Wednesday, 30 June 2010

1960-2010: “The Year of Africa” 50 Years On (VIII)

THIS DAY IN 1960:

Independence was granted to the Congo. A rebel movement freed the Belgian Congo from Belgium.

Joseph Kasavubu became president and Patrice Lumumba prime minister. He made Joseph Mobutu, a young military officer, his private secretary.

Two months after he took power a sub-committee of the US National Security Council authorized the assassination of Lumumba, with Mobutu later becoming president.


THIS DAY IN 2010:

Congolese soldiers, holding Belgian and Congolese flags, take part in a military parade, in Kinshasa.

President Joseph Kabila called today for a "moral revolution" in the Democratic Republic of Congo at ceremonies marking the 50th anniversary of its independence from Belgium.
Congolese should put an end to "attacks on human life and dignity" and in particular the widespread rape that has become a feature of the guerrilla conflicts racking the vast nation, he said. Kabila also singled out "tribalism, regionalism, favouritism, irresponsibility, theft, embezzlement of public property and everything else contrary to values."


[More here]

THIS DAY IN 1960:

Independence was granted to the Congo. A rebel movement freed the Belgian Congo from Belgium.

Joseph Kasavubu became president and Patrice Lumumba prime minister. He made Joseph Mobutu, a young military officer, his private secretary.

Two months after he took power a sub-committee of the US National Security Council authorized the assassination of Lumumba, with Mobutu later becoming president.


THIS DAY IN 2010:

Congolese soldiers, holding Belgian and Congolese flags, take part in a military parade, in Kinshasa.

President Joseph Kabila called today for a "moral revolution" in the Democratic Republic of Congo at ceremonies marking the 50th anniversary of its independence from Belgium.
Congolese should put an end to "attacks on human life and dignity" and in particular the widespread rape that has become a feature of the guerrilla conflicts racking the vast nation, he said. Kabila also singled out "tribalism, regionalism, favouritism, irresponsibility, theft, embezzlement of public property and everything else contrary to values."


[More here]

PAUL KRUGMAN: ECONOMISTA, ACADEMICO, BLOGGER E NOBEL [R]*



Paul Krugman foi, ha’ alguns dias, laureado com o Premio Nobel de Economia de 2008, pela sua “analise de padroes de comercio e localizacao da actividade economica”.

Ele e’, entre outras coisas (e.g. blogger e articulista do The New York Times), citado entre os notaveis alumni e membros associados do staff da London School of Economics, onde me lembro de ter assistido a uma das suas extra-curricular lectures e a qual tenho como minha alma mater – nao exactamente, ou apenas, por ser uma das escolas de Economia melhor conceituadas do mundo ou, pelo menos, a escola de Economia mais conceituada dentre as que frequentei, mas fundamentalmente porque foi ela que me libertou como ‘ser pensante’, que validou as questoes e inquietacoes com que, de outras latitudes, para ela entrei, que me facultou os instrumentos com que as pensar, repensar e reequacionar.

Nao acidentalmente, o seu nome consta da bibliografia da minha tese de Mestrado naquela escola (Krugman P., Regionalism versus multilateralism: analytical notes’), como um dos autores incluidos numa das obras a que mais recorri enquanto a preparava, New Dimensions in Regional Integration (Cambridge, Cambridge UP, 1993), e tambem das referencias deste meu artigo.*

A atribuicao do Nobel a Krugman acontece num momento em que a administracao Bush, da qual ele se notabilizou como um dos maiores criticos, parece cada vez mais anteceder a aurora de uma possivel administracao Obama (de notar, no entanto, que Krugman nao e’ exactamente um fan de Obama) e, crucialmente, num momento em que alguns intemporais prenunciadores da derrocada do sistema capitalista parecem nao se poupar esforcos para encontrar na actual crise financeira e crediticia global os fundamentos das suas crencas politico-ideologicas de todos os tempos… No que poderao ate’ ter alguma razao, mas conviria que nesse debate se separassem motivacoes ideologicas de fundamentacoes cientificas.

Nao me atreveria, em nenhuma circunstancia, a tentar falar por Krugman em suposta replica a alguns dos seus ‘ocasionais co-optadores’. Diria apenas que convem sempre ter em mente que ha’ alguma diferenca entre economistas e jornalistas e/ou analistas politicos, entre bloggers e academicos e entre criticos da administracao Bush e detractores do capitalismo enquanto sistema economico. Talvez abra uma excepcao para sugerir que o chamado ‘fordismo’ – e sera’ particularmente interessante notar aqui que Krugman e’ ‘Ford International Professor of Economics’ – nao e’, ou foi, pelo menos do meu ponto de vista, exactamente um ‘modelo capitalista’, mas apenas um ‘metodo de producao’ - o das linhas de montagem, da producao massiva e das economias de escala - adoptavel por qualquer sistema economico (que, talvez convenha lembrar, e' composto em qualquer sociedade moderna por pelo menos tres sectores, grosso modo assim definidos: o primario - agricultura e materias primas/industrias extractivas, o secundario - industria transformadora e o terciario - servicos, incluindo os financeiros, sendo as suas respectivas dimensoes determinadas em geral pela dotacao de recursos e factores de cada economia e pelo seu relativo nivel de desenvolvimento), independentemente da ideologia a ele subjacente; 'metodo de producao' esse (originado no sector secundario da economia) que sempre coexistiu com o 'capitalismo flexivel' das bolsas de valores e mercados de capitais em geral (sector terciario), bem como com graus diferentes de regulacao economica e/ou intervencao estatal e, o que e' talvez mais relevante para a crise actual, sobreviveu, tal como o sistema capitalista, a Grande Depressao dos anos 30, que foi, pelo menos ate' agora, bastante pior do que esta e que aconteceu muito antes dos anos 80 do seculo XX...

Mas sobre tudo isso Krugman diz melhor numa entrevista ao Editor-em-Chefe do Nobelprize.org, curiosamente de nome Adam Smith, da qual decidi traduzir para aqui os extractos que se seguem.

[AS] Parabens pelo premio. Que altura para se receber o Premio para as Ciencias Economicas!

[PK] Sim. Estou um pouco, de certo modo sentindo que nao tenho tempo para isto. E' muito bizarro.

[AS] Esta’ neste momento em Washington para reunioes, correcto?

[PK] Sim, estou. Para uma reuniao do Grupo dos Trinta, que e’ um grupo ao qual pertenco, incluindo membros de bancos centrais e por ai fora, associada as reunioes do Banco Mundial/FMI neste momento. E deveremos ouvir de Ben Bernanke e Jean-Claude Trichet (…).

[AS] Um momento critico, portanto. E’ muito bem conhecido, certamente nos EUA, como colunista, blogger e jornalista, mas no entanto o premio foi atribuido ao trabalho que fez em decadas anteriores.

[PK] Sim.

[AS] Gostaria de focar nisso inicialmente e depois falar sobre coisas mais recentes se me for possivel. Portanto, o Comite’ (Nobel) cita a sua ‘nova teoria do comercio’, que desenvolveu nos seus ‘papers’ de 1979 e 1980, essencialmente descrevendo como o comercio funciona num mundo em que paises produzem e usam os mesmos bens. E’ isso correcto?

[PK] Os paises produzem bens similares. Quero dizer, e’ realmente uma estoria sobre paises que nao sao muito diferentes em termos da sua tecnologia, em termos dos seus recursos, mas que apesar disso acabam por especializar-se em bens diferentes que poderao estar relacionados mas nao sao exactamente iguais, e que fazem isso para tirar vantagem das vantagens da producao em grande escala.** Portanto, a questao crucial e’ realmente a similaridade entre esses paises. E’ uma explicacao do porque que os paises comerciam entre si mesmo quando teem o mesmo clima, os mesmos recursos e a mesma tecnologia.***

[AS] E o que e’ que uma base teorica como a que desenvolveu lhe permite fazer?

[PK] Bom, de facto – primeiro e acima de tudo ela permite-nos pensar claramente. Poderemos descrever – e’ uma coisa um tanto estranha, mas neste momento eu posso explicar em linguagem que soa como simples Ingles os componentes essenciais da teoria. Mas eu nao poderia, de facto faze-lo antes de ter feito os modelos. Isso requereu os calculos matematicos para chegar ao Ingles simples. Portanto, em primeiro lugar, ha’ isso. Ha’ uma enorme clarificacao que tem lugar. Em seguida, este tipo de coisa pode ser, e ja’ foi usada, como base de trabalho empirico. Uma vez que se tenha um claro ‘statement’ de como as varias pecas encaixam umas com as outras, pode-se usa-lo para avaliar o ‘impacto de bem-estar’ de diferentes politicas comerciais, portanto tudo isto e’ necessario. Mas numa fase inicial a questao e’ a de ‘como pensamos sobre esta coisa claramente?’

(…)

[AS] Sim, sim, muito bem colocado. Voltando ao seu jornalismo, ve isso como uma consequencia natural do seu trabalho na academia, essa sua viragem para uma mais, digamos, abordagem publica do que faz?

[PK] Em certa medida foi. Quero dizer, eu acredito que a tarefa de reduzir um problema intelectual a sua essencia, o que e’ muito do que esta’ envolvido em construir modelos, e a tarefa de descobrir como falar sobre um problema bastante complexo numa linguagem bastante simples e natural estao relacionados. Eu sempre senti que o que faco quando tento explicar, digamos a crise financeira em 800 palavras e o que faco quando tento fazer um modelo para a crise financeira em meia duzia de equacoes sao muito o mesmo tipo de esforco.**** Dito isso, eu estava a fazer um bom bocado desse tipo de traducao antes de trabalhar para o The New York Times, e isso continua a ser uma das coisas que eu faco no The Times. Nao tinha previsto que acabaria num ambiente tao politicamente carregado, onde sinto que preciso de fazer mais do que explicar, mas isso pareceu-me natural. Eu passei de escrever pequenos modelos para escrever pequenos artigos. Parece-me uma transicao bastante natural.

[AS] O fisico Ernest Rutherford, acho, sempre disse que voce nao deveria estar a fazer algo que nao pudesse explicar ao seu tabaconista, portanto suponho que seja a mesma ideia.

[PK] Sim, quer dizer, ha’ aquela coisa de Alfred Marshall, ele argumentava que mesmo no trabalho profissional depois de se ter compreendido uma questao devia-se queimar as equacoes, coisa em que nao acredito, mas deve-se ser capaz de explicar o que se passa tanto quanto possivel sem o aparato.

[AS] Sim. Voce esta’ muito envolvido politicamente neste momento, ou pelo menos tem uma posicao politica sobre as questoes. Sera’ isso tambem uma consequencia necessaria de tentar explicar as coisas?

[PK] Nao sei. Em certa medida. Ponhamos as coisas deste modo, eu fui um critico da administracao Bush desde muito cedo porque acreditava que eles estavam a ser desonestos, e a razao que me levou a essa conclusao muito antes de outros foi realmente porque me parecia obvio que eles estavam a mentir sobre aritmetica orcamental. Portanto, num certo sentido, o meu treino em economia jogou ai um papel. Mas, obviamente, eu fui de alguma forma para alem do meu papel como economista na minha coluna, mas, hey, economistas tambem sao pessoas, tambem sao cidadaos, e teem opinioes politicas.
(...)




*Portanto se, por hipotese absurda, eu fiz um "mestrado em imitacao" , posso orgulhar-me de ter tido a possibilidade de "imitar" pelo menos dois Nobeis da Economia, o outro foi Douglass North.

**i.e. do ‘fordismo’, acrescentaria eu numa nota a margem.


***Introduziria aqui uma outra nota para chamar atencao para dois aspectos:
i. a relativa ruptura que esta abordagem significa em relacao as teorias das vantagens absolutas e comparativas de
Adam Smith e David Ricardo respectivamente, ou seja com a “Teoria Classica do Comercio Internacional” e, por extensao, com a “Teoria Economica Neo-Classica” (pontificada, entre outros pelo modelo Heckscher-Ohlin-Samuelson) tao frequentemente ‘mal misturada’ com o que vulgarmente se conhece como ‘neo-liberalismo’;
ii. como esta abordagem pode ser suportada pelas estatisticas do comercio intra-continental Africano que os graficos que inclui
neste artigo demonstram, em qualquer das suas versoes – devo dizer que a actual magnitude desse comercio, apesar de ainda longe da desejavel, foi para mim uma constatacao bastante positiva, mas isso sera’ provavelmente materia para outro artigo.

****Isto foi o que me propus fazer
nesta serie.



*[First posted 24/10/08 - "Repostado" em referencia a recente visita de Krugman a Angola, onde uma das suas afirmacoes mais destacadas tera' sido "Um país com carências na saúde e na educação não pode ser desenvolvido". Esse lembrete fez-me revisitar este artigo, onde uma das respostas que dou a pergunta "que fazer?" e' a atribuicao das maiores fatias do orcamento a Saude e a Educacao.]





Paul Krugman foi, ha’ alguns dias, laureado com o Premio Nobel de Economia de 2008, pela sua “analise de padroes de comercio e localizacao da actividade economica”.

Ele e’, entre outras coisas (e.g. blogger e articulista do The New York Times), citado entre os notaveis alumni e membros associados do staff da London School of Economics, onde me lembro de ter assistido a uma das suas extra-curricular lectures e a qual tenho como minha alma mater – nao exactamente, ou apenas, por ser uma das escolas de Economia melhor conceituadas do mundo ou, pelo menos, a escola de Economia mais conceituada dentre as que frequentei, mas fundamentalmente porque foi ela que me libertou como ‘ser pensante’, que validou as questoes e inquietacoes com que, de outras latitudes, para ela entrei, que me facultou os instrumentos com que as pensar, repensar e reequacionar.

Nao acidentalmente, o seu nome consta da bibliografia da minha tese de Mestrado naquela escola (Krugman P., Regionalism versus multilateralism: analytical notes’), como um dos autores incluidos numa das obras a que mais recorri enquanto a preparava, New Dimensions in Regional Integration (Cambridge, Cambridge UP, 1993), e tambem das referencias deste meu artigo.*

A atribuicao do Nobel a Krugman acontece num momento em que a administracao Bush, da qual ele se notabilizou como um dos maiores criticos, parece cada vez mais anteceder a aurora de uma possivel administracao Obama (de notar, no entanto, que Krugman nao e’ exactamente um fan de Obama) e, crucialmente, num momento em que alguns intemporais prenunciadores da derrocada do sistema capitalista parecem nao se poupar esforcos para encontrar na actual crise financeira e crediticia global os fundamentos das suas crencas politico-ideologicas de todos os tempos… No que poderao ate’ ter alguma razao, mas conviria que nesse debate se separassem motivacoes ideologicas de fundamentacoes cientificas.

Nao me atreveria, em nenhuma circunstancia, a tentar falar por Krugman em suposta replica a alguns dos seus ‘ocasionais co-optadores’. Diria apenas que convem sempre ter em mente que ha’ alguma diferenca entre economistas e jornalistas e/ou analistas politicos, entre bloggers e academicos e entre criticos da administracao Bush e detractores do capitalismo enquanto sistema economico. Talvez abra uma excepcao para sugerir que o chamado ‘fordismo’ – e sera’ particularmente interessante notar aqui que Krugman e’ ‘Ford International Professor of Economics’ – nao e’, ou foi, pelo menos do meu ponto de vista, exactamente um ‘modelo capitalista’, mas apenas um ‘metodo de producao’ - o das linhas de montagem, da producao massiva e das economias de escala - adoptavel por qualquer sistema economico (que, talvez convenha lembrar, e' composto em qualquer sociedade moderna por pelo menos tres sectores, grosso modo assim definidos: o primario - agricultura e materias primas/industrias extractivas, o secundario - industria transformadora e o terciario - servicos, incluindo os financeiros, sendo as suas respectivas dimensoes determinadas em geral pela dotacao de recursos e factores de cada economia e pelo seu relativo nivel de desenvolvimento), independentemente da ideologia a ele subjacente; 'metodo de producao' esse (originado no sector secundario da economia) que sempre coexistiu com o 'capitalismo flexivel' das bolsas de valores e mercados de capitais em geral (sector terciario), bem como com graus diferentes de regulacao economica e/ou intervencao estatal e, o que e' talvez mais relevante para a crise actual, sobreviveu, tal como o sistema capitalista, a Grande Depressao dos anos 30, que foi, pelo menos ate' agora, bastante pior do que esta e que aconteceu muito antes dos anos 80 do seculo XX...

Mas sobre tudo isso Krugman diz melhor numa entrevista ao Editor-em-Chefe do Nobelprize.org, curiosamente de nome Adam Smith, da qual decidi traduzir para aqui os extractos que se seguem.

[AS] Parabens pelo premio. Que altura para se receber o Premio para as Ciencias Economicas!

[PK] Sim. Estou um pouco, de certo modo sentindo que nao tenho tempo para isto. E' muito bizarro.

[AS] Esta’ neste momento em Washington para reunioes, correcto?

[PK] Sim, estou. Para uma reuniao do Grupo dos Trinta, que e’ um grupo ao qual pertenco, incluindo membros de bancos centrais e por ai fora, associada as reunioes do Banco Mundial/FMI neste momento. E deveremos ouvir de Ben Bernanke e Jean-Claude Trichet (…).

[AS] Um momento critico, portanto. E’ muito bem conhecido, certamente nos EUA, como colunista, blogger e jornalista, mas no entanto o premio foi atribuido ao trabalho que fez em decadas anteriores.

[PK] Sim.

[AS] Gostaria de focar nisso inicialmente e depois falar sobre coisas mais recentes se me for possivel. Portanto, o Comite’ (Nobel) cita a sua ‘nova teoria do comercio’, que desenvolveu nos seus ‘papers’ de 1979 e 1980, essencialmente descrevendo como o comercio funciona num mundo em que paises produzem e usam os mesmos bens. E’ isso correcto?

[PK] Os paises produzem bens similares. Quero dizer, e’ realmente uma estoria sobre paises que nao sao muito diferentes em termos da sua tecnologia, em termos dos seus recursos, mas que apesar disso acabam por especializar-se em bens diferentes que poderao estar relacionados mas nao sao exactamente iguais, e que fazem isso para tirar vantagem das vantagens da producao em grande escala.** Portanto, a questao crucial e’ realmente a similaridade entre esses paises. E’ uma explicacao do porque que os paises comerciam entre si mesmo quando teem o mesmo clima, os mesmos recursos e a mesma tecnologia.***

[AS] E o que e’ que uma base teorica como a que desenvolveu lhe permite fazer?

[PK] Bom, de facto – primeiro e acima de tudo ela permite-nos pensar claramente. Poderemos descrever – e’ uma coisa um tanto estranha, mas neste momento eu posso explicar em linguagem que soa como simples Ingles os componentes essenciais da teoria. Mas eu nao poderia, de facto faze-lo antes de ter feito os modelos. Isso requereu os calculos matematicos para chegar ao Ingles simples. Portanto, em primeiro lugar, ha’ isso. Ha’ uma enorme clarificacao que tem lugar. Em seguida, este tipo de coisa pode ser, e ja’ foi usada, como base de trabalho empirico. Uma vez que se tenha um claro ‘statement’ de como as varias pecas encaixam umas com as outras, pode-se usa-lo para avaliar o ‘impacto de bem-estar’ de diferentes politicas comerciais, portanto tudo isto e’ necessario. Mas numa fase inicial a questao e’ a de ‘como pensamos sobre esta coisa claramente?’

(…)

[AS] Sim, sim, muito bem colocado. Voltando ao seu jornalismo, ve isso como uma consequencia natural do seu trabalho na academia, essa sua viragem para uma mais, digamos, abordagem publica do que faz?

[PK] Em certa medida foi. Quero dizer, eu acredito que a tarefa de reduzir um problema intelectual a sua essencia, o que e’ muito do que esta’ envolvido em construir modelos, e a tarefa de descobrir como falar sobre um problema bastante complexo numa linguagem bastante simples e natural estao relacionados. Eu sempre senti que o que faco quando tento explicar, digamos a crise financeira em 800 palavras e o que faco quando tento fazer um modelo para a crise financeira em meia duzia de equacoes sao muito o mesmo tipo de esforco.**** Dito isso, eu estava a fazer um bom bocado desse tipo de traducao antes de trabalhar para o The New York Times, e isso continua a ser uma das coisas que eu faco no The Times. Nao tinha previsto que acabaria num ambiente tao politicamente carregado, onde sinto que preciso de fazer mais do que explicar, mas isso pareceu-me natural. Eu passei de escrever pequenos modelos para escrever pequenos artigos. Parece-me uma transicao bastante natural.

[AS] O fisico Ernest Rutherford, acho, sempre disse que voce nao deveria estar a fazer algo que nao pudesse explicar ao seu tabaconista, portanto suponho que seja a mesma ideia.

[PK] Sim, quer dizer, ha’ aquela coisa de Alfred Marshall, ele argumentava que mesmo no trabalho profissional depois de se ter compreendido uma questao devia-se queimar as equacoes, coisa em que nao acredito, mas deve-se ser capaz de explicar o que se passa tanto quanto possivel sem o aparato.

[AS] Sim. Voce esta’ muito envolvido politicamente neste momento, ou pelo menos tem uma posicao politica sobre as questoes. Sera’ isso tambem uma consequencia necessaria de tentar explicar as coisas?

[PK] Nao sei. Em certa medida. Ponhamos as coisas deste modo, eu fui um critico da administracao Bush desde muito cedo porque acreditava que eles estavam a ser desonestos, e a razao que me levou a essa conclusao muito antes de outros foi realmente porque me parecia obvio que eles estavam a mentir sobre aritmetica orcamental. Portanto, num certo sentido, o meu treino em economia jogou ai um papel. Mas, obviamente, eu fui de alguma forma para alem do meu papel como economista na minha coluna, mas, hey, economistas tambem sao pessoas, tambem sao cidadaos, e teem opinioes politicas.
(...)




*Portanto se, por hipotese absurda, eu fiz um "mestrado em imitacao" , posso orgulhar-me de ter tido a possibilidade de "imitar" pelo menos dois Nobeis da Economia, o outro foi Douglass North.

**i.e. do ‘fordismo’, acrescentaria eu numa nota a margem.


***Introduziria aqui uma outra nota para chamar atencao para dois aspectos:
i. a relativa ruptura que esta abordagem significa em relacao as teorias das vantagens absolutas e comparativas de
Adam Smith e David Ricardo respectivamente, ou seja com a “Teoria Classica do Comercio Internacional” e, por extensao, com a “Teoria Economica Neo-Classica” (pontificada, entre outros pelo modelo Heckscher-Ohlin-Samuelson) tao frequentemente ‘mal misturada’ com o que vulgarmente se conhece como ‘neo-liberalismo’;
ii. como esta abordagem pode ser suportada pelas estatisticas do comercio intra-continental Africano que os graficos que inclui
neste artigo demonstram, em qualquer das suas versoes – devo dizer que a actual magnitude desse comercio, apesar de ainda longe da desejavel, foi para mim uma constatacao bastante positiva, mas isso sera’ provavelmente materia para outro artigo.

****Isto foi o que me propus fazer
nesta serie.



*[First posted 24/10/08 - "Repostado" em referencia a recente visita de Krugman a Angola, onde uma das suas afirmacoes mais destacadas tera' sido "Um país com carências na saúde e na educação não pode ser desenvolvido". Esse lembrete fez-me revisitar este artigo, onde uma das respostas que dou a pergunta "que fazer?" e' a atribuicao das maiores fatias do orcamento a Saude e a Educacao.]



Tuesday, 29 June 2010

E por falar em "afectos" e "falsos testemunhos"...



Desmaskarada...

Perguntinha...

Sera' que este bendito (!) blog, para alem de ser capaz de ressuscitar mortos (e.g. "companhias de danca" mortas ha' mais de 10 anos!...), tambem e' capaz de inspirar a fecundacao de decadentes corpos-violinos-semi-nus-copiados a beira da menopausa e sem morrerem do proprio parto?!

E...

O que dizer desta imagem, publicada originalmente aqui como uma especie de "ode ao amor", e algum tempo depois reproduzida num certo tugurio de patetices, presuncoes e difamacoes ango-lusoesfericas associada a um video sobre a SIDA? Porque tera' sid(a)o?...



Desmaskarada...

Perguntinha...

Sera' que este bendito (!) blog, para alem de ser capaz de
ressuscitar mortos (e.g. "companhias de danca" mortas ha' mais de 10 anos!...), tambem e' capaz de inspirar a fecundacao de decadentes corpos-violinos-semi-nus-copiados a beira da menopausa e sem morrerem do proprio parto?!

E...

O que dizer desta imagem, publicada originalmente aqui como uma especie de "ode ao amor", e algum tempo depois reproduzida num certo tugurio de patetices, presuncoes e difamacoes ango-lusoesfericas associada a um video sobre a SIDA? Porque tera' sid(a)o?...

Monday, 28 June 2010

LUSOFONIA & ANTROPOLOGIA [R]*

THE STATUS OF RACE IN LUSOPHONE SOCIAL SCIENCE

Ever since Gilberto’s Freyre’s utopic account of racial intimacy in Masters and Slaves, first published in 1933, social science research projects on Portuguese-speaking contexts have largely centered upon positivist queries concerning the existence or absence of racial harmony in Portuguese-speaking settings. The consequence of this approach is that the idea of racial contact – via miscegenation, discrimination and religious syncretisms – has dominated how analysts have shaped questions about the social world in the Lusophone setting.

In fact, the legacy of this trend is so profuse that the researcher concerned with issues of race is often drawn to this setting because of its association with explicit examples of racializing phenomena. More complicating, Lusophone scholarship, for better or for worse, has historically not been in dialogue with conversations occurring in non-Portuguese spaces and is often thus isolated in the social sciences as the field bound to race-centered inquiry.

Today, differently, a curious shift is occurring in the way that social phenomenon is framed in the Lusophone setting. Recent scholarship is de-centering race as the organizational principle for defining the social. This shift, however, is not about a disavowal of race or racism. Instead, questions are shifting to examine their productive capacities, what their presence variably signifies and enables, or how sentiments attached to raciality help interpret emergent social phenomena more broadly.

[Read more here and here]

*****

Das apresentacoes anunciadas para esta Conferencia, a seguinte pareceu-me particularmente interessante por se debrucar sobre um territorio dito lusofono, aparentemente esquecido no mundo da lusotopia:

“Questões de casta: Além do lusotropicalismo de Goa”

Neste trabalho eu invocarei a formulação inicial de Freyre em relação ao lusotropicalismo em Goa, em 1951—durante sua turnê oficial pelas colonias portuguesas. Eu trato a formulação do autor brasileiro como um decodificador dos elementos integrantes de sua teorizações, e como ferramenta analítica do impacto da substância ideológica, consequentemente criada na representação da altamente estratificada sociedade goesa. Mais especificamente, para o nosso debate acerca de lusofonia e antropologia, eu trarei Goa, os goeses e as idéias produzidas sobre Goa, dentro e fora dela, tanto no passado quanto no presente.

É difícil descrever Goa atualmente como uma sociedade lusófona. O português não é mais a língua oficial e muito poucos o falam, apesar de sua importância como o idioma dos arquivos coloniais e, durante séculos, o idioma da administração goesa. Contudo, a história de Goa foi registrada não só por escribas portugueses, ou por catedráticos portugueses e goeses pro-Portugal, mas também por muitos outros, de ativistas indianos a catedráticos do período pos-colonial e catedráticos estrangeiros (Boxer, Pearson, Axelrod, Newman, etc.).
Comércio, poder, comunidades, religião e conversão são temas recorrentes das narrativas destes pensadores, ao passo que ferramentas estruturais como raça, gênero e classe, com poucas exceções, encontram-se relativamente ausentes da literatura.*

Inicialmente, minha longa jornada pelos arquivos coloniais de Goa tinha o propósito de analisar práticas médicas durante o regime colonial. Tal jornada terminou por revelar a centralidade dos tópicos mencionados acima, entre outros: raça, racismo, relacões raciais, miscigenação, lei, segregação, gênero, religião, casta, privilégio, status, bem como a sinergia entre eses elementos. A priori, estes tópicos não se fazem notar nos registros históricos. Sua importância se faz presente em modos distintos, tanto nas narrativas de Goa colonial quanto nas representações contemporâneas da história de Goa — as quais, também em modos distintos, contribuem para a dissenção contemporânea, como os arquivos da internet e a recente literatura testificam.

Meu interesse na experiência colonial de Goa, com suas extensões à experiência colonial luso-africana, bem como um interesse no impacto do lusotropicalismo levaram-me a explorar a relação recíproca entre as doutrinas de Gilberto Freyre e as representações de miscigenação e segregação na sociedade e cultura de Goa.

Cristiana Bastos, Instituto de Ciências Sociais – Universidade de Lisboa

*{Cabe-me notar que este tipo de constatacao nao se aplica exclusivamente a literatura existente sobre Goa. A ela faco mencao, com referencia a outros quadrantes lusosfericos e aos seus efeitos reais e praticos no quotidiano socio-cultural, entre outros posts e comentarios neste blog, aqui, aqui, aqui e aqui}

*[First posted 04/04/09]

THE STATUS OF RACE IN LUSOPHONE SOCIAL SCIENCE

Ever since Gilberto’s Freyre’s utopic account of racial intimacy in Masters and Slaves, first published in 1933, social science research projects on Portuguese-speaking contexts have largely centered upon positivist queries concerning the existence or absence of racial harmony in Portuguese-speaking settings. The consequence of this approach is that the idea of racial contact – via miscegenation, discrimination and religious syncretisms – has dominated how analysts have shaped questions about the social world in the Lusophone setting.

In fact, the legacy of this trend is so profuse that the researcher concerned with issues of race is often drawn to this setting because of its association with explicit examples of racializing phenomena. More complicating, Lusophone scholarship, for better or for worse, has historically not been in dialogue with conversations occurring in non-Portuguese spaces and is often thus isolated in the social sciences as the field bound to race-centered inquiry.

Today, differently, a curious shift is occurring in the way that social phenomenon is framed in the Lusophone setting. Recent scholarship is de-centering race as the organizational principle for defining the social. This shift, however, is not about a disavowal of race or racism. Instead, questions are shifting to examine their productive capacities, what their presence variably signifies and enables, or how sentiments attached to raciality help interpret emergent social phenomena more broadly.

[Read more here and here]

*****

Das apresentacoes anunciadas para esta Conferencia, a seguinte pareceu-me particularmente interessante por se debrucar sobre um territorio dito lusofono, aparentemente esquecido no mundo da lusotopia:

“Questões de casta: Além do lusotropicalismo de Goa”

Neste trabalho eu invocarei a formulação inicial de Freyre em relação ao lusotropicalismo em Goa, em 1951—durante sua turnê oficial pelas colonias portuguesas. Eu trato a formulação do autor brasileiro como um decodificador dos elementos integrantes de sua teorizações, e como ferramenta analítica do impacto da substância ideológica, consequentemente criada na representação da altamente estratificada sociedade goesa. Mais especificamente, para o nosso debate acerca de lusofonia e antropologia, eu trarei Goa, os goeses e as idéias produzidas sobre Goa, dentro e fora dela, tanto no passado quanto no presente.

É difícil descrever Goa atualmente como uma sociedade lusófona. O português não é mais a língua oficial e muito poucos o falam, apesar de sua importância como o idioma dos arquivos coloniais e, durante séculos, o idioma da administração goesa. Contudo, a história de Goa foi registrada não só por escribas portugueses, ou por catedráticos portugueses e goeses pro-Portugal, mas também por muitos outros, de ativistas indianos a catedráticos do período pos-colonial e catedráticos estrangeiros (Boxer, Pearson, Axelrod, Newman, etc.).
Comércio, poder, comunidades, religião e conversão são temas recorrentes das narrativas destes pensadores, ao passo que ferramentas estruturais como raça, gênero e classe, com poucas exceções, encontram-se relativamente ausentes da literatura.*

Inicialmente, minha longa jornada pelos arquivos coloniais de Goa tinha o propósito de analisar práticas médicas durante o regime colonial. Tal jornada terminou por revelar a centralidade dos tópicos mencionados acima, entre outros: raça, racismo, relacões raciais, miscigenação, lei, segregação, gênero, religião, casta, privilégio, status, bem como a sinergia entre eses elementos. A priori, estes tópicos não se fazem notar nos registros históricos. Sua importância se faz presente em modos distintos, tanto nas narrativas de Goa colonial quanto nas representações contemporâneas da história de Goa — as quais, também em modos distintos, contribuem para a dissenção contemporânea, como os arquivos da internet e a recente literatura testificam.

Meu interesse na experiência colonial de Goa, com suas extensões à experiência colonial luso-africana, bem como um interesse no impacto do lusotropicalismo levaram-me a explorar a relação recíproca entre as doutrinas de Gilberto Freyre e as representações de miscigenação e segregação na sociedade e cultura de Goa.

Cristiana Bastos, Instituto de Ciências Sociais – Universidade de Lisboa

*{Cabe-me notar que este tipo de constatacao nao se aplica exclusivamente a literatura existente sobre Goa. A ela faco mencao, com referencia a outros quadrantes lusosfericos e aos seus efeitos reais e praticos no quotidiano socio-cultural, entre outros posts e comentarios neste blog, aqui, aqui, aqui e aqui}

*[First posted 04/04/09]

Paulo Jorge (R.I.P.)


[Obituario Aqui]

[Obituario Aqui]

Saturday, 26 June 2010

1960-2010: “The Year of Africa” 50 Years On (VII)

This Day in 1960:



The Malgasy Republic (Madagascar) gained independence from France.

British Somaliland became independent and five days later (July 1st) was united with Italian and French Somaliland as the Somali Republic.




This Day in 2010:


In spite of a star-studded line-up of international entertainers (at Madagascar's independence 50th anniversary) , the atmosphere is not exactly festive because of the political uncertainty and the economic hardship that has resulted from the 18 month-long crisis.

[Here]



Bar-kulan- Ali Mohamud Rage, better known as Ali Dere who is the spokesman of Al-shabab militia group in Somalia has declared that it is sin to celebrate the independence of Somalia, claiming that the celebrations are not in accordance with the Islamic Sharia.

[Here]
This Day in 1960:



The Malgasy Republic (Madagascar) gained independence from France.

British Somaliland became independent and five days later (July 1st) was united with Italian and French Somaliland as the Somali Republic.




This Day in 2010:


In spite of a star-studded line-up of international entertainers (at Madagascar's independence 50th anniversary) , the atmosphere is not exactly festive because of the political uncertainty and the economic hardship that has resulted from the 18 month-long crisis.

[Here]



Bar-kulan- Ali Mohamud Rage, better known as Ali Dere who is the spokesman of Al-shabab militia group in Somalia has declared that it is sin to celebrate the independence of Somalia, claiming that the celebrations are not in accordance with the Islamic Sharia.

[Here]

SOBRE A "CULTURA AFRICANA CONTEMPORANEA"

Nao sei se haverao muitas pessoas em Angola (em particular negras) que, como eu (subitamente pintada de "racista" e "complexada" por todos os lados e mais alguns...), possam dizer ter, ou terem tido, tantos amigos, entre homens e mulheres, nao negros... E com "tantos", nao pretendo necessariamente significar "muitos", nem "unicos". Uns, herdados dentre os compadres, amigos, colegas e conhecidos dos pais. Outros, feitos e cultivados individualmente.

Falo de amigos, bem entendido: de se viver junto a noite da Dipanda no 1ro. de Maio; de se receber cestas de frutas e legumes quando estavamos doentes; de se criar junto os filhos; de se apanhar boleia para os mercados ou a praia; de se aprender junto a diversificar os nossos respectivos habitos e gostos alimentares; de se partilhar a lata de leite, o kilo de arroz, o saco de batata, o frango congelado, ou a barra de sabao que na loja do povo nao saia; de se ir junto trocar roupa por comida fora da cidade; de se fazer guitarradas e cantorias em memoraveis noites de tertulia; de conjugar leituras, paixoes, pulsoes, angustias, sonhos, pesadelos e esperancas...

E, tendo ja' aqui falado algures dos meus amigos Alemaes, o mesmo poderia dizer de alguns dos amigos que fiz em, e com quem conheci, Africa para alem das fronteiras fisicas e culturais de Angola: desde os "leoes brancos africanos" educados em Oxbridge e fluentes em kiSwahili e outras linguas africanas comendo sadza e seswa com as maos, passando pelos "gringos" peritos em comida cajun dos bayous de New Orleans e mais entusiastas do que eu da rumba congolesa e do kwassa-kwassa, ou os "nordicos" gourmets em comida marroquina, xais e masalas orientais, aos "boers" de pes descalcos de Stellenbosch mais seus vinhos e biltongs...

Falo de amigos "de vida", portanto - nao de amigos "de ocasiao", ou, como sao designados em Ingles, fair-weather friends ...

[AQUI]
Nao sei se haverao muitas pessoas em Angola (em particular negras) que, como eu (subitamente pintada de "racista" e "complexada" por todos os lados e mais alguns...), possam dizer ter, ou terem tido, tantos amigos, entre homens e mulheres, nao negros... E com "tantos", nao pretendo necessariamente significar "muitos", nem "unicos". Uns, herdados dentre os compadres, amigos, colegas e conhecidos dos pais. Outros, feitos e cultivados individualmente.

Falo de amigos, bem entendido: de se viver junto a noite da Dipanda no 1ro. de Maio; de se receber cestas de frutas e legumes quando estavamos doentes; de se criar junto os filhos; de se apanhar boleia para os mercados ou a praia; de se aprender junto a diversificar os nossos respectivos habitos e gostos alimentares; de se partilhar a lata de leite, o kilo de arroz, o saco de batata, o frango congelado, ou a barra de sabao que na loja do povo nao saia; de se ir junto trocar roupa por comida fora da cidade; de se fazer guitarradas e cantorias em memoraveis noites de tertulia; de conjugar leituras, paixoes, pulsoes, angustias, sonhos, pesadelos e esperancas...

E, tendo ja' aqui falado algures dos meus amigos Alemaes, o mesmo poderia dizer de alguns dos amigos que fiz em, e com quem conheci, Africa para alem das fronteiras fisicas e culturais de Angola: desde os "leoes brancos africanos" educados em Oxbridge e fluentes em kiSwahili e outras linguas africanas comendo sadza e seswa com as maos, passando pelos "gringos" peritos em comida cajun dos bayous de New Orleans e mais entusiastas do que eu da rumba congolesa e do kwassa-kwassa, ou os "nordicos" gourmets em comida marroquina, xais e masalas orientais, aos "boers" de pes descalcos de Stellenbosch mais seus vinhos e biltongs...

Falo de amigos "de vida", portanto - nao de amigos "de ocasiao", ou, como sao designados em Ingles, fair-weather friends ...

[
AQUI]

Friday, 25 June 2010

Afrika: Who Knows Tomorrow?

Scramble for Africa - Yinka Shonibare
{Outro titulo possivel: Negritude branca pos-colonial decapitada pelo Banco Mundial
'a mesa da Conferencia de Berlin}


Just got this news via My Weku:


Who Knows Tomorrow - this piece of worldly wisdom, heard everyday over large parts of Africa, provides the title for a remarkable project held by the National Gallery (Berlin, Fri 4 June - Sun 26 September 2010), for which it has invited five internationally acclaimed artists, whose work is primarily shaped by their African origins, to join together in creating a major exhibition in Berlin.

Their works, completed and installed, for the most part, in prominent positions outside four of the National Gallery's separate venues (Old National Gallery: El Anatsui, New National Gallery: Pascale Marthine Tayou, Friedrichswerder Church: Yinka Shonibare MBE, Hamburger Bahnhof: Zarina Bhimji,
António Ole), will together serve to spark a dialogue over questions that are now more topical than ever before, thanks to the radical upheavals currently sweeping political, social and economic systems that had, until now, been considered unshakeable. These questions include: is uncertainty over the future now the greatest certainty we have today? Whose history needs to be told and faced up to now? What is art's contribution to helping overcome (art) historical constructs, clichés and stereotypes?


[More details here and here]
Scramble for Africa - Yinka Shonibare
{Outro titulo possivel: Negritude branca pos-colonial decapitada pelo Banco Mundial
'a mesa da Conferencia de Berlin}


Just got this news via My Weku:


Who Knows Tomorrow - this piece of worldly wisdom, heard everyday over large parts of Africa, provides the title for a remarkable project held by the National Gallery (Berlin, Fri 4 June - Sun 26 September 2010), for which it has invited five internationally acclaimed artists, whose work is primarily shaped by their African origins, to join together in creating a major exhibition in Berlin.

Their works, completed and installed, for the most part, in prominent positions outside four of the National Gallery's separate venues (Old National Gallery: El Anatsui, New National Gallery: Pascale Marthine Tayou, Friedrichswerder Church: Yinka Shonibare MBE, Hamburger Bahnhof: Zarina Bhimji,
António Ole), will together serve to spark a dialogue over questions that are now more topical than ever before, thanks to the radical upheavals currently sweeping political, social and economic systems that had, until now, been considered unshakeable. These questions include: is uncertainty over the future now the greatest certainty we have today? Whose history needs to be told and faced up to now? What is art's contribution to helping overcome (art) historical constructs, clichés and stereotypes?


[More details here and here]

Wednesday, 23 June 2010

1960-2010: “The Year of Africa” 50 Years On (VI)

This Day in 1960:


Patrice Lumumba and the MNC formed the first Congolese government in the run-up to the country's independence from Belgium, with Lumumba as Prime Minister and Joseph Kasavubu as President.

[More here]


This Day in 2010:


The sons of Congo's first democratically-elected leader, Patrice Lumumba, are to seek the prosecution for war crimes of 12 Belgian officials suspected of aiding their father's assassination in 1961.

"I want to know how he died. There are many books I can read and everything has been said, but there is no justice," said Guy Lumumba, the leader's youngest son.
"It is a father I am looking for, a father whom I still love, and I want to know why he was killed". "We are targeting the assassins. In Belgium, there are 12 of them. They are alive and we want them to answer for their ignoble acts before justice," he said.

[More here]

This Day in 1960:


Patrice Lumumba and the MNC formed the first Congolese government in the run-up to the country's independence from Belgium, with Lumumba as Prime Minister and Joseph Kasavubu as President.

[More here]


This Day in 2010:


The sons of Congo's first democratically-elected leader, Patrice Lumumba, are to seek the prosecution for war crimes of 12 Belgian officials suspected of aiding their father's assassination in 1961.

"I want to know how he died. There are many books I can read and everything has been said, but there is no justice," said Guy Lumumba, the leader's youngest son.
"It is a father I am looking for, a father whom I still love, and I want to know why he was killed". "We are targeting the assassins. In Belgium, there are 12 of them. They are alive and we want them to answer for their ignoble acts before justice," he said.

[More here]

Identidade(s) & Etnicidade(s): Outras Lutas, Outras Conquistas (II)

Nao se trata propriamente de algo como o mercado do Roque Santeiro em Luanda - dito "o maior mercado a ceu aberto de Africa" e actualmente em vias de demolicao -, mas assim celebra a comunidade Latina de Londres o overturn da decisao de demolicao do "maior mercado Ibero-Americano do UK":


¡Victoria latina! Corte declara ilegal destrucción del mayor Mercado iberoamericano de UK

En la mañana de hoy la corte de apelaciones de Inglaterra y Gales falló decretando ilegal la decisión de demoler la manzana de Wards Corner donde está el Pueblito Paisa, el mayor centro comercial latino del Reino Unido.
Hace unos 3 años el municipio de Haringey, en el noreste de Londres, fue haciendo una serie de acuerdos con una de las multinacionales de construcción más poderosas del país (Grainger), para otorgarle a ésta dos manzanas estratégicas que se encuentran encima de la muy transitada estación de metro de Seven Sisters (a menos de 10 minutos de la única estación internacional de tren del Reino Unido: Kings Cross).
La mayor manzana es la de Wards Corner, la cual otrora fuera la mayor galería de esta parte de la ciudad, pero que hoy es la sede de más de un centenar de negocios y viviendas. Allí se encuentra localizado el mercado de Seven Sisters llamado ‘Pueblito Paisa’ en honor a una de las principales atracciones turísticas de Medellín (Colombia).
Este centro comercial se encuentra en el corazon del barrio más multiétnico de toda Londres y posiblemente de Europa. La población local decidió movilizarse para evitar tal destrucción pues destruiría la armonía entre las etnias y la cohesión social para transformar a ese barrio tan multicultural en el centro de un complejo de departamentos de lujo para gente que pasase casi todo el tiempo trabajando en la City o en otras partes del resto de la metrópolis.
(...)
La lucha por la defensa del Pueblito Paisa fue uno de los catalizadores que hizo que hace más de 2 años se realizasen las primeras asambleas masivas iberoamericanas con autoridades y que luego dio paso a la creación de la Alianza Iberoamericana y Lusohispana de UK, el intento más serio de unir a la comunidad de habla hispana y portuguesa para ser reconocida, regularizada y respetada.

Lo que se ha conseguido es un ejemplo para todas las comunidades multiétnicas del reino Unido y para todas las comunidades latinas e iberoamericanas del mundo.


[Leia mais aqui]

Nao se trata propriamente de algo como o mercado do Roque Santeiro em Luanda - dito "o maior mercado a ceu aberto de Africa" e actualmente em vias de demolicao -, mas assim celebra a comunidade Latina de Londres o overturn da decisao de demolicao do "maior mercado Ibero-Americano do UK":


¡Victoria latina! Corte declara ilegal destrucción del mayor Mercado iberoamericano de UK

En la mañana de hoy la corte de apelaciones de Inglaterra y Gales falló decretando ilegal la decisión de demoler la manzana de Wards Corner donde está el Pueblito Paisa, el mayor centro comercial latino del Reino Unido.
Hace unos 3 años el municipio de Haringey, en el noreste de Londres, fue haciendo una serie de acuerdos con una de las multinacionales de construcción más poderosas del país (Grainger), para otorgarle a ésta dos manzanas estratégicas que se encuentran encima de la muy transitada estación de metro de Seven Sisters (a menos de 10 minutos de la única estación internacional de tren del Reino Unido: Kings Cross).
La mayor manzana es la de Wards Corner, la cual otrora fuera la mayor galería de esta parte de la ciudad, pero que hoy es la sede de más de un centenar de negocios y viviendas. Allí se encuentra localizado el mercado de Seven Sisters llamado ‘Pueblito Paisa’ en honor a una de las principales atracciones turísticas de Medellín (Colombia).
Este centro comercial se encuentra en el corazon del barrio más multiétnico de toda Londres y posiblemente de Europa. La población local decidió movilizarse para evitar tal destrucción pues destruiría la armonía entre las etnias y la cohesión social para transformar a ese barrio tan multicultural en el centro de un complejo de departamentos de lujo para gente que pasase casi todo el tiempo trabajando en la City o en otras partes del resto de la metrópolis.
(...)
La lucha por la defensa del Pueblito Paisa fue uno de los catalizadores que hizo que hace más de 2 años se realizasen las primeras asambleas masivas iberoamericanas con autoridades y que luego dio paso a la creación de la Alianza Iberoamericana y Lusohispana de UK, el intento más serio de unir a la comunidad de habla hispana y portuguesa para ser reconocida, regularizada y respetada.

Lo que se ha conseguido es un ejemplo para todas las comunidades multiétnicas del reino Unido y para todas las comunidades latinas e iberoamericanas del mundo.


[Leia mais aqui]

Tuesday, 22 June 2010

UK: a 'tough' budget...

... for 'tougher' times to come!



The most savage public spending cuts since Margaret Thatcher’s first term in office were announced today in the UK, accompanied by a sharp rise in VAT and the prospect of public sector workers facing a two-year pay freeze (here). The budget announced today imposes austerity measures on every family with a £40bn package of emergency tax increases, welfare cuts and government spending restraint - promising 'pain now and more pain later' (here) - all prompting fears that the country may plunge further into recession (here).


... for 'tougher' times to come!



The most savage public spending cuts since Margaret Thatcher’s first term in office were announced today in the UK, accompanied by a sharp rise in VAT and the prospect of public sector workers facing a two-year pay freeze (here). The budget announced today imposes austerity measures on every family with a £40bn package of emergency tax increases, welfare cuts and government spending restraint - promising 'pain now and more pain later' (here) - all prompting fears that the country may plunge further into recession (here).


Monday, 21 June 2010

MARCELO CAETANO REBELO DE SOUSA FERREIRA E SARKOZY… (RECIDIVUS)*

…OU OS 4 MOMENTOS DE UM BELO DISCURSO… OU DE COMO «ISTO ANDA TUDO LIGADO»

1. Antonio de Oliveira Salazar tera’ sido recentemente eleito «O Maior Portugues de Sempre». Supostamente Marcelo Caetano nao lhe teria ficado muito longe na votacao...

2. Lourenco do Rosario afirmou aqui que «Marcelo Rebelo de Sousa, esteve recentemente em Moçambique, no âmbito de cooperação académica entre as universidades portuguesas e moçambicanas. Ele escandalizou meio mundo ao, pela primeira vez, assumir a postura muitas vezes pronunciada em surdina de que havia que resgatar o lado bom do colonialismo, fazendo justiça àqueles que, embora servidores do sistema, conseguiram dar-lhe um rosto humano. E chocou, porquê? Na justa medida de que para nós, é um dado adquirido de que o colonialismo é sempre mau para quem o sofreu e é sempre bom para quem dele beneficiou»;

3. Eugenio Ferreira afirmou aqui, parafraseando acidentalmente(?) Salazar, «rapidamente e em forca», que «(…) a escravatura nao foi mais do que um processo geral da humanidade na sua transicao para o capitalismo»...

4. O Presidente Frances, Nicolas Sarkozy, esteve ha’ cerca de 2 meses no Senegal, onde proferiu na Universidade de Dakar este belissimo discurso (que continua ate’ hoje a fazer correr muita tinta), do qual extrai as seguintes perolas:

Il y a eu la traite négrière, il y a eu l'esclavage, les hommes, les femmes, les enfants achetés et vendus comme des marchandises. Et ce crime ne fut pas seulement un crime contre les Africains, ce fut un crime contre l'homme, ce fut un crime contre l'humanité toute entière. Et l'homme noir qui éternellement «entend de la cale monter les malédictions enchaînées, les hoquettements des mourants, le bruit de l'un d'entre eux qu'on jette à la mer». Cet homme noir qui ne peut s'empêcher de se répéter sans fin «Et ce pays cria pendant des siècles que nous sommes des bêtes brutes». Cet homme noir, je veux le dire ici à Dakar, a le visage de tous les hommes du monde.
Cette souffrance de l'homme noir, je ne parle pas de l'homme au sens du sexe, je parle de l'homme au sens de l'être humain et bien sûr de la femme et de l'homme dans son acceptation générale. Cette souffrance de l'homme noir, c'est la souffrance de tous les hommes. Cette blessure ouverte dans l'âme de l'homme noir est une blessure ouverte dans l'âme de tous les hommes. Jeunes d'Afrique, je ne suis pas venu vous parler de repentance. Je suis venu vous dire que je ressens la traite et l'esclavage comme des crimes envers l'humanité. Je suis venu vous dire que votre déchirure et votre souffrance sont les nôtres et sont donc les miennes.
(...)
Mais il est vrai que jadis, les Européens sont venus en Afrique en conquérants. Ils ont pris la terre de vos ancêtres. Ils ont banni les dieux, les langues, les croyances, les coutumes de vos pères. Ils ont dit à vos pères ce qu'ils devaient penser, ce qu'ils devaient croire, ce qu'ils devaient faire. Ils ont coupé vos pères de leur passé, ils leur ont arraché leur âme et leurs racines. Ils ont désenchanté l'Afrique. Ils ont eu tort. Ils n'ont pas vu la profondeur et la richesse de l'âme africaine. Ils ont cru qu'ils étaient supérieurs, qu'ils étaient plus avancés, qu'ils étaient le progrès, qu'ils étaient la civilisation. Ils ont eu tort.
Ils ont voulu convertir l'homme africain, ils ont voulu le façonner à leur image, ils ont cru qu'ils avaient tous les droits, ils ont cru qu'ils étaient tout puissants, plus puissants que les dieux de l'Afrique, plus puissants que l'âme africaine, plus puissants que les liens sacrés que les hommes avaient tissés patiemment pendant des millénaires avec le ciel et la terre d'Afrique, plus puissants que les mystères qui venaient du fond des âges. Ils ont eu tort. Ils ont abîmé un art de vivre. Ils ont abîmé un imaginaire merveilleux. Ils ont abîmé une sagesse ancestrale. Ils ont eu tort.
Ils ont créé une angoisse, un mal de vivre. Ils ont nourri la haine. Ils ont rendu plus difficile l'ouverture aux autres, l'échange, le partage parce que pour s'ouvrir, pour échanger, pour partager, il faut être assuré de son identité, de ses valeurs, de ses convictions. Face au colonisateur, le colonisé avait fini par ne plus avoir confiance en lui, par ne plus savoir qui il était, par se laisser gagner par la peur de l'autre, par la crainte de l'avenir. Le colonisateur est venu, il a pris, il s'est servi, il a exploité, il a pillé des ressources, des richesses qui ne lui appartenaient pas. Il a dépouillé le colonisé de sa personnalité, de sa liberté, de sa terre, du fruit de son travail.
(...)
Je veux vous dire, jeunes d'Afrique, que le drame de l'Afrique n'est pas dans une prétendue infériorité de son art, sa pensée, de sa culture. Car, pour ce qui est de l'art, de la pensée et de la culture, c'est l'Occident qui s'est mis à l'école de l'Afrique. L'art moderne doit presque tout à l'Afrique. L'influence de l'Afrique a contribué à changer non seulement l'idée de la beauté, non seulement le sens du rythme, de la musique, de la danse, mais même dit Senghor, la manière de marcher ou de rire du monde du XXème siècle. Je veux donc dire, à la jeunesse d'Afrique, que le drame de l'Afrique ne vient pas de ce que l'âme africaine serait imperméable à la logique et à la raison. Car l'homme africain est aussi logique et raisonnable que l'homme européen.
C'est en puisant dans l'imaginaire africain que vous ont légué vos ancêtres, c'est en puisant dans les contes, dans les proverbes, dans les mythologies, dans les rites, dans ces formes qui, depuis l'aube des temps, se transmettent et s'enrichissent de génération en génération que vous trouverez l'imagination et la force de vous inventer un avenir qui vous soit propre, un avenir singulier qui ne ressemblera à aucun autre, où vous vous sentirez enfin libres, libres, jeunes d'Afrique d'être vous-mêmes, libres de décider par vous-mêmes.
(...)
Je suis venu vous dire que vous n'avez pas à avoir honte des valeurs de la civilisation africaine, qu'elles ne vous tirent pas vers le bas mais vers le haut, qu'elles sont un antidote au matérialisme et à l'individualisme qui asservissent l'homme moderne, qu'elles sont le plus précieux des héritages face à la déshumanisation et à l'aplatissement du monde. Je suis venu vous dire que l'homme moderne qui éprouve le besoin de se réconcilier avec la nature a beaucoup à apprendre de l'homme africain qui vit en symbiose avec la nature depuis des millénaires. Je suis venu vous dire que cette déchirure entre ces deux parts de vous-mêmes est votre plus grande force, et votre plus grande faiblesse selon que vous vous efforcerez ou non d'en faire la synthèse.
N'écoutez pas jeunes d'Afrique, ceux qui veulent vous déraciner, vous priver de votre identité, faire table rase de tout ce qui est africain, de toute la mystique, la religiosité, la sensibilité, la mentalité africaine, parce que pour échanger il faut avoir quelque chose à donner, parce que pour parler aux autres, il faut avoir quelque chose à leur dire.

(...)

Pergunta: perante tao belo discurso (e digo-o sem qualquer ponta de 'sarkasmo', em face de artigos e pronunciamentos como o de Eugenio Ferreira e outros similares) porque sera’ que varios escritores Africanos, liderados pelo proeminente Historiador do colonialismo Jean-Luc Raharimanana, enderecaram a Sarkozy esta carta aberta (onde se pode ler esta passagem: «Vous avez tort de mettre sur le même pied d’égalité la responsabilité des Africains et les crimes de l’esclavage et de la colonisation, car s’il y avait des complices de notre côté, ils ne sont que les émanations de ces entreprises totalitaires initiées par l’Europe, depuis quand les systèmes totalitaires n’ont-ils pas leurs collaborateurs locaux ? Car oui, l’esclavage et la colonisation sont des systèmes totalitaires, et vous avez tort de tenter de les justifier en évoquant nos responsabilités et ce bon côté de la colonisation.») em tons pouco simpaticos, para dizer o minimo?

Desafio: descubra as 4 semelhancas.


*[First posted 26/09/07]
…OU OS 4 MOMENTOS DE UM BELO DISCURSO… OU DE COMO «ISTO ANDA TUDO LIGADO»

1. Antonio de Oliveira Salazar tera’ sido recentemente eleito «O Maior Portugues de Sempre». Supostamente Marcelo Caetano nao lhe teria ficado muito longe na votacao...

2. Lourenco do Rosario afirmou
aqui que «Marcelo Rebelo de Sousa, esteve recentemente em Moçambique, no âmbito de cooperação académica entre as universidades portuguesas e moçambicanas. Ele escandalizou meio mundo ao, pela primeira vez, assumir a postura muitas vezes pronunciada em surdina de que havia que resgatar o lado bom do colonialismo, fazendo justiça àqueles que, embora servidores do sistema, conseguiram dar-lhe um rosto humano. E chocou, porquê? Na justa medida de que para nós, é um dado adquirido de que o colonialismo é sempre mau para quem o sofreu e é sempre bom para quem dele beneficiou»;

3. Eugenio Ferreira afirmou aqui, parafraseando acidentalmente(?) Salazar, «rapidamente e em forca», que «(…) a escravatura nao foi mais do que um processo geral da humanidade na sua transicao para o capitalismo»...

4. O Presidente Frances, Nicolas Sarkozy, esteve ha’ cerca de 2 meses no Senegal, onde proferiu na Universidade de Dakar este belissimo discurso (que continua ate’ hoje a fazer correr muita tinta), do qual extrai as seguintes perolas:

Il y a eu la traite négrière, il y a eu l'esclavage, les hommes, les femmes, les enfants achetés et vendus comme des marchandises. Et ce crime ne fut pas seulement un crime contre les Africains, ce fut un crime contre l'homme, ce fut un crime contre l'humanité toute entière. Et l'homme noir qui éternellement «entend de la cale monter les malédictions enchaînées, les hoquettements des mourants, le bruit de l'un d'entre eux qu'on jette à la mer». Cet homme noir qui ne peut s'empêcher de se répéter sans fin «Et ce pays cria pendant des siècles que nous sommes des bêtes brutes». Cet homme noir, je veux le dire ici à Dakar, a le visage de tous les hommes du monde.
Cette souffrance de l'homme noir, je ne parle pas de l'homme au sens du sexe, je parle de l'homme au sens de l'être humain et bien sûr de la femme et de l'homme dans son acceptation générale. Cette souffrance de l'homme noir, c'est la souffrance de tous les hommes. Cette blessure ouverte dans l'âme de l'homme noir est une blessure ouverte dans l'âme de tous les hommes. Jeunes d'Afrique, je ne suis pas venu vous parler de repentance. Je suis venu vous dire que je ressens la traite et l'esclavage comme des crimes envers l'humanité. Je suis venu vous dire que votre déchirure et votre souffrance sont les nôtres et sont donc les miennes.
(...)
Mais il est vrai que jadis, les Européens sont venus en Afrique en conquérants. Ils ont pris la terre de vos ancêtres. Ils ont banni les dieux, les langues, les croyances, les coutumes de vos pères. Ils ont dit à vos pères ce qu'ils devaient penser, ce qu'ils devaient croire, ce qu'ils devaient faire. Ils ont coupé vos pères de leur passé, ils leur ont arraché leur âme et leurs racines. Ils ont désenchanté l'Afrique. Ils ont eu tort. Ils n'ont pas vu la profondeur et la richesse de l'âme africaine. Ils ont cru qu'ils étaient supérieurs, qu'ils étaient plus avancés, qu'ils étaient le progrès, qu'ils étaient la civilisation. Ils ont eu tort.
Ils ont voulu convertir l'homme africain, ils ont voulu le façonner à leur image, ils ont cru qu'ils avaient tous les droits, ils ont cru qu'ils étaient tout puissants, plus puissants que les dieux de l'Afrique, plus puissants que l'âme africaine, plus puissants que les liens sacrés que les hommes avaient tissés patiemment pendant des millénaires avec le ciel et la terre d'Afrique, plus puissants que les mystères qui venaient du fond des âges. Ils ont eu tort. Ils ont abîmé un art de vivre. Ils ont abîmé un imaginaire merveilleux. Ils ont abîmé une sagesse ancestrale. Ils ont eu tort.
Ils ont créé une angoisse, un mal de vivre. Ils ont nourri la haine. Ils ont rendu plus difficile l'ouverture aux autres, l'échange, le partage parce que pour s'ouvrir, pour échanger, pour partager, il faut être assuré de son identité, de ses valeurs, de ses convictions. Face au colonisateur, le colonisé avait fini par ne plus avoir confiance en lui, par ne plus savoir qui il était, par se laisser gagner par la peur de l'autre, par la crainte de l'avenir. Le colonisateur est venu, il a pris, il s'est servi, il a exploité, il a pillé des ressources, des richesses qui ne lui appartenaient pas. Il a dépouillé le colonisé de sa personnalité, de sa liberté, de sa terre, du fruit de son travail.
(...)
Je veux vous dire, jeunes d'Afrique, que le drame de l'Afrique n'est pas dans une prétendue infériorité de son art, sa pensée, de sa culture. Car, pour ce qui est de l'art, de la pensée et de la culture, c'est l'Occident qui s'est mis à l'école de l'Afrique. L'art moderne doit presque tout à l'Afrique. L'influence de l'Afrique a contribué à changer non seulement l'idée de la beauté, non seulement le sens du rythme, de la musique, de la danse, mais même dit Senghor, la manière de marcher ou de rire du monde du XXème siècle. Je veux donc dire, à la jeunesse d'Afrique, que le drame de l'Afrique ne vient pas de ce que l'âme africaine serait imperméable à la logique et à la raison. Car l'homme africain est aussi logique et raisonnable que l'homme européen.
C'est en puisant dans l'imaginaire africain que vous ont légué vos ancêtres, c'est en puisant dans les contes, dans les proverbes, dans les mythologies, dans les rites, dans ces formes qui, depuis l'aube des temps, se transmettent et s'enrichissent de génération en génération que vous trouverez l'imagination et la force de vous inventer un avenir qui vous soit propre, un avenir singulier qui ne ressemblera à aucun autre, où vous vous sentirez enfin libres, libres, jeunes d'Afrique d'être vous-mêmes, libres de décider par vous-mêmes.
(...)
Je suis venu vous dire que vous n'avez pas à avoir honte des valeurs de la civilisation africaine, qu'elles ne vous tirent pas vers le bas mais vers le haut, qu'elles sont un antidote au matérialisme et à l'individualisme qui asservissent l'homme moderne, qu'elles sont le plus précieux des héritages face à la déshumanisation et à l'aplatissement du monde. Je suis venu vous dire que l'homme moderne qui éprouve le besoin de se réconcilier avec la nature a beaucoup à apprendre de l'homme africain qui vit en symbiose avec la nature depuis des millénaires. Je suis venu vous dire que cette déchirure entre ces deux parts de vous-mêmes est votre plus grande force, et votre plus grande faiblesse selon que vous vous efforcerez ou non d'en faire la synthèse.
N'écoutez pas jeunes d'Afrique, ceux qui veulent vous déraciner, vous priver de votre identité, faire table rase de tout ce qui est africain, de toute la mystique, la religiosité, la sensibilité, la mentalité africaine, parce que pour échanger il faut avoir quelque chose à donner, parce que pour parler aux autres, il faut avoir quelque chose à leur dire.

(...)

Pergunta: perante tao belo discurso (e digo-o sem qualquer ponta de 'sarkasmo', em face de artigos e pronunciamentos como o de Eugenio Ferreira e outros similares) porque sera’ que varios escritores Africanos, liderados pelo proeminente Historiador do colonialismo Jean-Luc Raharimanana, enderecaram a Sarkozy esta carta aberta (onde se pode ler esta passagem: «Vous avez tort de mettre sur le même pied d’égalité la responsabilité des Africains et les crimes de l’esclavage et de la colonisation, car s’il y avait des complices de notre côté, ils ne sont que les émanations de ces entreprises totalitaires initiées par l’Europe, depuis quand les systèmes totalitaires n’ont-ils pas leurs collaborateurs locaux ? Car oui, l’esclavage et la colonisation sont des systèmes totalitaires, et vous avez tort de tenter de les justifier en évoquant nos responsabilités et ce bon côté de la colonisation.») em tons pouco simpaticos, para dizer o minimo?

Desafio: descubra as 4 semelhancas.


*[First posted 26/09/07]

Saturday, 19 June 2010

Jose' Saramago (R.I.P.)



Pensar, Pensar

Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar,
método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência,
que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do
trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma.


Jose' Saramago
Outubro, 2008

Friday, 18 June 2010

MUSIC & IDENTITY (R)*

I came across this book today at the University of Stellenbosch bookstore and found it interesting for those of us who give more to music than just the ears.
Here's an extract from the intro:

Because of radio, television, and internet we are all – at various levels and in extremely varied contexts – exposed to several musics from the moment we are born. And no two people are exposed in the same way, as studies in music psychology and music sociology have shown. Just as the methodology of case studies and sampling can seem only provisional and exploratory “[i]n a world of some six-billion people and possibly just as many compositions”, as Nishlyn Ramanna puts it in his study of South African jazz and identity (2005, p. 71), so musical identity globally can be said to have been constructed in at least 6 billion ways, of which only a handful are presented in this book.

One of the major things this book does, then, is to examine a few very specific circumstances under which musical identities in certain areas of the world at certain times have been constructed; it does not attempt to draw wider conclusions. The book also scrutinises the meanings such constructions hold for individuals and the societies in which they live.

Another thing the book shows is how identities are manipulated: what happened in Ghana, for example, when an inherent multiculturalism encountered “colonial legacies like external music examinations, the playing of Western musical instruments, ballroom dance, choirs and bands … resulting in the creation of vibrant music genres and cultures to service the musical identities of people in both countries”? (Akrofi and Flolu in this volume). What happens when a school music curriculum that favours one kind of music culture over another, is imposed upon such vibrancy? The imposed music is an imposed identity, and is bound to be rejected to some extent and in various ways, unless (as with organ transplants), the operation proceeds with the greatest possible caution and the environment is sufficiently antiseptic – which rarely happens in the mayhem of most schools.


The project behind this book brought together music educationists, musicologists, and ethnomusicologists (although some of us are not quite sure where to place ourselves in this triad). At the surface level of content it is fairly easy to see which is which, and the way people’s interests have overlapped is reflected in the way chapters are loosely grouped under the headings “concepts of identity”, “music and discourse”, and “musical encounters”; but these headings don’t tell us what is going on at a deeper level.





Post Relacionado:

"Give Them Cake!"


*First published 11/03/09

["Repostado" em referencia a esta materia]
I came across this book today at the University of Stellenbosch bookstore and found it interesting for those of us who give more to music than just the ears.
Here's an extract from the intro:

Because of radio, television, and internet we are all – at various levels and in extremely varied contexts – exposed to several musics from the moment we are born. And no two people are exposed in the same way, as studies in music psychology and music sociology have shown. Just as the methodology of case studies and sampling can seem only provisional and exploratory “[i]n a world of some six-billion people and possibly just as many compositions”, as Nishlyn Ramanna puts it in his study of South African jazz and identity (2005, p. 71), so musical identity globally can be said to have been constructed in at least 6 billion ways, of which only a handful are presented in this book.

One of the major things this book does, then, is to examine a few very specific circumstances under which musical identities in certain areas of the world at certain times have been constructed; it does not attempt to draw wider conclusions. The book also scrutinises the meanings such constructions hold for individuals and the societies in which they live.

Another thing the book shows is how identities are manipulated: what happened in Ghana, for example, when an inherent multiculturalism encountered “colonial legacies like external music examinations, the playing of Western musical instruments, ballroom dance, choirs and bands … resulting in the creation of vibrant music genres and cultures to service the musical identities of people in both countries”? (Akrofi and Flolu in this volume). What happens when a school music curriculum that favours one kind of music culture over another, is imposed upon such vibrancy? The imposed music is an imposed identity, and is bound to be rejected to some extent and in various ways, unless (as with organ transplants), the operation proceeds with the greatest possible caution and the environment is sufficiently antiseptic – which rarely happens in the mayhem of most schools.


The project behind this book brought together music educationists, musicologists, and ethnomusicologists (although some of us are not quite sure where to place ourselves in this triad). At the surface level of content it is fairly easy to see which is which, and the way people’s interests have overlapped is reflected in the way chapters are loosely grouped under the headings “concepts of identity”, “music and discourse”, and “musical encounters”; but these headings don’t tell us what is going on at a deeper level.





Post Relacionado:

"Give Them Cake!"


*First published 11/03/09

["Repostado" em referencia a esta materia]

Wednesday, 16 June 2010

JUNE 16 [R]*

*[First posted 16/06/09]
*[First posted 16/06/09]

Tuesday, 15 June 2010

(Other) Fragments of History... [*]

Geoffrey Norman Blainey, AC (born 11 March 1930), is an Australian historian. He is prominent as a conservative political commentator. His works have ranged from sports and local histories to interpreting the motives behind the British settlement of Australia. Blainey was a Professor of Economic History and later the Ernest Scott Professor of History at the University of Melbourne. He held a Chair in Australian Studies at Harvard University.

Blainey has, at times, been a controversial figure too. In the 1980s, he criticised the level of Asian immigration to Australia and the policy of multiculturalism in speeches, articles and a book All for Australia. He has been closely aligned with the former Liberal-National coalition government of John Howard in Australia, with Howard shadowing Blainey's conservative views on some issues, especially the view that Australian history has been hijacked by social liberals. As a result of these stances, Blainey is sometimes associated with right-wing politics.

Blainey's criticism of Asian immigration was widely reported in overseas countries, particularly in Asia and there was a fear, subsequently discounted, that Australia's trading relations with its Asian neighbours would be affected by his comments.

After a group of left-wing students at the University of Melbourne picketed Blainey’s lectures and demonstrated against him, Blainey was forced to cancel the rest of scheduled talks at the university for the rest of 1984 on security grounds. Blainey and his family were also subject to threats of violence, prompting Blainey to remove his name and address from the public telephone book and organise private security for his home. In 1988, Blainey resigned from the University of Melbourne because of the hostility from many of his colleagues following his speech in Warnambool.

Blainey has been an important but low-key contributor to the debate over Australian history since European settlement, often referred to as the History Wars. Blainey coined the term the "Black armband view of history" to refer to those historians, usually leftist, who accused Australians of genocide against Aborigines having previously referred to nationalistic histories as the "three cheers" school.

Blainey's views provoked much debate and controversy, and 24 historians from the University of Melbourne signed a public letter distancing themselves from his views. Many of Blainey's colleagues argued that his views were divisive and would inflame racism in Australia.

Although Blainey's book Triumph of the Nomads was considered to be a scholarly study into the history of Australia's original inhabitants, his opinions opposing High Court decisions in favour of Aboriginal land rights put him in the line of fire and led to accusations of racism.

== Sources: Various ==


N.B.: Note-se bem que a especializacao academica de Blainey e' em Historia, nao em Historia Economica (talvez uma especializacao nesta disciplina o habilitasse a contribuir com um qualquer "corte epistemologico" com o estado do conhecimento actual sobre a natureza e a dimensao do chamado "trafico negreiro"). A circunstancia de ter sido 'Professor de Historia Economica' na Australia deveu-se apenas ao seu trabalho nao academico como escritor freelancer da historia de algumas companhias australianas - o que, podendo ser relevante para a historia economica do seu pais, nao o abaliza suficientemente para escrever uma possivel (?) "Historia Economica do Mundo", o que, de resto, nao fez... Note-se tambem que, depois do seu quase "linchamento academico" em Melbourne, a cadeira que, de algum modo, lhe permitiu salvar as suas credenciais universitarias em Harvard, nao foi nem Historia, nem Historia Economica, mas "Estudos Australianos".

P.S.: Alias, a proposito desta "historia", poderiamos perfeitamente parafrasear certas palavras do autor do texto que a ela se refere, segundo as quais "para se entender bem esta historia, precisamos de saber quem e' que a escreve e porque que o faz"!

Geoffrey Norman Blainey, AC (born 11 March 1930), is an Australian historian. He is prominent as a conservative political commentator. His works have ranged from sports and local histories to interpreting the motives behind the British settlement of Australia. Blainey was a Professor of Economic History and later the Ernest Scott Professor of History at the University of Melbourne. He held a Chair in Australian Studies at Harvard University.

Blainey has, at times, been a controversial figure too. In the 1980s, he criticised the level of Asian immigration to Australia and the policy of multiculturalism in speeches, articles and a book All for Australia. He has been closely aligned with the former Liberal-National coalition government of John Howard in Australia, with Howard shadowing Blainey's conservative views on some issues, especially the view that Australian history has been hijacked by social liberals. As a result of these stances, Blainey is sometimes associated with right-wing politics.

Blainey's criticism of Asian immigration was widely reported in overseas countries, particularly in Asia and there was a fear, subsequently discounted, that Australia's trading relations with its Asian neighbours would be affected by his comments.

After a group of left-wing students at the University of Melbourne picketed Blainey’s lectures and demonstrated against him, Blainey was forced to cancel the rest of scheduled talks at the university for the rest of 1984 on security grounds. Blainey and his family were also subject to threats of violence, prompting Blainey to remove his name and address from the public telephone book and organise private security for his home. In 1988, Blainey resigned from the University of Melbourne because of the hostility from many of his colleagues following his speech in Warnambool.

Blainey has been an important but low-key contributor to the debate over Australian history since European settlement, often referred to as the History Wars. Blainey coined the term the "Black armband view of history" to refer to those historians, usually leftist, who accused Australians of genocide against Aborigines having previously referred to nationalistic histories as the "three cheers" school.

Blainey's views provoked much debate and controversy, and 24 historians from the University of Melbourne signed a public letter distancing themselves from his views. Many of Blainey's colleagues argued that his views were divisive and would inflame racism in Australia.

Although Blainey's book Triumph of the Nomads was considered to be a scholarly study into the history of Australia's original inhabitants, his opinions opposing High Court decisions in favour of Aboriginal land rights put him in the line of fire and led to accusations of racism.

== Sources: Various ==


N.B.: Note-se bem que a especializacao academica de Blainey e' em Historia, nao em Historia Economica (talvez uma especializacao nesta disciplina o habilitasse a contribuir com um qualquer "corte epistemologico" com o estado do conhecimento actual sobre a natureza e a dimensao do chamado "trafico negreiro"). A circunstancia de ter sido 'Professor de Historia Economica' na Australia deveu-se apenas ao seu trabalho nao academico como escritor freelancer da historia de algumas companhias australianas - o que, podendo ser relevante para a historia economica do seu pais, nao o abaliza suficientemente para escrever uma possivel (?) "Historia Economica do Mundo", o que, de resto, nao fez... Note-se tambem que, depois do seu quase "linchamento academico" em Melbourne, a cadeira que, de algum modo, lhe permitiu salvar as suas credenciais universitarias em Harvard, nao foi nem Historia, nem Historia Economica, mas "Estudos Australianos".

P.S.: Alias, a proposito desta "historia", poderiamos perfeitamente parafrasear certas palavras do autor do texto que a ela se refere, segundo as quais "para se entender bem esta historia, precisamos de saber quem e' que a escreve e porque que o faz"!

Friday, 11 June 2010

World Cup Blitzzzzzz!





Abangoma - Hugh Masekela











Abangoma - Hugh Masekela







Just Poetry (XIX)

Atiraste Uma Pedra

Atiraste uma pedra
No peito de quem
Só te fez tanto bem
E quebraste um telhado
Perdeste um abrigo
Feriste um amigo
Conseguiste magoar
Quem das mágoas te livrou
Atiraste uma pedra
Com as mãos que essa boca
Tantas vezes beijou
Quebraste um telhado
Que nas noites de frio
Te servia de abrigo
Feriste um amigo
Que os teus erros não viu
E o teu pranto enxugou
Mas acima de tudo
Atiraste uma pedra
Turvando essa água
Essa água que um dia
Por estranha ironia
Tua sede matou


[Herivelto Martins/Dalva De Oliveira]

Thursday, 10 June 2010

Abrindo a Caixa de Pandora (III)

Eu e o G.


Na verdade, nunca nos conhecemos bem pessoalmente.
Na verdade, nunca tivemos sequer uma conversa tete-a-tete.
Na verdade, tudo quanto nos comunicamos foi via internet, muito esparsamente, ao longo dos ultimos 8 anos.

Mas, dir-se-ia que eu o conhecia desde que nasci…

Desde quando o meu avo materno – tal como a sua esposa, minha avo, que o tratava por MButa Muntu, natural de MBanza Kongo (embora tenham vivido grande parte da segunda metade das suas vidas na Damba-Uige), feito catolico de um costado (dos outros tres, de um ele era padre, do outro NKisi e do outro homem de familia!) – se opusera ao pedido de casamento que o irmao mais velho do G., o T., fizera a minha tia mais querida, a C., aparentemente, apenas por ele provir de uma familia de protestantes…

Desde quando o outro seu irmao, o C., era visita frequente em nossa casa e parecia estar sempre disposto a namorar todas as mulatas conhecidas da minha mae (algumas das quais apresentavam as suas maes negras como suas "lavadeiras"...), que antes do 25 de Abril diziam que nunca (!), jamais (!) “se entregariam a um preto”… e que por ele, depois do 25, eram capazes de lutar…

Desde que, apesar da regeicao do meu avo, o seu irmao T. e a minha tia C. mantiveram uma amizade inquebrantavel para o resto da vida. Amizade que abrangia ambas as familias, em particular a da sua irma F. (por sinal casada - ou seria 'amigada'? - com um branco), tendo ambas, a minha querida tia e a F., a dada altura abracado outra religiao que nao a catolica ou a protestante e falecido a breve espaco uma da outra, pouco antes de eu me ter tornado, a convite do G., colaboradora e contribuinte (sem qualquer remuneracao) de um certo “pasquim”, por via de circunstancias outras que as das 'estorias da imprensa angolana' (certamente nada a ver com pretensos "estrelatos"!) …

Ou melhor, as circunstancias eram as mesmas: a determinada altura, eu tinha “sentido”, mais do que “decidido”, que o seu irmao T., dada a historia das nossas familias, deveria ser padrinho do meu filho – e foi-o. E foi quando o pai do meu filho faleceu – no mesmo periodo em que, no breve espaco de meses, faleceram a minha querida tia C., a F. e o meu saudoso pai – que eu, pela primeira vez, contactei o G. tentando obter o contacto do seu irmao T., advogado, para tentar resolver umas certas “makas”…

Continuei sem conseguir contactar o T., as “makas” nao foram resolvidas, mas eu continuei, mais do que a “decidir”, a “sentir” que a historia das nossas familias ainda nao se tinha completamente dissipado e entendi que devia comportar-me como “irma” do G. em quaisquer circunstancias…

Incluindo quando a minha querida mae me apareceu a chorar – numa altura em que eu dedicava quase todas as minhas energias ao forjar de uma “campanha bloguistica” para a sua libertacao, quando ele foi encarcerado, alegadamente por “crimes de lesa-patria” contra certos “velhos-novos senhorios” do B.O., da Cuca, do Kassenda, da Precol, do Kinaxixi e de outros Luandenses bairros mais – para me falar do assassinato, em Luanda, do filho da F., o T., e para me mostrar os jornais onde se falava do 'lento envenenamento' no carcere de M., apontando repetidamente para a sua foto, sem contudo a ele se referir explicitamente… E eu, completamente alheada de todas as “mensagens” e “dicas”, apenas lhe dizia de como andava muito ocupada com a “campanha”…

Enfim, sobre mim e o G. talvez deva apenas corroborar (e este nao e' o primeiro, nem unico caso que me leva a faze-lo...) as afirmacoes do R., segundo as quais alguns jornalistas (e eu acrescento: e “opinionistas”) em certos orgaos de imprensa (pergunto-me: apena pelo p(h)oder? apenas pelo dinheiro? apenas pelo ego?) se comportam como verdadeiras “centrais que corroem a sociedade”…
Eu e o G.


Na verdade, nunca nos conhecemos bem pessoalmente.
Na verdade, nunca tivemos sequer uma conversa tete-a-tete.
Na verdade, tudo quanto nos comunicamos foi via internet, muito esparsamente, ao longo dos ultimos 8 anos.

Mas, dir-se-ia que eu o conhecia desde que nasci…

Desde quando o meu avo materno – tal como a sua esposa, minha avo, que o tratava por MButa Muntu, natural de MBanza Kongo (embora tenham vivido grande parte da segunda metade das suas vidas na Damba-Uige), feito catolico de um costado (dos outros tres, de um ele era padre, do outro NKisi e do outro homem de familia!) – se opusera ao pedido de casamento que o irmao mais velho do G., o T., fizera a minha tia mais querida, a C., aparentemente, apenas por ele provir de uma familia de protestantes…

Desde quando o outro seu irmao, o C., era visita frequente em nossa casa e parecia estar sempre disposto a namorar todas as mulatas conhecidas da minha mae (algumas das quais apresentavam as suas maes negras como suas "lavadeiras"...), que antes do 25 de Abril diziam que nunca (!), jamais (!) “se entregariam a um preto”… e que por ele, depois do 25, eram capazes de lutar…

Desde que, apesar da regeicao do meu avo, o seu irmao T. e a minha tia C. mantiveram uma amizade inquebrantavel para o resto da vida. Amizade que abrangia ambas as familias, em particular a da sua irma F. (por sinal casada - ou seria 'amigada'? - com um branco), tendo ambas, a minha querida tia e a F., a dada altura abracado outra religiao que nao a catolica ou a protestante e falecido a breve espaco uma da outra, pouco antes de eu me ter tornado, a convite do G., colaboradora e contribuinte (sem qualquer remuneracao) de um certo “pasquim”, por via de circunstancias outras que as das 'estorias da imprensa angolana' (certamente nada a ver com pretensos "estrelatos"!) …

Ou melhor, as circunstancias eram as mesmas: a determinada altura, eu tinha “sentido”, mais do que “decidido”, que o seu irmao T., dada a historia das nossas familias, deveria ser padrinho do meu filho – e foi-o. E foi quando o pai do meu filho faleceu – no mesmo periodo em que, no breve espaco de meses, faleceram a minha querida tia C., a F. e o meu saudoso pai – que eu, pela primeira vez, contactei o G. tentando obter o contacto do seu irmao T., advogado, para tentar resolver umas certas “makas”…

Continuei sem conseguir contactar o T., as “makas” nao foram resolvidas, mas eu continuei, mais do que a “decidir”, a “sentir” que a historia das nossas familias ainda nao se tinha completamente dissipado e entendi que devia comportar-me como “irma” do G. em quaisquer circunstancias…

Incluindo quando a minha querida mae me apareceu a chorar – numa altura em que eu dedicava quase todas as minhas energias ao forjar de uma “campanha bloguistica” para a sua libertacao, quando ele foi encarcerado, alegadamente por “crimes de lesa-patria” contra certos “velhos-novos senhorios” do B.O., da Cuca, do Kassenda, da Precol, do Kinaxixi e de outros Luandenses bairros mais – para me falar do assassinato, em Luanda, do filho da F., o T., e para me mostrar os jornais onde se falava do 'lento envenenamento' no carcere de M., apontando repetidamente para a sua foto, sem contudo a ele se referir explicitamente… E eu, completamente alheada de todas as “mensagens” e “dicas”, apenas lhe dizia de como andava muito ocupada com a “campanha”…

Enfim, sobre mim e o G. talvez deva apenas corroborar (e este nao e' o primeiro, nem unico caso que me leva a faze-lo...) as afirmacoes do R., segundo as quais alguns jornalistas (e eu acrescento: e “opinionistas”) em certos orgaos de imprensa (pergunto-me: apena pelo p(h)oder? apenas pelo dinheiro? apenas pelo ego?) se comportam como verdadeiras “centrais que corroem a sociedade”…

Wednesday, 9 June 2010

Alguem se lembra...

Desta conversa?


Veronica Benesi Says:
Friday, July 17, 2009


Sim, Sim, mAna, lembro-me muito bem! E não vejo ninguém na minha frente... ;-))
Contudo, deixo aqui meus parabéns aos irmãos lusitanos, que, descontando as devidas proporções, podemos considerá-los os reais vencedores nesta corrida.



umBhalane Says:
Sunday, July 19, 2009


(...) Mas lembro aos Cariocas que o que conta é a meta dos 20.000.


N.B.: Os manos Brazukas, nao so' os Kariokas, ja' ultrapassaram a meta:

Brasil: 20.065
Portugal: 15.947


Sarava'!
Desta conversa?


Veronica Benesi Says:
Friday, July 17, 2009


Sim, Sim, mAna, lembro-me muito bem! E não vejo ninguém na minha frente... ;-))
Contudo, deixo aqui meus parabéns aos irmãos lusitanos, que, descontando as devidas proporções, podemos considerá-los os reais vencedores nesta corrida.



umBhalane Says:
Sunday, July 19, 2009


(...) Mas lembro aos Cariocas que o que conta é a meta dos 20.000.


N.B.: Os manos Brazukas, nao so' os Kariokas, ja' ultrapassaram a meta:

Brasil: 20.065
Portugal: 15.947


Sarava'!

Tuesday, 8 June 2010

E o que dizer dos "egos corporativistas"?






[Ao contrario do que acontece com os "egos mercenarios" (alguns deles conhecidos por GC...), os "egos corporativistas" andam (quase) sempre em defesa dos seus colegas (alguns deles tambem conhecidos por GC...), sendo que estes colegas podem nao andar sempre "atras do prejuizo" - mesmo porque de tanto kabunguismo, besuguismo e lambebotismo o "prejuizo" vai sempre ter preferencialmente com eles para faze-los novo-jornalistas ... -, mas andam seguramente sempre "atras do p(h)oder das mabundas, dos bitokes e dos mabokes"...]


Post relacionado:

E o que dizer do "Jornalismo de Opiniao"?







[Ao contrario do que acontece com os "egos mercenarios" (alguns deles conhecidos por GC...), os "egos corporativistas" andam (quase) sempre em defesa dos seus colegas (alguns deles tambem conhecidos por GC...), sendo que estes colegas podem nao andar sempre "atras do prejuizo" - mesmo porque de tanto kabunguismo, besuguismo e lambebotismo o "prejuizo" vai sempre ter preferencialmente com eles para faze-los novo-jornalistas ... -, mas andam seguramente sempre "atras do p(h)oder das mabundas, dos bitokes e dos mabokes"...]


Post relacionado:

E o que dizer do "Jornalismo de Opiniao"?


Monday, 7 June 2010

E por falar em “pre-campanha eleitoral”...

[Bem sei que "nao precisam da minha sabedoria para nada", mas...]


Volto a dois posts aqui antes publicados.

Este, onde se pode ler o seguinte:

Em suma, a FpD, salvaguardados todos os seus indiscutiveis meritos relativos, parece ser um partido ainda em busca de um equilibrio satisfatorio entre o populismo e o programatismo, o dogmatismo e o pragmatismo, a retorica politica e a formulacao de politicas, a teoria e a pratica, enfim, entre o ideal e o real. E essa, quanto a mim, a razao fundamental para a sua “derrota” relativa, enquanto partido oposicionista mais promissor ate’ as vesperas destas eleicoes.


E este, onde destaco um exemplo pratico do que pode ser um credivel discurso alternativo no actual ambiente politico-economico global, com as necessarias e suficientes substancia, consistencia e coerencia politica e pragmatica, salvaguardadas, obviamente, as diferencas contextuais:

- Atente-se na, embora sucinta, cuidadosa formulacao do diagnostico;
- Atente-se no plano de accao e, em particular, nas propostas concretas no dominio das politicas publicas e, especialmente, das politicas redistributivas.

Atente-se tambem no facto de que, sendo embora um discurso eminentemente de esquerda democratica (e, acrescente-se, socialista... e, acrescente-se, nacionalista...), ele ancora-se nos principios fundamentais da economia de mercado, manifestando-se como um discurso essencialmente “anti-capitalismo de estado”, seja ele ocidental, russo, chines, venezuelano ou brasileiro (e podia-se aqui acrescentar ou angolano...). Ou seja, um discurso sem as habituais 'retoricas idealistas' e 'maniqueismos ideologico-doutrinarios' (e 'geograficos') que nos teem sido servidos ad nauseum por algun(ma)s “intelectuais de esquerda” do dito “global south”...


[E, posto isso, volto a colocar-me no meu devido lugar...]
[Bem sei que "nao precisam da minha sabedoria para nada", mas...]


Volto a dois posts aqui antes publicados.

Este, onde se pode ler o seguinte:

Em suma, a FpD, salvaguardados todos os seus indiscutiveis meritos relativos, parece ser um partido ainda em busca de um equilibrio satisfatorio entre o populismo e o programatismo, o dogmatismo e o pragmatismo, a retorica politica e a formulacao de politicas, a teoria e a pratica, enfim, entre o ideal e o real. E essa, quanto a mim, a razao fundamental para a sua “derrota” relativa, enquanto partido oposicionista mais promissor ate’ as vesperas destas eleicoes.


E este, onde destaco um exemplo pratico do que pode ser um credivel discurso alternativo no actual ambiente politico-economico global, com as necessarias e suficientes substancia, consistencia e coerencia politica e pragmatica, salvaguardadas, obviamente, as diferencas contextuais:

- Atente-se na, embora sucinta, cuidadosa formulacao do diagnostico;
- Atente-se no plano de accao e, em particular, nas propostas concretas no dominio das politicas publicas e, especialmente, das politicas redistributivas.

Atente-se tambem no facto de que, sendo embora um discurso eminentemente de esquerda democratica (e, acrescente-se, socialista... e, acrescente-se, nacionalista...), ele ancora-se nos principios fundamentais da economia de mercado, manifestando-se como um discurso essencialmente “anti-capitalismo de estado”, seja ele ocidental, russo, chines, venezuelano ou brasileiro (e podia-se aqui acrescentar ou angolano...). Ou seja, um discurso sem as habituais 'retoricas idealistas' e 'maniqueismos ideologico-doutrinarios' (e 'geograficos') que nos teem sido servidos ad nauseum por algun(ma)s “intelectuais de esquerda” do dito “global south”...


[E, posto isso, volto a colocar-me no meu devido lugar...]

Saturday, 5 June 2010

SA (R.I.P.)? {Adendado}*





Permitam-me «arrolar» para esta conversa figuras que de uma ou de outra maneira emprestaram o nome ao projecto. São os casos de (…) Paula Santana (…)

(…)

O equilíbrio no género está garantido com a continuidade de duas
intelectuais à prova de bala: as professoras Inocência da Mata e Elizabeth
Ceita.


[GC, in SA # 370]


Gracita:

Malgre' tout, desejo-te boa sorte nos teus projectos futuros, quaisquer que eles sejam.

Mas... peco-te o favor de nao "arrolares" o meu nome na mesma conversa com os dessas 'donas' - mesmo porque os nossos nomes nunca estiveram associados ao "mesmo projecto", eu nao uso oculos, nunca li nenhum livro, nao conheco nenhum mundo e elas nao gostam de ser misturadas com "todo o mundo"... OK?!

Aproveito a oportunidade para referir que nao tenho nada a ver com as opcoes editoriais do 'novo' ou do 'velho' SA, desde que ele nao produza coisas destas que, manifestamente, estao longe de ser produtos de "intelectuais a prova de bala" - alias, o que e' isso? Para usar as tuas proprias palavras em certa ocasiao: sera' "alguma coisa que se coma"?! De facto, apenas se demonstraram "anti-intelectuais", na medida em que de "intelectuais" nao teem absolutamente nada, excepto a pretensao de assim serem consideradas a qualquer preco, e deram mostras de nem sequer conhecerem as definicoes mais elementares de "intelectual", afirmando-se como pouco mais do que umas arrogantes ignorantes letradas com mentalidades feudais de roça de cacau e com 'professorados' e 'doutoramentos' que, se tivessem que prestar "provas de bala" nas melhores universidades do mundo, apenas lhes dariam equivalencia, quanto muito, ao ensino medio!

Devo acrescentar, como leitora e como mulher, que nao reconheco qualquer "representatividade do genero" nessas cavalheiras - muito pelo contrario! Sera' que ainda e' novidade para alguem dizer-se que nao basta ser-se mulher para se "representar" as mulheres, ou para garantir o "equlibrio do genero" (... de facto, essas cavalheiras teem demonstrado a saciedade nem sequer saberem o que isso e' em pleno seculo XXI! ... Todavia, pretendem arrogar-se o direito de "julgar" com alguma "objectividade" e "credibilidade" a escrita feminina contemporanea! ...)? Particularmente quando tais "representantes" sao capazes de usar os golpes mais baixos (note-se que ate' ao ataque a minha nacionalidade e patriotismo (!) e ao tribalismo anti-Bakongo (!) foram capazes de recorrer...) e usam de todas as tecnicas e taticas dos jogos de poder (!) tipicamente masculinos, incluindo o "trungunguismo", para "derrubarem" adversarias ou rivais, reais ou imaginarias, dedicando todas as suas energias a perseguir (por entre flagrantes plagios e descaradas mentiras!) e a atacar a dignidade pessoal e profissional de outras mulheres, sem qualquer provocacao ou outro motivo, pelo menos racional ou objectivo, aparente - excepto os seus eminentes diletantismo, vaidade, petulancia, complexos de superioridade, ciumes e inveja e odio?! Particularmente quando o fazem vil e cobardemente de forma encapotada, sem qualquer possibilidade de defesa da sua vitima, enquanto almofadam as suas contas bancarias e "ajudam a vender" jornais sem quaisquer preocupacoes eticas, morais, ou deontologicas? - alias, o que e' que alguma delas percebe de jornalismo (nao confundir com bloguismo...), para saber minimamente o que anda ai a fazer, a pala de "opiniao"?! ... Mas nao me espantara' nada se (para alem da mais do que previsivel publicacao em livro dessas "cronicas"...) daqui a pouco tambem se tornem "professoras de jornalismo"! ...

Na verdade, esse e' exactamente o tipo de mulhereszinhas menores, infantis, fracas e mesquinhas, sumamente complexadas [sempre gostava que me explicassem, caso possam, certas "questoes filosoficas" como, por exemplo: porque que andam de perucas, tissagens, ou cabelos desfrizados e porque que fazem tanta questao de propagandear os seus 'lencos e vestimentas Pierre Cardin', ou 'sapatos Jimmy Choo', quando, cheias de RESSAIBOS (!), se sentem "regeitadas" por, apesar de "convidadas", apenas lhes ser permitida entrada em casa de seus "amigos" (e.g. brasileiros) pela porta das traseiras, como a "todo o mundo"?! Como e porque nao lhes convinha saberem ja' entao "o que lhes esperava" independentemente da 'lisura' dos cabelos, dos oculos, dos canudos, ou das griffes - ou, dito de outro modo, das suas ditas "historicas diferencas fenotipicas"?!!!], preconceituosas, inseguras e submissas que apenas sabem servir reaccionaria e oportunisticamente o "jogo dos homens" e dar mau nome as mulheres (especialmente as negras - como se estas ja' nao tivessem mais do que a sua quota-parte de afrontamentos ao longo da Historia!), sabotando sem quaisquer escrupulos (apenas para se auto-promoverem egoisticamente e grangearem "amigos" que nunca tiveram, especialmente "nao negros" e "intelectuais"... or just for the sex of it!) a causa maior da dignificacao da Mulher!

E, embora ja' saiba melhor "o que me espera", atrevo-me a afirmar, como Angolana, que me parece que ja' e' tempo de um jornal que se diz pautar pela "Coragem de ser Angolano" ter a coragem suficiente (!) de arrolar entre os seus colaboradores Mulheres Angolanas (que as ha' e muito capazes!), de preferencia residentes permanente e continuamente em Angola nas ultimas decadas!

Tenho dito.




"Kente leu, êl etneK ..."


*ADENDA

Gostaria de referir os leitores a este "Curso de Genero, Raca e Etnia para Jornalistas" e "Etica Jornalistica", muito posterior a "morte do SA":

Falando de Etica Jornalistica





Permitam-me «arrolar» para esta conversa figuras que de uma ou de outra maneira emprestaram o nome ao projecto. São os casos de (…) Paula Santana (…)

(…)

O equilíbrio no género está garantido com a continuidade de duas
intelectuais à prova de bala: as professoras Inocência da Mata e Elizabeth
Ceita.


[GC, in SA # 370]


Gracita:

Malgre' tout, desejo-te boa sorte nos teus projectos futuros, quaisquer que eles sejam.

Mas... peco-te o favor de nao "arrolares" o meu nome na mesma conversa com os dessas 'donas' - mesmo porque os nossos nomes nunca estiveram associados ao "mesmo projecto", eu nao uso oculos, nunca li nenhum livro, nao conheco nenhum mundo e elas nao gostam de ser misturadas com "todo o mundo"... OK?!

Aproveito a oportunidade para referir que nao tenho nada a ver com as opcoes editoriais do 'novo' ou do 'velho' SA, desde que ele nao produza coisas destas que, manifestamente, estao longe de ser produtos de "intelectuais a prova de bala" - alias, o que e' isso? Para usar as tuas proprias palavras em certa ocasiao: sera' "alguma coisa que se coma"?! De facto, apenas se demonstraram "anti-intelectuais", na medida em que de "intelectuais" nao teem absolutamente nada, excepto a pretensao de assim serem consideradas a qualquer preco, e deram mostras de nem sequer conhecerem as definicoes mais elementares de "intelectual", afirmando-se como pouco mais do que umas arrogantes ignorantes letradas com mentalidades feudais de roça de cacau e com 'professorados' e 'doutoramentos' que, se tivessem que prestar "provas de bala" nas melhores universidades do mundo, apenas lhes dariam equivalencia, quanto muito, ao ensino medio!

Devo acrescentar, como leitora e como mulher, que nao reconheco qualquer "representatividade do genero" nessas cavalheiras - muito pelo contrario! Sera' que ainda e' novidade para alguem dizer-se que nao basta ser-se mulher para se "representar" as mulheres, ou para garantir o "equlibrio do genero" (... de facto, essas cavalheiras teem demonstrado a saciedade nem sequer saberem o que isso e' em pleno seculo XXI! ... Todavia, pretendem arrogar-se o direito de "julgar" com alguma "objectividade" e "credibilidade" a escrita feminina contemporanea! ...)? Particularmente quando tais "representantes" sao capazes de usar os golpes mais baixos (note-se que ate' ao ataque a minha nacionalidade e patriotismo (!) e ao tribalismo anti-Bakongo (!) foram capazes de recorrer...) e usam de todas as tecnicas e taticas dos jogos de poder (!) tipicamente masculinos, incluindo o "trungunguismo", para "derrubarem" adversarias ou rivais, reais ou imaginarias, dedicando todas as suas energias a perseguir (por entre flagrantes plagios e descaradas mentiras!) e a atacar a dignidade pessoal e profissional de outras mulheres, sem qualquer provocacao ou outro motivo, pelo menos racional ou objectivo, aparente - excepto os seus eminentes diletantismo, vaidade, petulancia, complexos de superioridade, ciumes e inveja e odio?! Particularmente quando o fazem vil e cobardemente de forma encapotada, sem qualquer possibilidade de defesa da sua vitima, enquanto almofadam as suas contas bancarias e "ajudam a vender" jornais sem quaisquer preocupacoes eticas, morais, ou deontologicas? - alias, o que e' que alguma delas percebe de jornalismo (nao confundir com bloguismo...), para saber minimamente o que anda ai a fazer, a pala de "opiniao"?! ... Mas nao me espantara' nada se (para alem da mais do que previsivel publicacao em livro dessas "cronicas"...) daqui a pouco tambem se tornem "professoras de jornalismo"! ...

Na verdade, esse e' exactamente o tipo de mulhereszinhas menores, infantis, fracas e mesquinhas, sumamente complexadas [sempre gostava que me explicassem, caso possam, certas "questoes filosoficas" como, por exemplo: porque que andam de perucas, tissagens, ou cabelos desfrizados e porque que fazem tanta questao de propagandear os seus 'lencos e vestimentas Pierre Cardin', ou 'sapatos Jimmy Choo', quando, cheias de RESSAIBOS (!), se sentem "regeitadas" por, apesar de "convidadas", apenas lhes ser permitida entrada em casa de seus "amigos" (e.g. brasileiros) pela porta das traseiras, como a "todo o mundo"?! Como e porque nao lhes convinha saberem ja' entao "o que lhes esperava" independentemente da 'lisura' dos cabelos, dos oculos, dos canudos, ou das griffes - ou, dito de outro modo, das suas ditas "historicas diferencas fenotipicas"?!!!], preconceituosas, inseguras e submissas que apenas sabem servir reaccionaria e oportunisticamente o "jogo dos homens" e dar mau nome as mulheres (especialmente as negras - como se estas ja' nao tivessem mais do que a sua quota-parte de afrontamentos ao longo da Historia!), sabotando sem quaisquer escrupulos (apenas para se auto-promoverem egoisticamente e grangearem "amigos" que nunca tiveram, especialmente "nao negros" e "intelectuais"... or just for the sex of it!) a causa maior da dignificacao da Mulher!

E, embora ja' saiba melhor "o que me espera", atrevo-me a afirmar, como Angolana, que me parece que ja' e' tempo de um jornal que se diz pautar pela "Coragem de ser Angolano" ter a coragem suficiente (!) de arrolar entre os seus colaboradores Mulheres Angolanas (que as ha' e muito capazes!), de preferencia residentes permanente e continuamente em Angola nas ultimas decadas!

Tenho dito.




"Kente leu, êl etneK ..."


*ADENDA

Gostaria de referir os leitores a este "Curso de Genero, Raca e Etnia para Jornalistas" e "Etica Jornalistica", muito posterior a "morte do SA":

Falando de Etica Jornalistica

Thursday, 3 June 2010

Preconceitos...*

Preconceito 1: A mulher é vulnerável no casamento misto.

• A mulher, quando e’ vulneravel, e’-o em qualquer tipo de casamento! De facto, casos ha’ em que mulheres africanas emigradas no ocidente (nao necessariamente pobres, frageis ou incultas…) foram feitas extremamente vulneraveis (incluindo com os seus filhos…) por maridos (tambem nao necessariamente "pobres"...) do seu pais e cultura de origem e encontraram junto de homens de outra nacionalidade e cultura o amor, o respeito, a dignidade e a estabilidade (nao exclusivamente material e/ou financeira…), enfim, a felicidade a que todos os seres humanos teem direito;

• Convem notar que, pelo menos nas sociedades ocidentais, as mulheres, qualquer que seja a sua origem ou status economico-social, ganham com o casamento (oficial) direitos adquiridos perante a lei, que nem o marido, a sua familia, ou a sua cultura e/ou sociedade, podem facilmente violar, ao contrario do que se passa em muitos casos na sociedade angolana...

Preconceito 2: A causa fundamental da emigração é a pobreza.

• A causa fundamental (mas nao unica, como alias se reconhece quando se diz que “existe uma vasta gama de factores para a emigração e um deles é a pobreza”) da emigracao de Africa e dos paises do dito terceiro mundo para outros destinos podera’ ser, de facto, a pobreza. Mas ja’ o mesmo nao sera’ verdade de toda a emigracao de europeus e cidadaos de outros paises, sobretudo ocidentais, para Africa e para o dito terceiro mundo – sendo que estes tambem produzem casamentos mistos (aparentemente, excepto em Angola...);

• Quando a causa fundamental da emigracao da mulher africana nao e’ necessariamente a pobreza, nao se pode afirmar com propriedade que ela sera’ vulneravel num casamento misto. De facto, uma das maiores fontes de vulnerabilidade da mulher africana (ou da mulher de qualquer outra proveniencia) quando fora do seu pais de origem, e que pode ser causada pela pobreza, e’ a prostituicao – nao o casamento misto;

• Sera' de notar aqui que, em sociedades como a angolana, nao e' preciso muito para que uma mulher seja estigmatizada como "prostituta" ou, no minimo, "promiscua" (... e veja a sua vida toda, incluindo a profissional, completamente desgracada ...), mesmo que viva longos periodos de celibato e tenha uma formacao etico-moral-religiosa que a tenha moldado e a encaminhe em qualquer outra direccao menos aquela: basta nao ter nascido "na familia certa", nao ter uma alianca no dedo para "proteger a sua reputacao", ou ser "mae solteira" (mesmo que, e sobretudo, por opcao propria!) e/ou ter tido mais do que um (conhecido) companheiro em relacionamentos amorosos perfeitamente saudaveis (sendo que, especialmente na comunidade negra, basta que tais companheiros sejam "nao negros"!) ...

• Enquanto que, no reverso da medalha, basta uma mulher ter (ou alguma vez ter tido, ainda que apenas breve e figurativamente...) uma alianca no dedo, e mesmo que tenha (incluindo, e sobretudo, dentro do casamento...), ou tenha tido, uma conduta que, pelos mesmos (ou ainda piores, no sentido de mais estrictos) criterios acima, poderiam leva-la a ser considerada "prostituta" ou "promiscua", ela e' geralmente "respeitada" pela sociedade e tem mais chances de, em qualquer fatalidade ou outra circunstancia menos feliz, reconstruir a sua vida em paz, tranquilidade e dignidade... Alias, nao e' por acaso que muitas delas, mesmo quando se auto-consideram "emancipadas", apesar de divorciadas ha' muitos anos, mesmo que ja' tenham vivido, ou vivam, maritalmente com outros homens e destes tenham filhos, continuam a usar a tal alianca e o apelido do ex-marido - mesmo quando este tambem ja' seja marido de outra mulher - para o resto da vida para "protegerem a sua reputacao" e "garantirem o seu status social"!

Preconceito 3: A distância e a solidão estão, às vezes, na origem da união conjugal entre pessoas de culturas diferentes, o que origina a ‘cultura mista’, que causa muitos transtornos em muitas famílias.

• Unioes conjugais entre pessoas de culturas diferentes (e resultantes ‘culturas mistas’) acontecem quer nos paises de origem dessas pessoas, quer noutros paises e isso nao tem forcosamente a ver com distancia ou solidao;

• A ‘cultura mista’ esta’ longe de ser a unica origem dos “muitos transtornos causados em muitas familias”. Um exemplo a contrario pode ser a poligamia… que (especialmente quando praticada fora do seu natural contexto socio-cultural, sendo que nesse caso e' geralmente nao assumida plenamente pelo homem, especialmente quando e' casado oficialmente com uma das mulheres) causa muito mais distancia, solidao, vulnerabilidade e transtornos a mulheres em unioes conjugais dentro da mesma cultura e suas familias.

Preconceito 4: A mulher é o género mais vulnerável nos casamentos mistos e indesejados devido à sua fragilidade ou à pobreza e, quando isso acontece, a tendência é adquirir a cultura do marido.

• Apenas a mulher e’ aqui vista como “fragil e/ou pobre”;

• O que dizer, entao, dos africanos que, sobretudo no ocidente, se casam (numa proporcao de 100/1 relativamente a casamentos entre mulheres africanas e homens de outras origens) com mulheres de outras origens e adquirem a sua cultura? Serao tambem eles “frageis” e "vulneraveis", ou serao as suas parceiras necessariamente “pobres”? Ou serao todos eles "ricos"?

• E o que dizer de homens que, dentro da mesma cultura, apenas se casam com mulheres de uma certa raca ou tom de pele, ou cujas familias tenham um determinado apelido e/ou status economico-social? Enquanto que, ao mesmo tempo, alguns deles fazem questao de ostentar o nome de "outras" com quem tiveram algum relacionamento (minimo, acidental, ocasional, equivocado e inconsequente que tenha sido!), como "trofeus" sobre os quais se julgam eternamente com direitos de posse e de vida ou de morte... sendo que, caso as suas vitimas se revoltem contra tal comportamento abusivo, eles (e, quantas vezes, as suas "legitimas patroas" e respectivas familias e amigos...) nao se coibem de tudo fazer para as ostracizar socialmente e arrastar os seus nomes pela lama para o resto da vida!

• Deverao apenas os casamentos de mulheres com homens de outras culturas ser considerados “indesejaveis”?

Preconceito 5: Muitas pessoas que deixam o país de origem, quando atingem a maior idade perdem a nacionalidade ou a identidade cultural. O ensino da língua materna, que é também grande factor de preservação da cultura, é esquecido.

• E', de facto, lamentavel que isso aconteca, quando acontece (e ainda bem que aqui se fala em "pessoas" e nao apenas em "mulheres"), mas a triste realidade e' que a tendencia e' para os emigrados - mesmo por uma questao de sobrevivencia espiritual enquanto seres humanos e ate' porque algumas das sociedades em que vivem promovem e valorizam sobremaneira a diversidade cultural - terem um maior apego a sua cultura de origem do que os seus compatriotas que permanecem no seu pais e que vivem "fascinados" e "vidrados" (quando nao completamente subjugados!) a tudo o que e' estrangeiro e, especialmente, ocidental...

• E, no caso particular de Angola, a questao da falta de preservacao da identidade cultural e das linguas maternas, esta' longe de ser um atributo exclusivo dos emigrados, sendo na verdade uma consequencia da propria matriz de colonizacao a que o pais foi submetido durante seculos...

• De notar tambem que, geralmente, sao as mulheres as portadoras, preservadoras e transmissoras da sua cultura materna, pelo que ha' mais chances de os seus filhos num casamento misto serem educados, pelo menos parcialmente, nas tradicoes do pais da mae, do que quando tais filhos sao produto de um casamento de um homem africano como uma mulher de outra origem.


* [Comentarios a esta materia]


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Casamento!
Preconceito 1: A mulher é vulnerável no casamento misto.

• A mulher, quando e’ vulneravel, e’-o em qualquer tipo de casamento! De facto, casos ha’ em que mulheres africanas emigradas no ocidente (nao necessariamente pobres, frageis ou incultas…) foram feitas extremamente vulneraveis (incluindo com os seus filhos…) por maridos (tambem nao necessariamente "pobres"...) do seu pais e cultura de origem e encontraram junto de homens de outra nacionalidade e cultura o amor, o respeito, a dignidade e a estabilidade (nao exclusivamente material e/ou financeira…), enfim, a felicidade a que todos os seres humanos teem direito;

• Convem notar que, pelo menos nas sociedades ocidentais, as mulheres, qualquer que seja a sua origem ou status economico-social, ganham com o casamento (oficial) direitos adquiridos perante a lei, que nem o marido, a sua familia, ou a sua cultura e/ou sociedade, podem facilmente violar, ao contrario do que se passa em muitos casos na sociedade angolana...

Preconceito 2: A causa fundamental da emigração é a pobreza.

• A causa fundamental (mas nao unica, como alias se reconhece quando se diz que “existe uma vasta gama de factores para a emigração e um deles é a pobreza”) da emigracao de Africa e dos paises do dito terceiro mundo para outros destinos podera’ ser, de facto, a pobreza. Mas ja’ o mesmo nao sera’ verdade de toda a emigracao de europeus e cidadaos de outros paises, sobretudo ocidentais, para Africa e para o dito terceiro mundo – sendo que estes tambem produzem casamentos mistos (aparentemente, excepto em Angola...);

• Quando a causa fundamental da emigracao da mulher africana nao e’ necessariamente a pobreza, nao se pode afirmar com propriedade que ela sera’ vulneravel num casamento misto. De facto, uma das maiores fontes de vulnerabilidade da mulher africana (ou da mulher de qualquer outra proveniencia) quando fora do seu pais de origem, e que pode ser causada pela pobreza, e’ a prostituicao – nao o casamento misto;

• Sera' de notar aqui que, em sociedades como a angolana, nao e' preciso muito para que uma mulher seja estigmatizada como "prostituta" ou, no minimo, "promiscua" (... e veja a sua vida toda, incluindo a profissional, completamente desgracada ...), mesmo que viva longos periodos de celibato e tenha uma formacao etico-moral-religiosa que a tenha moldado e a encaminhe em qualquer outra direccao menos aquela: basta nao ter nascido "na familia certa", nao ter uma alianca no dedo para "proteger a sua reputacao", ou ser "mae solteira" (mesmo que, e sobretudo, por opcao propria!) e/ou ter tido mais do que um (conhecido) companheiro em relacionamentos amorosos perfeitamente saudaveis (sendo que, especialmente na comunidade negra, basta que tais companheiros sejam "nao negros"!) ...

• Enquanto que, no reverso da medalha, basta uma mulher ter (ou alguma vez ter tido, ainda que apenas breve e figurativamente...) uma alianca no dedo, e mesmo que tenha (incluindo, e sobretudo, dentro do casamento...), ou tenha tido, uma conduta que, pelos mesmos (ou ainda piores, no sentido de mais estrictos) criterios acima, poderiam leva-la a ser considerada "prostituta" ou "promiscua", ela e' geralmente "respeitada" pela sociedade e tem mais chances de, em qualquer fatalidade ou outra circunstancia menos feliz, reconstruir a sua vida em paz, tranquilidade e dignidade... Alias, nao e' por acaso que muitas delas, mesmo quando se auto-consideram "emancipadas", apesar de divorciadas ha' muitos anos, mesmo que ja' tenham vivido, ou vivam, maritalmente com outros homens e destes tenham filhos, continuam a usar a tal alianca e o apelido do ex-marido - mesmo quando este tambem ja' seja marido de outra mulher - para o resto da vida para "protegerem a sua reputacao" e "garantirem o seu status social"!

Preconceito 3: A distância e a solidão estão, às vezes, na origem da união conjugal entre pessoas de culturas diferentes, o que origina a ‘cultura mista’, que causa muitos transtornos em muitas famílias.

• Unioes conjugais entre pessoas de culturas diferentes (e resultantes ‘culturas mistas’) acontecem quer nos paises de origem dessas pessoas, quer noutros paises e isso nao tem forcosamente a ver com distancia ou solidao;

• A ‘cultura mista’ esta’ longe de ser a unica origem dos “muitos transtornos causados em muitas familias”. Um exemplo a contrario pode ser a poligamia… que (especialmente quando praticada fora do seu natural contexto socio-cultural, sendo que nesse caso e' geralmente nao assumida plenamente pelo homem, especialmente quando e' casado oficialmente com uma das mulheres) causa muito mais distancia, solidao, vulnerabilidade e transtornos a mulheres em unioes conjugais dentro da mesma cultura e suas familias.

Preconceito 4: A mulher é o género mais vulnerável nos casamentos mistos e indesejados devido à sua fragilidade ou à pobreza e, quando isso acontece, a tendência é adquirir a cultura do marido.

• Apenas a mulher e’ aqui vista como “fragil e/ou pobre”;

• O que dizer, entao, dos africanos que, sobretudo no ocidente, se casam (numa proporcao de 100/1 relativamente a casamentos entre mulheres africanas e homens de outras origens) com mulheres de outras origens e adquirem a sua cultura? Serao tambem eles “frageis” e "vulneraveis", ou serao as suas parceiras necessariamente “pobres”? Ou serao todos eles "ricos"?

• E o que dizer de homens que, dentro da mesma cultura, apenas se casam com mulheres de uma certa raca ou tom de pele, ou cujas familias tenham um determinado apelido e/ou status economico-social? Enquanto que, ao mesmo tempo, alguns deles fazem questao de ostentar o nome de "outras" com quem tiveram algum relacionamento (minimo, acidental, ocasional, equivocado e inconsequente que tenha sido!), como "trofeus" sobre os quais se julgam eternamente com direitos de posse e de vida ou de morte... sendo que, caso as suas vitimas se revoltem contra tal comportamento abusivo, eles (e, quantas vezes, as suas "legitimas patroas" e respectivas familias e amigos...) nao se coibem de tudo fazer para as ostracizar socialmente e arrastar os seus nomes pela lama para o resto da vida!

• Deverao apenas os casamentos de mulheres com homens de outras culturas ser considerados “indesejaveis”?

Preconceito 5: Muitas pessoas que deixam o país de origem, quando atingem a maior idade perdem a nacionalidade ou a identidade cultural. O ensino da língua materna, que é também grande factor de preservação da cultura, é esquecido.

• E', de facto, lamentavel que isso aconteca, quando acontece (e ainda bem que aqui se fala em "pessoas" e nao apenas em "mulheres"), mas a triste realidade e' que a tendencia e' para os emigrados - mesmo por uma questao de sobrevivencia espiritual enquanto seres humanos e ate' porque algumas das sociedades em que vivem promovem e valorizam sobremaneira a diversidade cultural - terem um maior apego a sua cultura de origem do que os seus compatriotas que permanecem no seu pais e que vivem "fascinados" e "vidrados" (quando nao completamente subjugados!) a tudo o que e' estrangeiro e, especialmente, ocidental...

• E, no caso particular de Angola, a questao da falta de preservacao da identidade cultural e das linguas maternas, esta' longe de ser um atributo exclusivo dos emigrados, sendo na verdade uma consequencia da propria matriz de colonizacao a que o pais foi submetido durante seculos...

• De notar tambem que, geralmente, sao as mulheres as portadoras, preservadoras e transmissoras da sua cultura materna, pelo que ha' mais chances de os seus filhos num casamento misto serem educados, pelo menos parcialmente, nas tradicoes do pais da mae, do que quando tais filhos sao produto de um casamento de um homem africano como uma mulher de outra origem.


* [Comentarios a
esta materia]


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The Burden of The Black Woman

Casamento!

Tuesday, 1 June 2010

Casamento! [*]


Alex & Arjan

Are getting married today.
It's the second time for her.
So, may they live happy ever after this time 'round.


Cheers!!!



*[First posted (without the pictures) on 14/05/10]


Alex & Arjan

Are getting married today.
It's the second time for her.
So, may they live happy ever after this time 'round.


Cheers!!!



*[First posted (without the pictures) on 14/05/10]