotive issue of Chinese investment. Dambisa dedicates a whole chapter explaining why the “Chinese are our friends”, largely arguing from their historical involvement in Africa and their renewed commitment to trade and FDI. However, against a backdrop of Dead Aid’s “anti-dependency” rhetoric , the chant for China appears odd. Let us be clear, China is not only bringing FDI to Africa but it has also brought concessional loans and long term dependency. Zambia’s external debt has now risen to about $2bn since the HIPC completion point, a significant part of that is through new agreements with the Chinese government and Chinese businesses. A closer look at Angola reveals the same truth. Not only is China investing heavily in that country but in exchange it is tying Angola and other countries to China for a long time reducing their options to renege in the future. That is not necessarily bad, but if the central worry is that dependency leads to ineffective governments with poor incentives we should be honest enough to consider the possibility that China’s closeness to many African governments (which are not all democratic) may have similar negative impacts as aid.

Fourth and finally, the solutions proposed by Dead Aid are ineffective. This is not surprising because without a clear definition of the problem, it is inevitable that the solutions would not work. But even if one was to accept Dead Aid’s basic premise that aid is bad, its solutions come far short. It’s quite obvious to any ordinary analyst that in order to assess whether any proposals would present an overall improvement beyond the status quo, we need to define what happens in the counterfactual carefully and then judge that against proposed policy initiatives.

(…)

In short on both theory and practice, Dead Aid falls far short of what is expected of a book advocating such a radical proposal of “turning off the aid tap”. If there’s any consolation in this assessment, it is that Dead Aid will hopefully not find any intellectual traction. The analytical consensus remains that aid is important and the challenge is how to make it smarter, better and ultimately beneficial to the poor. This question has never been more urgent given the limited aid resources around. Dambisa is certainly right about one thing, now is the time to examine these issues and we can certainly do better than the present!"
I have been so immersed in my ongoing research on China-Africa economic relations since January, including a brief stint as Research Director of the Centre for Chinese Studies at the University of Stellenbosch, South Africa, during the first half of this year, that I totally missed all the furore made around Dambisa Moyo’s book "Dead Aid" on the (in)effectiveness of aid to eradicate poverty in Africa.

This has been a recurring theme in this blog since I started it. However, my critique of the aid industry always fell short of calling for a total halt to it and… of writing a book on the subject! As put in her dubbed "Anti-Bono (another recurring subjet in this blog) interview" for the New York Times Magazine, “you are perhaps the first African to request in book form that all development aid be halted within five years.”

The Economist follows the same thread: “(…) Yet the intellectual arguments about aid are still conducted largely within a small circle of Western white men. So it is good to welcome a new voice to the debate, and a black African woman too, Dambisa Moyo, a Zambian economist at Goldman Sachs. It is remarkable that so few voices have been raised in Africa, supposedly the main beneficiary of the world’s largesse, about how the aid money should be spent, or even whether it should be received at all.”

It then goes on to argue that “unfortunately, Ms Moyo’s contribution ends there, for “Dead Aid” does not move the debate along much. Yes, she has joined the chorus of disapproval—and that in itself might surprise a few diehards who think that Africans should just be grateful for the aid and shut up. But her arguments are scarcely original and her plodding prose makes her the least stylish of the critics. Moreover, she overstates her case, almost to the point of caricature. There is almost nobody left, even in the aid lobby, who seriously thinks that bilateral (government-to-government) aid is the sole answer to world poverty, as she suggests. “Trade not aid” is only one of several newish mantras among aidniks that seem to have passed her by.”

A review of reviews by The Complete Review on "Dead Aid" concludes: “No consensus -- and the global financial-world meltdown makes for bad timing for the argument.”

I couldn’t find the time to read the book yet, so it was with great pleasure and gratefulness that, while gradually catching up with ‘all the fuss about it’ (which included Moyo's nomination by Time Magazine as one of the 100 most influential people in the world), I came across what is certainly one of the most meaningful reviews made of it. Meaningful on various counts: it was one of the first among the many published so far; it was written by a Zambian; it was made by an economist; it was by my good friend Cho. And, above all, it was a thorough, insightful, thought-provoking and analytically-sound review too. Moreover, it was enriched by the interesting debate it generated among his readers. I am sorry that I missed it at the time, but having read it in the last few days I can only strongly recommend it to my readers as well. Here’s the gist of it:

"The central argument of Dead Aid is that aid is the fundamental cause of poverty and therefore eliminating aid is critical to spur growth in ailing African states. Aid is the disease that we must treat to bring us back to full economic health. A bold and daring statement built around the central belief that aid distorts incentives among policymakers and society at large. It makes governments less accountable to their citizens and has led to civil wars, rampant corruption (electoral and otherwise) and has been central to an undercurrent of irresponsibility culminating in increased and self-reinforcing poverty since independence from colonialism. None of these arguments are new of course, but Dambisa is probably the first economist to boldly claim that aid causes poverty.

If aid is the disease that causes endless bleeding, to stop the bleeding you simply need to stop aid, the only challenge therefore is how to do it. The Dead Aid solution is a five year exit strategy built around the idea of incentivising poor countries to access finance on international markets, supported by the tripod of microfinance, trade/FDI and remittances. In the Dead Aid world there’s a stash of money out there on the international financial markets that is just waiting to be tapped by any African country willing to invest in a credit rating. If African countries can enter these markets and borrow, it would provide the right incentives to spark good governance since the international markets would be more willing to “punish” bad behaviour compared to those that provide aid at infinitum. In other words, borrowing through international financial markets is a sort of "self commitment mechanism" to good governance, and with that comes better long term prosperity. It is certainly likely to be slightly more expensive than “easy money” that concessional loans and grants bring, but by rejecting these overtures nation states will find themselves on a better path to prosperity. The trouble is that African governments have limited incentives to do this on their own, though some have made progress in this direction, so they need to be compelled through the Dead Aid proposal of terminating aid completely within a five year period.

(…)

I am afraid to say, and with deep sorrow, that the Dead Aid proposal falls far short in many areas, with at least four worth highlighting.

First, there’s a general lack of clear analytical rigour evidenced by elementary confusion in key areas : correlation/causality issues; definitional problems; poor evidence on policy counterfactuals; incomplete and unbalanced citation of evidence; and, perhaps more worryingly lack of general familiarity with refined areas of existing literature.

Secondly, the treatment of aid in a homogeneous and aggregate way is particularly problematic. Dead Aid defines aid as the “sum total of concessional loans and grants”, but excludes “emergency aid” e.g. help for Darfur or the Asian Tsunami. There’s no distinction within Dead Aid between budget support, infrastructure aid, person to person aid, heath related aid, grants or concessional loans for discretionary spending. It is all discussed under one umbrella and handed the same fate.

Thirdly, Dead Aid is characterised by a plethora of inconsistent arguments. A key example that stands out is the emotive issue of Chinese investment. Dambisa dedicates a whole chapter explaining why the “Chinese are our friends”, largely arguing from their historical involvement in Africa and their renewed commitment to trade and FDI. However, against a backdrop of Dead Aid’s “anti-dependency” rhetoric , the chant for China appears odd. Let us be clear, China is not only bringing FDI to Africa but it has also brought concessional loans and long term dependency. Zambia’s external debt has now risen to about $2bn since the HIPC completion point, a significant part of that is through new agreements with the Chinese government and Chinese businesses. A closer look at Angola reveals the same truth. Not only is China investing heavily in that country but in exchange it is tying Angola and other countries to China for a long time reducing their options to renege in the future. That is not necessarily bad, but if the central worry is that dependency leads to ineffective governments with poor incentives we should be honest enough to consider the possibility that China’s closeness to many African governments (which are not all democratic) may have similar negative impacts as aid.

Fourth and finally, the solutions proposed by Dead Aid are ineffective. This is not surprising because without a clear definition of the problem, it is inevitable that the solutions would not work. But even if one was to accept Dead Aid’s basic premise that aid is bad, its solutions come far short. It’s quite obvious to any ordinary analyst that in order to assess whether any proposals would present an overall improvement beyond the status quo, we need to define what happens in the counterfactual carefully and then judge that against proposed policy initiatives.

(…)

In short on both theory and practice, Dead Aid falls far short of what is expected of a book advocating such a radical proposal of “turning off the aid tap”. If there’s any consolation in this assessment, it is that Dead Aid will hopefully not find any intellectual traction. The analytical consensus remains that aid is important and the challenge is how to make it smarter, better and ultimately beneficial to the poor. This question has never been more urgent given the limited aid resources around. Dambisa is certainly right about one thing, now is the time to examine these issues and we can certainly do better than the present!"

Tuesday, 20 October 2009

OLHARES DIVERSOS (XIV)

CELSO MALAVOLONEKE vs JOSE’ RIBEIRO


Ao Caríssimo José Ribeiro, Director do Jornal de Angola

(…)

Porém, em jeito de senão sem bela, caro Director, aproveito o ensejo de ir-me confessando gradualmente surpreendido – e não é exactamente uma agradável surpresa – com assumido pendor unilateralista das matérias por vós tratadas. Percebo isso, seja no volume das matérias ligadas ao partido maioritário, em relação aos da oposição, seja na relação entre as organizações da sociedade civil mais pró-governamental em relação à mais “independente” (as aspas são propositadas).
Ocorre-me então que esse fenómeno seja fruto de uma acentuada auto-censura de jornalistas que não queiram ser percebidos como simpatizantes com factos, eventos, instituições ou indivíduos “fora do sistema”, por um lado, ou então por aqueles outros, às vezes investidos de funções de direcção ou chefia que acham – e da sua sinceridade ninguém tem certamente sequer o direito de duvidar – que pelo facto de o vosso e nosso Jornal ser sustentado com fundos públicos, assim deve proceder. Ou ainda que dirigentes do Governo assim também pensem e exerçam o seu poder para vetar as informações ligadas à oposição ou a correntes divergentes das oficiais. Ou um bocado destas e doutras coisas semelhantes. Seja o que for que esteja por trás disso, representa uma mancha ao excelente trabalho que fazeis todos os dias e essa será talvez a maior razão que me leva a escrever-vos estas linhas.
Sei que o caro José Ribeiro, com a verticalidade e coerência que o caracteriza e com a experiência que tem demonstrado concordará comigo que exactamente pelo facto de o JA ser um órgão público deve fazer o seu melhor para levar a Informação a todos os cidadãos, incluindo aqueles que não votaram no partido actualmente no Governo. Porque apesar deste facto, eles também contribuem para o seu sucesso com os seus impostos e isso dá-lhes o direito de sentirem-se incluídos no processo de “gatekeeping”. E parece-me que o argumento da falta de matérias noticiosas é constantemente desmentida pelos líderes da oposição e da chamada sociedade civil “independente”, pelo que talvez um esforço no alcance destas fontes redundasse na melhoria do vosso já excelente trabalho.

A situação como está cria suspeições, vicia o jogo democrático porque dá a impressão de querer-se manipular a Informação – um sacrilégio em todas as escolas modernas de jornalismo, a não ser que justificadas pelo interesse público, o que nesse caso peca pelo inverso. As recentes declarações do líder da UNITA, acrescidas às de outros líderes da oposição – as conferências de imprensa desse partido poderiam por exemplo ser melhor cobertas para que as suas mensagens fossem melhor percebidas – assim como as queixas de variados sectores da nossa sociedade, por recorrentes acabam por manchar o nosso jornalismo.

(…)

Termino expressando a minha esperança que não se melindrem comigo e publiquem estas linhas. Claro, como todos os motes para reflexão só valem por isso mesmo. Motes de reflexão e pouco mais...


Direcção do Jornal de Angola Responde a Celso Malavoloneke

(...)

A sua carta foi recebida no nosso correio electrónico com a classificação “indesejada”. Vá-se lá saber porquê, o sistema, neste caso o tecnológico, prega-nos também destas partidas. Recusamo-nos, no entanto, a ceder aos ditames da tecnologia e publicamos a carta que cordialmente nos escreveu, em tom muito diferente dos “mimos”, muitos dos quais injustos e até ofensivos, com que nos tem brindado no Semanário Angolense. A reflexão serena e madura é incompatível com o insulto.
No fundo o que está em causa na sua carta é saber se devemos dar crédito a mais uma posição manipuladora da UNITA contra o Jornal de Angola. Essa posição foi manifestada, uma vez mais, nos últimos dias. Se antes Samakuva se queixava do Jornal de Angola não cobrir as suas actividades, hoje exige do jornal uma “melhor cobertura” das suas conferências de imprensa. Muita coisa mudou em Angola e na imprensa angolana, a única que parece não mudar é a UNITA.

(…)

Quanto à qualidade e referências técnicas a que se refere, deve saber, com certeza, que alguns dos 50 (cinquenta!) Licenciados que a UPRA acaba de “lançar no mercado” vieram ao Jornal de Angola oferecer a sua colaboração. Deve saber também que o Jornal de Angola teve de recorrer a um profissional de jornalismo de longa data, apenas para ensinar a esses jovens licenciados o que há de mais básico no jornalismo, tão fraca é a sua formação. É uma tarefa que nos dá muito prazer, formar licenciados que saem das Universidades, mas creia que ajudaria imenso à qualidade do Jornal se os licenciados nos chegassem melhor preparados. Como vê, o problema está, fundamentalmente, no “newsmaking”.
Finalmente, a ideia de que os órgãos do Estado devem fazer jornalismo equilibrado e os órgãos privados mau jornalismo é uma ideia perigosa. Não é segredo para ninguém que muitos órgãos privados também recebem fundos públicos. A UNITA, por exemplo, recebe fundos públicos e nem por isso se esforça por oferecer um serviço de qualidade. Antes pelo contrário.
CELSO MALAVOLONEKE vs JOSE’ RIBEIRO


Ao Caríssimo José Ribeiro, Director do Jornal de Angola

(…)

Porém, em jeito de senão sem bela, caro Director, aproveito o ensejo de ir-me confessando gradualmente surpreendido – e não é exactamente uma agradável surpresa – com assumido pendor unilateralista das matérias por vós tratadas. Percebo isso, seja no volume das matérias ligadas ao partido maioritário, em relação aos da oposição, seja na relação entre as organizações da sociedade civil mais pró-governamental em relação à mais “independente” (as aspas são propositadas).
Ocorre-me então que esse fenómeno seja fruto de uma acentuada auto-censura de jornalistas que não queiram ser percebidos como simpatizantes com factos, eventos, instituições ou indivíduos “fora do sistema”, por um lado, ou então por aqueles outros, às vezes investidos de funções de direcção ou chefia que acham – e da sua sinceridade ninguém tem certamente sequer o direito de duvidar – que pelo facto de o vosso e nosso Jornal ser sustentado com fundos públicos, assim deve proceder. Ou ainda que dirigentes do Governo assim também pensem e exerçam o seu poder para vetar as informações ligadas à oposição ou a correntes divergentes das oficiais. Ou um bocado destas e doutras coisas semelhantes. Seja o que for que esteja por trás disso, representa uma mancha ao excelente trabalho que fazeis todos os dias e essa será talvez a maior razão que me leva a escrever-vos estas linhas.
Sei que o caro José Ribeiro, com a verticalidade e coerência que o caracteriza e com a experiência que tem demonstrado concordará comigo que exactamente pelo facto de o JA ser um órgão público deve fazer o seu melhor para levar a Informação a todos os cidadãos, incluindo aqueles que não votaram no partido actualmente no Governo. Porque apesar deste facto, eles também contribuem para o seu sucesso com os seus impostos e isso dá-lhes o direito de sentirem-se incluídos no processo de “gatekeeping”. E parece-me que o argumento da falta de matérias noticiosas é constantemente desmentida pelos líderes da oposição e da chamada sociedade civil “independente”, pelo que talvez um esforço no alcance destas fontes redundasse na melhoria do vosso já excelente trabalho.

A situação como está cria suspeições, vicia o jogo democrático porque dá a impressão de querer-se manipular a Informação – um sacrilégio em todas as escolas modernas de jornalismo, a não ser que justificadas pelo interesse público, o que nesse caso peca pelo inverso. As recentes declarações do líder da UNITA, acrescidas às de outros líderes da oposição – as conferências de imprensa desse partido poderiam por exemplo ser melhor cobertas para que as suas mensagens fossem melhor percebidas – assim como as queixas de variados sectores da nossa sociedade, por recorrentes acabam por manchar o nosso jornalismo.

(…)

Termino expressando a minha esperança que não se melindrem comigo e publiquem estas linhas. Claro, como todos os motes para reflexão só valem por isso mesmo. Motes de reflexão e pouco mais...


Direcção do Jornal de Angola Responde a Celso Malavoloneke

(...)

A sua carta foi recebida no nosso correio electrónico com a classificação “indesejada”. Vá-se lá saber porquê, o sistema, neste caso o tecnológico, prega-nos também destas partidas. Recusamo-nos, no entanto, a ceder aos ditames da tecnologia e publicamos a carta que cordialmente nos escreveu, em tom muito diferente dos “mimos”, muitos dos quais injustos e até ofensivos, com que nos tem brindado no Semanário Angolense. A reflexão serena e madura é incompatível com o insulto.
No fundo o que está em causa na sua carta é saber se devemos dar crédito a mais uma posição manipuladora da UNITA contra o Jornal de Angola. Essa posição foi manifestada, uma vez mais, nos últimos dias. Se antes Samakuva se queixava do Jornal de Angola não cobrir as suas actividades, hoje exige do jornal uma “melhor cobertura” das suas conferências de imprensa. Muita coisa mudou em Angola e na imprensa angolana, a única que parece não mudar é a UNITA.

(…)

Quanto à qualidade e referências técnicas a que se refere, deve saber, com certeza, que alguns dos 50 (cinquenta!) Licenciados que a UPRA acaba de “lançar no mercado” vieram ao Jornal de Angola oferecer a sua colaboração. Deve saber também que o Jornal de Angola teve de recorrer a um profissional de jornalismo de longa data, apenas para ensinar a esses jovens licenciados o que há de mais básico no jornalismo, tão fraca é a sua formação. É uma tarefa que nos dá muito prazer, formar licenciados que saem das Universidades, mas creia que ajudaria imenso à qualidade do Jornal se os licenciados nos chegassem melhor preparados. Como vê, o problema está, fundamentalmente, no “newsmaking”.
Finalmente, a ideia de que os órgãos do Estado devem fazer jornalismo equilibrado e os órgãos privados mau jornalismo é uma ideia perigosa. Não é segredo para ninguém que muitos órgãos privados também recebem fundos públicos. A UNITA, por exemplo, recebe fundos públicos e nem por isso se esforça por oferecer um serviço de qualidade. Antes pelo contrário.

Thursday, 15 October 2009

Tuesday, 13 October 2009

SOBRE A TENSAO ANGOLA-RDC

Tenho vindo a seguir com atencao a preocupante situacao que se vive nos ultimos dias entre Angola e a RDC.

Sendo embora animadoras as ultimas noticias dando conta do inicio de conversacoes entre as duas partes e de uma ordem de Kabila no sentido da suspensao da expulsao de Angolanos residentes no seu pais, conviria que de ambos os lados nao se perdessem de vista os efeitos catastroficos (sendo a eclosao de um conflito regional uma possibilidade a nao colocar de todo de parte...) que um agravamento da situacao actual, ou a adopcao de apenas medidas precarias e temporarias, pode ter para a regiao.

Sendo ambos os paises membros da SADC, conviria, em particular, que tivessem em mente nos seus esforcos negociais o Tratado da organizacao e especialmente o articulado dos seus Protocolos sobre a "Facilitacao do Movimento de Pessoas" e sobre "Cooperacao Politica, Defesa e Seguranca" de que sao signatarios.

Continuemos a torcer para que tudo acabe rapidamente e em bem...
Tenho vindo a seguir com atencao a preocupante situacao que se vive nos ultimos dias entre Angola e a RDC.

Sendo embora animadoras as ultimas noticias dando conta do inicio de conversacoes entre as duas partes e de uma ordem de Kabila no sentido da suspensao da expulsao de Angolanos residentes no seu pais, conviria que de ambos os lados nao se perdessem de vista os efeitos catastroficos (sendo a eclosao de um conflito regional uma possibilidade a nao colocar de todo de parte...) que um agravamento da situacao actual, ou a adopcao de apenas medidas precarias e temporarias, pode ter para a regiao.

Sendo ambos os paises membros da SADC, conviria, em particular, que tivessem em mente nos seus esforcos negociais o Tratado da organizacao e especialmente o articulado dos seus Protocolos sobre a "Facilitacao do Movimento de Pessoas" e sobre "Cooperacao Politica, Defesa e Seguranca" de que sao signatarios.

Continuemos a torcer para que tudo acabe rapidamente e em bem...

Monday, 12 October 2009

O “CRIME DE LESA-PATRIA”…




Engracado…
Nasci, cresci e vivi a maior parte da minha vida em Angola, tendo andado por pelo menos 14 das suas provincias, habitado em varios bairros de Luanda e convivido com pessoas de praticamente todos os meios sociais, mas, para falar minha verdade, nao me lembro de alguma vez ter visto uma familia assim antes da independencia. Depois da independencia, lembro-me de apenas uma, em Luanda: tinham um ou uma ‘mona’, nao sei se tiveram mais ou se ainda estao juntos. E de outra, em Benguela: o velho Norton, que vivia no seu kraal com as ‘suas quatro pretas’ (que mal falavam portugues, portanto nao se podiam expressar como essa mama do cartoon...) e um rol de seus ‘monas mundele’ a perder de vista e de conta – a ‘sua branca legitima’ dizia-se viver em Portugal com os seus respectivos ‘monas mundele legitimos’.

Mas e' provavel que, com ‘mundeles’ de tantas nacionalidades a entrar e a fixar-se no pais durante estes anos que tenho vivido fora (e atendendo ao facto de alguns deles depois de uns meros cinco anitos, com a chamada "mentalidade de Tarzan", ja' se permitirem "cantar de galo" sobre coisas como o 27 de Maio e a Angolanidade, nao admira que tambem ja' queiram que os seus 'monas', apenas devido a cor da sua pele (!), sejam presidentes do pais...), ja’ possam haver mais (duas ou tres?) familias parecidas com essa… no entanto, nunca vi nenhuma em qualquer das vezes que fui ao pais durante este periodo.

Mas sei de muitas maes de ‘monas mundele ilegitimos’, antes e depois da independencia...

[auto-censurado]

Sei tambem de uma que, embora nao possa ser considerada "mae de mona mundele ilegitimo", responderia a essa pergunta do assanhado mona do cartoon mais ou menos assim: “claro, meu baby boy, desde que, embora nao deixes de te divertir, estudes muito e bem, nao te deixes dominar por vicios, nao andes a desgracar a vida de filhas ou filhos alheios, criados com honra e dignidade pelos seus sacrificados pais… desde que te assumas como um Homem integro, recto, honesto, lucido e responsavel em todos os aspectos da tua vida publica e privada… desde que sejas um verdadeiro patriota e um cidadao exemplar em todas as circunstancias, desde que nao discrimines ninguem seja porque razao for… desde que te candidates democraticamente em pe’ de igualdade com qualquer outro candidato e facas uma campanha impecavel que te leve a uma inquestionavel vitoria por merito proprio… claro, meu baby boy, mais ou menos bronzeadinho, yes you can!”


***

P.S.: Na verdade, varios dias depois de ter escrito isto, vieram-me a memoria outras duas “familias (mais ou menos) como essa” na Luanda do pos-independencia (… um esquecimento que talvez Freud explicaria?)...

***

Post Relacionado:



Engracado…
Nasci, cresci e vivi a maior parte da minha vida em Angola, tendo andado por pelo menos 14 das suas provincias, habitado em varios bairros de Luanda e convivido com pessoas de praticamente todos os meios sociais, mas, para falar minha verdade, nao me lembro de alguma vez ter visto uma familia assim antes da independencia. Depois da independencia, lembro-me de apenas uma, em Luanda: tinham um ou uma ‘mona’, nao sei se tiveram mais ou se ainda estao juntos. E de outra, em Benguela: o velho Norton, que vivia no seu kraal com as ‘suas quatro pretas’ (que mal falavam portugues, portanto nao se podiam expressar como essa mama do cartoon...) e um rol de seus ‘monas mundele’ a perder de vista e de conta – a ‘sua branca legitima’ dizia-se viver em Portugal com os seus respectivos ‘monas mundele legitimos’.

Mas e' provavel que, com ‘mundeles’ de tantas nacionalidades a entrar e a fixar-se no pais durante estes anos que tenho vivido fora (e atendendo ao facto de alguns deles depois de uns meros cinco anitos, com a chamada "mentalidade de Tarzan", ja' se permitirem "cantar de galo" sobre coisas como o 27 de Maio e a Angolanidade, nao admira que tambem ja' queiram que os seus 'monas', apenas devido a cor da sua pele (!), sejam presidentes do pais...), ja’ possam haver mais (duas ou tres?) familias parecidas com essa… no entanto, nunca vi nenhuma em qualquer das vezes que fui ao pais durante este periodo.

Mas sei de muitas maes de ‘monas mundele ilegitimos’, antes e depois da independencia...

[auto-censurado]

Sei tambem de uma que, embora nao possa ser considerada "mae de mona mundele ilegitimo", responderia a essa pergunta do assanhado mona do cartoon mais ou menos assim: “claro, meu baby boy, desde que, embora nao deixes de te divertir, estudes muito e bem, nao te deixes dominar por vicios, nao andes a desgracar a vida de filhas ou filhos alheios, criados com honra e dignidade pelos seus sacrificados pais… desde que te assumas como um Homem integro, recto, honesto, lucido e responsavel em todos os aspectos da tua vida publica e privada… desde que sejas um verdadeiro patriota e um cidadao exemplar em todas as circunstancias, desde que nao discrimines ninguem seja porque razao for… desde que te candidates democraticamente em pe’ de igualdade com qualquer outro candidato e facas uma campanha impecavel que te leve a uma inquestionavel vitoria por merito proprio… claro, meu baby boy, mais ou menos bronzeadinho, yes you can!”


***

P.S.: Na verdade, varios dias depois de ter escrito isto, vieram-me a memoria outras duas “familias (mais ou menos) como essa” na Luanda do pos-independencia (… um esquecimento que talvez Freud explicaria?)...

***

Post Relacionado:

Saturday, 10 October 2009

FALANDO DE "INTELECTUALISMO(S)" (III)



Voltando a vaca fria… Ou seja, a esta ‘refeicao’ que ja’ se vai tornando um tanto espaçada (mas, convenhamos que ha’ pratos, e.g. sopa tipo gazpacho, que se comem melhor frios)…

Passemos entao ao primeiro prato principal.

Aqui ha’ uns oito anos, em Luanda, numa casa a beira-mar, alguem, por ironia tambem ‘usador de oculos’, saiu-se com esta (e nao, nao foi durante nem depois de uma funjada...): “eles consideram-se intelectuais so’ porque usam oculos!” Quem o disse, a quem, porque e a quem se referia, ou em casa de quem o fez, sao condimentos que tornariam esta ‘refeicao’ imensamente mais saborosa, mas que prefiro deixar discretamente na cozinha… Direi apenas que quem o afirmou poderia perfeitamente estar a referir-se a umas quaisquer “elas”…

E isto leva-me ao acima anunciado prato principal: a(s) definicao(coes) de “intelectual”.

Tratando-se este de um veiculo de comunicacao interactiva online, nada mais apropriado do que usar como fonte preferencial de referencia aquela que ja se tornou uma especie de 'biblia' do internauta: a Wikipedia. Nao apenas pela sua ja’ razoavelmente estabelecida autoridade como uma fonte o mais expurgada possivel (mesmo devido a forma como e’ construida) de biases politico-ideologicos ou tendenciosismos e/ou facciosismos pessoais, particulares, ou de grupo (especialmente quando se trata de temas de particular acuidade do ponto de vista academico-cientifico), mas tambem, e sobretudo, porque todos os leitores a podem consultar de forma livre, directa e imediata – colocando-nos a todos, democraticamente, ao mesmo nivel de informacao, ou, se se preferir, at a level-playing field.

Decidi, neste caso, trazer para aqui as definicoes constantes, respectivamente, das versoes em Portugues e em Ingles da Wikipedia, por duas ordens de razoes:

i) salientar, a partida, as nuances existentes nas definicoes do termo, senao estritamente em termos epistemologicos (e convira' nao confundir aqui epistemologia com etimologia, pois que a tal confusao podemos ser facil e inadvertidamente levados por alguns, “doutorada/os em letras” incluida/os…), seguramente em termos da enfase dada a um determinado angulo do objecto definido;
ii) chamar a atencao para as diferencas – tanto em termos de conteudo analitico e perspectivas historico-geograficas e de genero, como de diversidade e abrangencia dos pontos de vista apresentados, extensao da bibliografia utilizada e cruzamento de referencias e fontes – existentes entre as duas versoes.

Em todo o caso, limitar-me-ei aqui e agora a apresentacao e um pouco da evolucao historica do conceito, deixando o seu aprofundamento e problematizacao, bem como outros conceitos relativos, para os pratos que se seguem.

Aqui ficam:

A. Em Portugues

Um intelectual é uma pessoa que usa o seu "intelecto" para estudar, reflectir ou especular acerca de idéias, de modo que este uso do seu intelecto possua uma relevância social e coletiva. A definição do intelectual é realizada, principalmente, por outros intelectuais e acadêmicos. Estes definem o termo segundo seus próprios posicionamentos intelectuais, fato este que complexifica a definição. Autores como Bobbio, Lévy e Demo, citados na Bibliografia, concordam com um aspecto em comum: o intelectual é definido pelo meio social no qual vive e/ou no qual estabelece sua trajetória social.

(...)

Um dos principais espaços de atuação do intelectual é a Universidade. A ciência seria parte da ideologia do intelectual, assim como a dedicação à prática científica e o desejo do exercício de um cargo no ensino superior enquanto modo de distinção social. No caso brasileiro, bem como em alguns outros países, o intelectual procura as instituições superiores de ensino para apoio e para organização; partindo da sociedade, a esta retorna com propostas embasadas no conhecimento técnico-científico adquirido através dos estudos. Esta prática é claramente perceptível, por exemplo:

• na ação de pensadores da educação no Brasil, como Anísio Teixeira, Francisco Capanema, Manuel Lourenço Filho;
• na inserção de pesquisadores na vida política, como Fernando Henrique Cardoso e Darcy Ribeiro;
• na elaboração do programa de energia nuclear, onde os aspectos técnico-científicos envolvidos no processo de beneficiamento e utilização do urânio não se restringiam a espectos energéticos, mas também políticos, morais, econômicos, antropológicos, etc.

(…)

Devido à ação reflexiva, o intelectual é portador de uma autoridade científica quando se expressa. Como apresentado acima em relação à Universidade, o intelectual estabelece relações com a sociedade através de seu status de intelectual.

B. Em Ingles

An intellectual (from the adjective meaning "involving thought and reason") is a person who uses his or her intelligence and analytical thinking, either in a professional capacity, or for personal reasons.

"Intellectual" can be used to mean, broadly, one of three classifications of human beings:

1. An individual who is deeply involved in abstract erudite ideas and theories.
2. An individual whose profession solely involves the dissemination and/or production of ideas, as opposed to producing products (e.g. a steel worker) or services (e.g. an electrician). For example, lawyers, management consultants, educators, politicians, and scientists.
3. An individual of notable expertise in culture and the arts, expertise which allows them some cultural authority, which they then use to speak in public on other matters.

The English term "intellectual" conveys the general notion of a literate thinker. In its earlier uses, such as John Middleton Murry's The Evolution of an Intellectual (1920), there was little in the way of connotation of public rather than literary activity.

(…)

The term "man of letters" implied a distinction between those who could read and write, and those who could not. The distinction had great weight when literacy was not widespread. "Men of letters" were also termed literati (from the Latin), as a group; this phrase may also refer to 'citizens' of the Republic of Letters. Literati survives as a term of abuse and is used in journalism.
(…)

By the late eighteenth century, literacy was becoming more widespread in countries such as the United Kingdom. The concept of a "man of letters" shifted to a more specialised meaning, as a man who made his living by writing about literature - usually not creative writers as such, but rather essayists, journalists and critics. This kind of activity was gradually replaced in the twentieth century by a more academic approach, and the term "man of letters" fell into disuse, to be replaced by the more generic and gender-neutral term "intellectual."

(…)

One can notice a sharpening of terms, in the latter part of the nineteenth century. Just as the coinage scientist would come to mean a professional, the man of letters would more often be assumed to be a professional writer, perhaps having the breadth of a journalist or essayist, but not necessarily with the engagement of the intellectual.

(…)

The public intellectual is assumed to be a communicator and participant in public debates, accessible in mass media. Such a person communicates information and perspectives on a variety of societal issues, not just a specialist area. The role visibly overlaps with that of a journalist, therefore, so that the question is, what makes a "public" intellectual distinctive? This matter is linked to media as well as to the intellectual life.

Public intellectuals are primarily concerned with ideas and knowledge. Their social role means that they respond and react to society's issues and problems. They can provide a voice for others who may not have the skills, time or opportunity. They should be prepared to listen to a multitude of differing opinions and beliefs, and to construct their own conclusions taking these into account.

Intellectuals also involve themselves with issues not specifically related to their area of expertise. Intellectuals may ‘rise above the partial preoccupation of one’s own profession [...] and engage with the global issues of truth, judgement and taste of the time’. The contemporary scene offers many different forms of media such as an Internet blog, a lecture or forum, television and radio, and print.

The role, effectiveness and behaviour of public intellectuals have been debated since the phenomenon acquired a name. The debate is framed differently in different countries, and the very possibility of their place has been questioned. Although some intellectuals may and attempt to gain acceptance and recognition in contemporary society, according to Edward Said this has been virtually impossible: the

...real or “true” intellectual is therefore always an outsider, living in self-imposed exile and on the margins of society.’




Voltando a vaca fria… Ou seja, a
esta ‘refeicao’ que ja’ se vai tornando um tanto espaçada (mas, convenhamos que ha’ pratos, e.g. sopa tipo gazpacho, que se comem melhor frios)…

Passemos entao ao primeiro prato principal.

Aqui ha’ uns oito anos, em Luanda, numa casa a beira-mar, alguem, por ironia tambem ‘usador de oculos’, saiu-se com esta (e nao, nao foi durante nem depois de uma funjada...): “eles consideram-se intelectuais so’ porque usam oculos!” Quem o disse, a quem, porque e a quem se referia, ou em casa de quem o fez, sao condimentos que tornariam esta ‘refeicao’ imensamente mais saborosa, mas que prefiro deixar discretamente na cozinha… Direi apenas que quem o afirmou poderia perfeitamente estar a referir-se a umas quaisquer “elas”…

E isto leva-me ao acima anunciado prato principal: a(s) definicao(coes) de “intelectual”.

Tratando-se este de um veiculo de comunicacao interactiva online, nada mais apropriado do que usar como fonte preferencial de referencia aquela que ja se tornou uma especie de 'biblia' do internauta: a Wikipedia. Nao apenas pela sua ja’ razoavelmente estabelecida autoridade como uma fonte o mais expurgada possivel (mesmo devido a forma como e’ construida) de biases politico-ideologicos ou tendenciosismos e/ou facciosismos pessoais, particulares, ou de grupo (especialmente quando se trata de temas de particular acuidade do ponto de vista academico-cientifico), mas tambem, e sobretudo, porque todos os leitores a podem consultar de forma livre, directa e imediata – colocando-nos a todos, democraticamente, ao mesmo nivel de informacao, ou, se se preferir, at a level-playing field.

Decidi, neste caso, trazer para aqui as definicoes constantes, respectivamente, das versoes em Portugues e em Ingles da Wikipedia, por duas ordens de razoes:

i) salientar, a partida, as nuances existentes nas definicoes do termo, senao estritamente em termos epistemologicos (e convira' nao confundir aqui epistemologia com etimologia, pois que a tal confusao podemos ser facil e inadvertidamente levados por alguns, “doutorada/os em letras” incluida/os…), seguramente em termos da enfase dada a um determinado angulo do objecto definido;
ii) chamar a atencao para as diferencas – tanto em termos de conteudo analitico e perspectivas historico-geograficas e de genero, como de diversidade e abrangencia dos pontos de vista apresentados, extensao da bibliografia utilizada e cruzamento de referencias e fontes – existentes entre as duas versoes.

Em todo o caso, limitar-me-ei aqui e agora a apresentacao e um pouco da evolucao historica do conceito, deixando o seu aprofundamento e problematizacao, bem como outros conceitos relativos, para os pratos que se seguem.

Aqui ficam:

A. Em Portugues

Um intelectual é uma pessoa que usa o seu "intelecto" para estudar, reflectir ou especular acerca de idéias, de modo que este uso do seu intelecto possua uma relevância social e coletiva. A definição do intelectual é realizada, principalmente, por outros intelectuais e acadêmicos. Estes definem o termo segundo seus próprios posicionamentos intelectuais, fato este que complexifica a definição. Autores como Bobbio, Lévy e Demo, citados na Bibliografia, concordam com um aspecto em comum: o intelectual é definido pelo meio social no qual vive e/ou no qual estabelece sua trajetória social.

(...)

Um dos principais espaços de atuação do intelectual é a Universidade. A ciência seria parte da ideologia do intelectual, assim como a dedicação à prática científica e o desejo do exercício de um cargo no ensino superior enquanto modo de distinção social. No caso brasileiro, bem como em alguns outros países, o intelectual procura as instituições superiores de ensino para apoio e para organização; partindo da sociedade, a esta retorna com propostas embasadas no conhecimento técnico-científico adquirido através dos estudos. Esta prática é claramente perceptível, por exemplo:

• na ação de pensadores da educação no Brasil, como Anísio Teixeira, Francisco Capanema, Manuel Lourenço Filho;
• na inserção de pesquisadores na vida política, como Fernando Henrique Cardoso e Darcy Ribeiro;
• na elaboração do programa de energia nuclear, onde os aspectos técnico-científicos envolvidos no processo de beneficiamento e utilização do urânio não se restringiam a espectos energéticos, mas também políticos, morais, econômicos, antropológicos, etc.

(…)

Devido à ação reflexiva, o intelectual é portador de uma autoridade científica quando se expressa. Como apresentado acima em relação à Universidade, o intelectual estabelece relações com a sociedade através de seu status de intelectual.

B. Em Ingles

An intellectual (from the adjective meaning "involving thought and reason") is a person who uses his or her intelligence and analytical thinking, either in a professional capacity, or for personal reasons.

"Intellectual" can be used to mean, broadly, one of three classifications of human beings:

1. An individual who is deeply involved in abstract erudite ideas and theories.
2. An individual whose profession solely involves the dissemination and/or production of ideas, as opposed to producing products (e.g. a steel worker) or services (e.g. an electrician). For example, lawyers, management consultants, educators, politicians, and scientists.
3. An individual of notable expertise in culture and the arts, expertise which allows them some cultural authority, which they then use to speak in public on other matters.

The English term "intellectual" conveys the general notion of a literate thinker. In its earlier uses, such as John Middleton Murry's The Evolution of an Intellectual (1920), there was little in the way of connotation of public rather than literary activity.

(…)

The term "man of letters" implied a distinction between those who could read and write, and those who could not. The distinction had great weight when literacy was not widespread. "Men of letters" were also termed literati (from the Latin), as a group; this phrase may also refer to 'citizens' of the Republic of Letters. Literati survives as a term of abuse and is used in journalism.
(…)

By the late eighteenth century, literacy was becoming more widespread in countries such as the United Kingdom. The concept of a "man of letters" shifted to a more specialised meaning, as a man who made his living by writing about literature - usually not creative writers as such, but rather essayists, journalists and critics. This kind of activity was gradually replaced in the twentieth century by a more academic approach, and the term "man of letters" fell into disuse, to be replaced by the more generic and gender-neutral term "intellectual."

(…)

One can notice a sharpening of terms, in the latter part of the nineteenth century. Just as the coinage scientist would come to mean a professional, the man of letters would more often be assumed to be a professional writer, perhaps having the breadth of a journalist or essayist, but not necessarily with the engagement of the intellectual.

(…)

The public intellectual is assumed to be a communicator and participant in public debates, accessible in mass media. Such a person communicates information and perspectives on a variety of societal issues, not just a specialist area. The role visibly overlaps with that of a journalist, therefore, so that the question is, what makes a "public" intellectual distinctive? This matter is linked to media as well as to the intellectual life.

Public intellectuals are primarily concerned with ideas and knowledge. Their social role means that they respond and react to society's issues and problems. They can provide a voice for others who may not have the skills, time or opportunity. They should be prepared to listen to a multitude of differing opinions and beliefs, and to construct their own conclusions taking these into account.

Intellectuals also involve themselves with issues not specifically related to their area of expertise. Intellectuals may ‘rise above the partial preoccupation of one’s own profession [...] and engage with the global issues of truth, judgement and taste of the time’. The contemporary scene offers many different forms of media such as an Internet blog, a lecture or forum, television and radio, and print.

The role, effectiveness and behaviour of public intellectuals have been debated since the phenomenon acquired a name. The debate is framed differently in different countries, and the very possibility of their place has been questioned. Although some intellectuals may and attempt to gain acceptance and recognition in contemporary society, according to Edward Said this has been virtually impossible: the

...real or “true” intellectual is therefore always an outsider, living in self-imposed exile and on the margins of society.’


Friday, 9 October 2009

BO: NOBEL PEACE PRIZE!


Not the first, but the last

Ana --

This morning, Michelle and I awoke to some surprising and humbling news. At 6 a.m., we received word that I'd been awarded the Nobel Peace Prize for 2009.

To be honest, I do not feel that I deserve to be in the company of so many of the transformative figures who've been honored by this prize -- men and women who've inspired me and inspired the entire world through their courageous pursuit of peace.

But I also know that throughout history the Nobel Peace Prize has not just been used to honor specific achievement; it's also been used as a means to give momentum to a set of causes.

That is why I've said that I will accept this award as a call to action, a call for all nations and all peoples to confront the common challenges of the 21st century. These challenges won't all be met during my presidency, or even my lifetime. But I know these challenges can be met so long as it's recognized that they will not be met by one person or one nation alone.

This award -- and the call to action that comes with it -- does not belong simply to me or my administration; it belongs to all people around the world who have fought for justice and for peace. And most of all, it belongs to you, the men and women of America, who have dared to hope and have worked so hard to make our world a little better.

So today we humbly recommit to the important work that we've begun together. I'm grateful that you've stood with me thus far, and I'm honored to continue our vital work in the years to come.

Thank you,

President Barack Obama


[More details here]


Not the first, but the last

Ana --

This morning, Michelle and I awoke to some surprising and humbling news. At 6 a.m., we received word that I'd been awarded the Nobel Peace Prize for 2009.

To be honest, I do not feel that I deserve to be in the company of so many of the transformative figures who've been honored by this prize -- men and women who've inspired me and inspired the entire world through their courageous pursuit of peace.

But I also know that throughout history the Nobel Peace Prize has not just been used to honor specific achievement; it's also been used as a means to give momentum to a set of causes.

That is why I've said that I will accept this award as a call to action, a call for all nations and all peoples to confront the common challenges of the 21st century. These challenges won't all be met during my presidency, or even my lifetime. But I know these challenges can be met so long as it's recognized that they will not be met by one person or one nation alone.

This award -- and the call to action that comes with it -- does not belong simply to me or my administration; it belongs to all people around the world who have fought for justice and for peace. And most of all, it belongs to you, the men and women of America, who have dared to hope and have worked so hard to make our world a little better.

So today we humbly recommit to the important work that we've begun together. I'm grateful that you've stood with me thus far, and I'm honored to continue our vital work in the years to come.

Thank you,

President Barack Obama


[More details here]

Morreu o Passy...

Em
memoria
dos
velhos
e
juvenis
tempos
da
ANGOP
...
Paz
a
sua
alma!
Em
memoria
dos
velhos
e
juvenis
tempos
da
ANGOP
...
Paz
a
sua
alma!

Tuesday, 6 October 2009

O NOVO B.I.

Epa’, podemos ter desconseguido criar as bases para uma “sociedade sem classes” como prometia o nosso “programa maior”… mas essa de termos criado uma “sociedade sem racas” ja’ ninguem nos tira, ehehehehehe!!!
Proxima conquista? A eliminacao das etnias pa’! So’ nos atrapalham a vida maze’ com os seus sub-produtos culturais, dialetos, funjadas, moambadas, mikates, mfumbwas, kizakas, kikwangas, kifufutilas, kitabas, ngongwenhas, kimbombos, kissangwas, kibebas, takulas, mompekes, kabetulas, kazukutas, sembas, kizombas e kuduros com bundas a remexer so’ bue’ a toa me'!... Porra!!!
Xe', e nao vale a pena virem-nos ca’ ja’ com “ismos” me'!… Quale la' nacionalismos, socialismos, comunismos, fascismos, nazismos, tribalismos, racismos, qual que?!
Xe’, somos maze’ um povo muito especial que gracas aos nossos bue' progressistas, iluminados e imbativeis peritos em engenharia social ja’ chegamos antes de todos as eras da ‘pos-diversidade’ e da ‘pos-identidade’ e cedo atingiremos a da ‘pos-humanidade’ como campeoes absolutos em todo mundo!
Nos esperem so’, ehehehehehe!!!…
Epa’, podemos ter desconseguido criar as bases para uma “sociedade sem classes” como prometia o nosso “programa maior”… mas essa de termos criado uma “sociedade sem racas” ja’ ninguem nos tira, ehehehehehe!!!
Proxima conquista? A eliminacao das etnias pa’! So’ nos atrapalham a vida maze’ com os seus sub-produtos culturais, dialetos, funjadas, moambadas, mikates, mfumbwas, kizakas, kikwangas, kifufutilas, kitabas, ngongwenhas, kimbombos, kissangwas, kibebas, takulas, mompekes, kabetulas, kazukutas, sembas, kizombas e kuduros com bundas a remexer so’ bue’ a toa me'!... Porra!!!
Xe', e nao vale a pena virem-nos ca’ ja’ com “ismos” me'!… Quale la' nacionalismos, socialismos, comunismos, fascismos, nazismos, tribalismos, racismos, qual que?!
Xe’, somos maze’ um povo muito especial que gracas aos nossos bue' progressistas, iluminados e imbativeis peritos em engenharia social ja’ chegamos antes de todos as eras da ‘pos-diversidade’ e da ‘pos-identidade’ e cedo atingiremos a da ‘pos-humanidade’ como campeoes absolutos em todo mundo!
Nos esperem so’, ehehehehehe!!!…

Monday, 5 October 2009

AFRICA: Altered States, Ordinary Miracles




Chinua Achebe, the grandaddy of African writing, was so impressed by Richard Dowden’s new book on Africa that when the author asked him for a few kind words to put on the jacket, Mr Achebe wrote him a two-page foreword. “One could not ask for a more qualified author to explore Africa’s complexity,” he concluded.
Mr Dowden maintains the reader’s interest by skilfully interweaving his research on the economic effects of AIDS and international aid into stories of myriad encounters with Africans rich and poor. He describes, for example, how he met the Mourides of Senegal, the followers of a 19th-century Islamic mystic and poet, Cheikh Amadu Bamba Mbakke, whose descendants operate an informal, yet highly effective, global trading system based entirely on trust. He goes on to contrast this portrait with the difficulties so many people have starting businesses in Africa or developing local manufacturing. Similarly, a visit to the Niger Delta leads him to ruminate about the curse of having abundant reserves of oil.
(The Economist)

From the dusty Horn of Africa, Dowden takes us on a journey through history and geography through the steamy forests of the Congo River basin, where warring factions replicate like bacteria in a petri dish, and we find the abandoned palaces of that king kleptocrat, Mobutu Sese Seko; the drug-fuelled chaos of war in Sierra Leone and Liberia; the vibrantly corrupt megalopolis of Lagos in Nigeria; the morally topsy-turvy world of Angola's civil war, where US-backed rebels attacked US oil installations protected by Cuban revolutionaries; the growing madness of Robert Mugabe as he truculently turned Zimbabwe from Africa's breadbasket to its basket-case.

The best chapters are those in which Dowden writes from personal experience, where he excels at describing the people and the action around him. Chapters on the civil wars in Angola and Somalia are particularly striking, as is Dowden's harrowing account of the genocide in Rwanda. One unifying theme is the continent's resilience and optimism despite its manifest failures. Of course, Dowden's beat as a journalist has focused on the parts of Africa that have failed in some way, and they tend to be overrepresented in a book that barely mentions peaceful, democratic countries, such as Botswana or Cape Verde. Only in the last chapter does Dowden note that the last decade has actually been reasonably good for the region, with the end of several long-standing conflicts and a period of sustained economic growth.
(Foreign Affairs)

This may come as a surprise to many, given what most outsiders associate with Africa: poverty, disease, war, political oppression and disasters. The image conjured up is almost exclusively bad news - even at a time when, at last, a power-sharing agreement has been reached in Zimbabwe.
The other truth to learn is Africa's deep spirituality. The spiritual streams are ancient, multifarious - and run deep. The place of spirituality in African life is an essential characteristic that defines the society and individuals. The emphasis is always on a holistic view of life. How people interact with each other is as important as their relationship with their Creator. The dichotomy between secular and spiritual dissolves in African spirituality into a sacramental universe. The West should heed this awareness of the spiritual dimension in life, something Alexander Solzhenitsyn pointed to in his address at Harvard in June 1979. The good, liberal, capitalist, democratic audience was shocked to hear him denounce their values almost as much as the Soviet ones. “A plague on both your houses!” Western democracy and Communism had sprung from the same one-sided Enlightenment roots, both elevating man's reason above the spirit, above God.
(The Times)

“The media’s problem is that, by covering only disasters and wars, it gives us only that image of the continent,” Dowden writes — and 90 percent of the Africans reading this are now nodding at that line. “Persistent images of starving children and men with guns have accumulated into our narrative of the continent.” “The aid industry too has an interest in maintaining the image of Africans as hopeless victims of endless wars and persistent famines,” Dowden continues. “However well intentioned their motives may once have been, aid agencies have helped create the single, distressing image of Africa. They and journalists feed off each other.”
In particular, Dowden lets loose at celebrities like Bob Geldof and politicians like Tony Blair with their “messianic mission to save Africa.” As Dowden writes: “That set teeth on edge. It sounded like saving Africa from the Africans.”
(The New York Times)

***

{Mentioned, in passing, here}



Chinua Achebe, the grandaddy of African writing, was so impressed by Richard Dowden’s new book on Africa that when the author asked him for a few kind words to put on the jacket, Mr Achebe wrote him a two-page foreword. “One could not ask for a more qualified author to explore Africa’s complexity,” he concluded.
Mr Dowden maintains the reader’s interest by skilfully interweaving his research on the economic effects of AIDS and international aid into stories of myriad encounters with Africans rich and poor. He describes, for example, how he met the Mourides of Senegal, the followers of a 19th-century Islamic mystic and poet, Cheikh Amadu Bamba Mbakke, whose descendants operate an informal, yet highly effective, global trading system based entirely on trust. He goes on to contrast this portrait with the difficulties so many people have starting businesses in Africa or developing local manufacturing. Similarly, a visit to the Niger Delta leads him to ruminate about the curse of having abundant reserves of oil.
(The Economist)

From the dusty Horn of Africa, Dowden takes us on a journey through history and geography through the steamy forests of the Congo River basin, where warring factions replicate like bacteria in a petri dish, and we find the abandoned palaces of that king kleptocrat, Mobutu Sese Seko; the drug-fuelled chaos of war in Sierra Leone and Liberia; the vibrantly corrupt megalopolis of Lagos in Nigeria; the morally topsy-turvy world of Angola's civil war, where US-backed rebels attacked US oil installations protected by Cuban revolutionaries; the growing madness of Robert Mugabe as he truculently turned Zimbabwe from Africa's breadbasket to its basket-case.

The best chapters are those in which Dowden writes from personal experience, where he excels at describing the people and the action around him. Chapters on the civil wars in Angola and Somalia are particularly striking, as is Dowden's harrowing account of the genocide in Rwanda. One unifying theme is the continent's resilience and optimism despite its manifest failures. Of course, Dowden's beat as a journalist has focused on the parts of Africa that have failed in some way, and they tend to be overrepresented in a book that barely mentions peaceful, democratic countries, such as Botswana or Cape Verde. Only in the last chapter does Dowden note that the last decade has actually been reasonably good for the region, with the end of several long-standing conflicts and a period of sustained economic growth.
(Foreign Affairs)

This may come as a surprise to many, given what most outsiders associate with Africa: poverty, disease, war, political oppression and disasters. The image conjured up is almost exclusively bad news - even at a time when, at last, a power-sharing agreement has been reached in Zimbabwe.
The other truth to learn is Africa's deep spirituality. The spiritual streams are ancient, multifarious - and run deep. The place of spirituality in African life is an essential characteristic that defines the society and individuals. The emphasis is always on a holistic view of life. How people interact with each other is as important as their relationship with their Creator. The dichotomy between secular and spiritual dissolves in African spirituality into a sacramental universe. The West should heed this awareness of the spiritual dimension in life, something Alexander Solzhenitsyn pointed to in his address at Harvard in June 1979. The good, liberal, capitalist, democratic audience was shocked to hear him denounce their values almost as much as the Soviet ones. “A plague on both your houses!” Western democracy and Communism had sprung from the same one-sided Enlightenment roots, both elevating man's reason above the spirit, above God.
(The Times)

“The media’s problem is that, by covering only disasters and wars, it gives us only that image of the continent,” Dowden writes — and 90 percent of the Africans reading this are now nodding at that line. “Persistent images of starving children and men with guns have accumulated into our narrative of the continent.” “The aid industry too has an interest in maintaining the image of Africans as hopeless victims of endless wars and persistent famines,” Dowden continues. “However well intentioned their motives may once have been, aid agencies have helped create the single, distressing image of Africa. They and journalists feed off each other.”
In particular, Dowden lets loose at celebrities like Bob Geldof and politicians like Tony Blair with their “messianic mission to save Africa.” As Dowden writes: “That set teeth on edge. It sounded like saving Africa from the Africans.”
(The New York Times)

***

{Mentioned, in passing, here}

Sunday, 4 October 2009

OLHARES DIVERSOS (XIII)

JAKA JAMBA ao PAIS

A passagem pela UNESCO foi, de facto, o momento alto na minha carreira. Eu sou professor de filosofia, sou um homem voltado para a educação e para a formação, pelo que a minha passagem pela UNESCO permitiu-me complementar o entendimento da problemática da educação hoje, no mundo. Além de outras áreas de competência da UNESCO. Que não está vocacionada apenas para a educação, promove também a preservação e a conservação do património cultural. Volta-se, a UNESCO, também, para a informação, além do debate das questões mais candentes da actualidade. Por isso a UNESCO é o fórum mais privilegiado para a abordagem dos vários problemas e desafios do século XXI.

(…)


Na UNESCO temos o património histórico, em termos de abordagem, também o cultural, refiro-me a monumentos, aos sítios históricos de grande pertinência para a nossa história, fala-se também do património natural, temos paisagens bastante belas que merecem protecção e que sejam propostas para figurar na lista do património mundial. Por último temos o património imaterial, é este que envolve o legado de saberes, da nossa tradição, e também, levanta a questão de grande actualidade que é a ameaça que temos sobre o património linguístico, as nossas línguas de origem africana. Segundo alguns estudiosos, algumas dessas línguas são autónomas mas não ameaçadas de desaparecimento imediato.

Mas deve ter-se em conta que, em termos de políticas educacionais, em matéria da linguística, ainda não temos os equilíbrios mais desejáveis. Se essas línguas não forem inseridas no ensino, se não se voltarem para o quotidiano, se ficarem subalternas em relação as línguas de origem europeias, no nosso caso concreto do português, naturalmente, à medida que as novas gerações não se sintam utentes dessas línguas, que elas haverão de ter uma morte lenta e o seu desaparecimento, o que seria uma irresponsabilidade, se não protegermos um dos legados mais preciosos que temos da civilização banto. Não se perde apenas a forma de comunicar, também a cultura. Absolutamente. As línguas são veículos de cultura. São patrimónios únicos, as línguas têm carácter de unicidade. A língua é uma criação única no seu género, se desaparece também é uma cultura que desaparece.

(…)

A batalha em torno do património linguístico e sobre património histórico e cultural de Angola vai conhecendo altos e baixos. No quadro da cooperação com a UNESCO podemos ter apoios se ratificarmos as várias convenções voltadas para esses domínios. Falo da Convenção do Património Histórico, que ratificamos, mas a Convenção sobre o Património Imaterial, e outras de outros domínios, ainda não as ratificamos. Isso dificulta as diligências para a proposta de alguns sítios históricos para a lista do património mundial.

Tomemos o caso de MBanza Congo, há a vertente do património histórico, o Kulumbimbi, o cemitério dos reis,temos outros vestígios como a árvore sagrada. A árvore sagrada não só envolve o lado físico, material, mas envolve também a dimensão das tradições que vão para o quadro do património imaterial, cuja convenção ainda não reconhecemos. Desencadeamos o processo para ver se esse sítio histórico de grande valor e importância histórica para Angola, para os congos Brazzaville e Kinshasa, uma vez que o reino do Congo encontrado pelos portugueses, com MBanza Congo como centro, ia do actual território de Angola até ao Gabão. Todos esses países terão, certamente o interesse em promover o sítio de MBanza Congo para a lista do património Mundial, mas teremos primeiro de completar a ratificação das convenções necessárias para se completar a proposta do dossier .

(…)

Tudo o que faz parte do passado do nosso país merece ser protegido, merece ser salvaguardado, merece ser compreendido. O problema maior para contextos como o nosso, de passado colonial, é haver uma aparentemente maior visibilidade daquilo que foram as obras coloniais em detrimento do que foi a África antes da chegada dos europeus. Mesmo em termos linguísticos, não apenas histórico-culturais, a tendência, nalguns círculos das nossas comunidades, é voltar-se mais para aquilo que foi o legado da colonização, a língua da colonização, que aquilo que fomos antes da presença europeia. Por isso, em rigor, numa abordagem histórica mais completa, temos de recuar mesmo ao passado, encontrar metodologias que permitam, se preciso, avançarmos com a arqueologia, com a paleontologia e outras ciências históricas que permitam, cada vez mais, aprofundar o passado e o que foram os povos que viveram em Angola no passado. A história só será completa se abarcar todas as fontes cruzadas: as escritas, as orais e as fontes materiais.

(…)

O debate à volta da inserção da filosofia nos nossos currículos ainda não está muito aprofundado, embora seja incontornável. Em termos de património para a humanidade, a dimensão que permite que se crie espírito crítico, a capacidade de discernimento e a leitura da realidade em termos de concatenação lógica, só a filosofia o pode facultar. Mesmo a capacidade de problematizar, que faz parte da modernidade. E aquilo que são os instrumentos que definem o que o ocidente pode ter de mais pertinente, historicamente, é esta capacidade, do que se chama de dúvida metódica.

Desde Sócrates que dizia que tudo o que sei é que nada sei, a tal humildade para permitir que aquele que busca o saber tenha abertura, até a dúvida metódica cartesiana, tudo isto é um legado que faz falta a nós que temos que fazer uma aceleração na história, como dizia o Kizerbo, temos de sair do quasi neolítico para a idade moderna, há uma base histórica só a formação filosófica pode permitir. Desafios das tecnologias modernas, desafios em como potenciar os nossos países para competir neste mundo global. Sem a formação do espírito crítico, sem a formação filosófica, pensamos que não estaremos a altura de o fazer.

(…)

Há bem pouco tempo, estive num congresso mundial de filosofia, na Coreia do Sul, onde se levantou, com muita acuidade, a problemática de uma filosofia africana. É preferível falar da filosofia em África que falar de uma filosofia africana. A atitude filosófica como tal é uma capacidade do homem para levantar interrogações, de questionar o universo, quer na dimensão física como no devir histórico. A capacidade de questionamento é uma atitude do homem, seja ele europeu, americano, africano ou asiático. Em todo o caso, a filosofia decorre no espaço e no tempo. Os homens são produtos da sua época e da sua circunstância. Não há dúvidas que há iniciativas de abordagens filosóficas feitas por filhos de África de que podemos situá-las como pertencendo ao espaço africano, a contribuição que os pensadores africanos estão a dar para o pensamento filosófico.

No entanto, é preciso não confundir a filosofia com a étno-filosofia. Há um outro nível de legado histórico-cultural pertinente dos saberes tradicionais, que têm na sua base uma certa sedimentação de abordagem filosófica, mas que não podem imediatamente ser classificados como sendo, em última instância, de filosofia africana, porque à medida que as novas gerações vão tendo mais intercâmbio com as grandes correntes filosóficas da humanidade, vão aprofundando cada vez mais o que merece ser tido como abordagem filosófica. A filosofia é o espaço de uma certa elite intelectual. Em África, se houver tal elite, ela é menor e em Angola quase não temos pensadores.

Eu irei mais longe. A filosofia, para ser mesmo filosofia, não pode consagrar-se como estando numa torre de marfim. É um esforço de abordagem dos grandes problemas que dizem respeito ao homem mas, por outro lado, terá que ter implicações na vida, no quotidiano e na própria situação do homem de todos os tempos. A filosofia nem sempre foi a preocupação imediata. Daí o dito latino “Primum vivere dopo (deide) philosofarem”, é um facto de que ela não faz parte das necessidades mais imediatas. Contudo, à medida que vamos crescendo e que as novas gerações vão ganhando mais maturidade, mais inquietações, mais pensadores irão surgir.

É verdade que em filosofia é preciso, também, uma formação, e é preciso muita investigação. Tanto os pensadores, como os escritores, como muitos homens de cultura, têm muita dificuldade de fazer investigação porque a matéria que eles abordam não é uma matéria imediatamente consumível no mercado. Por isso também a tendência se se priorizarem certas carreiras e certas áreas do saber em detrimento da filosofia. Um filósofo só pode ser professor, quase não pode ganhar dinheiro noutras áreas. Direi que, por experiência pessoal, ensinar a filosofia, quando terminei o meu curso de filosofia e recebi o diploma, em Portugal, e fui prosseguir os estudos em Genebra, a grande frustração que tive no dia em que terminei, foi que era nesse dia que deveria começar o curso. Sentia-me cada vez mais pequeno face a pertinência da área em que penetrei e do que ainda merece ser aprofundado.

(…)

Há pouco perguntava se os filósofos serão mais para o professorado ou se poderão ser úteis noutras áreas. Direi que a capacidade de questionamento é necessária para todos os domínios. Há cientistas que começam pela física e que depois recuperam a base e a bagagem filosófica útil para a abordagem da física. Mesmo na política. No Parlamento não pode haver apenas juristas ou cientistas políticos, é preciso que haja pessoas com capacidade de levantar problemas, de ter uma leitura que leve a um ultrapassar-se permanente que permita olhar para novos horizontes.

Por exemplo, tendendo a política para uma certa dogmaticidade, uma vez que é a linha política dos partidos que prevalece, o que por vezes coloca os intelectuais em situações menos confortáveis, quando a leitura correcta da realidade aponta para um lado mas os estados maiores da política ordenam que o voto, a opção, a defesa, a advocacia, deve tender para a linha política do partido. Por isso é necessário que na sociedade, no nosso espaço público, a filosofia também ganhe o espaço que lhe é devido para ser a propulsora da inovação e que faça com que o homem se desgarre da inércia do quotidiano. Por isso a conjugação entre a política e a filosofia nem sempre foi serena ao longo dos tempos.

(…)

Não sei se é infeliz (um filósofo dentro de um partido político), depende do ângulo em que nos colocamos. Mas um filósofo pode sentir-se útil num partido político se no ordenamento jurídico-constitucional e, sobretudo nas grandes opções nacionais, chegarmos à conclusão de que não teremos democratização e Estado de direito sem partidos fortes e organizados . Se esses partidos políticos se fossilizarem nos tais pensamentos quase únicos, nessa altura a sociedade será mais pobre e com menos imaginação, com a falta de competitividade que hoje se vê em várias democracias. A capacidade de uma democracia pode ser também avaliada pela sua capacidade de debate dos grandes problemas que se levantam Os problemas levantam-se nas sociedades, nas instituições e nos partidos.

Angola é um país em transição, uma transição que se faz num quadro muito especial. Tivemos conflitualidade polarizada em contextos de pensamento quase único, em vez do debate. Entramos na democracia com a prevalência de uma certa conflitualidade. Há a prevalência dos mesmos actores históricos (um filósofo amigo questionou-me, em Moçambique, se os apóstolos do marxismo-leninismo podiam tornar-se em professores da democracia). Pode parecer uma piada de mau gosto, mas são circunstâncias históricas que estamos vivendo e é por isso que o debate se vai fazendo, com altos e baixos, mas, em termos de novas gerações parece que chegamos ao limiar do não retorno.

As novas gerações, querem uma Angola à altura do melhor que os outros povos têm, no quadro do debate, no quadro do conhecimento, numa melhor estruturação das nossas cidades, nas suas vidas, mesmo até no jornalismo onde podemos ver quadros angolanos de grande qualidade que estão surgindo. E as gerações anteriores que ainda detêm algum poder têm.

[Aqui]


Post relacionado:

"Os Prubulema Ke Estamos Ku Eles"
JAKA JAMBA ao PAIS

A passagem pela UNESCO foi, de facto, o momento alto na minha carreira. Eu sou professor de filosofia, sou um homem voltado para a educação e para a formação, pelo que a minha passagem pela UNESCO permitiu-me complementar o entendimento da problemática da educação hoje, no mundo. Além de outras áreas de competência da UNESCO. Que não está vocacionada apenas para a educação, promove também a preservação e a conservação do património cultural. Volta-se, a UNESCO, também, para a informação, além do debate das questões mais candentes da actualidade. Por isso a UNESCO é o fórum mais privilegiado para a abordagem dos vários problemas e desafios do século XXI.

(…)


Na UNESCO temos o património histórico, em termos de abordagem, também o cultural, refiro-me a monumentos, aos sítios históricos de grande pertinência para a nossa história, fala-se também do património natural, temos paisagens bastante belas que merecem protecção e que sejam propostas para figurar na lista do património mundial. Por último temos o património imaterial, é este que envolve o legado de saberes, da nossa tradição, e também, levanta a questão de grande actualidade que é a ameaça que temos sobre o património linguístico, as nossas línguas de origem africana. Segundo alguns estudiosos, algumas dessas línguas são autónomas mas não ameaçadas de desaparecimento imediato.

Mas deve ter-se em conta que, em termos de políticas educacionais, em matéria da linguística, ainda não temos os equilíbrios mais desejáveis. Se essas línguas não forem inseridas no ensino, se não se voltarem para o quotidiano, se ficarem subalternas em relação as línguas de origem europeias, no nosso caso concreto do português, naturalmente, à medida que as novas gerações não se sintam utentes dessas línguas, que elas haverão de ter uma morte lenta e o seu desaparecimento, o que seria uma irresponsabilidade, se não protegermos um dos legados mais preciosos que temos da civilização banto. Não se perde apenas a forma de comunicar, também a cultura. Absolutamente. As línguas são veículos de cultura. São patrimónios únicos, as línguas têm carácter de unicidade. A língua é uma criação única no seu género, se desaparece também é uma cultura que desaparece.

(…)

A batalha em torno do património linguístico e sobre património histórico e cultural de Angola vai conhecendo altos e baixos. No quadro da cooperação com a UNESCO podemos ter apoios se ratificarmos as várias convenções voltadas para esses domínios. Falo da Convenção do Património Histórico, que ratificamos, mas a Convenção sobre o Património Imaterial, e outras de outros domínios, ainda não as ratificamos. Isso dificulta as diligências para a proposta de alguns sítios históricos para a lista do património mundial.

Tomemos o caso de MBanza Congo, há a vertente do património histórico, o Kulumbimbi, o cemitério dos reis,temos outros vestígios como a árvore sagrada. A árvore sagrada não só envolve o lado físico, material, mas envolve também a dimensão das tradições que vão para o quadro do património imaterial, cuja convenção ainda não reconhecemos. Desencadeamos o processo para ver se esse sítio histórico de grande valor e importância histórica para Angola, para os congos Brazzaville e Kinshasa, uma vez que o reino do Congo encontrado pelos portugueses, com MBanza Congo como centro, ia do actual território de Angola até ao Gabão. Todos esses países terão, certamente o interesse em promover o sítio de MBanza Congo para a lista do património Mundial, mas teremos primeiro de completar a ratificação das convenções necessárias para se completar a proposta do dossier .

(…)

Tudo o que faz parte do passado do nosso país merece ser protegido, merece ser salvaguardado, merece ser compreendido. O problema maior para contextos como o nosso, de passado colonial, é haver uma aparentemente maior visibilidade daquilo que foram as obras coloniais em detrimento do que foi a África antes da chegada dos europeus. Mesmo em termos linguísticos, não apenas histórico-culturais, a tendência, nalguns círculos das nossas comunidades, é voltar-se mais para aquilo que foi o legado da colonização, a língua da colonização, que aquilo que fomos antes da presença europeia. Por isso, em rigor, numa abordagem histórica mais completa, temos de recuar mesmo ao passado, encontrar metodologias que permitam, se preciso, avançarmos com a arqueologia, com a paleontologia e outras ciências históricas que permitam, cada vez mais, aprofundar o passado e o que foram os povos que viveram em Angola no passado. A história só será completa se abarcar todas as fontes cruzadas: as escritas, as orais e as fontes materiais.

(…)

O debate à volta da inserção da filosofia nos nossos currículos ainda não está muito aprofundado, embora seja incontornável. Em termos de património para a humanidade, a dimensão que permite que se crie espírito crítico, a capacidade de discernimento e a leitura da realidade em termos de concatenação lógica, só a filosofia o pode facultar. Mesmo a capacidade de problematizar, que faz parte da modernidade. E aquilo que são os instrumentos que definem o que o ocidente pode ter de mais pertinente, historicamente, é esta capacidade, do que se chama de dúvida metódica.

Desde Sócrates que dizia que tudo o que sei é que nada sei, a tal humildade para permitir que aquele que busca o saber tenha abertura, até a dúvida metódica cartesiana, tudo isto é um legado que faz falta a nós que temos que fazer uma aceleração na história, como dizia o Kizerbo, temos de sair do quasi neolítico para a idade moderna, há uma base histórica só a formação filosófica pode permitir. Desafios das tecnologias modernas, desafios em como potenciar os nossos países para competir neste mundo global. Sem a formação do espírito crítico, sem a formação filosófica, pensamos que não estaremos a altura de o fazer.

(…)

Há bem pouco tempo, estive num congresso mundial de filosofia, na Coreia do Sul, onde se levantou, com muita acuidade, a problemática de uma filosofia africana. É preferível falar da filosofia em África que falar de uma filosofia africana. A atitude filosófica como tal é uma capacidade do homem para levantar interrogações, de questionar o universo, quer na dimensão física como no devir histórico. A capacidade de questionamento é uma atitude do homem, seja ele europeu, americano, africano ou asiático. Em todo o caso, a filosofia decorre no espaço e no tempo. Os homens são produtos da sua época e da sua circunstância. Não há dúvidas que há iniciativas de abordagens filosóficas feitas por filhos de África de que podemos situá-las como pertencendo ao espaço africano, a contribuição que os pensadores africanos estão a dar para o pensamento filosófico.

No entanto, é preciso não confundir a filosofia com a étno-filosofia. Há um outro nível de legado histórico-cultural pertinente dos saberes tradicionais, que têm na sua base uma certa sedimentação de abordagem filosófica, mas que não podem imediatamente ser classificados como sendo, em última instância, de filosofia africana, porque à medida que as novas gerações vão tendo mais intercâmbio com as grandes correntes filosóficas da humanidade, vão aprofundando cada vez mais o que merece ser tido como abordagem filosófica. A filosofia é o espaço de uma certa elite intelectual. Em África, se houver tal elite, ela é menor e em Angola quase não temos pensadores.

Eu irei mais longe. A filosofia, para ser mesmo filosofia, não pode consagrar-se como estando numa torre de marfim. É um esforço de abordagem dos grandes problemas que dizem respeito ao homem mas, por outro lado, terá que ter implicações na vida, no quotidiano e na própria situação do homem de todos os tempos. A filosofia nem sempre foi a preocupação imediata. Daí o dito latino “Primum vivere dopo (deide) philosofarem”, é um facto de que ela não faz parte das necessidades mais imediatas. Contudo, à medida que vamos crescendo e que as novas gerações vão ganhando mais maturidade, mais inquietações, mais pensadores irão surgir.

É verdade que em filosofia é preciso, também, uma formação, e é preciso muita investigação. Tanto os pensadores, como os escritores, como muitos homens de cultura, têm muita dificuldade de fazer investigação porque a matéria que eles abordam não é uma matéria imediatamente consumível no mercado. Por isso também a tendência se se priorizarem certas carreiras e certas áreas do saber em detrimento da filosofia. Um filósofo só pode ser professor, quase não pode ganhar dinheiro noutras áreas. Direi que, por experiência pessoal, ensinar a filosofia, quando terminei o meu curso de filosofia e recebi o diploma, em Portugal, e fui prosseguir os estudos em Genebra, a grande frustração que tive no dia em que terminei, foi que era nesse dia que deveria começar o curso. Sentia-me cada vez mais pequeno face a pertinência da área em que penetrei e do que ainda merece ser aprofundado.

(…)

Há pouco perguntava se os filósofos serão mais para o professorado ou se poderão ser úteis noutras áreas. Direi que a capacidade de questionamento é necessária para todos os domínios. Há cientistas que começam pela física e que depois recuperam a base e a bagagem filosófica útil para a abordagem da física. Mesmo na política. No Parlamento não pode haver apenas juristas ou cientistas políticos, é preciso que haja pessoas com capacidade de levantar problemas, de ter uma leitura que leve a um ultrapassar-se permanente que permita olhar para novos horizontes.

Por exemplo, tendendo a política para uma certa dogmaticidade, uma vez que é a linha política dos partidos que prevalece, o que por vezes coloca os intelectuais em situações menos confortáveis, quando a leitura correcta da realidade aponta para um lado mas os estados maiores da política ordenam que o voto, a opção, a defesa, a advocacia, deve tender para a linha política do partido. Por isso é necessário que na sociedade, no nosso espaço público, a filosofia também ganhe o espaço que lhe é devido para ser a propulsora da inovação e que faça com que o homem se desgarre da inércia do quotidiano. Por isso a conjugação entre a política e a filosofia nem sempre foi serena ao longo dos tempos.

(…)

Não sei se é infeliz (um filósofo dentro de um partido político), depende do ângulo em que nos colocamos. Mas um filósofo pode sentir-se útil num partido político se no ordenamento jurídico-constitucional e, sobretudo nas grandes opções nacionais, chegarmos à conclusão de que não teremos democratização e Estado de direito sem partidos fortes e organizados . Se esses partidos políticos se fossilizarem nos tais pensamentos quase únicos, nessa altura a sociedade será mais pobre e com menos imaginação, com a falta de competitividade que hoje se vê em várias democracias. A capacidade de uma democracia pode ser também avaliada pela sua capacidade de debate dos grandes problemas que se levantam Os problemas levantam-se nas sociedades, nas instituições e nos partidos.

Angola é um país em transição, uma transição que se faz num quadro muito especial. Tivemos conflitualidade polarizada em contextos de pensamento quase único, em vez do debate. Entramos na democracia com a prevalência de uma certa conflitualidade. Há a prevalência dos mesmos actores históricos (um filósofo amigo questionou-me, em Moçambique, se os apóstolos do marxismo-leninismo podiam tornar-se em professores da democracia). Pode parecer uma piada de mau gosto, mas são circunstâncias históricas que estamos vivendo e é por isso que o debate se vai fazendo, com altos e baixos, mas, em termos de novas gerações parece que chegamos ao limiar do não retorno.

As novas gerações, querem uma Angola à altura do melhor que os outros povos têm, no quadro do debate, no quadro do conhecimento, numa melhor estruturação das nossas cidades, nas suas vidas, mesmo até no jornalismo onde podemos ver quadros angolanos de grande qualidade que estão surgindo. E as gerações anteriores que ainda detêm algum poder têm.

[Aqui]


Post relacionado:

"Os Prubulema Ke Estamos Ku Eles"

Friday, 2 October 2009

THE TSUNAMI

As the effects of the most recent tsunami are still being felt in some Pacific Islands, I thought of sharing here an abridged version of a report that I wrote on the United Nations International Conference to Review the Implementation of the Barbados Programme of Action (BPoA) for the Sustainable Development of Small Island Development States (SIDS)*, which took place a few days after the devastating tsunami that hit significant parts of the world at the tip end of 2004 – described by National Geographic as probably the deadliest tsunami in History – exposing the extreme vulnerability of SIDS to this kind of mother nature’s whims.

The Conference, held in Port Louis, Mauritius, on 10-14 January 2005, was marked at its opening ceremony by a one minute’s silence in memory of the 26th December 2004 Indian Ocean tsunami victims. It was attended by 18 Presidents, Vice-Presidents and Prime Ministers, some 60 Ministers, around 2000 Delegates, Civil Society Representatives and Journalists from 114 countries, and 15 UN or Multilateral Agencies. The Conference’s proceedings were structured in plenary sessions, panel discussions, round tables, contact groups, informal consultations, side events, parallel partnership activities and a high-level segment around the following themes:

Climate Change, Sea-Level Rise and Implementation of the Kyoto Protocol

Environmental Vulnerabilities and Resilience-building

Addressing Emerging Trends and Social Challenges

Role of Culture in Sustainable Development

Special Challenges in Trade and Economic Development

Comprehensive Review of Implementation of the BPoA

Mobilizing Resources for Implementation of the Programme of Action

Building Capacity in SIDS


Final Outcomes and Lessons Learned


 Climate Change, Sea-Level Rise and Implementation of the Kyoto Protocol**

 Preventive Measures to Strengthen Early-Warning Systems

 Special and Differential Treatment and Graduation from LDC Status

 Renewable Energy

 ICT

 Transport

 Fisheries

 HIV/AIDS and Malaria

 Monitoring & Implementation


"We are all inhabitants of the global island. All of us, rich and poor, weak and strong, whether citizens of great power or tiny atoll, are linked in webs of opportunity and vulnerability. We should have known this already, but it has taken a tsunami to press the point home. The question now is whether we will act over the long term, not just in small islands but everywhere, in the same spirit of unity that characterises the current moment."
Kofi Annan

[REPORT HERE]


* SIDS are small island and low-lying coastal countries that share similar sustainable development challenges. At present, forty-three small island developing states and territories (there are 51 SIDS in total) are included in the list used by the UN in monitoring the progress of implementation of the BPoA. These states and territories often work together through the Alliance of Small Island States (AOSIS). SIDS in Africa comprise Cape Verde, Comoros, Guinea-Bissau, Mauritius, Sao Tome & Principe and Seychelles

**The Kyoto Protocol finally entered into force one month after the Mauritius Conference, on 16/02/2005

As the effects of the most recent tsunami are still being felt in some Pacific Islands, I thought of sharing here an abridged version of a report that I wrote on the United Nations International Conference to Review the Implementation of the Barbados Programme of Action (BPoA) for the Sustainable Development of Small Island Development States (SIDS)*, which took place a few days after the devastating tsunami that hit significant parts of the world at the tip end of 2004 – described by National Geographic as probably the deadliest tsunami in History – exposing the extreme vulnerability of SIDS to this kind of mother nature’s whims.

The Conference, held in Port Louis, Mauritius, on 10-14 January 2005, was marked at its opening ceremony by a one minute’s silence in memory of the 26th December 2004 Indian Ocean tsunami victims. It was attended by 18 Presidents, Vice-Presidents and Prime Ministers, some 60 Ministers, around 2000 Delegates, Civil Society Representatives and Journalists from 114 countries, and 15 UN or Multilateral Agencies. The Conference’s proceedings were structured in plenary sessions, panel discussions, round tables, contact groups, informal consultations, side events, parallel partnership activities and a high-level segment around the following themes:

Climate Change, Sea-Level Rise and Implementation of the Kyoto Protocol

Environmental Vulnerabilities and Resilience-building

Addressing Emerging Trends and Social Challenges

Role of Culture in Sustainable Development

Special Challenges in Trade and Economic Development

Comprehensive Review of Implementation of the BPoA

Mobilizing Resources for Implementation of the Programme of Action

Building Capacity in SIDS


Final Outcomes and Lessons Learned


 Climate Change, Sea-Level Rise and Implementation of the Kyoto Protocol**

 Preventive Measures to Strengthen Early-Warning Systems

 Special and Differential Treatment and Graduation from LDC Status

 Renewable Energy

 ICT

 Transport

 Fisheries

 HIV/AIDS and Malaria

 Monitoring & Implementation


"We are all inhabitants of the global island. All of us, rich and poor, weak and strong, whether citizens of great power or tiny atoll, are linked in webs of opportunity and vulnerability. We should have known this already, but it has taken a tsunami to press the point home. The question now is whether we will act over the long term, not just in small islands but everywhere, in the same spirit of unity that characterises the current moment."
Kofi Annan

[REPORT HERE]


* SIDS are small island and low-lying coastal countries that share similar sustainable development challenges. At present, forty-three small island developing states and territories (there are 51 SIDS in total) are included in the list used by the UN in monitoring the progress of implementation of the BPoA. These states and territories often work together through the Alliance of Small Island States (AOSIS). SIDS in Africa comprise Cape Verde, Comoros, Guinea-Bissau, Mauritius, Sao Tome & Principe and Seychelles

**The Kyoto Protocol finally entered into force one month after the Mauritius Conference, on 16/02/2005