O Kudibanguela, a partir do momento em que deixou de servir os interesses do MPLA, foi extinto. O Presidente Neto, que havia «assinado por baixo» quando a ideia de criação do programa lhe foi apresentada, não teve de decretar a sua extinção: convidou a equipa para um jantar, no decurso do qual anunciou que, a partir daquele dia… não mais kudibanguela. Ele disse para nós, nesse jantar, cito: «…camaradas, convém ao MPLA que o Kudibanguela não mais vá para o ar…»
(...)
Da equipa do Kudibanguela faziam parte: Manuel Neto (MBala), coordenador e na altura DG da RNA; Adelino Santos (Betinho); Costa Benjamim NGalangandja; Emanuel Costa (Manino); Rui Malaquias (Ngila); Colosso; Evaristo Rocha; Ricardina Rocha (Didina). Na Rádio Nacional fomos assessorados na sonoplastia pelo Fernando Neves, o Artur Arriscado e o Óscar Gourgel, que em momento algum foram tidos como membros da equipa. Do Kudibanguela mesmo restamos quatro para contar a história.
Emanuel de Jesus Conceição Costa «Manino»
(in Semanario Angolense, edicao #369, pp. 7-9)
Manuel Bernardo Neto (MBala) - meu cunhado (marido da minha irma mais velha, que tambem viria a ser presa do 27 de Maio durante cerca de dois anos). Com ele aprendi a jogar xadrez (ele tinha-o aprendido quando esteve preso pela Pide em S. Nicolau no periodo colonial, tendo sido libertado na sequencia do 25 de Abril). Vi-o pela ultima vez no domingo anterior ao 27/05/77, durante um almoco de familia em casa da minha mae, que terminara numa acesa discussao politico-ideologica entre ele e um outro meu cunhado, o Waldemar Parreira, o Dumas, [ligado a OCA - Organizacao Comunista de Angola - e que tambem viria a ser preso durante varios meses na cadeia de Sao Paulo (...onde, ja' depois de regressada do Lubango, fui algumas vezes com a mulher dele, a minha outra irma, a artista plastica Maria Teresa Santana, a.k.a. Mawete vo Teka-Sala, a Tekas, ajuda-la a levar-lhe o farnel - com um volume de Herminios mandados pelo Tirso pelo meio - a que so' a partir de determinada altura alguns prisioneiros passaram a ter direito uma vez por semana, ou de 15 em 15 dias... enquanto aguardavamos a nossa vez de sermos chamadas pela seguranca - que passava tudo a pente fino antes de autorizar a entrada do que quer que fosse la' para dentro - por entre o verdadeiro arraial de fraternidades familiares que ali se reunia em frente a cadeia, eu via como alguns prisioneiros se acotovelavam em algumas celas de onde se podia ver por sobre os muros, para verem quem ali estava, quem tinha vindo... tentava ansiosamente reconhece-los, mas as grades e a distancia nao o permitiam... despedia-me com um adeus, retribuido nao sei por quem - ate' hoje...) e depois expulso para Portugal] ... Esta e' a primeira vez que vejo o nome do MBala mencionado em qualquer relato sobre o 27 de Maio (ressalvando aqui que ainda nao li todos os que ate' agora foram publicados).
[Paz A Sua Alma]
E por falar da minha irma mais velha (tambem mencionada aqui), a (tambem) economista Maria Elisa Santana, a Nanay, foi ela que, com o MBala, trouxe ao mundo o autor deste livro. Foram dela tambem as palavras que se seguem, publicadas ha' 3 anos no espaco de comentarios a este post.
Forca Ana Koluki!
Acho que estas a encaminhar o assunto super bem, contudo depois de checkar o blog em quest~ao, ja ha uns dias e mesmo agora, nao posso deixar de sentir uma raiva enorme pelo facto de a situacao social/cultural/historica/economica do pais estar de tal modo distorcida que intrusos e usurpadores como e' claramente o caso dessa criatura ou aberracao da natureza, se possam arrogar nao so a intrometer-se e banalizar assuntos ta~o profundamente nossos e sagrados, como e' o caso 27Maio,"fraccionismo" , a tragedia Nacional,que roubou a Nacao Angolana de mais de 40 mil jovens (estimativas da Amnistia Internacional), numero que pessoalmente nao disputo, porque so' eu e mais duas pessoas proximas em 1991 compilamos de entre os nossos conhecimentos pessoais uma lista de mais de 200 nomes isso foi para uma entrevista que eu dei nesse ano para essa organizacao AI, se considerarmos que esses jovens na sua grande maioria eram justamente os que mais activamente e abertamente continuavam a bater-se pela independencia de Angola no seu sentido mais amplo, jovens esses que incondicionalmente se dedicaram e profundamente acreditaram no MPLA e seu Lider A.Neto, que de facto foram a pedra angular para o MPLA ascender ao poder nas condico~es em que o fez, porque sem eles, sua determinacao e dedicacao combinada com inexperiencia+ingenuidade de que so' jovens sao capazes(celulas urbanas e gerrilha da primeira regi~ao), nem com dez vezes mais apoio da esquerda Portuguesa Rosas ou Gagos Coutinhos, O Sr. "M" , face a sua desarticulacao interna e campanha militar UNITA/FNLA e atitude de nao reconciliacao, nao teria a menor chance!O facto 'e que o MPLA com este, "fracionismo" que de facto so, fracionismo 'e um anocronismo endemico do grande "M", o 27 de Maio foi apenas o mais visivel, porque conseguiu nao deixar uma unica familia Angolana, nem mesmo a familia do presidende Neto, de facto foi uma das mais proficuas, com pelo menos 3 viti'mas, todas as familias Angolanas com ligacoes urbanas foram afectadas = perca de familiar, amigo ou conhecido morto=desaparecido, preso ou desempregado (lembrar que o Estado era o unico empregador em 1977) consumou de facto em grande medida o "Wipe off" de uma geracao. Os anacronismos do grande "M" com os seus efeitos de devastacao no tecido politico, social e cultural do Pais, nao fica por ai, continua com a desafectacao dos jovens DISAS utilisados, que na sua maioria sucumbiram ou estao mentalmente desarticulados, do exodo de jovens para as pedreiras portuguesas, ngundas Britanicas e so' NGana Zambi sabe para que paises mais, o talento angolano de todos tamanhos e graus porque o facto e' que Angola independente produz mais emigrantes que Angola colonisada e em contra-partida nutre e acolhe aberracoes como a criatura em causa, que enquanto, paga a peso de ouro com os recursos petroliferos do Pais, dos Angolanos certamente deve apreciar deleitada enquanto acessa a internet,como so' ela sabe e pode... com ar condicionado ligado, jantar de 5 estrelas feito pelo cozinheiro Mavunga casa limpa pela servente Massanga... ao longe ela deve ver da janela do quarto dela e achar muito romantico o bambolear das labaredas, feitas de lenha de pau preto, rosa ou ferro, que sao a unica fonte de energia possivel para cozinhar a unica refeicao do dia da familia do Mavunga e a melhor oportunidade de escolarizacao da filha da Massanga, que passou dia na Lavra, porque o programa da FESA ainda nao chegou ate a sanzala dela para construir uma escola ou coisa alguma, e entao pode ver o rosto da avo dela Mbembo, iluminado pelas labaredas, chorar os contos de antigamente de quando Angola era colonia...que devem provocar na miuda Ufolo um desejo de conhecer tal "maravilha".
Enquanto isso a Internauta do Malongo certamente que se cruza nos corredores da petrolifera com o engenheiro NVunda, que ha 5 mais anos esta a tentar construir uma casa de blocos no Jacare, que deve ser casado com a Dra Luegi, formada em Cuba e continua desempregada, porque ainda na~o conseguiu fundos suficientes para abrir a propria clinica nem foi aceite em nenhuma das parcerias de saude privada, porque nao e de nenhuma das "familias".
Acho que a minha raiva diminuiu, mas algem tem de repor a
legalidade, a dignidade, o nacionalismo, recuperar a Historia a Nacao para os
Angolanos e nao deixar brecha nem clima para Desgracas abjectas como a criatura em causa possam nem mesmo conjecturar, que quando lhes e dada a oportunidade de trabalhar/viver nababescamente em Angola tenham qualquer outro assunto com Angola ou Angolanos, para alem de prestar o servico para o qual sao pagos anyway....
I did flag the thing, but did not get the sense that it is
effective!”