Thursday, 22 December 2011

DENUNCIA PUBLICA contra REGINALDO SILVA




REMINDER 3: 01/02/12: 11 DAYS TO GO!...





REMINDER 2: 25/01/12: 18 DAYS TO GO!...





ADENDA

19/01/12

Acabo de ser informada e de tomar nota de que RS postou igualmente na sua pagina no Facebook, a 12 e 13/11/11, pelo menos dois dos posts da serie que cito no ponto
III. ATAQUES AO MEU BOM NOME, REPUTACAO E DIGNIDADE PESSOAL
desta DENUNCIA PUBLICA.
Caso nao tenha acesso aquele site, podera' consultar a materia nele publicada e os comentarios la' feitos na altura aqui. Por favor, atente-se nas datas de tais comentarios por referencia as datas dos meus posts de resposta, nomeadamente Reginaldo Silva: Um Caso de Psiquiatria!, Ana Paula Santana: O Percurso de Uma "Predadora" ou "Um Caso Mal Estudado", Paula Santana: O Que Ficou Por Dizer e Reginaldo Silva: Um Kriminoso Muito Especial!





REMINDER 1: 17/01/12: 23 DAYS TO GO!...




Em relacao ao assunto em epigrafe, inicialmente anunciado aqui, queiram por favor referir-se a esta pagina.


SUMARIO

I. BACKGROUND

II. Hacking e Sabotagem do meu blog (koluki.blogspot.com) e endereco electronico (koluki@yahoo.co.uk) e de outras contas minhas na internet

III. ATAQUES AO MEU BOM NOME, REPUTACAO E DIGNIDADE PESSOAL

IV. VIOLACOES DOS MEUS DIREITOS HUMANOS

A. Da Declaracao Universal dos Direitos Humanos

B. Da Declaracao de Pequim sobre os Direitos das Mulheres

C. Da Constituicao da Republica de Angola


V. VIOLACOES DOS PRINCIPIOS DE ETICA E NORMAS DEONTOLOGICAS REGULADORAS DA ACTIVIDADE JORNALISTICA INTERNACIONALMENTE CONSAGRADOS

VI. VIOLACOES A LEI DE IMPRENSA DA REPUBLICA DE ANGOLA

VII. CONSIDERACOES FINAIS

A. PEDIDO DE REPARACOES

B. APELO





Materia (nao) Relacionada:

"Os Donos da Verdade"





Posts Relacionados:


No Dia Internacional dos Direitos Humanos

Reginaldo Silva: Um Caso de Psiquiatria!

De Bebados, Bufos e Big Brothers

Contra-Argumentando no Vazio

Certissimo!

Media Freedom(s) Quo Vadis?

Angola: Uma Sociedade Doente

Kwao 'Amabilis' e' o Homo Angolensis...

E a Implementacao dessa Lei?




REMINDER 3: 01/02/12: 11 DAYS TO GO!...





REMINDER 2: 25/01/12: 18 DAYS TO GO!...





ADENDA

19/01/12

Acabo de ser informada e de tomar nota de que RS postou igualmente na sua pagina no Facebook, a 12 e 13/11/11, pelo menos dois dos posts da serie que cito no ponto
III. ATAQUES AO MEU BOM NOME, REPUTACAO E DIGNIDADE PESSOAL
desta DENUNCIA PUBLICA.
Caso nao tenha acesso aquele site, podera' consultar a materia nele publicada e os comentarios la' feitos na altura aqui. Por favor, atente-se nas datas de tais comentarios por referencia as datas dos meus posts de resposta, nomeadamente Reginaldo Silva: Um Caso de Psiquiatria!, Ana Paula Santana: O Percurso de Uma "Predadora" ou "Um Caso Mal Estudado", Paula Santana: O Que Ficou Por Dizer e Reginaldo Silva: Um Kriminoso Muito Especial!





REMINDER 1: 17/01/12: 23 DAYS TO GO!...




Em relacao ao assunto em epigrafe, inicialmente anunciado aqui, queiram por favor referir-se a esta pagina.


SUMARIO

I. BACKGROUND

II. Hacking e Sabotagem do meu blog (koluki.blogspot.com) e endereco electronico (koluki@yahoo.co.uk) e de outras contas minhas na internet

III. ATAQUES AO MEU BOM NOME, REPUTACAO E DIGNIDADE PESSOAL

IV. VIOLACOES DOS MEUS DIREITOS HUMANOS

A. Da Declaracao Universal dos Direitos Humanos

B. Da Declaracao de Pequim sobre os Direitos das Mulheres

C. Da Constituicao da Republica de Angola


V. VIOLACOES DOS PRINCIPIOS DE ETICA E NORMAS DEONTOLOGICAS REGULADORAS DA ACTIVIDADE JORNALISTICA INTERNACIONALMENTE CONSAGRADOS

VI. VIOLACOES A LEI DE IMPRENSA DA REPUBLICA DE ANGOLA

VII. CONSIDERACOES FINAIS

A. PEDIDO DE REPARACOES

B. APELO





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E a Implementacao dessa Lei?

Monday, 12 December 2011

Gostei de Ler (?)... [3] - ADENDADO




[in Novo Jornal #203, 09/12/11 - clique na imagem para ler]


… Ora aqui esta’ um artigo, escrito por alguem que julgo pertencer a “minha geracao” (... a menos que tambem ja' seja um "sexagenario"!...), sobre uma “outra geracao” que designa “uma geracao de idiotas”…

Trata-se de alguem, por sinal membro do "circulo restrito" dos conselheiros de JES, de quem nunca fui proxima (de facto, nunca o conheci pessoalmente), mas que, de ha' uns anos para ca', se tornou uma das 'neofitas amizades e afectos' de alguem que, se nao me conhece exactamente desde que nasci, ou desconhece algumas facetas e periodos do meu percurso, por varias razoes que nao venhem agora aqui ao caso, tera' lidado mais de perto comigo em determinadas fases da minha vida, ainda que apenas muito curta e superficialmente, do que a maior parte dos membros da minha (nao muito grande e menos ainda 'poderosa') familia.

Esta pequena introducao vem a proposito de, tal como vem acontecendo com varias coisas que tenho lido na imprensa e na blogosfera angolana, depois da minha primeira leitura desse artigo, me ter sentido algo perturbada e - uma vez que venho sendo alvo, por parte de gente que nem sequer me conhece, ou por gente que considerava "amiga" e alguma da qual, curiosamente, ate' progenitora dalguns dos membros dessa geracao dita de "idiotas", de uma serie de injustificados (e, aparentemente, tao "inexplicaveis" quanto "interminaveis"!) ataques pessoais “out of the blue”, especialmente desde que criei este blog - ate’ possivelmente “visada”...

Mas, numa segunda leitura, realizei que as unicas coisas nele que me poderiam porventura “atingir” seriam talvez as mencoes que faz ao “principalmente fora do pais”, as “costureiras da moda” e aos “doutores que nao acabaram o curso”... So’ que, “fora do pais” ha’ muitos angolanos, pelas mais diversas razoes, em varios paises e continentes, de varias proveniencias e geracoes e de todas as “especies e feitios”; eu nao incluiria a minha mae no grupo das “costureiras da moda” e “doutores que nao acabaram o curso” sei de muitos e certamente entre eles nao me incluo, uma vez que sempre me recusei a ser chamada de “doutora” (... para mim “doutor/a” e’ apenas, excepto nos casos em que o respectivo curso nao o requeira, quem tenha defendido com sucesso uma tese de doutoramento ou equivalente...) e, por “aquele curso” que nao acabei em Portugal (... e quanto mais nao seja por isso, se ha' alguem que vive sob, ou que impoe a alguem a "ditadura da licenciatura" esse alguem certamente nao sou eu!...) – e nunca sera’ demais repeti-lo: por circunstancias absolutamente extraordinarias, alheias a minha vontade, completamente fora do meu controlo e... todas originadas no "nosso querido pais" e provocadas, por accao ou por omissao, pelos mesmos "dedos" que hoje, em riste, me acusam de "ter fugido" do pais(!) e, interestingly enough, alguns deles entre o circulo de amigos do articulista... –, fiz, em ambientes linguisticos e culturais e em circunstancias de vida muito mais dificeis, mais cursos, de nivel mais elevado e exigente e de melhor qualidade, do que muitos dos nossos “doutores”!... E tambem nunca sera' demais repeti-lo: inteiramente 'a minha custa!

And... make no mistake: posso nao saber para onde vou, mas sei, sempre soube bem de onde venho!
E... perante o 'que sei bem que me espera em Luanda, quem me dera poder regressar ao "maqui" dos meus avos!!!

Assim, apos uma terceira leitura, embora tivesse preferido que tal nao fosse o caso, e mesmo correndo o risco de estar enganada (... ou, recorrendo ao "meu velho amigo" Popper, de poder vir a ser "falsificada"...) em qualquer dessas minhas leituras [e aqui nao posso deixar de notar, en passant, que, a meu ver, esse e’ um dos maiores perigos de um certo “jornalismo de opiniao”: dificilmente nos permite saber com exactidao, beyond any reasonable doubt, a que, ou a quem (dois dos 5 'Ws' fundamentais da investigacao jornalistica: What? - O que?; Who? - Quem?; When? - Quando?; Where? - Onde?; Why? - Porque?), o articulista se esta’ a referir em concreto – particularmente quando, como eu, o leitor se encontra fora do contexto local em que o texto e’ produzido – funcionando assim, mais frequentemente do que nao, apenas como pouco mais do que um irresponsavel "fuxico", uma predadora "kuribotice", um insidioso “mujimbo” ou, pior do que isso, como uma letal arma de arremesso, um ofensivo pau de dois bicos ou uma 'indiscriminatoria' mina anti-pessoal e ate', no limite, "anti-familiar" e "anti-social"!...], dei comigo a concordar de alguma maneira com o que afirma e, com os pes bem assentes nos meus ja’ 50 anos + 1 de vida, acrescentar-lhe-ia, tentando responder de algum modo ao seu apelo para que se tomem “medidas de caracter profilatico”, embora o faca com intencoes mais "pedagogicas" do que "profilaticas", algumas "mukandas" especialmente dirigidas a alguns membros da “geracao” em causa, qualquer que ela seja:

i) Embora, por necessaria e devida modestia, me seja dificil ‘atestar’ “o que e’ a poesia”, julgo ter minimamente uma nocao do que ela “nao e’”...
Explico-me:

- Quem se pretende “poeta”, deve ter sensibilidade suficiente (... 'sense and sensibility'...) para perceber que a poesia e’ um lugar, senao de silencio total e absoluto, certamente de “tons menores”: de disponibilidade e entrega emocional, psicologica, afectiva e espiritual, interiorizacao, introspeccao, experimentacao, burilacao, depuracao, reflexao e abstracao, enfim, de recato, contencao, contemplacao e auto-superacao:

-- a poesia nao se move pelos caminhos invios, tortuosos e lamacentos da raiva (bem ou mal contida), da inveja, do odio, do ciume, do despeito, da hipocrisia, da rivalidade, do mimetismo, do plagiarismo, da disputa, do despique, da contenda, da competicao, do regateio, da zaragata, do trungunguismo, do ressaibo, do recalcamento, do rancor, da vinganca, do revanchismo, do oportunismo, do racismo, do elitismo, ou do exclusivismo;

-- a poesia nao e’ um lugar previligiado de “mainstreams”... e’, muito mais, um lugar primacial de “undercurrents”...;

-- a poesia nao e’ o "devido lugar" da “oposicao” nem da “situacao”: e’, muito mais, o lugar da “rectidao”... (por isso falava aqui, com justificado desdem, de uns certos "poetas 'revolucionarios' e 'lucidos' da situacao", que, ademais, sempre orbitaram nos circulos do poder ao mais alto nivel como seus "conselheiros", "advisers" ou "cortesa(o)s"!...);

-- a poesia nao e’ o lugar natural do “material”... e’, muito mais, o lugar matricial do “espiritual”, do “infinito” e do “sonho”, mesmo quando mesclado com o "pesadelo"...;

-- a poesia nao se presta a comodificacao, a coisificacao, a objectificacao, a plastificacao ou ao artificialismo, nem ao espectaculo ostentatorio, imediatista, bacoco, exibicionista, mediatico, competitivo e barulhento - enfatizemos: embora essas duas figuras possam porventura coincidir em alguns (raros) casos, ser poeta (ou poetisa, como certamente preferem apesar disto...) nao significa ser "declamador/a"!

-- a poesia exige honestidade e respeito – e para tal requer auto-respeito: mesmo quando, como aqui, aqui, ou aqui, lhe da’ para responder ao "call of the wild", "perder as estribeiras" e “gritar”, “espernear” e “explodir”, em geito de hiphop, aparentemente em todas as direccoes, e fazer “tabua rasa” e “terra queimada” de todas as normas estilisticas da dita “poesia convencional”... apenas para melhor trazer "uma certa verdade nua e crua", ainda que apenas parcial e relativa, ao de cima: e' que a "poesia pura e dura" nao se da' la' muito bem com a "mentira"!... E nisso consiste um dos atributos essenciais que a devem caracterizar, a par da "integridade": a "autenticidade"!

-- a poesia e' um pouco como a "Mulher" de Vinicius de Moraes: "tem que ter qualquer coisa que chora, qualquer coisa que sente saudade"!... Ao que eu acrescentaria: tem que ter ALMA!

ii) Quem se pretende "antologiador/a" ou "critico/a literario" deve adoptar como seu principio "etico-deontologico" fundamental primar pelo maximo rigor e objectividade possiveis na avaliacao das obras sobre as quais se debruca - quando tal lhe for "absolutamente impossivel" por "conflitos politico-ideologicos", "incompatibilidades pessoais e/ou de interesses", ou por qualquer outra razao, deve, moral e profissionalmente, abster-se de o fazer;

iii) Quem se pretende “promotor da literatura e do habito da leitura”, tem que, no minimo, ser capaz de demonstrar que cultiva tal habito desde muito cedo na vida – ou, caso por qualquer infortunio nao o tenha podido fazer desde a infancia, que o faz consistente e humildemente desde que lhe foi possivel comecar a cultivar tal habito (... mais vale tarde do que nunca!...), para que a certa altura possa, confidentemente:

-- discorrer com alguma congruencia e credibilidade sobre os livros, autores ou correntes literarias que mais o/a influenciaram ou marcaram na vida e, talvez mais importante do que isso, ser capaz de demonstrar os seus habitos de leitura atraves da qualidade da sua escrita (... mesmo que, como eu, ainda continue a dar alguns “pontapes” na lingua de Camoes e, ja’ agora, tambem na de Shakespeare...) – e’ que “qualidade” nem sempre significa necessariamente “perfeicao” (ou, dito de outro modo, “o optimo pode ser inimigo do bom”...), especialmene quando se “recebeu” a lingua em que se expressa em “segunda” ou “terceira” mao...

Tendo dito isso, convira’ nao perder de vista que “qualidade”, especialmente em poesia, nao se resume a “estetica formal”, mas (… e antes que me esqueca, aproveito para chamar a atencao de alguns dos ‘destinatarios’ desta mukanda para a diferenca entre ‘mas’ e ‘mais’ – que, propositadamente, nao vou aqui explicar, deixando-o como um, ha’ muito atrasado(!), “trabalho de casa”...) ‘cava mais fundo’ nos labirintos da “criacao literaria” ate' chegar 'a profundidade da “etica humanistica” (... a nao ser confundida com o estranho, suspeito, escorregadio e perigoso conceito de “etico-ideologico” recentemente introduzido no “nosso imaginario criativo” por uma certa “douta literato-cientifica e catedratica, tambem 'mae da negritude branca lusofona pos-colonial'” - ... la' dizia Chomsky: "O papel historico dos intelectuais, se olharmos tao longe quanto pudermos no passado, infelizmente tem sido o de apoiar os sistemas de poder e justificar as suas atrocidades"!) ... e aqui atrevo-me a sugerir, "sabendo bem o que me espera!", que tera' sido uma certa "etica ideologica", legitimadora de uma certa "violencia revolucionaria", que tera' permitido que "medidas de caracter profilatico" como o 27 de Maio de ma' memoria acontecessem sob a presidencia e o "olhar silencioso" de um poeta como Agostinho Neto... enquanto, a contrario, tera' sido uma certa "etica humanistica", historicamente percussora dos contemporaneos "movimentos civicos anti-totalitarios" que tera' levado um poeta como Vaclav Havel a fazer o percurso que fez!...), onde, by the way, “criar” tambem se faz, e sobretudo (!), “com os olhos molhados” ... [*]

Igualmente a nao perder de vista deve ser o entendimento de que, embora a "massificacao cultural" nao seja de todo um objectivo objeccionavel, ha' que ser-se criterioso nos meios para se a obter, porque um facto incontornavel e' que: se e' certo que, ocasionalmente, da quantidade pode brotar "cumulativamente" qualidade, the fact remains that os dois conceitos nao se equivalem... Ou, dito de outro modo, "25 poemas + 1" nao sao necessariamente "melhores" do que "25 poemas"!

Para se revelarem "socialmente uteis", a poesia, a literatura e a arte em geral, nao teem que preterir a "essencia" em favor da "efervescencia"... ou a "coerencia" em favor da "aparencia"... ou a "consciencia" em favor da "displicencia"!...

Os livros que, ao longo da Historia da Literatura - que nao inclui apenas "best sellers"... -, alcancaram "sucesso", nao o obtiveram apenas pela sua "promocao" ou "marketing" atraves de t-shirts ou pelo seu volume de vendas, nem pelos seus autores terem feito cursos de "creative writing" directamente ou pela internet... mas pela "dimensao" ("medida" nao apenas pelo numero de paginas...), "profundidade", "criatividade", "originalidade" e "relevancia" do seu "conteudo"!...


iv) Quem se pretende “porta-estandarte” da arte, deve pelo menos saber minimamente o que e’ a arte, senao num sentido estritamente academico e super-sofisticado ou elitista, pelo menos num sentido vivencial e existencial. Ou seja:

-- deve, pelo menos, procurar ter algum contacto, directo ou indirecto, com os artistas, os processos criativos e os produtos artisticos para os poder perceber e apreciar;

-- deve, pelo menos, cultivar o habito de frequentar ateliers de arte e exposicoes artisticas e ir, sempre que possivel, a museus e galerias de arte, dentro ou fora do pais, para sobre a arte poder discernir e ser capaz de a avaliar ou criticar;

-- deve tambem expor o mais possivel os seus sentidos a um leque diversificado de manifestacoes artisticas, populares e/ou eruditas, desde a musica, a danca, ao teatro e ao cinema, para melhor e mais criteriosa e conscientemente as poder fruir, recomendar, praticar, replicar ou emular;

-- e deve fazer tudo isso sem deixar de estar de olhos e "pulsoes" abertos aos estimulos da natureza, da sociedade e do mundo que o rodeia, local e globalmente;


v) Quem se pretende "critico musical", seja de que genero for, deve, no minimo, ter alguma formacao formal em musica;


vi) Quem pertenca as “novas geracoes” (sejam elas economicas, profissionais, academicas, politicas, jornalisticas, culturais, artisticas, literarias, ou outras) deve tentar, o mais possivel, nao deixar de respeitar os “mais velhos” – os que vieram antes de nos, que nos permitiram ser quem somos e nos abriram ou mostraram “um qualquer caminho”, mesmo que “nos tenha dado” para seguir outro completamente diferente...
E por "respeito" - que, em qualquer caso, quanto a mim e' apenas "devido" na exacta medida em que tais "mais velhos" se saibam fazer respeitar! - nao pretendo significar apenas "reverencia" cega e menos ainda "subserviencia" acritica (pois que tal postura seria intrinsecamente "reaccionaria" porque impeditiva da "mudanca de geracoes" e da "evolucao" - mesmo que apenas "na continuidade"...), mas sobretudo "reconhecimento":

-- no que me diz pessoalmente respeito e em relacao a minha “vida literaria”, por 'incipiente' que seja e embora ate' agora ela nao me tenha trazido muito mais do que dissabores e inimigos, nao posso deixar de estar eternamente grata a Manuel Rui Monteiro, Luandino Vieira, Costa Andrade "Ndunduma", Ruy Duarte de Carvalho e Aires de Almeida Santos, por terem “insuflado vida” (ainda que "precaria"), e alguns deles “de olhos vendados”, ao que, de outro modo, muito provavelmente nao teria passado de um “nado morto”, um “festim para vulto/as esquizofrenico/as e pornografo/as” e racistas de todas as latitudes, um “repasto para sordido/as fantasistas e lugubres pervertido/as” e invejosos de todas as especies e (baixos) coturnos, ou um livro de receitas para “kuribotices de velhotas, velhacas, bruacas e ressabiadas mulherzinhas de domingo”!...

A esses nomes gostaria de acrescentar, embora por razoes diferentes, mas relacionadas, um outro: o de Artur Pestana "Pepetela" - por um daqueles "nadas" que, em certas circunstancias, podem significar "tudo". Conto:
Uma vez, pouco depois do lancamento do meu livro, durante um jantar em casa do entao Adido Cultural da Embaixada de Portugal em Angola, Armando Marques Guedes, em que uma das convivas era a Sra. Professora, a dada altura o anfitriao referiu-se a mim como uma "intelectual", ao que a Sra. Professora imediatamente lhe retorquiu desdenhosamente: "... intelectual, intelectual... eu digo-lhe quem sao os intelectuais angolanos - um dia destes faco-lhe uma lista"!... Bom, aquilo foi, obviamente, o suficiente para me "calar" para o resto do jantar - mesmo porque aprendi de pequena que nao se deve falar enquanto se come... Mas, as tantas, como que a tentar "provar a sua tese", ela vira-se para mim e diz, com a sua irrepressivel agressividade: "Entao? Estas muito calada! Nao dizes nada porque?!"... E antes que eu lhe pudesse responder o que quer que seja, o Pepetela (a.k.a. "o mais elevado dos espiritas"), muito sensivel, serena e civilizadamente, disse-lhe algo como: "Mas sao assim mesmo os poetas, muito mais silenciosos, introspectivos e observadores do que faladores"... E so' por isso, tambem lhe fiquei eternamente grata!

E, ja' agora, essa memoria leva-me aonde tudo comecou: foi durante um convivio com um grupo de artistas brasileiros em Luanda, durante o qual me vi envolvida numa animada conversa sobre 'cultura' - ja' nao me lembro exactamente qual era o tema especifico. 'As tantas, um dos meus interlocutores diz-me isto: "Poxa, voce fala como uma professora da Sorbonne!... Voce esta' me fazendo sentir como "o po' do coco' do cavalo do bandido!" Bom, depois das inevitaveis gargalhadas, o Manuel Rui Monteiro, que eu conhecera alguns anos antes na Faculdade de Letras do Lubango e que estava sentado ao meu lado, disse-me que "queria ver o que eu escrevia"... Perguntei-lhe "como e' que ele sabia que eu escrevia", ao que ele: "escreve, escreve de certeza... va' la', mostre-me que eu quero ver". E, assim, alguns dias depois mostrei-lhe alguns dos meus poemas... e foi assim que este 'pesadelo' que estou com ele ate' hoje comecou!...

E, ja’ agora, por falar na Faculdade de Letras do Lubango, impoe-se-me a mencao de um outro nome: o de Arlindo Barbeitos, que la’ foi meu professor de Historia de Africa. Todavia, por razoes que prefiro nao pormenorizar aqui - sobretudo para que nao sejam confundidas com outras questoes que marcaram de forma polemica a sua docencia naquela faculdade e com as quais nada tive a ver -, o nosso relacionamento professor-aluna foi tudo menos “facil”, para dizer o minimo… De tal maneira que acabei sendo, efectivamente, muito mais aluna de um outro professor daquela disciplina, de origem Bakongo, a quem peco aqui as minhas sinceras desculpas por me ter esquecido do seu nome.
Porem, Barbeitos continuou sendo o regente da cadeira e responsavel por todos os testes e avaliacoes de todos os alunos, incluindo os do outro professor. Entao, apenas para abreviar a historia, no teste final ele deu-me a mais alta classificacao e como eu nao ia as aulas dele, mandou-me chamar. Quando la’ fui, ele pediu-me que me levantasse e fez-me um grande elogio perante todos os alunos, exaltando a minha “inteligencia” e o conhecimento demonstrados atraves da qualidade da minha participacao nas aulas e naquele e noutros testes que eu tinha prestado durante o ano que frequentei naquela faculdade.
Assim, onde antes so’ havia “gelo” passou a haver algum calor humano, amizade e respeito mutuo… De tal maneira que, quando alguns anos depois nos cruzamos pela primeira vez numa rua de Luanda, foi ele que me reconheceu do outro lado da rua, chamou-me e fez-me uma grande festa!
Anos mais tarde, quando ja’ me encontrava a estudar em Lisboa, recebi de uma editora italiana um postal dizendo que lhes tinha sido recomendada pelo Arlindo Barbeitos e que estavam interessados em publicar os meus poemas. Mas, infelizmente, por razoes que aqui se podem descortinar, naquela altura eu queria tudo "menos falar, ou ouvir falar, dos meus poemas", pelo que preferi nao prosseguir aquele contacto.
Mas aqui deixo os meus agradecimentos ao professor, historiador, escritor e poeta Arlindo Barbeitos, autor de "Angola, Angole, Angolema".

And last, but by no means least, o meu agradecimento a minha Professora de Portugues no Liceu Feminino de Luanda, Maria Luisa Dolbeth e Costa.


vii) Quem se considera "intelectual", deve pelo menos evidenciar algumas das caracteristicas delineadas nas definicoes aqui apresentadas.


Finalmente, mas nao menos importante:

viii) Quem se pretende “moderna, progressista e democraticamente inserido no actual mundo competitivo” em que vivemos, local e globalmente, tem que ser efectivamente capaz de “competir honestamente” em "mercado aberto" e em "pe de igualdade", seja no mercado de trabalho, seja noutras esferas da vida economica, social, politica, academica ou cultural, e de "vencer" por "merito proprio". Ou seja:

-- nao se pode, pura e simplesmente, valer do nome, da cor da pele, do dinheiro, das casas, dos carros e outros bens materiais ou imateriais, ou das portas que lhe foram abertas pelos seus pais, ou outros familiares ou amigos, numa determinada empresa ou circulo cultural, economico, politico ou social e considerar-se por isso tao ou mais “lutador”, "capaz", “merecedor”, “bem sucedido” ou “vencedor” do que outros, da sua ou de outras geracoes, que nunca beneficiaram de tais “herancas”, previlegios, facilidades, vantagens e oportunidades!...

Caso os preceitos (ou, se se preferir, “valores e principios”) acima enunciados nao sejam observados, minima ou parcialmente que seja, e aqui diria por “todas as geracoes” (!), por mais “ginwinos” e “bem intencionados” que sejam os seus esforcos e iniciativas, correrao sempre o risco de ser retratados e catalogados como “aqueles que venhem do Roque Santeiro para as escadarias da UEA apenas em busca de ascensao social” (!), como o fez numa outra ocasiao o autor do artigo que me serviu de mote a estas “mukandas”...

Eu di-lo-ia de outro modo: ainda que nao venham do "Roque Santeiro", nem estejam apenas em busca de "ascensao social" [poderao, por exemplo, vir de Viana, da Vila Alice, do Kinaxixe, do Bairro Popular, da Maianga, ou mesmo do Alvalade, da Marginal, do 'Quartier Latin' ou do Bairro Alto, para as escadarias e quintais  da permissiva e promiscua "comuna 'libertinaria' neoliberal" da Cidade Alta em busca de "proximidade ao poder" e do "menos congestionado" trafico de influencias e de "fontes de informacao" para os "novos jornais" da praca, e.g. sobre "partes da historia do MPLA", que esse lugar proporciona, ou, especialmente no caso dos "rapazes" e "raparigas" que nunca tiveram forca suficiente para pegarem numa catana ou numa enxada para sairem do conforto das ruas asfaltadas da capital e irem para o campo contribuir para a "resolucao dos problemas do povo", ou a coragem necessaria para pegarem em armas e irem para uma frente de combate defender os "seus ideais", a ilusao de que (tambem) o fizeram... - o que tambem nao e' mais do que buscar "ascensao social" ... o que quer que isso seja ...], continuarao eternamente, ou pelo menos por muito tempo, sem passar das "escadarias da UEA", mesmo que nela consigam entrar e sentar-se, sob o signo dos seus neofitos '7 egos', 'aquela mesa central com o poema "Criar" de Agostinho Neto no background!... E isto servira' especialmente aos que para la' entram com certo tipo de "declaracoes acintosas" como as aqui descritas!...

Em suma, como aqui afirmava ha’ dias, e embora ninguem se possa reclamar “perfeito”, especialmente quando as suas "medidas de caracter profilatico" (ou "pornografico"?) especialmente formuladas para "as classes mais baixas", resultam em casos como este, e muito particularmente numa “sociedade doente” como a Angolana:
e’ tudo uma questao de INTEGRIDADE MORAL, HONESTIDADE INTELECTUAL, EDUCACAO E CARACTER!




[*]

P.S.


Apenas dois exemplos de “etica ideologica” em accao:

1. Jose’ Agostinho, dirigente da JMPLA e musico dos primordios da Dipanda, cantou uma cancao com esta letra:

(…)
E’ preciso fazer a guerra
Para acabar com a guerra
E’ bom ver disparar
E disparar tambem
E’ bom ver morrer
E’ bom quase morrer
Para melhor compreender
E perceber
Que e’ preciso fazer a guerra
Para acabar com a guerra

(…)

2. As criancas da OPA (Organizacao dos Pioneiros Angolanos), com idades compreendidas entre os 5/6 e 12/13 anos, no mesmo periodo cantavam uma cancao que rezava assim:

(…)
Eu vou morrer em Angola
Com armas de guerra na mao
Granada sera’ meu caixao
Enterro sera’ na patrulha

(…)

- Ora, dir-se-ha’ que, em ambos os casos, se tratavam de “normais” cancoes de guerra – nada inedito, extraordinario, nem “eticamente reprovavel”: afinal, todas as guerras acabam por criar os seus proprios “cancioneiros” auto-justificativos. E, dependendo de quem justifica a guerra pos-independencia e com que pressupostos ideologicos o faz, dir-se-ha’ ate’ que a cancao de Jose’ Agostinho acabou, a posteriori por ser “vindicada” pelo desfecho que aquela guerra teve faz agora 10 anos!...

Portanto, ate’ ai, podera’ dizer-se que, do ponto de vista ideologico, “ta’ tudo bem”!...

Mas, e’ do ponto de vista humanistico que comecam os problemas:

- Sera’, antes de mais, a guerra, qualquer guerra, em si mesma “eticamente justificavel” em todas as circunstancias?
- Em ambos os casos, tratavam-se de cancoes destinadas a “condicionar psicologicamente” as criancas e os jovens para a aceitacao da e a participacao na guerra. E, sendo certo que longe estavam ainda os tempos das actuais campanhas internacionais contra o uso de “criancas soldado” em qualquer guerra, nao era a cancao da OPA contraria aos principios da Declaracao Universal dos Direitos da Crianca ja’ entao internacionalmente consagrados e desenvolvidos ao longo das decadas?

Essas apenas duas das questoes fundamentais que, numa primeira abordagem, apelam ao conceito de “etica humanistica” como moralmente superior ao de “etica ideologica”.

Mas, passada essa primeira abordagem, o terreno escorragadio em que se move a “etica ideologica”, veio a revelar-se ainda mais perturbador em ambos os casos:

- Jose’ Agostinho acabou por ser executado pouco depois da Dipanda, na orgia de “violencia revolucionaria” que se seguiu ao 27 de Maio de 1977… e aqui nao poso deixar de me “espantar”, mais uma vez, com a minha “ingenuidade” em relacao aos acontecimentos e personagens a volta daquela tragedia: so’ muito recentemente me foi confirmado que esse foi efectivamente o seu destino, porque naqueles dias disseram-nos, a alguns de nos entao militantes da Jota (... ou seria da "Mocidade Portuguesa"?...), que ele tinha morrido de “uma indigestao causada por uns camaroes improprios para consumo que tinha comido”… e eu sempre acreditei nisso… ate’ muito recentemente!...

- Do “destino” de muitos pioneiros da OPA, e especialmente daqueles que realmente andaram de armas na mao (verdadeiras ou de pau) e muitos dos quais foram servir de "carne para canhao" nas frentes de combate, talvez o caso mais paradigmatico seja o do “menino da bandeira”, Diniz Kanhanga, aqui relatado!... Enquanto outros, como este, viriam a ser vitimados por certas "medidas artisticas de caracter profilatico" (ou "pornografico")?!...

Enfim, em ambos os casos estamos perante facetas e simbolos da historia de duas geracoes ("de idiotas"?) kruxifikadas pela "violencia revolucionaria" de uma certa "etica ideologica"...

Enfim, em ambos os casos estamos perante facetas da historia de duas geracoes ("de idiotas"?) kruxifikadas pelas "medidas de caracter profilatico" de uma certa "etica ideologica"...

E isso para falar apenas de dois exemplos da “etica ideologica” aplicada ao “nosso contexto”, porque poderiamos discuti-la mais alargadamente nos contextos da ideologia Nazi, ou da Stalinista, ou ainda da que (qualquer que seja a designacao que se lhe de) subjaz as mais recentes guerras do Iraque e Afeganistao… so’ para citar esses “exemplos maiores”!...




ADENDA


“... que alguem lhes conte uma historia, umazinha so’…”


Pois, noblesse et sagesse oblige, conto:


“A Minha Amiga”






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Comentando

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Abaixo o Racismo?!... Abaixo!!!




[in Novo Jornal #203, 09/12/11 - clique na imagem para ler]


… Ora aqui esta’ um artigo, escrito por alguem que julgo pertencer a “minha geracao” (... a menos que tambem ja' seja um "sexagenario"!...), sobre uma “outra geracao” que designa “uma geracao de idiotas”…

Trata-se de alguem, por sinal membro do "circulo restrito" dos conselheiros de JES, de quem nunca fui proxima (de facto, nunca o conheci pessoalmente), mas que, de ha' uns anos para ca', se tornou uma das 'neofitas amizades e afectos' de alguem que, se nao me conhece exactamente desde que nasci, ou desconhece algumas facetas e periodos do meu percurso, por varias razoes que nao venhem agora aqui ao caso, tera' lidado mais de perto comigo em determinadas fases da minha vida, ainda que apenas muito curta e superficialmente, do que a maior parte dos membros da minha (nao muito grande e menos ainda 'poderosa') familia.

Esta pequena introducao vem a proposito de, tal como vem acontecendo com varias coisas que tenho lido na imprensa e na blogosfera angolana, depois da minha primeira leitura desse artigo, me ter sentido algo perturbada e - uma vez que venho sendo alvo, por parte de gente que nem sequer me conhece, ou por gente que considerava "amiga" e alguma da qual, curiosamente, ate' progenitora dalguns dos membros dessa geracao dita de "idiotas", de uma serie de injustificados (e, aparentemente, tao "inexplicaveis" quanto "interminaveis"!) ataques pessoais “out of the blue”, especialmente desde que criei este blog - ate’ possivelmente “visada”...

Mas, numa segunda leitura, realizei que as unicas coisas nele que me poderiam porventura “atingir” seriam talvez as mencoes que faz ao “principalmente fora do pais”, as “costureiras da moda” e aos “doutores que nao acabaram o curso”... So’ que, “fora do pais” ha’ muitos angolanos, pelas mais diversas razoes, em varios paises e continentes, de varias proveniencias e geracoes e de todas as “especies e feitios”; eu nao incluiria a minha mae no grupo das “costureiras da moda” e “doutores que nao acabaram o curso” sei de muitos e certamente entre eles nao me incluo, uma vez que sempre me recusei a ser chamada de “doutora” (... para mim “doutor/a” e’ apenas, excepto nos casos em que o respectivo curso nao o requeira, quem tenha defendido com sucesso uma tese de doutoramento ou equivalente...) e, por “aquele curso” que nao acabei em Portugal (... e quanto mais nao seja por isso, se ha' alguem que vive sob, ou que impoe a alguem a "ditadura da licenciatura" esse alguem certamente nao sou eu!...) – e nunca sera’ demais repeti-lo: por circunstancias absolutamente extraordinarias, alheias a minha vontade, completamente fora do meu controlo e... todas originadas no "nosso querido pais" e provocadas, por accao ou por omissao, pelos mesmos "dedos" que hoje, em riste, me acusam de "ter fugido" do pais(!) e, interestingly enough, alguns deles entre o circulo de amigos do articulista... –, fiz, em ambientes linguisticos e culturais e em circunstancias de vida muito mais dificeis, mais cursos, de nivel mais elevado e exigente e de melhor qualidade, do que muitos dos nossos “doutores”!... E tambem nunca sera' demais repeti-lo: inteiramente 'a minha custa!

And... make no mistake: posso nao saber para onde vou, mas sei, sempre soube bem de onde venho!
E... perante o 'que sei bem que me espera em Luanda, quem me dera poder regressar ao "maqui" dos meus avos!!!

Assim, apos uma terceira leitura, embora tivesse preferido que tal nao fosse o caso, e mesmo correndo o risco de estar enganada (... ou, recorrendo ao "meu velho amigo" Popper, de poder vir a ser "falsificada"...) em qualquer dessas minhas leituras [e aqui nao posso deixar de notar, en passant, que, a meu ver, esse e’ um dos maiores perigos de um certo “jornalismo de opiniao”: dificilmente nos permite saber com exactidao, beyond any reasonable doubt, a que, ou a quem (dois dos 5 'Ws' fundamentais da investigacao jornalistica: What? - O que?; Who? - Quem?; When? - Quando?; Where? - Onde?; Why? - Porque?), o articulista se esta’ a referir em concreto – particularmente quando, como eu, o leitor se encontra fora do contexto local em que o texto e’ produzido – funcionando assim, mais frequentemente do que nao, apenas como pouco mais do que um irresponsavel "fuxico", uma predadora "kuribotice", um insidioso “mujimbo” ou, pior do que isso, como uma letal arma de arremesso, um ofensivo pau de dois bicos ou uma 'indiscriminatoria' mina anti-pessoal e ate', no limite, "anti-familiar" e "anti-social"!...], dei comigo a concordar de alguma maneira com o que afirma e, com os pes bem assentes nos meus ja’ 50 anos + 1 de vida, acrescentar-lhe-ia, tentando responder de algum modo ao seu apelo para que se tomem “medidas de caracter profilatico”, embora o faca com intencoes mais "pedagogicas" do que "profilaticas", algumas "mukandas" especialmente dirigidas a alguns membros da “geracao” em causa, qualquer que ela seja:

i) Embora, por necessaria e devida modestia, me seja dificil ‘atestar’ “o que e’ a poesia”, julgo ter minimamente uma nocao do que ela “nao e’”...
Explico-me:

- Quem se pretende “poeta”, deve ter sensibilidade suficiente (... 'sense and sensibility'...) para perceber que a poesia e’ um lugar, senao de silencio total e absoluto, certamente de “tons menores”: de disponibilidade e entrega emocional, psicologica, afectiva e espiritual, interiorizacao, introspeccao, experimentacao, burilacao, depuracao, reflexao e abstracao, enfim, de recato, contencao, contemplacao e auto-superacao:

-- a poesia nao se move pelos caminhos invios, tortuosos e lamacentos da raiva (bem ou mal contida), da inveja, do odio, do ciume, do despeito, da hipocrisia, da rivalidade, do mimetismo, do plagiarismo, da disputa, do despique, da contenda, da competicao, do regateio, da zaragata, do trungunguismo, do ressaibo, do recalcamento, do rancor, da vinganca, do revanchismo, do oportunismo, do racismo, do elitismo, ou do exclusivismo;

-- a poesia nao e’ um lugar previligiado de “mainstreams”... e’, muito mais, um lugar primacial de “undercurrents”...;

-- a poesia nao e’ o "devido lugar" da “oposicao” nem da “situacao”: e’, muito mais, o lugar da “rectidao”... (por isso falava aqui, com justificado desdem, de uns certos "poetas 'revolucionarios' e 'lucidos' da situacao", que, ademais, sempre orbitaram nos circulos do poder ao mais alto nivel como seus "conselheiros", "advisers" ou "cortesa(o)s"!...);

-- a poesia nao e’ o lugar natural do “material”... e’, muito mais, o lugar matricial do “espiritual”, do “infinito” e do “sonho”, mesmo quando mesclado com o "pesadelo"...;

-- a poesia nao se presta a comodificacao, a coisificacao, a objectificacao, a plastificacao ou ao artificialismo, nem ao espectaculo ostentatorio, imediatista, bacoco, exibicionista, mediatico, competitivo e barulhento - enfatizemos: embora essas duas figuras possam porventura coincidir em alguns (raros) casos, ser poeta (ou poetisa, como certamente preferem apesar disto...) nao significa ser "declamador/a"!

-- a poesia exige honestidade e respeito – e para tal requer auto-respeito: mesmo quando, como aqui, aqui, ou aqui, lhe da’ para responder ao "call of the wild", "perder as estribeiras" e “gritar”, “espernear” e “explodir”, em geito de hiphop, aparentemente em todas as direccoes, e fazer “tabua rasa” e “terra queimada” de todas as normas estilisticas da dita “poesia convencional”... apenas para melhor trazer "uma certa verdade nua e crua", ainda que apenas parcial e relativa, ao de cima: e' que a "poesia pura e dura" nao se da' la' muito bem com a "mentira"!... E nisso consiste um dos atributos essenciais que a devem caracterizar, a par da "integridade": a "autenticidade"!

-- a poesia e' um pouco como a "Mulher" de Vinicius de Moraes: "tem que ter qualquer coisa que chora, qualquer coisa que sente saudade"!... Ao que eu acrescentaria: tem que ter ALMA!

ii) Quem se pretende "antologiador/a" ou "critico/a literario" deve adoptar como seu principio "etico-deontologico" fundamental primar pelo maximo rigor e objectividade possiveis na avaliacao das obras sobre as quais se debruca - quando tal lhe for "absolutamente impossivel" por "conflitos politico-ideologicos", "incompatibilidades pessoais e/ou de interesses", ou por qualquer outra razao, deve, moral e profissionalmente, abster-se de o fazer;

iii) Quem se pretende “promotor da literatura e do habito da leitura”, tem que, no minimo, ser capaz de demonstrar que cultiva tal habito desde muito cedo na vida – ou, caso por qualquer infortunio nao o tenha podido fazer desde a infancia, que o faz consistente e humildemente desde que lhe foi possivel comecar a cultivar tal habito (... mais vale tarde do que nunca!...), para que a certa altura possa, confidentemente:

-- discorrer com alguma congruencia e credibilidade sobre os livros, autores ou correntes literarias que mais o/a influenciaram ou marcaram na vida e, talvez mais importante do que isso, ser capaz de demonstrar os seus habitos de leitura atraves da qualidade da sua escrita (... mesmo que, como eu, ainda continue a dar alguns “pontapes” na lingua de Camoes e, ja’ agora, tambem na de Shakespeare...) – e’ que “qualidade” nem sempre significa necessariamente “perfeicao” (ou, dito de outro modo, “o optimo pode ser inimigo do bom”...), especialmene quando se “recebeu” a lingua em que se expressa em “segunda” ou “terceira” mao...

Tendo dito isso, convira’ nao perder de vista que “qualidade”, especialmente em poesia, nao se resume a “estetica formal”, mas (… e antes que me esqueca, aproveito para chamar a atencao de alguns dos ‘destinatarios’ desta mukanda para a diferenca entre ‘mas’ e ‘mais’ – que, propositadamente, nao vou aqui explicar, deixando-o como um, ha’ muito atrasado(!), “trabalho de casa”...) ‘cava mais fundo’ nos labirintos da “criacao literaria” ate' chegar 'a profundidade da “etica humanistica” (... a nao ser confundida com o estranho, suspeito, escorregadio e perigoso conceito de “etico-ideologico” recentemente introduzido no “nosso imaginario criativo” por uma certa “douta literato-cientifica e catedratica, tambem 'mae da negritude branca lusofona pos-colonial'” - ... la' dizia Chomsky: "O papel historico dos intelectuais, se olharmos tao longe quanto pudermos no passado, infelizmente tem sido o de apoiar os sistemas de poder e justificar as suas atrocidades"!) ... e aqui atrevo-me a sugerir, "sabendo bem o que me espera!", que tera' sido uma certa "etica ideologica", legitimadora de uma certa "violencia revolucionaria", que tera' permitido que "medidas de caracter profilatico" como o 27 de Maio de ma' memoria acontecessem sob a presidencia e o "olhar silencioso" de um poeta como Agostinho Neto... enquanto, a contrario, tera' sido uma certa "etica humanistica", historicamente percussora dos contemporaneos "movimentos civicos anti-totalitarios" que tera' levado um poeta como Vaclav Havel a fazer o percurso que fez!...), onde, by the way, “criar” tambem se faz, e sobretudo (!), “com os olhos molhados” ... [*]

Igualmente a nao perder de vista deve ser o entendimento de que, embora a "massificacao cultural" nao seja de todo um objectivo objeccionavel, ha' que ser-se criterioso nos meios para se a obter, porque um facto incontornavel e' que: se e' certo que, ocasionalmente, da quantidade pode brotar "cumulativamente" qualidade, the fact remains that os dois conceitos nao se equivalem... Ou, dito de outro modo, "25 poemas + 1" nao sao necessariamente "melhores" do que "25 poemas"!

Para se revelarem "socialmente uteis", a poesia, a literatura e a arte em geral, nao teem que preterir a "essencia" em favor da "efervescencia"... ou a "coerencia" em favor da "aparencia"... ou a "consciencia" em favor da "displicencia"!...

Os livros que, ao longo da Historia da Literatura - que nao inclui apenas "best sellers"... -, alcancaram "sucesso", nao o obtiveram apenas pela sua "promocao" ou "marketing" atraves de t-shirts ou pelo seu volume de vendas, nem pelos seus autores terem feito cursos de "creative writing" directamente ou pela internet... mas pela "dimensao" ("medida" nao apenas pelo numero de paginas...), "profundidade", "criatividade", "originalidade" e "relevancia" do seu "conteudo"!...


iv) Quem se pretende “porta-estandarte” da arte, deve pelo menos saber minimamente o que e’ a arte, senao num sentido estritamente academico e super-sofisticado ou elitista, pelo menos num sentido vivencial e existencial. Ou seja:

-- deve, pelo menos, procurar ter algum contacto, directo ou indirecto, com os artistas, os processos criativos e os produtos artisticos para os poder perceber e apreciar;

-- deve, pelo menos, cultivar o habito de frequentar ateliers de arte e exposicoes artisticas e ir, sempre que possivel, a museus e galerias de arte, dentro ou fora do pais, para sobre a arte poder discernir e ser capaz de a avaliar ou criticar;

-- deve tambem expor o mais possivel os seus sentidos a um leque diversificado de manifestacoes artisticas, populares e/ou eruditas, desde a musica, a danca, ao teatro e ao cinema, para melhor e mais criteriosa e conscientemente as poder fruir, recomendar, praticar, replicar ou emular;

-- e deve fazer tudo isso sem deixar de estar de olhos e "pulsoes" abertos aos estimulos da natureza, da sociedade e do mundo que o rodeia, local e globalmente;


v) Quem se pretende "critico musical", seja de que genero for, deve, no minimo, ter alguma formacao formal em musica;


vi) Quem pertenca as “novas geracoes” (sejam elas economicas, profissionais, academicas, politicas, jornalisticas, culturais, artisticas, literarias, ou outras) deve tentar, o mais possivel, nao deixar de respeitar os “mais velhos” – os que vieram antes de nos, que nos permitiram ser quem somos e nos abriram ou mostraram “um qualquer caminho”, mesmo que “nos tenha dado” para seguir outro completamente diferente...
E por "respeito" - que, em qualquer caso, quanto a mim e' apenas "devido" na exacta medida em que tais "mais velhos" se saibam fazer respeitar! - nao pretendo significar apenas "reverencia" cega e menos ainda "subserviencia" acritica (pois que tal postura seria intrinsecamente "reaccionaria" porque impeditiva da "mudanca de geracoes" e da "evolucao" - mesmo que apenas "na continuidade"...), mas sobretudo "reconhecimento":

-- no que me diz pessoalmente respeito e em relacao a minha “vida literaria”, por 'incipiente' que seja e embora ate' agora ela nao me tenha trazido muito mais do que dissabores e inimigos, nao posso deixar de estar eternamente grata a Manuel Rui Monteiro, Luandino Vieira, Costa Andrade "Ndunduma", Ruy Duarte de Carvalho e Aires de Almeida Santos, por terem “insuflado vida” (ainda que "precaria"), e alguns deles “de olhos vendados”, ao que, de outro modo, muito provavelmente nao teria passado de um “nado morto”, um “festim para vulto/as esquizofrenico/as e pornografo/as” e racistas de todas as latitudes, um “repasto para sordido/as fantasistas e lugubres pervertido/as” e invejosos de todas as especies e (baixos) coturnos, ou um livro de receitas para “kuribotices de velhotas, velhacas, bruacas e ressabiadas mulherzinhas de domingo”!...

A esses nomes gostaria de acrescentar, embora por razoes diferentes, mas relacionadas, um outro: o de Artur Pestana "Pepetela" - por um daqueles "nadas" que, em certas circunstancias, podem significar "tudo". Conto:
Uma vez, pouco depois do lancamento do meu livro, durante um jantar em casa do entao Adido Cultural da Embaixada de Portugal em Angola, Armando Marques Guedes, em que uma das convivas era a Sra. Professora, a dada altura o anfitriao referiu-se a mim como uma "intelectual", ao que a Sra. Professora imediatamente lhe retorquiu desdenhosamente: "... intelectual, intelectual... eu digo-lhe quem sao os intelectuais angolanos - um dia destes faco-lhe uma lista"!... Bom, aquilo foi, obviamente, o suficiente para me "calar" para o resto do jantar - mesmo porque aprendi de pequena que nao se deve falar enquanto se come... Mas, as tantas, como que a tentar "provar a sua tese", ela vira-se para mim e diz, com a sua irrepressivel agressividade: "Entao? Estas muito calada! Nao dizes nada porque?!"... E antes que eu lhe pudesse responder o que quer que seja, o Pepetela (a.k.a. "o mais elevado dos espiritas"), muito sensivel, serena e civilizadamente, disse-lhe algo como: "Mas sao assim mesmo os poetas, muito mais silenciosos, introspectivos e observadores do que faladores"... E so' por isso, tambem lhe fiquei eternamente grata!

E, ja' agora, essa memoria leva-me aonde tudo comecou: foi durante um convivio com um grupo de artistas brasileiros em Luanda, durante o qual me vi envolvida numa animada conversa sobre 'cultura' - ja' nao me lembro exactamente qual era o tema especifico. 'As tantas, um dos meus interlocutores diz-me isto: "Poxa, voce fala como uma professora da Sorbonne!... Voce esta' me fazendo sentir como "o po' do coco' do cavalo do bandido!" Bom, depois das inevitaveis gargalhadas, o Manuel Rui Monteiro, que eu conhecera alguns anos antes na Faculdade de Letras do Lubango e que estava sentado ao meu lado, disse-me que "queria ver o que eu escrevia"... Perguntei-lhe "como e' que ele sabia que eu escrevia", ao que ele: "escreve, escreve de certeza... va' la', mostre-me que eu quero ver". E, assim, alguns dias depois mostrei-lhe alguns dos meus poemas... e foi assim que este 'pesadelo' que estou com ele ate' hoje comecou!...

E, ja’ agora, por falar na Faculdade de Letras do Lubango, impoe-se-me a mencao de um outro nome: o de Arlindo Barbeitos, que la’ foi meu professor de Historia de Africa. Todavia, por razoes que prefiro nao pormenorizar aqui - sobretudo para que nao sejam confundidas com outras questoes que marcaram de forma polemica a sua docencia naquela faculdade e com as quais nada tive a ver -, o nosso relacionamento professor-aluna foi tudo menos “facil”, para dizer o minimo… De tal maneira que acabei sendo, efectivamente, muito mais aluna de um outro professor daquela disciplina, de origem Bakongo, a quem peco aqui as minhas sinceras desculpas por me ter esquecido do seu nome.
Porem, Barbeitos continuou sendo o regente da cadeira e responsavel por todos os testes e avaliacoes de todos os alunos, incluindo os do outro professor. Entao, apenas para abreviar a historia, no teste final ele deu-me a mais alta classificacao e como eu nao ia as aulas dele, mandou-me chamar. Quando la’ fui, ele pediu-me que me levantasse e fez-me um grande elogio perante todos os alunos, exaltando a minha “inteligencia” e o conhecimento demonstrados atraves da qualidade da minha participacao nas aulas e naquele e noutros testes que eu tinha prestado durante o ano que frequentei naquela faculdade.
Assim, onde antes so’ havia “gelo” passou a haver algum calor humano, amizade e respeito mutuo… De tal maneira que, quando alguns anos depois nos cruzamos pela primeira vez numa rua de Luanda, foi ele que me reconheceu do outro lado da rua, chamou-me e fez-me uma grande festa!
Anos mais tarde, quando ja’ me encontrava a estudar em Lisboa, recebi de uma editora italiana um postal dizendo que lhes tinha sido recomendada pelo Arlindo Barbeitos e que estavam interessados em publicar os meus poemas. Mas, infelizmente, por razoes que aqui se podem descortinar, naquela altura eu queria tudo "menos falar, ou ouvir falar, dos meus poemas", pelo que preferi nao prosseguir aquele contacto.
Mas aqui deixo os meus agradecimentos ao professor, historiador, escritor e poeta Arlindo Barbeitos, autor de "Angola, Angole, Angolema".

And last, but by no means least, o meu agradecimento a minha Professora de Portugues no Liceu Feminino de Luanda, Maria Luisa Dolbeth e Costa.


vii) Quem se considera "intelectual", deve pelo menos evidenciar algumas das caracteristicas delineadas nas definicoes aqui apresentadas.


Finalmente, mas nao menos importante:

viii) Quem se pretende “moderna, progressista e democraticamente inserido no actual mundo competitivo” em que vivemos, local e globalmente, tem que ser efectivamente capaz de “competir honestamente” em "mercado aberto" e em "pe de igualdade", seja no mercado de trabalho, seja noutras esferas da vida economica, social, politica, academica ou cultural, e de "vencer" por "merito proprio". Ou seja:

-- nao se pode, pura e simplesmente, valer do nome, da cor da pele, do dinheiro, das casas, dos carros e outros bens materiais ou imateriais, ou das portas que lhe foram abertas pelos seus pais, ou outros familiares ou amigos, numa determinada empresa ou circulo cultural, economico, politico ou social e considerar-se por isso tao ou mais “lutador”, "capaz", “merecedor”, “bem sucedido” ou “vencedor” do que outros, da sua ou de outras geracoes, que nunca beneficiaram de tais “herancas”, previlegios, facilidades, vantagens e oportunidades!...

Caso os preceitos (ou, se se preferir, “valores e principios”) acima enunciados nao sejam observados, minima ou parcialmente que seja, e aqui diria por “todas as geracoes” (!), por mais “ginwinos” e “bem intencionados” que sejam os seus esforcos e iniciativas, correrao sempre o risco de ser retratados e catalogados como “aqueles que venhem do Roque Santeiro para as escadarias da UEA apenas em busca de ascensao social” (!), como o fez numa outra ocasiao o autor do artigo que me serviu de mote a estas “mukandas”...

Eu di-lo-ia de outro modo: ainda que nao venham do "Roque Santeiro", nem estejam apenas em busca de "ascensao social" [poderao, por exemplo, vir de Viana, da Vila Alice, do Kinaxixe, do Bairro Popular, da Maianga, ou mesmo do Alvalade, da Marginal, do 'Quartier Latin' ou do Bairro Alto, para as escadarias e quintais  da permissiva e promiscua "comuna 'libertinaria' neoliberal" da Cidade Alta em busca de "proximidade ao poder" e do "menos congestionado" trafico de influencias e de "fontes de informacao" para os "novos jornais" da praca, e.g. sobre "partes da historia do MPLA", que esse lugar proporciona, ou, especialmente no caso dos "rapazes" e "raparigas" que nunca tiveram forca suficiente para pegarem numa catana ou numa enxada para sairem do conforto das ruas asfaltadas da capital e irem para o campo contribuir para a "resolucao dos problemas do povo", ou a coragem necessaria para pegarem em armas e irem para uma frente de combate defender os "seus ideais", a ilusao de que (tambem) o fizeram... - o que tambem nao e' mais do que buscar "ascensao social" ... o que quer que isso seja ...], continuarao eternamente, ou pelo menos por muito tempo, sem passar das "escadarias da UEA", mesmo que nela consigam entrar e sentar-se, sob o signo dos seus neofitos '7 egos', 'aquela mesa central com o poema "Criar" de Agostinho Neto no background!... E isto servira' especialmente aos que para la' entram com certo tipo de "declaracoes acintosas" como as aqui descritas!...

Em suma, como aqui afirmava ha’ dias, e embora ninguem se possa reclamar “perfeito”, especialmente quando as suas "medidas de caracter profilatico" (ou "pornografico"?) especialmente formuladas para "as classes mais baixas", resultam em casos como este, e muito particularmente numa “sociedade doente” como a Angolana:
e’ tudo uma questao de INTEGRIDADE MORAL, HONESTIDADE INTELECTUAL, EDUCACAO E CARACTER!




[*]

P.S.


Apenas dois exemplos de “etica ideologica” em accao:

1. Jose’ Agostinho, dirigente da JMPLA e musico dos primordios da Dipanda, cantou uma cancao com esta letra:

(…)
E’ preciso fazer a guerra
Para acabar com a guerra
E’ bom ver disparar
E disparar tambem
E’ bom ver morrer
E’ bom quase morrer
Para melhor compreender
E perceber
Que e’ preciso fazer a guerra
Para acabar com a guerra

(…)

2. As criancas da OPA (Organizacao dos Pioneiros Angolanos), com idades compreendidas entre os 5/6 e 12/13 anos, no mesmo periodo cantavam uma cancao que rezava assim:

(…)
Eu vou morrer em Angola
Com armas de guerra na mao
Granada sera’ meu caixao
Enterro sera’ na patrulha

(…)

- Ora, dir-se-ha’ que, em ambos os casos, se tratavam de “normais” cancoes de guerra – nada inedito, extraordinario, nem “eticamente reprovavel”: afinal, todas as guerras acabam por criar os seus proprios “cancioneiros” auto-justificativos. E, dependendo de quem justifica a guerra pos-independencia e com que pressupostos ideologicos o faz, dir-se-ha’ ate’ que a cancao de Jose’ Agostinho acabou, a posteriori por ser “vindicada” pelo desfecho que aquela guerra teve faz agora 10 anos!...

Portanto, ate’ ai, podera’ dizer-se que, do ponto de vista ideologico, “ta’ tudo bem”!...

Mas, e’ do ponto de vista humanistico que comecam os problemas:

- Sera’, antes de mais, a guerra, qualquer guerra, em si mesma “eticamente justificavel” em todas as circunstancias?
- Em ambos os casos, tratavam-se de cancoes destinadas a “condicionar psicologicamente” as criancas e os jovens para a aceitacao da e a participacao na guerra. E, sendo certo que longe estavam ainda os tempos das actuais campanhas internacionais contra o uso de “criancas soldado” em qualquer guerra, nao era a cancao da OPA contraria aos principios da Declaracao Universal dos Direitos da Crianca ja’ entao internacionalmente consagrados e desenvolvidos ao longo das decadas?

Essas apenas duas das questoes fundamentais que, numa primeira abordagem, apelam ao conceito de “etica humanistica” como moralmente superior ao de “etica ideologica”.

Mas, passada essa primeira abordagem, o terreno escorragadio em que se move a “etica ideologica”, veio a revelar-se ainda mais perturbador em ambos os casos:

- Jose’ Agostinho acabou por ser executado pouco depois da Dipanda, na orgia de “violencia revolucionaria” que se seguiu ao 27 de Maio de 1977… e aqui nao poso deixar de me “espantar”, mais uma vez, com a minha “ingenuidade” em relacao aos acontecimentos e personagens a volta daquela tragedia: so’ muito recentemente me foi confirmado que esse foi efectivamente o seu destino, porque naqueles dias disseram-nos, a alguns de nos entao militantes da Jota (... ou seria da "Mocidade Portuguesa"?...), que ele tinha morrido de “uma indigestao causada por uns camaroes improprios para consumo que tinha comido”… e eu sempre acreditei nisso… ate’ muito recentemente!...

- Do “destino” de muitos pioneiros da OPA, e especialmente daqueles que realmente andaram de armas na mao (verdadeiras ou de pau) e muitos dos quais foram servir de "carne para canhao" nas frentes de combate, talvez o caso mais paradigmatico seja o do “menino da bandeira”, Diniz Kanhanga, aqui relatado!... Enquanto outros, como este, viriam a ser vitimados por certas "medidas artisticas de caracter profilatico" (ou "pornografico")?!...

Enfim, em ambos os casos estamos perante facetas e simbolos da historia de duas geracoes ("de idiotas"?) kruxifikadas pela "violencia revolucionaria" de uma certa "etica ideologica"...

Enfim, em ambos os casos estamos perante facetas da historia de duas geracoes ("de idiotas"?) kruxifikadas pelas "medidas de caracter profilatico" de uma certa "etica ideologica"...

E isso para falar apenas de dois exemplos da “etica ideologica” aplicada ao “nosso contexto”, porque poderiamos discuti-la mais alargadamente nos contextos da ideologia Nazi, ou da Stalinista, ou ainda da que (qualquer que seja a designacao que se lhe de) subjaz as mais recentes guerras do Iraque e Afeganistao… so’ para citar esses “exemplos maiores”!...




ADENDA


“... que alguem lhes conte uma historia, umazinha so’…”


Pois, noblesse et sagesse oblige, conto:


“A Minha Amiga”






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Abaixo o Racismo?!... Abaixo!!!

Saturday, 10 December 2011

No Dia Internacional Dos Direitos Humanos: 'DENUNCIA PUBLICA' contra Reginaldo Silva





The Internet must be free but handled with care

The internet should remain an open and free forum, accessible to all at any time. However, there is also a common view that the extraordinary freedom of expression offered by the internet carries with it additional responsibilities which has to be accepted by everybody – governments, individuals and by the companies providing the social media platforms.

Consensus reached at the special event on Social Media and Human Rights 2011
[here ]




Human rights belong to every one of us without exception. But unless we know them, unless we demand they be respected, and unless we defend our right -- and the right of others -- to exercise them, they will be just words in a decades-old document.
Ban Ki-moon - UN Secretary General

The observance of human rights and the requirement that they be given effect require us to conduct a thorough examination of our conscience. Whenever human rights are on the retreat, in our cities’ streets and in the corridors of administrative bodies, the decline is universal. Whatever the circumstances or complexity of the challenges that we face, the observance of human rights is not negotiable. It rests on quality education that disseminates the values of tolerance and understanding. Freedom of expression is the cornerstone of this struggle.
Irina Bokova - UNESCO Director General

In 2011, the very idea of “power” shifted. During the course of this extraordinary year, it was wielded not just by mighty institutions in marble buildings, but increasingly by ordinary men, women, and even children, courageously standing up to demand their rights. In the Middle East and North Africa, many thousands have paid with their lives, and tens of thousands have been injured, besieged, tortured, detained, and threatened, but their newfound determination to demand their rights has meant they are no longer willing to accept injustice.
(...)
The message of this unexpected global awakening was carried in the first instance not by the satellites of major media conglomerates, or conferences, or other traditional means – although these all played a role -- but by the dynamic and irrepressible surge of social media. The results have been startling.

Navi Pillay - UN High Commissioner for Human Rights





= DENUNCIA PUBLICA =
Contra o "Jornalista" Reginaldo Silva


Afirmei aqui ha dias que tenho em preparacao uma QUEIXA CRIME formal contra o "jornalista" mencionado em epigrafe.
Desde entao tenho vindo a obter o necessario aconselhamento juridico para o efeito, do que, ate' ao momento, resultou essencialmente que algumas razoes de ordem burocratica tornam tal queixa praticamente inviavel de momento, nomeadamente:

- A circunstancia de me encontrar a residir actualmente fora de Angola;
- A falta de cabimentacao juridica para a criminalizacao dos actos do citado "jornalista", registados no seu blog "morrodamaianga.blogspot.com", devido a ainda pendente aprovacao, regulamentacao e implementacao das propostas de lei constantes, respectivamente, dos pacotes legislativos da Comunicacao Social e do Combate a Criminalidade no Dominio das Tecnologias de Informacao e de Comunicacao pelas instancias competentes de Angola.

Afinal, trata-se de um pais em que a propria Ministra da Comunicacao Social admite que: “A falta de uma entidade reguladora do sector que garanta a ética jornalística e o cumprimento da legislação aplicável ao sector será, também, um dos motivos facilitadores de alguns atropelos, que podemos associar à deficiente ou ausência de formação que grande parte dos quadros do sector padece”, como se pode ler aqui.

Todavia, perversamente, e' o "outro lado da moeda" das mesmas declaracoes da Ministra que concede aos "jornalistas" como RS o sentido de impunidade com que venhem atacando e destruindo ferozmente pessoas indefesas como eu: “(...) a resposta continua a ser a luta por uma imprensa plural, isenta, livre e responsável e a insistência no diálogo construtivo com todos os profissionais do sector, o reforço da iniciativa privada e a aposta crescente numa política de formação estruturada para todos os intervenientes”. Ou, dito de outro modo, "os 'jornalistas' podem continuar a cometer os crimes que bem quizerem e entenderem sem temerem qualquer punicao, porque mesmo que matem e esfolem como RS tem vindo a fazer "alegremente" a Paula Santana, a nossa resposta continua a ser o dialogo"! Nao foi, alias, por acaso, que esse foi apenas o unico extracto dessas declaracoes da Ministra que RS destacou nas "headlines" do seu blog...

Assim, vejo-me forcada a suspender temporariamente a submissao formal da minha intentada QUEIXA CRIME, ate' que tais impedimentos burocraticos sejam ultrapassados.

Enquanto isso - e em assinalacao do Dia Internacional dos Direitos Humanos que hoje se comemora e que este ano e' especialmente dedicado a luta pela DIGNIDADE E JUSTICA PARA TODOS, em particular atraves dos 'social media' - decidi-me a apresentar aqui em forma de DENUNCIA PUBLICA os fundamentos materiais da minha pendente queixa crime.

[Aqui]





The Internet must be free but handled with care

The internet should remain an open and free forum, accessible to all at any time. However, there is also a common view that the extraordinary freedom of expression offered by the internet carries with it additional responsibilities which has to be accepted by everybody – governments, individuals and by the companies providing the social media platforms.

Consensus reached at the special event on Social Media and Human Rights 2011
[here ]




Human rights belong to every one of us without exception. But unless we know them, unless we demand they be respected, and unless we defend our right -- and the right of others -- to exercise them, they will be just words in a decades-old document.
Ban Ki-moon - UN Secretary General

The observance of human rights and the requirement that they be given effect require us to conduct a thorough examination of our conscience. Whenever human rights are on the retreat, in our cities’ streets and in the corridors of administrative bodies, the decline is universal. Whatever the circumstances or complexity of the challenges that we face, the observance of human rights is not negotiable. It rests on quality education that disseminates the values of tolerance and understanding. Freedom of expression is the cornerstone of this struggle.
Irina Bokova - UNESCO Director General

In 2011, the very idea of “power” shifted. During the course of this extraordinary year, it was wielded not just by mighty institutions in marble buildings, but increasingly by ordinary men, women, and even children, courageously standing up to demand their rights. In the Middle East and North Africa, many thousands have paid with their lives, and tens of thousands have been injured, besieged, tortured, detained, and threatened, but their newfound determination to demand their rights has meant they are no longer willing to accept injustice.
(...)
The message of this unexpected global awakening was carried in the first instance not by the satellites of major media conglomerates, or conferences, or other traditional means – although these all played a role -- but by the dynamic and irrepressible surge of social media. The results have been startling.

Navi Pillay - UN High Commissioner for Human Rights





= DENUNCIA PUBLICA =
Contra o "Jornalista" Reginaldo Silva


Afirmei aqui ha dias que tenho em preparacao uma QUEIXA CRIME formal contra o "jornalista" mencionado em epigrafe.
Desde entao tenho vindo a obter o necessario aconselhamento juridico para o efeito, do que, ate' ao momento, resultou essencialmente que algumas razoes de ordem burocratica tornam tal queixa praticamente inviavel de momento, nomeadamente:

- A circunstancia de me encontrar a residir actualmente fora de Angola;
- A falta de cabimentacao juridica para a criminalizacao dos actos do citado "jornalista", registados no seu blog "morrodamaianga.blogspot.com", devido a ainda pendente aprovacao, regulamentacao e implementacao das propostas de lei constantes, respectivamente, dos pacotes legislativos da Comunicacao Social e do Combate a Criminalidade no Dominio das Tecnologias de Informacao e de Comunicacao pelas instancias competentes de Angola.

Afinal, trata-se de um pais em que a propria Ministra da Comunicacao Social admite que: “A falta de uma entidade reguladora do sector que garanta a ética jornalística e o cumprimento da legislação aplicável ao sector será, também, um dos motivos facilitadores de alguns atropelos, que podemos associar à deficiente ou ausência de formação que grande parte dos quadros do sector padece”, como se pode ler aqui.

Todavia, perversamente, e' o "outro lado da moeda" das mesmas declaracoes da Ministra que concede aos "jornalistas" como RS o sentido de impunidade com que venhem atacando e destruindo ferozmente pessoas indefesas como eu: “(...) a resposta continua a ser a luta por uma imprensa plural, isenta, livre e responsável e a insistência no diálogo construtivo com todos os profissionais do sector, o reforço da iniciativa privada e a aposta crescente numa política de formação estruturada para todos os intervenientes”. Ou, dito de outro modo, "os 'jornalistas' podem continuar a cometer os crimes que bem quizerem e entenderem sem temerem qualquer punicao, porque mesmo que matem e esfolem como RS tem vindo a fazer "alegremente" a Paula Santana, a nossa resposta continua a ser o dialogo"! Nao foi, alias, por acaso, que esse foi apenas o unico extracto dessas declaracoes da Ministra que RS destacou nas "headlines" do seu blog...

Assim, vejo-me forcada a suspender temporariamente a submissao formal da minha intentada QUEIXA CRIME, ate' que tais impedimentos burocraticos sejam ultrapassados.

Enquanto isso - e em assinalacao do Dia Internacional dos Direitos Humanos que hoje se comemora e que este ano e' especialmente dedicado a luta pela DIGNIDADE E JUSTICA PARA TODOS, em particular atraves dos 'social media' - decidi-me a apresentar aqui em forma de DENUNCIA PUBLICA os fundamentos materiais da minha pendente queixa crime.

[Aqui]

Thursday, 8 December 2011

Curioso...



... Quando escrevi isto, estava longe de saber isto que, por mero acaso, descobri ontem:




Celebrar mais um aniversario é sempre motivo de grande satisfação para qualquer ser humano. Mas quando este momento acontece a 37 mil pés a bordo de uma aeronave do tipo Boeing 777-300 matriculada como tango-eco-hotel, conhecida como welwitschia, a satisfação é ainda maior. Aconteceu no dia 20 de Outubro na rota São-Paulo-Luanda, quando membros da tripulação surpreenderam a passageira Carolina Cerqueira, ministra da Comunicação Social, com um bolo de aniversário e convidaram-na a apagar as velas. Estava tudo preparado pela equipa de serviço de bordo, composta pela supervisora Carolina Prata e o comissário Gentil Silveira. A surpresa não ficou por aí. O comandante Araújo Vasconcelos e o piloto Tukayana Fernandes fizeram as honras da casa e convidaram a aniversariante a visitar o cockpit do avião e explicaram com a competência requerida todos os pormenores técnicos que contribuem para uma ligação tranquila entre S. Paulo e Luanda. Emocionada, a ministra da Comunicação social agradeceu o gesto e na sua forma coloquial afirmou: “A TAAG está a mudar”. Vários passageiros associaram-se à iniciativa e cantaram parabéns a mulher a quem foi confiada a missão de colocar a comunicação social ao serviço da cidadania. Gente não quis ficar de fora e junta a sua voz para desejar à aniversariante longa vida e sucessos na sua nobre missão.

[aqui]

...




O que me fez revisitar os meus "arquivos da memoria", onde desencantei este postal desta outra Ministra...




... Quando escrevi
isto, estava longe de saber isto que, por mero acaso, descobri ontem:




Celebrar mais um aniversario é sempre motivo de grande satisfação para qualquer ser humano. Mas quando este momento acontece a 37 mil pés a bordo de uma aeronave do tipo Boeing 777-300 matriculada como tango-eco-hotel, conhecida como welwitschia, a satisfação é ainda maior. Aconteceu no dia 20 de Outubro na rota São-Paulo-Luanda, quando membros da tripulação surpreenderam a passageira Carolina Cerqueira, ministra da Comunicação Social, com um bolo de aniversário e convidaram-na a apagar as velas. Estava tudo preparado pela equipa de serviço de bordo, composta pela supervisora Carolina Prata e o comissário Gentil Silveira. A surpresa não ficou por aí. O comandante Araújo Vasconcelos e o piloto Tukayana Fernandes fizeram as honras da casa e convidaram a aniversariante a visitar o cockpit do avião e explicaram com a competência requerida todos os pormenores técnicos que contribuem para uma ligação tranquila entre S. Paulo e Luanda. Emocionada, a ministra da Comunicação social agradeceu o gesto e na sua forma coloquial afirmou: “A TAAG está a mudar”. Vários passageiros associaram-se à iniciativa e cantaram parabéns a mulher a quem foi confiada a missão de colocar a comunicação social ao serviço da cidadania. Gente não quis ficar de fora e junta a sua voz para desejar à aniversariante longa vida e sucessos na sua nobre missão.

[aqui]

...




O que me fez revisitar os meus "arquivos da memoria", onde desencantei este postal desta outra Ministra...


Tuesday, 6 December 2011

Gostei de ler... (2) [*]



É preciso acreditar

[…]

A minha paixão por Luanda começou em criança, na Vila Alice, um bairro que combinava burgueses com ferroviários, funcionários públicos, comerciantes, famílias tradicionais, passantes, revolucionários, artistas, mestres, e até militares que enlouqueciam nos campos de batalha. O bairro, diziam, tinha as meninas mais bonitas de Luanda. E os desportistas mais esforçados, que mais tarde brilharam no basquetebol ao serviço do clube do bairro vizinho: Vila Clotilde.
Dividi a infância com as ruas do Bairro Operário, onde a minha avó me ensinou a amar a terra e a viver com os poros encostados ao chão de areia e onde fugi da primeira “berrida” da Polícia Militar. Foi ali que conheci outra Luanda, mais autêntica, menos vaidosa e, apesar de tudo, mais livre. A cidade para além da fronteira do asfalto, mas com as ruas poeirentas abertas à cultura e cada casa encerrando mistérios de combinas nacionalistas ou acolhendo amores fatais.
[…]
E Luanda sabe a mangas madurinhas, a cajus sumarentos e a figos da índia derrubados à fisga. Luanda sabe a maresia e aos almoços de sábado debaixo da mandioqueira de um quintalão do Bairro Operário, do Marçal, do Sambizanga, do Catambor. Luanda tem tantos gostos e tantos encantos que precisava de mil páginas para descrevê-los. E de mais espaço ainda para lhe fazer a declaração de amor que merece.
Esta é a cidade que sobreviveu ao rolar dos séculos e continua viva e jovem como no primeiro dia em que foi posta a primeira pedra numa casa qualquer na base do monte de S. Miguel, à vista da Ilha do Cabo e aos pés da Baía. É preciso preservar a brisa fresca que começa a soprar ao fim da tarde e envolve a cidade num manto de luar. Temos de guardar as pedras que marcam os séculos e os caminhos que os luandenses de outras eras percorreram, levando a cidade até às portas do paraíso. Temos de curar as feridas no seu corpo, provocadas pela pressão humana. É uma missão difícil mas que vai encher de orgulho todos os que a levarem a cabo.

[aqui]



Imaginar o impossível

Imaginem que os nossos partidos políticos trabalhassem sempre para conseguirem consensos, sem abandonar a luta.
Imaginem que os deputados se portassem como verdadeiros representantes da Nação legitimados pelo voto popular e representantes dos que confiaram na sua mensagem política.
Imaginem que alguns dos nossos investigadores e intelectuais passavam a vida à procura de soluções para os graves problemas que ainda enfrentamos.
[…]
Imaginem que a comunicação social só dava notícias confirmadas, rigorosas, verdadeiras e jamais atentava contra a honra e o bom-nome de pessoas e instituições, em vez de fazer julgamentos na praça pública, publicar manchetes que são autênticos assassinatos de carácter.
[…]
Imaginem que os saudosistas dos impérios coloniais um dia acordam e resolvem pedir desculpas pelo sofrimento infinito que causaram aos povos colonizados, em vez de continuarem a portar-se como capatazes, armados com o chicote da mentira, da calúnia e da infâmia.
Imaginem que Angola era tratada e respeitada por certos jornalistas que montaram banca no negócio da intriga, como nós, apesar de tudo, os respeitamos, ainda que partindo do princípio de que não têm dimensão para considerarmos as suas infelizes existências.

[aqui]


*[E so' por isso (well... e, em retrospectiva, tambem por isto e pelo comentario relacionado que aqui fiz) decidi retira-lo da lista dos acusados!...]


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Gostei de Ler...(1)

Paula Santana: O Percurso de uma "Predadora"

Bêó

Luanda Azul - Luanda Blues



É preciso acreditar

[…]

A minha paixão por Luanda começou em criança, na Vila Alice, um bairro que combinava burgueses com ferroviários, funcionários públicos, comerciantes, famílias tradicionais, passantes, revolucionários, artistas, mestres, e até militares que enlouqueciam nos campos de batalha. O bairro, diziam, tinha as meninas mais bonitas de Luanda. E os desportistas mais esforçados, que mais tarde brilharam no basquetebol ao serviço do clube do bairro vizinho: Vila Clotilde.
Dividi a infância com as ruas do Bairro Operário, onde a minha avó me ensinou a amar a terra e a viver com os poros encostados ao chão de areia e onde fugi da primeira “berrida” da Polícia Militar. Foi ali que conheci outra Luanda, mais autêntica, menos vaidosa e, apesar de tudo, mais livre. A cidade para além da fronteira do asfalto, mas com as ruas poeirentas abertas à cultura e cada casa encerrando mistérios de combinas nacionalistas ou acolhendo amores fatais.
[…]
E Luanda sabe a mangas madurinhas, a cajus sumarentos e a figos da índia derrubados à fisga. Luanda sabe a maresia e aos almoços de sábado debaixo da mandioqueira de um quintalão do Bairro Operário, do Marçal, do Sambizanga, do Catambor. Luanda tem tantos gostos e tantos encantos que precisava de mil páginas para descrevê-los. E de mais espaço ainda para lhe fazer a declaração de amor que merece.
Esta é a cidade que sobreviveu ao rolar dos séculos e continua viva e jovem como no primeiro dia em que foi posta a primeira pedra numa casa qualquer na base do monte de S. Miguel, à vista da Ilha do Cabo e aos pés da Baía. É preciso preservar a brisa fresca que começa a soprar ao fim da tarde e envolve a cidade num manto de luar. Temos de guardar as pedras que marcam os séculos e os caminhos que os luandenses de outras eras percorreram, levando a cidade até às portas do paraíso. Temos de curar as feridas no seu corpo, provocadas pela pressão humana. É uma missão difícil mas que vai encher de orgulho todos os que a levarem a cabo.

[
aqui]



Imaginar o impossível

Imaginem que os nossos partidos políticos trabalhassem sempre para conseguirem consensos, sem abandonar a luta.
Imaginem que os deputados se portassem como verdadeiros representantes da Nação legitimados pelo voto popular e representantes dos que confiaram na sua mensagem política.
Imaginem que alguns dos nossos investigadores e intelectuais passavam a vida à procura de soluções para os graves problemas que ainda enfrentamos.
[…]
Imaginem que a comunicação social só dava notícias confirmadas, rigorosas, verdadeiras e jamais atentava contra a honra e o bom-nome de pessoas e instituições, em vez de fazer julgamentos na praça pública, publicar manchetes que são autênticos assassinatos de carácter.
[…]
Imaginem que os saudosistas dos impérios coloniais um dia acordam e resolvem pedir desculpas pelo sofrimento infinito que causaram aos povos colonizados, em vez de continuarem a portar-se como capatazes, armados com o chicote da mentira, da calúnia e da infâmia.
Imaginem que Angola era tratada e respeitada por certos jornalistas que montaram banca no negócio da intriga, como nós, apesar de tudo, os respeitamos, ainda que partindo do princípio de que não têm dimensão para considerarmos as suas infelizes existências.

[aqui]


*[E so' por isso (well... e, em retrospectiva, tambem por isto e pelo comentario relacionado que aqui fiz) decidi retira-lo da lista dos acusados!...]


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Bêó

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Thursday, 1 December 2011

Familia, familia... Para que te quero?! (actualizado)



"Os Ceita, uma família em ascenção"



"Com a nomeação de mais um Ceita, desta feita para PCA do BCI, esta família já é, claramente, o novo caso de ascenção/sucesso na vida público-institucional angolana. Depois da EPAL (águas), ENANA (aeroportos) e Instituto Nacional de Estatística (INE), a mais recente nomeação chamou a nossa atenção e deu origem a este apontamento mais "intimo". Afinal de contas a família é a base de qualquer sociedade."
[aqui]

OU

"Camarao que dorme a onda leva!"...

"As trapalhadas que atormentam a gestão da EPAL, uma empresa deficitária, levaram, finalmente, a ministra da Energia e Águas,Emanuela Vieira Lopes, a tomar pela primeira vez uma decisão acertada: mandou repôr os salários dos administradores daquela empresa depois do seu Presidente ter decidido atribuir para si um ordenado na ordem dos 30 mil dólares mensais! Depois de sucessivas denúncias da comissão sindical sobre a fraudulência da sua gestão, que passa pela inclusão de familiares na folha de salários, não há dúvida de que, desta forma, não poderá haver “água para todos”. Um caso para o Tribunal de Contas averiguar."
[in Novo Jornal, edicao no. 201]

... A propostio destas duas versoes desta historia de fulgurante "sucesso familiar" numa sociedade tipo 'Nova Angola' em que, cada vez mais, o nepotismo, o amiguismo, o favoritismo, o cabritismo, o clientelismo, o trafico de influencias e a patronagem ditam as regras da "ascensao social", ocorreu-me revisitar o ultimo relatorio do Forum Economico Mundial aqui recentemente abordado, relativamente a competitividade da economia angolana.

Dele elaborei o grafico abaixo, que revela que Angola regista as piores classificacoes (a excepcao da "confianca do publico nas instituicoes", em que se situa ligeiramente acima do Zimbabwe e da Africa do Sul) comparativamente a outros paises da regiao (aqui usei como sample para a comparacao o Botswana, Mocambique, Africa do Sul e Zimbabwe, mas resultados similares se poderiam obter se se usasem outros paises) para indicadores como:

- Etica e corrupcao
- Desvio de fundos publicos
- Confianca do publico nas instituicoes
- Pagamentos irregulares e "gazoza"
- Favoritismo nas decisoes de oficiais governamentais
- Etica Corporativa
- Responsabilizacao



Enfim ... Um caso para "quem" averiguar?...




ADENDA



Bom... com o anuncio hoje (02/12/11) da exoneracao pelo Presidente da Republica da Ministra da Energia e Aguas, Emanuela Vieira Lopes, tudo leva a crer que “alguem” deve ter “investigado alguma coisa” (… uma vez que os gritos de “bradar aos ceus” contra a ma’ prestacao dos sectores de agua e electricidade sob a tutela do seu ministerio por parte do povo – incluindo, ao que julgo saber por alguns ‘ecos da imprensa angolana’, entre viagens em primeira classe, tournees por Luanda em carros top de gama com 'sapadores' a abrir caminho e conto(a)s de dinheiro a rodos, por pelo menos um membro da familia Ceita… – ha’ muito se fazem ouvir, mas nao pareciam conduzir a nenhuma “luz no fundo do tunel”…) e a sua “primeira decisao acertada” tera’ chegado tarde demais!...

Enfim, triste “fim” para a “historia de sucesso” de uma ministra que no inicio do seu mandato ficou notoria por afirmar algo como “se nao fosse o Presidente da Republica nos nao teriamos a capacidade energetica que temos hoje”!...

[Novo logo da EDEL - "Empresa de Distribuição de Escuridão de Luanda"]


Triste tambem para a politica de “quotas” na luta pela paridade do genero nos orgaos de decisao… E, a este proposito, volto a esta historia e ao meu ja’ “antigo” comentario sobre essa questao, colocado aqui, do qual destaco a seguinte passagem:

"A questao da discriminacao positiva e’ precisamente uma daquelas em que frequentemente “a porca torce o rabo”. Num mundo ideal, isto e’, onde ha leis e politicas nao discriminatorias directa ou indirectamente contra as mulheres e onde elas sao efectivamente implementadas, a discriminacao positiva pode ser ate’ detrimental para a causa das mulheres, porque muitas vezes apenas para se cumprirem ‘quotas de participacao’ no mercado de trabalho ou na vida politica, da-se preferencia a mulheres apenas pela sua condicao feminina e nao pelas suas competencias ou potencialidades, em detrimento de homens mais qualificados e capazes. Quando isso acontece e a mulher escolhida depois ‘nao da conta do recado’ no exercicio das suas funcoes, cria-se nao so animosidade por parte dos homens e da sociedade (onde se destacam muitas vezes as outras mulheres…) mas prejudica-se tambem o proprio principio da discriminacao positiva, o que pode levar a que futuramente mulheres efectivamente mais competentes em determinadas areas e funcoes sejam preteridas em favor de homens tao ou menos competentes. Mas como o mundo nao e’ ideal, o trabalho de advocacia do genero e’ importante no sentido de se criar um quadro juridico-institucional efectivo e eficiente que torne a discriminacao positiva desnecessaria e que garanta que a seleccao seja sempre feita apenas com base na competencia e nao no sexo de cada individuo."

Seja como for, votos de boa sorte ao novo incumbente!


E, ja' agora, mais esta "achega":


in Novo Jornal, edicao #203





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"Preconceitos"

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"Os Ceita, uma família em ascenção"



"Com a nomeação de mais um Ceita, desta feita para PCA do BCI, esta família já é, claramente, o novo caso de ascenção/sucesso na vida público-institucional angolana. Depois da EPAL (águas), ENANA (aeroportos) e Instituto Nacional de Estatística (INE), a mais recente nomeação chamou a nossa atenção e deu origem a este apontamento mais "intimo". Afinal de contas a família é a base de qualquer sociedade."
[aqui]

OU

"Camarao que dorme a onda leva!"...

"As trapalhadas que atormentam a gestão da EPAL, uma empresa deficitária, levaram, finalmente, a ministra da Energia e Águas,Emanuela Vieira Lopes, a tomar pela primeira vez uma decisão acertada: mandou repôr os salários dos administradores daquela empresa depois do seu Presidente ter decidido atribuir para si um ordenado na ordem dos 30 mil dólares mensais! Depois de sucessivas denúncias da comissão sindical sobre a fraudulência da sua gestão, que passa pela inclusão de familiares na folha de salários, não há dúvida de que, desta forma, não poderá haver “água para todos”. Um caso para o Tribunal de Contas averiguar."
[in Novo Jornal, edicao no. 201]

... A propostio destas duas versoes desta historia de fulgurante "sucesso familiar" numa sociedade tipo 'Nova Angola' em que, cada vez mais, o nepotismo, o amiguismo, o favoritismo, o cabritismo, o clientelismo, o trafico de influencias e a patronagem ditam as regras da "ascensao social", ocorreu-me revisitar o ultimo relatorio do Forum Economico Mundial aqui recentemente abordado, relativamente a competitividade da economia angolana.

Dele elaborei o grafico abaixo, que revela que Angola regista as piores classificacoes (a excepcao da "confianca do publico nas instituicoes", em que se situa ligeiramente acima do Zimbabwe e da Africa do Sul) comparativamente a outros paises da regiao (aqui usei como sample para a comparacao o Botswana, Mocambique, Africa do Sul e Zimbabwe, mas resultados similares se poderiam obter se se usasem outros paises) para indicadores como:

- Etica e corrupcao
- Desvio de fundos publicos
- Confianca do publico nas instituicoes
- Pagamentos irregulares e "gazoza"
- Favoritismo nas decisoes de oficiais governamentais
- Etica Corporativa
- Responsabilizacao



Enfim ... Um caso para "quem" averiguar?...




ADENDA



Bom... com o anuncio hoje (02/12/11) da exoneracao pelo Presidente da Republica da Ministra da Energia e Aguas, Emanuela Vieira Lopes, tudo leva a crer que “alguem” deve ter “investigado alguma coisa” (… uma vez que os gritos de “bradar aos ceus” contra a ma’ prestacao dos sectores de agua e electricidade sob a tutela do seu ministerio por parte do povo – incluindo, ao que julgo saber por alguns ‘ecos da imprensa angolana’, entre viagens em primeira classe, tournees por Luanda em carros top de gama com 'sapadores' a abrir caminho e conto(a)s de dinheiro a rodos, por pelo menos um membro da familia Ceita… – ha’ muito se fazem ouvir, mas nao pareciam conduzir a nenhuma “luz no fundo do tunel”…) e a sua “primeira decisao acertada” tera’ chegado tarde demais!...

Enfim, triste “fim” para a “historia de sucesso” de uma ministra que no inicio do seu mandato ficou notoria por afirmar algo como “se nao fosse o Presidente da Republica nos nao teriamos a capacidade energetica que temos hoje”!...

[Novo logo da EDEL - "Empresa de Distribuição de Escuridão de Luanda"]


Triste tambem para a politica de “quotas” na luta pela paridade do genero nos orgaos de decisao… E, a este proposito, volto a esta historia e ao meu ja’ “antigo” comentario sobre essa questao, colocado aqui, do qual destaco a seguinte passagem:

"A questao da discriminacao positiva e’ precisamente uma daquelas em que frequentemente “a porca torce o rabo”. Num mundo ideal, isto e’, onde ha leis e politicas nao discriminatorias directa ou indirectamente contra as mulheres e onde elas sao efectivamente implementadas, a discriminacao positiva pode ser ate’ detrimental para a causa das mulheres, porque muitas vezes apenas para se cumprirem ‘quotas de participacao’ no mercado de trabalho ou na vida politica, da-se preferencia a mulheres apenas pela sua condicao feminina e nao pelas suas competencias ou potencialidades, em detrimento de homens mais qualificados e capazes. Quando isso acontece e a mulher escolhida depois ‘nao da conta do recado’ no exercicio das suas funcoes, cria-se nao so animosidade por parte dos homens e da sociedade (onde se destacam muitas vezes as outras mulheres…) mas prejudica-se tambem o proprio principio da discriminacao positiva, o que pode levar a que futuramente mulheres efectivamente mais competentes em determinadas areas e funcoes sejam preteridas em favor de homens tao ou menos competentes. Mas como o mundo nao e’ ideal, o trabalho de advocacia do genero e’ importante no sentido de se criar um quadro juridico-institucional efectivo e eficiente que torne a discriminacao positiva desnecessaria e que garanta que a seleccao seja sempre feita apenas com base na competencia e nao no sexo de cada individuo."

Seja como for, votos de boa sorte ao novo incumbente!


E, ja' agora, mais esta "achega":


in Novo Jornal, edicao #203





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