Wednesday, 31 August 2011
Art, Music & Poetry
[The Old Guitarist by Pablo Picasso]
The Man with the Blue Guitar
I
The man bent over his guitar,
A shearsman of sorts. The day was green.
They said, "You have a blue guitar,
You do not play things as they are."
The man replied, "Things as they are
Are changed upon the blue guitar."
And they said then, "But play, you must,
A tune beyond us, yet ourselves,
A tune upon the blue guitar
Of things exactly as they are."
[The Blue Guitar by Edward Reep]
II
I cannot bring a world quite round,
Although I patch it as I can.
I sing a hero's head, large eye
And bearded bronze, but not a man,
Although I patch him as I can
And reach through him almost to man.
If to serenade almost to man
Is to miss, by that, things as they are,
Say it is the serenade
Of a man that plays a blue guitar.
[Guitar, Woman, Snake by Bill Lewis]
III
Ah, but to play man number one,
To drive the dagger in his heart,
To lay his brain upon the board
And pick the acrid colors out,
To nail his thought across the door,
Its wings spread wide to rain and snow,
To strike his living hi and ho,
To tick it, tock it, turn it true,
To bang from it a savage blue,
Jangling the metal of the strings�
[More excerpts from this long poem by Wallace Stevens here. You can also listen to a special BBC3 Radio program dedicated to this poem and its music here]
[The Old Guitarist by Pablo Picasso]
The Man with the Blue Guitar
I
The man bent over his guitar,
A shearsman of sorts. The day was green.
They said, "You have a blue guitar,
You do not play things as they are."
The man replied, "Things as they are
Are changed upon the blue guitar."
And they said then, "But play, you must,
A tune beyond us, yet ourselves,
A tune upon the blue guitar
Of things exactly as they are."
[The Blue Guitar by Edward Reep]
II
I cannot bring a world quite round,
Although I patch it as I can.
I sing a hero's head, large eye
And bearded bronze, but not a man,
Although I patch him as I can
And reach through him almost to man.
If to serenade almost to man
Is to miss, by that, things as they are,
Say it is the serenade
Of a man that plays a blue guitar.
[Guitar, Woman, Snake by Bill Lewis]
III
Ah, but to play man number one,
To drive the dagger in his heart,
To lay his brain upon the board
And pick the acrid colors out,
To nail his thought across the door,
Its wings spread wide to rain and snow,
To strike his living hi and ho,
To tick it, tock it, turn it true,
To bang from it a savage blue,
Jangling the metal of the strings�
[More excerpts from this long poem by Wallace Stevens here. You can also listen to a special BBC3 Radio program dedicated to this poem and its music here]
Friday, 26 August 2011
Falando de Etica Jornalistica
[Ou de "Monstros Raciais e Taras Tribais"!...]
Historicamente, a mídia recusa a adoção de uma perspectiva de gênero em seus conteúdos e reforça os estereótipos de gênero, raça e etnia, limitando a veiculação da opinião das mulheres em geral e invisibilizando a participação das mulheres negras e indígenas em todas as esferas da sociedade. Estas últimas, em razão da combinação do sexismo, do racismo e do etnocentrismo, estão na base da sub-representação, não têm suas demandas específicas contempladas na agenda midiática e ainda enfrentam o estereótipo de inferioridade intelectual, estética e moral.
O Curso de Gênero, Raça e Etnia para Jornalistas, uma promoção da FENAJ – Federação Nacional de Jornalistas e da ONU Mulheres – Entidade das Nações Unidas para o Empoderamento das Mulheres e a Igualdade de Gênero, estabelece marcos para a realização de atividades de formação e debate sobre ações para a igualdade entre trabalhadoras e trabalhadores do Jornalismo e estudantes das Faculdades de Comunicação e Jornalismo.
[AQUI]
Codigo Internacional de Etica dos Jornalistas
Principle VI - Respect for Privacy and Human Dignity
An integral part of the professional standards of the journalist is respect for the right of the individual to privacy and human dignity, in conformity with provisions of international and national law concerning protection of the rights and the reputation of others, prohibiting libel, calumny, slander and defamation.
Principle VIII - Respect for Universal Values and Diversity of Cultures
A true journalist stands for the universal values of humanism, above all peace, democracy, human rights, social progress and national liberation, while respecting the distinctive character, value and dignity of each culture, as well as the right of each people freely to choose and develop its political, social, economic and cultural systems. Thus the journalist participates actively in the social transformation towards democratic betterment of society and contributes through dialogue to a climate of confidence in international relations conducive to peace and justice everywhere, to detente, disarmament and national development. It belongs to the ethics of the profession that the journalist be aware of relevant provisions contained in international conventions, declarations and resolutions.
[Extractos daqui]
Codigo de Etica dos Jornalistas Americanos
— Buscar diligentemente os personagens das notícias, para dar-lhes a oportunidade de responder a acusações.
— Identificar as fontes sempre que possível. O público deve receber tanta informação quanto possível sobre a confiabilidade da fonte.
— Sempre questionar os motivos das fontes antes de prometer anonimato.
— Evitar métodos ocultos ou sub-reptícios de coletar informação, exceto quando os métodos abertos tradicionais não podem revelar informações vitais para o público. O uso desses métodos deve ser explicado como parte da história.
— Nunca plagiar.
— Contar com confiança a história da diversidade e magnitude da experiência humana, mesmo quando isso for impopular.
— Examinar seus próprios valores culturais e evitar impor esses valores aos outros.
— Evitar estereótipos de raça, gênero, idade, religião, etnia, geografia, orientação sexual, deficiência, aparência física ou status social.
— Apoiar o intercâmbio aberto de visões de mundo, mesmo de visões consideradas repugnantes.
— Dar voz a quem não a tem; fontes oficiais e não-oficiais de informação podem ser igualmente válidas.
— Fazer distinção entre defesa e reportagem. A análise e o comentário devem ser identificados e não deturpar fato ou contexto.
—Mostrar compaixão por aqueles que podem ser afetados negativamente pela cobertura jornalística. Usar sensibilidade especial ao tratar com crianças e fontes e personagens inexperientes.
— Ser sensíveis ao procurar ou usar entrevistas ou fotos daqueles afetados por tragédias ou aflição.
— Reconhecer que coletar e relatar a informação pode causar prejuízo ou desconforto. A busca da notícia não dá direito à arrogância.
— Reconhecer que os indivíduos particulares têm mais direito a controlar a informação sobre si próprios do que os ocupantes de cargos públicos e outros que buscam poder, influência ou atenção. Somente uma extrema necessidade pública pode justificar a intromissão na privacidade de qualquer um.
— Demonstrar bom gosto. Evitar o estímulo de curiosidades sensacionalistas.
— Ser cuidadosos ao identificar suspeitos juvenis ou vítimas de crimes sexuais.
— Ser judiciosos ao nomear suspeitos de crimes antes do encaminhamento formal da acusação.
— Balancear os direitos de um suspeito de crimes a um julgamento justo com o direito do público a ser informado.
—Esclarecer e explicar a cobertura da notícia e estimular o debate público sobre a conduta jornalística.
— Encorajar o público a expressar discordâncias com a imprensa.
— Admitir erros e corrigi-los prontamente.
— Expor práticas anti-éticas de jornalistas e da imprensa em geral.
— Agir pelos mesmos altos padrões pelos quais julgam os outros.
[Extractos daqui]
Codigo de Etica dos Jornalistas Brasileiros
Art. 6º É dever do jornalista:
I - opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos;
IX - respeitar o direito autoral e intelectual do jornalista em todas as suas formas;
XI - defender os direitos do cidadão, contribuindo para a promoção das garantias individuais e coletivas, em especial as das crianças, adolescentes, mulheres, idosos, negros e minorias;
XIII - denunciar as práticas de assédio moral no trabalho às autoridades e, quando for o caso, à comissão de ética competente;
XIV - combater a prática de perseguição ou discriminação por motivos sociais, econômicos, políticos, religiosos, de gênero, raciais, de orientação sexual, condição física ou mental, ou de qualquer outra natureza.
Art. 7º O jornalista não pode:
III - impedir a manifestação de opiniões divergentes ou o livre debate de idéias;
IV - expor pessoas ameaçadas, exploradas ou sob risco de vida, sendo vedada a sua identificação, mesmo que parcial, pela voz, traços físicos, indicação de locais de trabalho ou residência, ou quaisquer outros sinais;
V - usar o jornalismo para incitar a violência, a intolerância, o arbítrio e o crime;
VII - permitir o exercício da profissão por pessoas não-habilitadas;
VIII - assumir a responsabilidade por publicações, imagens e textos de cuja produção não tenha participado;
IX - valer-se da condição de jornalista para obter vantagens pessoais.
Art. 11. O jornalista não pode divulgar informações:
I - visando o interesse pessoal ou buscando vantagem econômica;
II - de caráter mórbido, sensacionalista ou contrário aos valores humanos, especialmente em cobertura de crimes e acidentes;
III - obtidas de maneira inadequada, por exemplo, com o uso de identidades falsas, câmeras escondidas ou microfones ocultos, salvo em casos de incontestável interesse público e quando esgotadas todas as outras possibilidades de apuração;
Art. 12. O jornalista deve:
I - ressalvadas as especificidades da assessoria de imprensa, ouvir sempre, antes da divulgação dos fatos, o maior número de pessoas e instituições envolvidas em uma cobertura jornalística, principalmente aquelas que são objeto de acusações não suficientemente demonstradas ou verificadas;
II - buscar provas que fundamentem as informações de interesse público;
III - tratar com respeito todas as pessoas mencionadas nas informações que divulgar;
VI - promover a retificação das informações que se revelem falsas ou inexatas e defender o direito de resposta às pessoas ou organizações envolvidas ou mencionadas em matérias de sua autoria ou por cuja publicação foi o responsável;
Art. 14. O jornalista não deve:
II - ameaçar, intimidar ou praticar assédio moral e/ou sexual contra outro profissional, devendo denunciar tais práticas à comissão de ética competente;
[Extractos daqui]
Codigo de Etica dos Jornalistas Portugueses
1.O jornalista deve relatar os factos com rigor e exactidão e interpretá-los com honestidade. Os factos devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses atendíveis no caso. A distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do público.
2.O jornalista deve combater a censura e o sensacionalismo e considerar a acusação sem provas e o plágio como graves faltas profissionais.
5.O jornalista deve assumir a responsabilidade por todos os seus trabalhos e actos profissionais, assim como promover a pronta rectificação das informações que se revelem inexactas ou falsas. O jornalista deve também recusar actos que violentem a sua consciência.
6.O jornalista deve usar como critério fundamental a identificação das fontes. O jornalista não deve revelar, mesmo em juízo, as suas fontes confidenciais de informação, nem desrespeitar os compromissos assumidos, excepto se o tentarem usar para canalizar informações falsas. As opiniões devem ser sempre atribuídas.
7.O jornalista deve salvaguardar a presunção da inocência dos arguidos até a sentença transitar em julgado. O jornalista não deve identificar, directa ou indirectamente, as vítimas de crimes sexuais e os delinquentes menores de idade, assim como deve proibir-se de humilhar as pessoas ou perturbar a sua dor.
8.O jornalista deve rejeitar o tratamento discriminatório das pessoas em função da cor, raça, credos, nacionalidade ou sexo.
9.O jornalista deve respeitar a privacidade dos cidadãos excepto quando estiver em causa o interesse público ou a conduta do indivíduo contradiga, manifestamente, valores e princípios que publicamente defende. O jornalista obriga-se, antes de recolher declarações e imagens, a atender às condições de serenidade, liberdade e responsabilidade das pessoas envolvidas.
10.O jornalista deve recusar funções, tarefas e benefícios susceptíveis de comprometer o seu estatuto de independência e a sua integridade profissional. O jornalista não deve valer-se da sua condição profissional para noticiar assuntos em que tenha interesses.
[Extractos daqui]
SUGESTOES:
1. Sugere-se a todos os interessados, e muito particularmente aos "jornalistas", "escritores" e "fazedores de opiniao" angolanos e seus "novos gurus", que tomem partido e facam bom proveito, teorico e pratico, da informacao acima e, especialmente, do Guia para Jornalistas sobre Gênero, Raça e Etnia;
2. Como exercicio de "revisao da materia dada" sugere-se que se tentem identificar as violacoes (sistemicas e sistematicas!) aos principios de etica jornalistica adoptados internacionalmente registadas em campanhas como esta, esta e esta - so' para mencionar as "mais populares"!...
3. Como exercicio de "fim de curso" sugere-se que se tentem identificar as instancias de sexismo, racismo, etnocentrismo e inferiorizacao intelectual, estetica e moral registadas aqui, aqui, aqui, aqui e aqui - apenas para citar os casos "mais obvios"!...
[Ou de "Monstros Raciais e Taras Tribais"!...]
Historicamente, a mídia recusa a adoção de uma perspectiva de gênero em seus conteúdos e reforça os estereótipos de gênero, raça e etnia, limitando a veiculação da opinião das mulheres em geral e invisibilizando a participação das mulheres negras e indígenas em todas as esferas da sociedade. Estas últimas, em razão da combinação do sexismo, do racismo e do etnocentrismo, estão na base da sub-representação, não têm suas demandas específicas contempladas na agenda midiática e ainda enfrentam o estereótipo de inferioridade intelectual, estética e moral.
O Curso de Gênero, Raça e Etnia para Jornalistas, uma promoção da FENAJ – Federação Nacional de Jornalistas e da ONU Mulheres – Entidade das Nações Unidas para o Empoderamento das Mulheres e a Igualdade de Gênero, estabelece marcos para a realização de atividades de formação e debate sobre ações para a igualdade entre trabalhadoras e trabalhadores do Jornalismo e estudantes das Faculdades de Comunicação e Jornalismo.
[AQUI]
Codigo Internacional de Etica dos Jornalistas
Principle VI - Respect for Privacy and Human Dignity
An integral part of the professional standards of the journalist is respect for the right of the individual to privacy and human dignity, in conformity with provisions of international and national law concerning protection of the rights and the reputation of others, prohibiting libel, calumny, slander and defamation.
Principle VIII - Respect for Universal Values and Diversity of Cultures
A true journalist stands for the universal values of humanism, above all peace, democracy, human rights, social progress and national liberation, while respecting the distinctive character, value and dignity of each culture, as well as the right of each people freely to choose and develop its political, social, economic and cultural systems. Thus the journalist participates actively in the social transformation towards democratic betterment of society and contributes through dialogue to a climate of confidence in international relations conducive to peace and justice everywhere, to detente, disarmament and national development. It belongs to the ethics of the profession that the journalist be aware of relevant provisions contained in international conventions, declarations and resolutions.
[Extractos daqui]
Codigo de Etica dos Jornalistas Americanos
— Buscar diligentemente os personagens das notícias, para dar-lhes a oportunidade de responder a acusações.
— Identificar as fontes sempre que possível. O público deve receber tanta informação quanto possível sobre a confiabilidade da fonte.
— Sempre questionar os motivos das fontes antes de prometer anonimato.
— Evitar métodos ocultos ou sub-reptícios de coletar informação, exceto quando os métodos abertos tradicionais não podem revelar informações vitais para o público. O uso desses métodos deve ser explicado como parte da história.
— Nunca plagiar.
— Contar com confiança a história da diversidade e magnitude da experiência humana, mesmo quando isso for impopular.
— Examinar seus próprios valores culturais e evitar impor esses valores aos outros.
— Evitar estereótipos de raça, gênero, idade, religião, etnia, geografia, orientação sexual, deficiência, aparência física ou status social.
— Apoiar o intercâmbio aberto de visões de mundo, mesmo de visões consideradas repugnantes.
— Dar voz a quem não a tem; fontes oficiais e não-oficiais de informação podem ser igualmente válidas.
— Fazer distinção entre defesa e reportagem. A análise e o comentário devem ser identificados e não deturpar fato ou contexto.
—Mostrar compaixão por aqueles que podem ser afetados negativamente pela cobertura jornalística. Usar sensibilidade especial ao tratar com crianças e fontes e personagens inexperientes.
— Ser sensíveis ao procurar ou usar entrevistas ou fotos daqueles afetados por tragédias ou aflição.
— Reconhecer que coletar e relatar a informação pode causar prejuízo ou desconforto. A busca da notícia não dá direito à arrogância.
— Reconhecer que os indivíduos particulares têm mais direito a controlar a informação sobre si próprios do que os ocupantes de cargos públicos e outros que buscam poder, influência ou atenção. Somente uma extrema necessidade pública pode justificar a intromissão na privacidade de qualquer um.
— Demonstrar bom gosto. Evitar o estímulo de curiosidades sensacionalistas.
— Ser cuidadosos ao identificar suspeitos juvenis ou vítimas de crimes sexuais.
— Ser judiciosos ao nomear suspeitos de crimes antes do encaminhamento formal da acusação.
— Balancear os direitos de um suspeito de crimes a um julgamento justo com o direito do público a ser informado.
—Esclarecer e explicar a cobertura da notícia e estimular o debate público sobre a conduta jornalística.
— Encorajar o público a expressar discordâncias com a imprensa.
— Admitir erros e corrigi-los prontamente.
— Expor práticas anti-éticas de jornalistas e da imprensa em geral.
— Agir pelos mesmos altos padrões pelos quais julgam os outros.
[Extractos daqui]
Codigo de Etica dos Jornalistas Brasileiros
Art. 6º É dever do jornalista:
I - opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos;
IX - respeitar o direito autoral e intelectual do jornalista em todas as suas formas;
XI - defender os direitos do cidadão, contribuindo para a promoção das garantias individuais e coletivas, em especial as das crianças, adolescentes, mulheres, idosos, negros e minorias;
XIII - denunciar as práticas de assédio moral no trabalho às autoridades e, quando for o caso, à comissão de ética competente;
XIV - combater a prática de perseguição ou discriminação por motivos sociais, econômicos, políticos, religiosos, de gênero, raciais, de orientação sexual, condição física ou mental, ou de qualquer outra natureza.
Art. 7º O jornalista não pode:
III - impedir a manifestação de opiniões divergentes ou o livre debate de idéias;
IV - expor pessoas ameaçadas, exploradas ou sob risco de vida, sendo vedada a sua identificação, mesmo que parcial, pela voz, traços físicos, indicação de locais de trabalho ou residência, ou quaisquer outros sinais;
V - usar o jornalismo para incitar a violência, a intolerância, o arbítrio e o crime;
VII - permitir o exercício da profissão por pessoas não-habilitadas;
VIII - assumir a responsabilidade por publicações, imagens e textos de cuja produção não tenha participado;
IX - valer-se da condição de jornalista para obter vantagens pessoais.
Art. 11. O jornalista não pode divulgar informações:
I - visando o interesse pessoal ou buscando vantagem econômica;
II - de caráter mórbido, sensacionalista ou contrário aos valores humanos, especialmente em cobertura de crimes e acidentes;
III - obtidas de maneira inadequada, por exemplo, com o uso de identidades falsas, câmeras escondidas ou microfones ocultos, salvo em casos de incontestável interesse público e quando esgotadas todas as outras possibilidades de apuração;
Art. 12. O jornalista deve:
I - ressalvadas as especificidades da assessoria de imprensa, ouvir sempre, antes da divulgação dos fatos, o maior número de pessoas e instituições envolvidas em uma cobertura jornalística, principalmente aquelas que são objeto de acusações não suficientemente demonstradas ou verificadas;
II - buscar provas que fundamentem as informações de interesse público;
III - tratar com respeito todas as pessoas mencionadas nas informações que divulgar;
VI - promover a retificação das informações que se revelem falsas ou inexatas e defender o direito de resposta às pessoas ou organizações envolvidas ou mencionadas em matérias de sua autoria ou por cuja publicação foi o responsável;
Art. 14. O jornalista não deve:
II - ameaçar, intimidar ou praticar assédio moral e/ou sexual contra outro profissional, devendo denunciar tais práticas à comissão de ética competente;
[Extractos daqui]
Codigo de Etica dos Jornalistas Portugueses
1.O jornalista deve relatar os factos com rigor e exactidão e interpretá-los com honestidade. Os factos devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses atendíveis no caso. A distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do público.
2.O jornalista deve combater a censura e o sensacionalismo e considerar a acusação sem provas e o plágio como graves faltas profissionais.
5.O jornalista deve assumir a responsabilidade por todos os seus trabalhos e actos profissionais, assim como promover a pronta rectificação das informações que se revelem inexactas ou falsas. O jornalista deve também recusar actos que violentem a sua consciência.
6.O jornalista deve usar como critério fundamental a identificação das fontes. O jornalista não deve revelar, mesmo em juízo, as suas fontes confidenciais de informação, nem desrespeitar os compromissos assumidos, excepto se o tentarem usar para canalizar informações falsas. As opiniões devem ser sempre atribuídas.
7.O jornalista deve salvaguardar a presunção da inocência dos arguidos até a sentença transitar em julgado. O jornalista não deve identificar, directa ou indirectamente, as vítimas de crimes sexuais e os delinquentes menores de idade, assim como deve proibir-se de humilhar as pessoas ou perturbar a sua dor.
8.O jornalista deve rejeitar o tratamento discriminatório das pessoas em função da cor, raça, credos, nacionalidade ou sexo.
9.O jornalista deve respeitar a privacidade dos cidadãos excepto quando estiver em causa o interesse público ou a conduta do indivíduo contradiga, manifestamente, valores e princípios que publicamente defende. O jornalista obriga-se, antes de recolher declarações e imagens, a atender às condições de serenidade, liberdade e responsabilidade das pessoas envolvidas.
10.O jornalista deve recusar funções, tarefas e benefícios susceptíveis de comprometer o seu estatuto de independência e a sua integridade profissional. O jornalista não deve valer-se da sua condição profissional para noticiar assuntos em que tenha interesses.
[Extractos daqui]
SUGESTOES:
1. Sugere-se a todos os interessados, e muito particularmente aos "jornalistas", "escritores" e "fazedores de opiniao" angolanos e seus "novos gurus", que tomem partido e facam bom proveito, teorico e pratico, da informacao acima e, especialmente, do Guia para Jornalistas sobre Gênero, Raça e Etnia;
2. Como exercicio de "revisao da materia dada" sugere-se que se tentem identificar as violacoes (sistemicas e sistematicas!) aos principios de etica jornalistica adoptados internacionalmente registadas em campanhas como esta, esta e esta - so' para mencionar as "mais populares"!...
3. Como exercicio de "fim de curso" sugere-se que se tentem identificar as instancias de sexismo, racismo, etnocentrismo e inferiorizacao intelectual, estetica e moral registadas aqui, aqui, aqui, aqui e aqui - apenas para citar os casos "mais obvios"!...
Thursday, 25 August 2011
SADC: Poverty Reduction & Shared Watercourses Management
Wednesday, 24 August 2011
Goodbye Brother Gaddafi!
It is a shame that it should be in this way…
It is even more shameful that your demise could be associated with a deep blow on the ideals of Panafricanism – which you have so forcefully tried to personify, especially in as far as they relate to a genuine alliance between Northern and Sub-Saharan Africa, which you have championed…
However, the Panafricanist ideals can only be incorporated by the peoples of Africa. They cannot be hijacked by one leader, or even a group of leaders under our African Union banner. They cannot be dispensed through a top-down prescription. They can only be achieved if lived from a truly bottom-up experience:
- when free movement of people across borders becomes a reality;
- when the peoples of the continent can really know, respect, enjoy and appreciate their common ancestry and each other’s cultures and identities so as to avoid our recurrent inter-ethnic conflicts;
- when the immense riches of our motherland are effectively and fairly distributed and shared among all its sons and daughters so that our chronic poverty and human underdevelopment records can be definitively overcome…
And all that cannot be achieved under dictatorial and/or corrupt regimes and life-long rulers!
So, it is indeed regrettable that it had to be in this way – especially to the extent that you gave foreign powers a “good excuse” to intervene and interfere in what should/could have been a normal, peaceful and democratic process!
But…
Brother Gaddafi is down – Long live the Brotherhood (and the Sisterhood) of Panafricanism and the African Union of and for the peoples of the Continent and its Diaspora!
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It is a shame that it should be in this way…
It is even more shameful that your demise could be associated with a deep blow on the ideals of Panafricanism – which you have so forcefully tried to personify, especially in as far as they relate to a genuine alliance between Northern and Sub-Saharan Africa, which you have championed…
However, the Panafricanist ideals can only be incorporated by the peoples of Africa. They cannot be hijacked by one leader, or even a group of leaders under our African Union banner. They cannot be dispensed through a top-down prescription. They can only be achieved if lived from a truly bottom-up experience:
- when free movement of people across borders becomes a reality;
- when the peoples of the continent can really know, respect, enjoy and appreciate their common ancestry and each other’s cultures and identities so as to avoid our recurrent inter-ethnic conflicts;
- when the immense riches of our motherland are effectively and fairly distributed and shared among all its sons and daughters so that our chronic poverty and human underdevelopment records can be definitively overcome…
And all that cannot be achieved under dictatorial and/or corrupt regimes and life-long rulers!
So, it is indeed regrettable that it had to be in this way – especially to the extent that you gave foreign powers a “good excuse” to intervene and interfere in what should/could have been a normal, peaceful and democratic process!
But…
Brother Gaddafi is down – Long live the Brotherhood (and the Sisterhood) of Panafricanism and the African Union of and for the peoples of the Continent and its Diaspora!
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Tuesday, 23 August 2011
Ora, ora!.... [Updated]*
And finally...
... as predicted...
... what a 'shocker' indeed!
[More details here]
Ja' se passaram alguns dias desde que isto aconteceu, mas para que fique on record nesta saga:
A "Chileshe" (finalmente) Diz Publicamente de Sua Justica
“Because of him they call me a prostitute, I have never been called this since I was born.”
“I want him to go to jail. I want him to know there are some places you cannot use your power, you cannot use your money.”
“We are poor, but we are good.”
“I don’t think about money.”
[Watch video here - More details here]
MEANWHILE
A number of Women's Organisations (such as Women Against Rape) in various countries have been campaigning against the criminalisation of rape victims in general, using the case against DSK as a background, while hotel maids have been showing their support for their colleague Nafissatou Diallo:
Entao nao e’ que agora tudo parece encaminhar-se no sentido de se transformar o DSK, de 'lugubre lobo mau violador' em 'neofito kapuchinho vermelho inocentinho e afektuoso'?!... E’ que, “aparentemente”, ele nao e’ nenhum ‘monstrinho’ predador nao, e’ apenas ‘diferentinho’ (... de "diferencas reais e imaginarias" ...), ‘super-dotadinho’ e 'apaixonadinho'!... Tadinho!
E’ que, “aparentemente”, a sua vitima: nao e’ ‘impoluta’, nao tem ‘boa reputacao’, ‘nao tem valores e principios’, nao e’ ‘educada’, nao tem ‘elevacao’, ‘nao tem cultura’, ‘nao e’ elegante’, ‘e' tosca, mas nao a de Puccini’, ‘nao e' de boas familias’, ‘nao e’ casada de papel passado e alianca no dedo’, e’ uma ‘insuportavel dama de sapato vermelho’,‘e' uma assassina a sangue frio’, ‘mente com quantos dentes tem na boca’, usa ‘falsaportes’, ‘anda metida no mundo da droga’, e’ uma ‘barata’, 'tem complexos', e' ‘racista’, ‘nao tem PhD’, etc. etc. etc.!....
What a shocker!...
… Ou nao se tratasse o dito kujo de um ‘figurao’ que se encontrava a frente da maior instituicao financeira internacional e a caminho da presidencia de um dos paises mais p(h)oderosos da Europa e do mundo, habituado a levar o seu "kero, posso e mando" aos extremos do paroxismo das suas paixoes nao discutiveis! ... Ou nao se tratasse a sua vitima de uma ‘pobre e insignifikante kriatura rejeitada pelo seu pais de origem, uma chileshe kriada de hotel onde pratika o gamasutra nos klientes em troka de esmola de gazoza em dolares e ainda por cima negra afrikana katorzinha tipo ninfeta provocatoria ke nao tinha nada ke se armar em virgem estuprada que fikou gravida”!...
… Ou nao se tratasse o sistema judicial americano de um sistema tal que, “apesar de (geralmente) nao tardar, pode ate’ (frequentemente) falhar”!
E parece estar klaramente a falhar neste caso, quando perante a evidencia forensica que demonstrou beyond reasonable doubt que houve violacao sexual no caso – e se assim nao fosse, o dito kujo nao se teria visto a contas com a justica apenas “por obra e graca da palavra da (pobre!) queixosa” –, de repente “todo o mundo”, incluindo o ‘prosecutor publico’, decide virar-se para o “passado” da vitima e para a sua “reputacao” em busca de todos os pretextos possiveis e imaginarios (…e’, tambem aki, “quando alguem mostra a visibilidade do mito acha-se ao servico de pretextos”!...) mesmo que totalmente infundados, para a “falsificar”, “desacreditar”, “descredibilizar”, “enlamear”, “assassinar-lhe o caracter” e…. kondenar!
Mas, uma vez que o caso ainda nao foi completamente encerrado, por aqui termino, por agora, este meu outburst; na certeza porem de que, na hipotese (muito provavel) de o dito kujo acabar por conseguir “virar o biko ao prego” e sair desta totalmente scot-free (apesar dos melhores esforcos dos advogados e familiares da queixosa), no que me diz respeito, se algum dia tiver o azar de me cruzar com ele, so’ espero ter um Homem como o Obama ao meu lado!...
[imagem daqui]
MEANWHILE...
A French writer who recently said Dominique Strauss-Kahn tried to sexually assault her in 2003 will officially accuse him of attempted rape, her lawyer announced Monday, even as separate sexual assault charges against Mr. Strauss-Kahn in New York seemed to be weakening.
[HERE]
*[First posted: 04/07/11]
And finally...
... as predicted...
... what a 'shocker' indeed!
[More details here]
Ja' se passaram alguns dias desde que isto aconteceu, mas para que fique on record nesta saga:
A "Chileshe" (finalmente) Diz Publicamente de Sua Justica
“Because of him they call me a prostitute, I have never been called this since I was born.”
“I want him to go to jail. I want him to know there are some places you cannot use your power, you cannot use your money.”
“We are poor, but we are good.”
“I don’t think about money.”
[Watch video here - More details here]
MEANWHILE
A number of Women's Organisations (such as Women Against Rape) in various countries have been campaigning against the criminalisation of rape victims in general, using the case against DSK as a background, while hotel maids have been showing their support for their colleague Nafissatou Diallo:
Entao nao e’ que agora tudo parece encaminhar-se no sentido de se transformar o DSK, de 'lugubre lobo mau violador' em 'neofito kapuchinho vermelho inocentinho e afektuoso'?!... E’ que, “aparentemente”, ele nao e’ nenhum ‘monstrinho’ predador nao, e’ apenas ‘diferentinho’ (... de "diferencas reais e imaginarias" ...), ‘super-dotadinho’ e 'apaixonadinho'!... Tadinho!
E’ que, “aparentemente”, a sua vitima: nao e’ ‘impoluta’, nao tem ‘boa reputacao’, ‘nao tem valores e principios’, nao e’ ‘educada’, nao tem ‘elevacao’, ‘nao tem cultura’, ‘nao e’ elegante’, ‘e' tosca, mas nao a de Puccini’, ‘nao e' de boas familias’, ‘nao e’ casada de papel passado e alianca no dedo’, e’ uma ‘insuportavel dama de sapato vermelho’,‘e' uma assassina a sangue frio’, ‘mente com quantos dentes tem na boca’, usa ‘falsaportes’, ‘anda metida no mundo da droga’, e’ uma ‘barata’, 'tem complexos', e' ‘racista’, ‘nao tem PhD’, etc. etc. etc.!....
What a shocker!...
… Ou nao se tratasse o dito kujo de um ‘figurao’ que se encontrava a frente da maior instituicao financeira internacional e a caminho da presidencia de um dos paises mais p(h)oderosos da Europa e do mundo, habituado a levar o seu "kero, posso e mando" aos extremos do paroxismo das suas paixoes nao discutiveis! ... Ou nao se tratasse a sua vitima de uma ‘pobre e insignifikante kriatura rejeitada pelo seu pais de origem, uma chileshe kriada de hotel onde pratika o gamasutra nos klientes em troka de esmola de gazoza em dolares e ainda por cima negra afrikana katorzinha tipo ninfeta provocatoria ke nao tinha nada ke se armar em virgem estuprada que fikou gravida”!...
… Ou nao se tratasse o sistema judicial americano de um sistema tal que, “apesar de (geralmente) nao tardar, pode ate’ (frequentemente) falhar”!
E parece estar klaramente a falhar neste caso, quando perante a evidencia forensica que demonstrou beyond reasonable doubt que houve violacao sexual no caso – e se assim nao fosse, o dito kujo nao se teria visto a contas com a justica apenas “por obra e graca da palavra da (pobre!) queixosa” –, de repente “todo o mundo”, incluindo o ‘prosecutor publico’, decide virar-se para o “passado” da vitima e para a sua “reputacao” em busca de todos os pretextos possiveis e imaginarios (…e’, tambem aki, “quando alguem mostra a visibilidade do mito acha-se ao servico de pretextos”!...) mesmo que totalmente infundados, para a “falsificar”, “desacreditar”, “descredibilizar”, “enlamear”, “assassinar-lhe o caracter” e…. kondenar!
Mas, uma vez que o caso ainda nao foi completamente encerrado, por aqui termino, por agora, este meu outburst; na certeza porem de que, na hipotese (muito provavel) de o dito kujo acabar por conseguir “virar o biko ao prego” e sair desta totalmente scot-free (apesar dos melhores esforcos dos advogados e familiares da queixosa), no que me diz respeito, se algum dia tiver o azar de me cruzar com ele, so’ espero ter um Homem como o Obama ao meu lado!...
[imagem daqui]
MEANWHILE...
A French writer who recently said Dominique Strauss-Kahn tried to sexually assault her in 2003 will officially accuse him of attempted rape, her lawyer announced Monday, even as separate sexual assault charges against Mr. Strauss-Kahn in New York seemed to be weakening.
[HERE]
*[First posted: 04/07/11]
International Day for the Remembrance of the Slave Trade and of its Abolition
The day intends to remind people of the tragedy of the transatlantic slave trade. It gives people a chance to think about the historic causes and the consequences of slave trade. This year the day has special meaning as 2011 is the International Year for People of African Descent.
In 1998 at its 29th session, the UNESCO Executive Board proclaimed 23 august the International Day for the Remembrance of the Slave Trade and of its Abolition. The observance was first celebrated in a number of countries, in particular in Haiti, paying tribute to the night of 22-23 August 1791 when the uprising of slaves took place in Santo Domingo island (now Haiti and the Dominican Republic), an uprising began which set forth events which were a major factor in the abolition of the transatlantic slave trade.
The day is not to be confused with the International Day for the Abolition of Slavery, observed annually on 2 December.
In Angola the day is marked by a conference organized by the Eduardo dos Santos Foundation at the Agostinho Neto University in Luanda, on the theme "Escravos angolanos povoaram tambem as Antilhas Neerlandesas" (“Angolan slaves also populated the Netherlands Antilles), by Angolan historian Simao Souindoula, member of UNESCO's Scientific Committee.
[More details here, here, here and here]
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In 1998 at its 29th session, the UNESCO Executive Board proclaimed 23 august the International Day for the Remembrance of the Slave Trade and of its Abolition. The observance was first celebrated in a number of countries, in particular in Haiti, paying tribute to the night of 22-23 August 1791 when the uprising of slaves took place in Santo Domingo island (now Haiti and the Dominican Republic), an uprising began which set forth events which were a major factor in the abolition of the transatlantic slave trade.
The day is not to be confused with the International Day for the Abolition of Slavery, observed annually on 2 December.
In Angola the day is marked by a conference organized by the Eduardo dos Santos Foundation at the Agostinho Neto University in Luanda, on the theme "Escravos angolanos povoaram tambem as Antilhas Neerlandesas" (“Angolan slaves also populated the Netherlands Antilles), by Angolan historian Simao Souindoula, member of UNESCO's Scientific Committee.
[More details here, here, here and here]
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Monday, 22 August 2011
SADC: On The Role of Civil Society in the Regional Integration Process
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Sunday, 21 August 2011
Just Poetry xliv
SANKOFA
Eis-me chegada
ao Kgotla
trago na sanga
o sangue
de quem tocou
o pilar de mármore
(Memória Belém Jerónimos)
o telhado de vidro
(The Met, Twin Towers, Harlem)
e encontrou o frio
e a navalha
(Stellenbosch)
Trago no colo
o plasma
de quem vincou
o sulco na terra
(Tlokweng)
a cicatriz na pele
(Mazozo)
a extensão no horizonte
(Serowe)
e encontrou o fio
e a meada
(Camden)
Trago no ventre
o enjôo
de quem nunca assimilou a idéia
do avanço da raça
(Le Grand Palais)
no olhar a linha de água
com que separo Manet de Monet
(Le Petit Palais)
no ouvido a clave de sol
com que distingo Mozart de Beethoven
(A Academia)
no tímpano o timbre
com que absorvo em Giant Steps
Kind of Blue and Hot House Flowers
Strange Fruit and Don't Explain
e ouço silêncios e blues
(Jazz Café)
nos lábios a ária
com que sossego os pássaros
(Covent Garden)
na mente o fio de prumo
com que traço, alinho e revejo
estratégias
(Holborn, Gaborone, Maputo, Manzini)
na lembrança o largo
de todas as batalhas
(Kinaxixi)
nos pés o carnaval
de todas as vitórias
(Bairro Operário, Rio de Janeiro)
nas costas a verticalidade
de quem viveu e sobreviveu
a fome e a abastança
(Kentish Town)
nos olhos o brilho
de quem viu a lua abrir-se
obscenamente
no topo do morro
e a nuvem adormecer
serenamente
na copa da árvore
(Primrose Hill, Maseru)
nas ancas o ondular
com que medro o açucar e la séga
das Ilhas do Índico
(La Plantation)
na cabaça o malavo
com que enacto fantasias
revelo mistérios
e (re)invento sonhos
(Damba)
na mão a kola
com que encanto e desencanto
temores e rancores
(Katete)
nas tranças a identidade
e a diversidade de quem nunca se fundiu
in no one's melting pot
(Brixton)
na alma o espírito
com que resgato a memória
dos meus ancestrais
e do Amor que perdi
(Mbanza, Maianga)
na têmpora o tempo
em que deixo passar o gado
(O Sul)
Eis-me aqui
em meu chão
(Kongo)
bebendo o vinho
(the thatch roof)
amassando a kikwanga
(the odd pebble)
atravessando o rio
(Emlanjeni Zambezi, Kwando, Kubango, Okavango
Rivango Bengo, Kwanza, Tejo, Zaire)
calcando a areia
(Blowberg)
descalçando-me desnudando-me
e (re)encontrando-me
no (meu) caminho
(Sankofa)
© K. 2011
SANKOFA
Eis-me chegada
ao Kgotla
trago na sanga
o sangue
de quem tocou
o pilar de mármore
(Memória Belém Jerónimos)
o telhado de vidro
(The Met, Twin Towers, Harlem)
e encontrou o frio
e a navalha
(Stellenbosch)
Trago no colo
o plasma
de quem vincou
o sulco na terra
(Tlokweng)
a cicatriz na pele
(Mazozo)
a extensão no horizonte
(Serowe)
e encontrou o fio
e a meada
(Camden)
Trago no ventre
o enjôo
de quem nunca assimilou a idéia
do avanço da raça
(Le Grand Palais)
no olhar a linha de água
com que separo Manet de Monet
(Le Petit Palais)
no ouvido a clave de sol
com que distingo Mozart de Beethoven
(A Academia)
no tímpano o timbre
com que absorvo em Giant Steps
Kind of Blue and Hot House Flowers
Strange Fruit and Don't Explain
e ouço silêncios e blues
(Jazz Café)
nos lábios a ária
com que sossego os pássaros
(Covent Garden)
na mente o fio de prumo
com que traço, alinho e revejo
estratégias
(Holborn, Gaborone, Maputo, Manzini)
na lembrança o largo
de todas as batalhas
(Kinaxixi)
nos pés o carnaval
de todas as vitórias
(Bairro Operário, Rio de Janeiro)
nas costas a verticalidade
de quem viveu e sobreviveu
a fome e a abastança
(Kentish Town)
nos olhos o brilho
de quem viu a lua abrir-se
obscenamente
no topo do morro
e a nuvem adormecer
serenamente
na copa da árvore
(Primrose Hill, Maseru)
nas ancas o ondular
com que medro o açucar e la séga
das Ilhas do Índico
(La Plantation)
na cabaça o malavo
com que enacto fantasias
revelo mistérios
e (re)invento sonhos
(Damba)
na mão a kola
com que encanto e desencanto
temores e rancores
(Katete)
nas tranças a identidade
e a diversidade de quem nunca se fundiu
in no one's melting pot
(Brixton)
na alma o espírito
com que resgato a memória
dos meus ancestrais
e do Amor que perdi
(Mbanza, Maianga)
na têmpora o tempo
em que deixo passar o gado
(O Sul)
Eis-me aqui
em meu chão
(Kongo)
bebendo o vinho
(the thatch roof)
amassando a kikwanga
(the odd pebble)
atravessando o rio
(Emlanjeni Zambezi, Kwando, Kubango, Okavango
Rivango Bengo, Kwanza, Tejo, Zaire)
calcando a areia
(Blowberg)
descalçando-me desnudando-me
e (re)encontrando-me
no (meu) caminho
(Sankofa)
© K. 2011
Saturday, 20 August 2011
Como construir um jardim no deserto...
Si j’avais beaucoup d’argent e me fosse dada a possibilidade de escolher entre um apartamento, por melhor que fosse, num ou noutro predio e uma casa terrea com quintal, nao hesitaria um segundo por esta ultima opcao. A menos que tivesse mesmo trop, trop d’argent e pudesse optar tanto pelo apartamento como pela casa… com um quintal onde eu pudesse fazer um jardim e/ou uma horta e plantar arvores que deixaria de heranca para os meus descendentes…
Ha' quem diga que "e' mais dificil contruir um jardim do que um predio"...
Nunca tentei construir um predio. Mas este foi o jardim (possivel) que construi com as minhas barehands (e sim, sem a ajuda de ninguem...) na terra arida e dura de Tlokweng – arredores de Gaborone, Botswana –, onde cavar mais fundo do que uns dez centimetros sem ter que dar no duro com uma picareta e' praticamente missao impossivel... Mas la’ me dei ao trabalho arduo de, ao longo de meses a fio, amaciar e fertilizar aquele chao cozido a pedra e sol de muita dura…
Claro que foi antes de um angolano destacado naquele pais ha' varios anos (que, tal como ‘todo o mundo importante’ a minha volta, achava que eu deveria morar em Phakalane – para que se perceba: Phakalane esta’ para Gaborone como a Talatona esta para Luanda), quando lhe disse que morava em Tlokweng (nao lhe consigo encontrar um equivalente em Luanda e arredores, mas e’ uma vila com muito mais de rural do que urbano, onde pessoas e viaturas teem amiude que parar ou desviar-se para deixarem passar o gado e que e’, tal como Serowe, um dos bercos da cultura e nacionalidade Tswana, com o seu proprio Kgotla e chefia local – uma especie de reino independente do poder central), respondeu-me: mas o que e’ que voce esta’ a fazer em Tlokweng? Ali naquela tribo entao enterram os mortos no quintal!
Bom, tarde demais para me deter de, a golpes de picareta, seguidos de muito cavar duro de enxada, construir um jardim no meu quintal de Tlokweng… e nao, nao encontrei la’ nenhumas ossadas, embora tenha podido confirmar a “dica” do meu conterra quando fui a um obito na vizinhanca e o pai do falecido (um Mais Velho empregado local da SADC) me levou pela mao ao sitio em que, no seu grande quintal, havia enterrado o filho, por sinal vitima de HIV/AIDS….
Nao sei o quanto e’ facil construir um predio, mas sei o quanto me foi dificil ter que abandonar o meu jardim de Tlokweng!
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Ha' quem diga que "e' mais dificil contruir um jardim do que um predio"...
Nunca tentei construir um predio. Mas este foi o jardim (possivel) que construi com as minhas barehands (e sim, sem a ajuda de ninguem...) na terra arida e dura de Tlokweng – arredores de Gaborone, Botswana –, onde cavar mais fundo do que uns dez centimetros sem ter que dar no duro com uma picareta e' praticamente missao impossivel... Mas la’ me dei ao trabalho arduo de, ao longo de meses a fio, amaciar e fertilizar aquele chao cozido a pedra e sol de muita dura…
Claro que foi antes de um angolano destacado naquele pais ha' varios anos (que, tal como ‘todo o mundo importante’ a minha volta, achava que eu deveria morar em Phakalane – para que se perceba: Phakalane esta’ para Gaborone como a Talatona esta para Luanda), quando lhe disse que morava em Tlokweng (nao lhe consigo encontrar um equivalente em Luanda e arredores, mas e’ uma vila com muito mais de rural do que urbano, onde pessoas e viaturas teem amiude que parar ou desviar-se para deixarem passar o gado e que e’, tal como Serowe, um dos bercos da cultura e nacionalidade Tswana, com o seu proprio Kgotla e chefia local – uma especie de reino independente do poder central), respondeu-me: mas o que e’ que voce esta’ a fazer em Tlokweng? Ali naquela tribo entao enterram os mortos no quintal!
Bom, tarde demais para me deter de, a golpes de picareta, seguidos de muito cavar duro de enxada, construir um jardim no meu quintal de Tlokweng… e nao, nao encontrei la’ nenhumas ossadas, embora tenha podido confirmar a “dica” do meu conterra quando fui a um obito na vizinhanca e o pai do falecido (um Mais Velho empregado local da SADC) me levou pela mao ao sitio em que, no seu grande quintal, havia enterrado o filho, por sinal vitima de HIV/AIDS….
Nao sei o quanto e’ facil construir um predio, mas sei o quanto me foi dificil ter que abandonar o meu jardim de Tlokweng!
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Friday, 19 August 2011
Revisitando a SADC (Parte II)
[Yinka Shonibare - La Meduse]
[Continuacao daqui]
Mas, porque volto entao a este tema quando ele se tem demonstrado de tao dificil abordagem?
Fundamentalmente porque, apesar de formalmente afastada profissionalmente dessa area, continuo a sentir algo como um certo “sentido de dever” de sobre ela emitir a minha opiniao sempre que tal se me afigure relevante.
Nao me proponho, no entanto, debrucar-me sobre as questoes de fundo que a problematica do engajamento de Angola no comercio intra e inter-regional suscitam – tal requereria uma abordagem eminentemente tecnica que, manifestamente, nao cabe no espirito informal deste blog (por vezes permito-me quebrar esse espirito, como aqui, ou aqui, mas apenas quando se trate de artigos ja’ escritos num contexto academico e/ou profissional). Limitar-me-ei, portanto, a alinhavar aqui algumas notas que gostaria de sugerir para a reflexao de quem, porventura, possa nelas estar interessado:
Geografia e Historia
- ‘As afirmacoes do Prof. Mourao ocorre-me apenas reafirmar algo que ja’ aqui, entre outros lugares referi: a mais antiga Uniao Aduaneira (UA) do mundo, a SACU (Southern Africa Customs Union, integrada por Botswana, Lesotho, Namibia, South Africa, e Swazilandia), foi criada na Africa Austral, em 1910 - tendo, portanto, celebrado o seu primeiro centenario no ano passado. Avaliar, criticar e ate’ mesmo condenar (!) a sua estrutura, economia politica e modus operandi desde a sua criacao ate’ aos dias de hoje e’ um exercicio a que tambem ja’ me dediquei extensivamente em outras ocasioes e que aqui me escusarei de repetir.
O que aqui importara’, sobretudo, notar e’ que nao so’ a criacao de uma UA na Africa Austral e’ possivel e tem precedentes historicos originais (dos quais a regiao pode colher importantes licoes, tanto no sentido positivo como no negativo), como tambem a criacao de uma UA mais ampla no quadro do Protocolo de Comercio da SADC esta’ definida nesse mesmo Protocolo, no Tratado da organizacao, na sua Agenda Comum e, entre outros dos seus instrumentos de politica, no seu Plano Indicativo Estrategico Regional, nao como “um objectivo imediato”, mas como uma meta a atingir-se gradualmente no quadro de uma estrategia de integracao regional com base no principio da "geometria assimetrica" (cuja aplicacao pratica no ambito das metas de convergencia macroeconomica da regiao podera' ser encontrada aqui) que contempla os diferentes estagios de desenvolvimento dos paises membros.
Apenas acrescentaria algo que nao pode deixar de ser referido neste contexto e que tambem ja’ referi noutras ocasioes: o comercio internacional de Angola (‘a parte a exportacao de petroleo e diamantes) e’ dominado por tres paises: Portugal, Brasil e China. Nao pretendendo aqui acusar o Prof. Mourao de estar a “tentar puxar a brasa para a sua sardinha (Brasil)”, pergunto-me se sera’ “politica e diplomaticamente sensivel” (ainda que, porventura, “culturalmente defensavel” - embora este argumento cada vez mais se venha desvanescendo perante a contemporanea "invasao chinesa"...) pretender-se escamotear o facto de os fluxos comerciais de Angola estarem historica e estruturalmente “voltados de frente para o Atlantico” (e, mais recentemente, para a Asia) e “de costas” para o hinterland Africano – facto que, admitidamente, estara’ na base de uma certa relutancia (generalisada?) em relacao a ideia de um maior envolvimento do pais nos esforcos de intensificacao do comercio intra-regional?
E, nao sera’ esse, tambem, um problema historico e estrutural com que virtualmente todas as economias africanas estao confrontadas, em resultado da heranca de relacoes de dependencia criadas pela colonizacao e que a OUA/UA, atraves de varias iniciativas regionais e continentais (das quais se destaca mais recentemente a NEPAD - Nova Parceria para o Desenvolvimento de Africa) ao longo das decadas desde as independencias, cujo jubileu se celebrou no ano passado, tem tentado reverter a favor do desenvolvimento endogeno, sustentado e sustentavel do continente?
Comercio e Desenvolvimento
- Uma outra nota que se me afigura premente, apesar de aparentemente obvia, e’ que se vem notando alguma dificuldade por parte dos sectores de opiniao a que me referia na primeira parte deste artigo em conciliar o(s) conceito(s) de ‘comercio’ e ‘desenvolvimento’. Foi, alias, essa dificuldade que esteve na base da controversia que se instalou entre mim e um dos membros do painel de que fiz parte neste evento...
No entanto, o facto incontornavel e’ que o comercio (internacional) nao e’ a antitese do desenvolvimento (economico). O objectivo da SADC, tal como o de organizacoes internacionais como a Conferencia das Nacoes Unidas para o Comercio e o Desenvolvimento (CNUCED/ UNCTAD), e’ precisamente colocar o comercio como alavanca ao servico do desenvolvimento economico nacional, regional e internacional - ou seja, o objectivo e' promover o comercio para o desenvolvimento.
Como atingir-se tal objectivo e’ a grande questao com que essas organizacoes, em associacao com o mundo academico e profissional especializado, se veem debatendo na teoria e na pratica, pelo menos desde as teorias das vantagens absolutas e comparativas de Smith e Ricardo, respectivamente.
[Continua]
[Yinka Shonibare - La Meduse]
[Continuacao daqui]
Mas, porque volto entao a este tema quando ele se tem demonstrado de tao dificil abordagem?
Fundamentalmente porque, apesar de formalmente afastada profissionalmente dessa area, continuo a sentir algo como um certo “sentido de dever” de sobre ela emitir a minha opiniao sempre que tal se me afigure relevante.
Nao me proponho, no entanto, debrucar-me sobre as questoes de fundo que a problematica do engajamento de Angola no comercio intra e inter-regional suscitam – tal requereria uma abordagem eminentemente tecnica que, manifestamente, nao cabe no espirito informal deste blog (por vezes permito-me quebrar esse espirito, como aqui, ou aqui, mas apenas quando se trate de artigos ja’ escritos num contexto academico e/ou profissional). Limitar-me-ei, portanto, a alinhavar aqui algumas notas que gostaria de sugerir para a reflexao de quem, porventura, possa nelas estar interessado:
Geografia e Historia
- ‘As afirmacoes do Prof. Mourao ocorre-me apenas reafirmar algo que ja’ aqui, entre outros lugares referi: a mais antiga Uniao Aduaneira (UA) do mundo, a SACU (Southern Africa Customs Union, integrada por Botswana, Lesotho, Namibia, South Africa, e Swazilandia), foi criada na Africa Austral, em 1910 - tendo, portanto, celebrado o seu primeiro centenario no ano passado. Avaliar, criticar e ate’ mesmo condenar (!) a sua estrutura, economia politica e modus operandi desde a sua criacao ate’ aos dias de hoje e’ um exercicio a que tambem ja’ me dediquei extensivamente em outras ocasioes e que aqui me escusarei de repetir.
O que aqui importara’, sobretudo, notar e’ que nao so’ a criacao de uma UA na Africa Austral e’ possivel e tem precedentes historicos originais (dos quais a regiao pode colher importantes licoes, tanto no sentido positivo como no negativo), como tambem a criacao de uma UA mais ampla no quadro do Protocolo de Comercio da SADC esta’ definida nesse mesmo Protocolo, no Tratado da organizacao, na sua Agenda Comum e, entre outros dos seus instrumentos de politica, no seu Plano Indicativo Estrategico Regional, nao como “um objectivo imediato”, mas como uma meta a atingir-se gradualmente no quadro de uma estrategia de integracao regional com base no principio da "geometria assimetrica" (cuja aplicacao pratica no ambito das metas de convergencia macroeconomica da regiao podera' ser encontrada aqui) que contempla os diferentes estagios de desenvolvimento dos paises membros.
Apenas acrescentaria algo que nao pode deixar de ser referido neste contexto e que tambem ja’ referi noutras ocasioes: o comercio internacional de Angola (‘a parte a exportacao de petroleo e diamantes) e’ dominado por tres paises: Portugal, Brasil e China. Nao pretendendo aqui acusar o Prof. Mourao de estar a “tentar puxar a brasa para a sua sardinha (Brasil)”, pergunto-me se sera’ “politica e diplomaticamente sensivel” (ainda que, porventura, “culturalmente defensavel” - embora este argumento cada vez mais se venha desvanescendo perante a contemporanea "invasao chinesa"...) pretender-se escamotear o facto de os fluxos comerciais de Angola estarem historica e estruturalmente “voltados de frente para o Atlantico” (e, mais recentemente, para a Asia) e “de costas” para o hinterland Africano – facto que, admitidamente, estara’ na base de uma certa relutancia (generalisada?) em relacao a ideia de um maior envolvimento do pais nos esforcos de intensificacao do comercio intra-regional?
E, nao sera’ esse, tambem, um problema historico e estrutural com que virtualmente todas as economias africanas estao confrontadas, em resultado da heranca de relacoes de dependencia criadas pela colonizacao e que a OUA/UA, atraves de varias iniciativas regionais e continentais (das quais se destaca mais recentemente a NEPAD - Nova Parceria para o Desenvolvimento de Africa) ao longo das decadas desde as independencias, cujo jubileu se celebrou no ano passado, tem tentado reverter a favor do desenvolvimento endogeno, sustentado e sustentavel do continente?
Comercio e Desenvolvimento
- Uma outra nota que se me afigura premente, apesar de aparentemente obvia, e’ que se vem notando alguma dificuldade por parte dos sectores de opiniao a que me referia na primeira parte deste artigo em conciliar o(s) conceito(s) de ‘comercio’ e ‘desenvolvimento’. Foi, alias, essa dificuldade que esteve na base da controversia que se instalou entre mim e um dos membros do painel de que fiz parte neste evento...
No entanto, o facto incontornavel e’ que o comercio (internacional) nao e’ a antitese do desenvolvimento (economico). O objectivo da SADC, tal como o de organizacoes internacionais como a Conferencia das Nacoes Unidas para o Comercio e o Desenvolvimento (CNUCED/ UNCTAD), e’ precisamente colocar o comercio como alavanca ao servico do desenvolvimento economico nacional, regional e internacional - ou seja, o objectivo e' promover o comercio para o desenvolvimento.
Como atingir-se tal objectivo e’ a grande questao com que essas organizacoes, em associacao com o mundo academico e profissional especializado, se veem debatendo na teoria e na pratica, pelo menos desde as teorias das vantagens absolutas e comparativas de Smith e Ricardo, respectivamente.
[Continua]
Wednesday, 17 August 2011
SADC Macroeconomic Convergence & Stability Policy
*[Postado a proposito desta materia]
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Tuesday, 16 August 2011
A MINHA SECRETARIA [R*]
Ou, mais politicamente-correcto falando, a minha Personal Assistant (PA)…
E’ verdade, ja’ tive uma na vida… Mas, estruturalmente avessa que sou a “mordomias”, excepto aquelas que posso conceder a mim propria, pouco ou nenhum uso fiz dela – claro que sem ter consciencia do “real world” em que me movia: tratava-se de uma organizacao em que, como em muitas outras, as secretarias chegam a ter mais poder que os seus chefes, embora, paradoxalmente, tal poder lhes seja atribuido na exacta proporcao do poder desses mesmos chefes (aparentemente, para reflectir essa realidade, em Angola algumas passaram a ser designadas “Secretarias Executivas”) …
Mais especificamente, naquela organizacao, como em muitas outras, o poder do chefe e, consequentemente, o da sua PA, era aferido pelo numero de viagens ao exterior que faziam (geralmente para ‘workshops’ regionais cuja qualidade e eficiencia ninguem se preocupava em avaliar…) e, com elas, a quantidade de dolares que amealhavam em “ajudas de custo” enquanto permaneciam em hoteis e pensoes de quinta categoria “para poupar” – o que era conhecido no lingo interno da organizacao como “estrategias de aliviamento da pobreza”…
Acontece, porem, que esta chefe tinha um trabalho que envolvia primordialmente a pesquisa academica e que nao propiciava muitas viagens... Resultado: embora geralmente encontrasse trabalho como parte de um pool de PAs “menos ocupadas” que era usado por outros chefes, a coitada da minha PA via-se a bracos para justificar o seu emprego, particularmente quando chegava a altura dos “annual staff appraisals” em que eu me via a bracos para encontrar o que dizer sobre ela, excepto que era “uma adoravel e talentosa jovem, muito dedicada ao trabalho e que devia a todo o custo ser mantida pela organizacao”…
Bom, mas por “menor” que fosse o seu poder em relacao a mim e as outras (mais afortunadas) PAs, a minha PA tinha um poder pessoal que eu nao tinha e nao acredito que alguma vez venha a ter na minha vida... Tomei dele consciencia quando, numa rara ocasiao em que realmente precisava da assistencia dela para a organizacao de um 'workshop', ela me respondeu que nao iria estar disponivel num determinado dia porque esse era “o dia da vida dela”!
Nao, nao se tratava de pedido de noivado, ou casamento: era apenas o dia em que os “oficiais da terra” (land board) do seu pais lhe iriam entregar o seu plot de terra – algo que todos os cidadaos do Botswana teem como um direito inalienavel, mesmo que apenas la’ possam construir um “casebre” (que ninguem lhes vai demolir…) ou que depois o decidam alienar a outros nacionais ou estrangeiros – sendo que, neste caso, terao que submeter o seu proposito a um complicado e desencorajador processo burocratico em que, invariavelmente, acabam por prevalecer os principios inspiradores da lei de terras do pais, a qual garante que pelo menos 75% da terra pertence ao povo!
Confesso que, nesse dia, senti inveja da minha PA – uma inveja que nem sequer o seu “bruto carro” pessoal (muito melhor, ou pelo menos mais “vislumbrante” que o meu carro de servico – o unico de que eu dispunha) me havia alguma vez provocado... E’ que, nao so’ estava, por aqueles dias tal como hoje, a minha nacionalidade sendo questionada pelos “oficiais da minha terra”, como aquele era um direito que os nacionais do meu pais nao tinham como adquirido!
Mas nao me deu para transformar aquela inveja em nenhum acto de odio, ou qualquer outro sentimento negativo, contra a Mphwo – era assim que ela se chamava (ou chama, pois nao creio que tenha ainda morrido, salvo seja!) e era (e') de origem Khoisan – desejei apenas que toda a seguranca, felicidade e bem-estar de que ela usufruia pudessem ser partilhados por todos os cidadaos em todos os paises deste mundo. Por isso (tambem) o muito que devo ao Botswana, mesmo continuando sendo uma “sem terra”…
*[Postado inicialmente a 26/03/10 /// Repostado a proposito desta materia]
Ou, mais politicamente-correcto falando, a minha Personal Assistant (PA)…
E’ verdade, ja’ tive uma na vida… Mas, estruturalmente avessa que sou a “mordomias”, excepto aquelas que posso conceder a mim propria, pouco ou nenhum uso fiz dela – claro que sem ter consciencia do “real world” em que me movia: tratava-se de uma organizacao em que, como em muitas outras, as secretarias chegam a ter mais poder que os seus chefes, embora, paradoxalmente, tal poder lhes seja atribuido na exacta proporcao do poder desses mesmos chefes (aparentemente, para reflectir essa realidade, em Angola algumas passaram a ser designadas “Secretarias Executivas”) …
Mais especificamente, naquela organizacao, como em muitas outras, o poder do chefe e, consequentemente, o da sua PA, era aferido pelo numero de viagens ao exterior que faziam (geralmente para ‘workshops’ regionais cuja qualidade e eficiencia ninguem se preocupava em avaliar…) e, com elas, a quantidade de dolares que amealhavam em “ajudas de custo” enquanto permaneciam em hoteis e pensoes de quinta categoria “para poupar” – o que era conhecido no lingo interno da organizacao como “estrategias de aliviamento da pobreza”…
Acontece, porem, que esta chefe tinha um trabalho que envolvia primordialmente a pesquisa academica e que nao propiciava muitas viagens... Resultado: embora geralmente encontrasse trabalho como parte de um pool de PAs “menos ocupadas” que era usado por outros chefes, a coitada da minha PA via-se a bracos para justificar o seu emprego, particularmente quando chegava a altura dos “annual staff appraisals” em que eu me via a bracos para encontrar o que dizer sobre ela, excepto que era “uma adoravel e talentosa jovem, muito dedicada ao trabalho e que devia a todo o custo ser mantida pela organizacao”…
Bom, mas por “menor” que fosse o seu poder em relacao a mim e as outras (mais afortunadas) PAs, a minha PA tinha um poder pessoal que eu nao tinha e nao acredito que alguma vez venha a ter na minha vida... Tomei dele consciencia quando, numa rara ocasiao em que realmente precisava da assistencia dela para a organizacao de um 'workshop', ela me respondeu que nao iria estar disponivel num determinado dia porque esse era “o dia da vida dela”!
Nao, nao se tratava de pedido de noivado, ou casamento: era apenas o dia em que os “oficiais da terra” (land board) do seu pais lhe iriam entregar o seu plot de terra – algo que todos os cidadaos do Botswana teem como um direito inalienavel, mesmo que apenas la’ possam construir um “casebre” (que ninguem lhes vai demolir…) ou que depois o decidam alienar a outros nacionais ou estrangeiros – sendo que, neste caso, terao que submeter o seu proposito a um complicado e desencorajador processo burocratico em que, invariavelmente, acabam por prevalecer os principios inspiradores da lei de terras do pais, a qual garante que pelo menos 75% da terra pertence ao povo!
Confesso que, nesse dia, senti inveja da minha PA – uma inveja que nem sequer o seu “bruto carro” pessoal (muito melhor, ou pelo menos mais “vislumbrante” que o meu carro de servico – o unico de que eu dispunha) me havia alguma vez provocado... E’ que, nao so’ estava, por aqueles dias tal como hoje, a minha nacionalidade sendo questionada pelos “oficiais da minha terra”, como aquele era um direito que os nacionais do meu pais nao tinham como adquirido!
Mas nao me deu para transformar aquela inveja em nenhum acto de odio, ou qualquer outro sentimento negativo, contra a Mphwo – era assim que ela se chamava (ou chama, pois nao creio que tenha ainda morrido, salvo seja!) e era (e') de origem Khoisan – desejei apenas que toda a seguranca, felicidade e bem-estar de que ela usufruia pudessem ser partilhados por todos os cidadaos em todos os paises deste mundo. Por isso (tambem) o muito que devo ao Botswana, mesmo continuando sendo uma “sem terra”…
*[Postado inicialmente a 26/03/10 /// Repostado a proposito desta materia]
Monday, 15 August 2011
US - Southern Africa Historical Political Relations
The Department of State released on July 26 Foreign Relations of the United States, 1969-1976, Volume XXVIII, Southern Africa
OVERVIEW
The volume contains four chapters (entitled Regional Issues, Portuguese Africa, Angola, and Independence Negotiations), each documenting a segment of U.S. policy toward Southern Africa during the presidencies of Richard Nixon and Gerald Ford. The documentation reveals that both presidents pursued policies designed to maintain stability in the region and to avoid domestic and international criticism of U.S. ties to the white minority regimes in South Africa and Southern Rhodesia.
The chapter on Regional Issues covers South Africa, which both administrations viewed as a bulwark against Communist expansion in the region. The documents illustrate the tensions between the Nixon administration and the Congressional Black Caucus and between the administration and the Department of State’s Bureau of African Affairs in dealing with South Africa’s apartheid regime. They also show a preference by Nixon and Henry Kissinger to avoid direct involvement in the growing unrest.
The chapter on Portuguese Africa reflects the evolution of U.S. involvement in Angola and Mozambique. Anxious to avoid alienating a key NATO partner, the Nixon administration sought to persuade the Portuguese Government to address the grievances of the black nationalist movements, while quietly granting limited assistance to the Revolutionary Government of Angola in Exile (GRAE) and National Front for the Liberation of Angola (FNLA) leader Holden Roberto. U.S. involvement increased dramatically in January 1975, when Portugal granted independence to its African colonies. Concerns about Soviet expansion and Cuban involvement led the United States to provide covert support to anti-Communist forces in Angola.
The chapter on Angola chronicles the continuation of U.S. support to anti-Communist forces after the Portuguese departed in November 1975. Despite substantial assistance and support from South Africa, Zaire, Zambia, and others, the U.S. was unable to turn the tide in Angola. Congressional passage of the Tunney Amendment in December 1975 cut off aid to Angola and effectively ended U.S. support.
The chapter on independence negotiations chronicles Kissinger’s effort to broker a negotiated settlement to the conflicts in Namibia and Southern Rhodesia.
[Here]
The Department of State released on July 26 Foreign Relations of the United States, 1969-1976, Volume XXVIII, Southern Africa
OVERVIEW
The volume contains four chapters (entitled Regional Issues, Portuguese Africa, Angola, and Independence Negotiations), each documenting a segment of U.S. policy toward Southern Africa during the presidencies of Richard Nixon and Gerald Ford. The documentation reveals that both presidents pursued policies designed to maintain stability in the region and to avoid domestic and international criticism of U.S. ties to the white minority regimes in South Africa and Southern Rhodesia.
The chapter on Regional Issues covers South Africa, which both administrations viewed as a bulwark against Communist expansion in the region. The documents illustrate the tensions between the Nixon administration and the Congressional Black Caucus and between the administration and the Department of State’s Bureau of African Affairs in dealing with South Africa’s apartheid regime. They also show a preference by Nixon and Henry Kissinger to avoid direct involvement in the growing unrest.
The chapter on Portuguese Africa reflects the evolution of U.S. involvement in Angola and Mozambique. Anxious to avoid alienating a key NATO partner, the Nixon administration sought to persuade the Portuguese Government to address the grievances of the black nationalist movements, while quietly granting limited assistance to the Revolutionary Government of Angola in Exile (GRAE) and National Front for the Liberation of Angola (FNLA) leader Holden Roberto. U.S. involvement increased dramatically in January 1975, when Portugal granted independence to its African colonies. Concerns about Soviet expansion and Cuban involvement led the United States to provide covert support to anti-Communist forces in Angola.
The chapter on Angola chronicles the continuation of U.S. support to anti-Communist forces after the Portuguese departed in November 1975. Despite substantial assistance and support from South Africa, Zaire, Zambia, and others, the U.S. was unable to turn the tide in Angola. Congressional passage of the Tunney Amendment in December 1975 cut off aid to Angola and effectively ended U.S. support.
The chapter on independence negotiations chronicles Kissinger’s effort to broker a negotiated settlement to the conflicts in Namibia and Southern Rhodesia.
[Here]
Thursday, 11 August 2011
"Que' estara' pasando en el galinero?"...
... Es lo que quiero saber!...
Algumas cancoes para ajudar os 'maninhos' e 'sus compays' a ultrapassarem com algum sentido de humor a sua actual (muito seria!) crise...
TUDO A BEM DA PAZ, DA DEMOCRACIA, DA TERRA E DA PATRIA!
[Cuidaito Compay Gallo]
[La Venganza del Perico]
[Adios Compay Gato]
[Que Lio Compay Andres]
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A Tarefa de Substituir JES
Resultado das Legislativas...
O Povo e' Racional...
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Algumas cancoes para ajudar os 'maninhos' e 'sus compays' a ultrapassarem com algum sentido de humor a sua actual (muito seria!) crise...
TUDO A BEM DA PAZ, DA DEMOCRACIA, DA TERRA E DA PATRIA!
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[Adios Compay Gato]
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