Friday, 30 September 2011

O Poder da Associação // The Power of Association




[Ou, "Amizade e Familia Para Que Vos Quero?"...]


O Poder da Associação é muito real: Quanto menos associar-se com algumas pessoas, mais a sua vida vai melhorar. Toda vez que você tolerar a mediocridade em outros, aumentará a sua mediocridade. Um atributo importante para as pessoas bem sucedidas é a sua impaciência com o pensamento negativo e pessoas agindo negativamente. À medida que você crescer, suas associações irão mudar. Alguns de seus amigos não querem que você melhore. Eles querem que você permaneça onde eles estão. Amigos que não o ajudam a subir vão ajuda-lo a descer. Seus amigos ou vão focar sua visão ou sufocar seu sonho. Aqueles que não aumentam nada a você, acabarão por diminuí-lo.

Considere isto: Nunca receba conselhos de pessoas improdutivas. Nunca discuta seus problemas com alguém incapaz de contribuir para a solução, porque aqueles que nunca tiveram sucesso são sempre os primeiros a dizer-lhe como fazer. Nem todo mundo tem o direito de falar da sua vida. Você tem certeza que obterá a pior barganha quando você trocar ideias com a pessoa errada. Não siga ninguém que não vá a lugar nenhum. Com algumas pessoas você vai passar uma noite: com outras pessoas você vai investir. Tenha cuidado onde você pára para perguntar por direcções ao longo da estrada da vida. Sábia é a pessoa que fortalece a sua vida com as amizades certas. Se você correr com lobos, você vai aprender a uivar, mas se você associar com as águias, você vai aprender a voar a grandes alturas.

"Um espelho reflecte a face de um homem, mas o que ele é realmente é evidenciado pelo tipo de amigos que ele escolhe. O simples facto, mas verdadeiro da vida é que você se torna como aqueles com quem você se associa intimamente - para o bem e para o mal. Nota: não se confundam. Isto é aplicável a família, bem como amigos".
-Colin Powell.




The Power of Association is too real: The less you associate with some people, the more your life will improve. Any time you tolerate mediocrity in others, it increases your mediocrity. An important attribute in successful people is their impatience with negative thinking and negative acting people. As you grow, your associates will change. Some of your friends will not want you to go on. They will want you to stay where they are. Friends that don't help you climb will want you to crawl. Your friends will stretch your vision or choke your dream. Those that don't increase you will eventually decrease you.

Consider this: Never receive counsel from unproductive people. Never discuss your problems with someone incapable of contributing to the solution, because those who never succeed themselves are always first to tell you how. Not everyone has a right to speak into your life. You are certain to get the worst of the bargain when you exchange ideas with the wrong person. Don't follow anyone who is not going anywhere. With some people you spend an evening: with others you invest it. Be careful where you stop to inquire for directions along the road of life. Wise is the person who fortifies his life with the right friendships. If you run with wolves, you will learn how to howl, but if you associate with eagles, you will learn how to soar to great heights.

"A mirror reflects a man's face, but what he is really like is shown by the kind of friends he chooses. The simple but true fact of life is that you become like those with whom you closely associate - for the good and the bad. Note: Be not mistaken. This is applicable to family as well as friends".
-Colin Powell.



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[Ou, "Amizade e Familia Para Que Vos Quero?"...]


O Poder da Associação é muito real: Quanto menos associar-se com algumas pessoas, mais a sua vida vai melhorar. Toda vez que você tolerar a mediocridade em outros, aumentará a sua mediocridade. Um atributo importante para as pessoas bem sucedidas é a sua impaciência com o pensamento negativo e pessoas agindo negativamente. À medida que você crescer, suas associações irão mudar. Alguns de seus amigos não querem que você melhore. Eles querem que você permaneça onde eles estão. Amigos que não o ajudam a subir vão ajuda-lo a descer. Seus amigos ou vão focar sua visão ou sufocar seu sonho. Aqueles que não aumentam nada a você, acabarão por diminuí-lo.

Considere isto: Nunca receba conselhos de pessoas improdutivas. Nunca discuta seus problemas com alguém incapaz de contribuir para a solução, porque aqueles que nunca tiveram sucesso são sempre os primeiros a dizer-lhe como fazer. Nem todo mundo tem o direito de falar da sua vida. Você tem certeza que obterá a pior barganha quando você trocar ideias com a pessoa errada. Não siga ninguém que não vá a lugar nenhum. Com algumas pessoas você vai passar uma noite: com outras pessoas você vai investir. Tenha cuidado onde você pára para perguntar por direcções ao longo da estrada da vida. Sábia é a pessoa que fortalece a sua vida com as amizades certas. Se você correr com lobos, você vai aprender a uivar, mas se você associar com as águias, você vai aprender a voar a grandes alturas.

"Um espelho reflecte a face de um homem, mas o que ele é realmente é evidenciado pelo tipo de amigos que ele escolhe. O simples facto, mas verdadeiro da vida é que você se torna como aqueles com quem você se associa intimamente - para o bem e para o mal. Nota: não se confundam. Isto é aplicável a família, bem como amigos".
-Colin Powell.




The Power of Association is too real: The less you associate with some people, the more your life will improve. Any time you tolerate mediocrity in others, it increases your mediocrity. An important attribute in successful people is their impatience with negative thinking and negative acting people. As you grow, your associates will change. Some of your friends will not want you to go on. They will want you to stay where they are. Friends that don't help you climb will want you to crawl. Your friends will stretch your vision or choke your dream. Those that don't increase you will eventually decrease you.

Consider this: Never receive counsel from unproductive people. Never discuss your problems with someone incapable of contributing to the solution, because those who never succeed themselves are always first to tell you how. Not everyone has a right to speak into your life. You are certain to get the worst of the bargain when you exchange ideas with the wrong person. Don't follow anyone who is not going anywhere. With some people you spend an evening: with others you invest it. Be careful where you stop to inquire for directions along the road of life. Wise is the person who fortifies his life with the right friendships. If you run with wolves, you will learn how to howl, but if you associate with eagles, you will learn how to soar to great heights.

"A mirror reflects a man's face, but what he is really like is shown by the kind of friends he chooses. The simple but true fact of life is that you become like those with whom you closely associate - for the good and the bad. Note: Be not mistaken. This is applicable to family as well as friends".
-Colin Powell.



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Wednesday, 28 September 2011

..."para quem sabe ler relatorios"...




"O quadro geral em Angola continua a melhorar. Afirmar isto não é bajular."


- De facto, ha' cinco anos, comecei por afirmar neste meu artigo que "seria necessária alguma dose de má fé para se não reconhecer e creditar devidamente os méritos do governo na obtenção do que se convencionou chamar “estabilização macroecónomica”." E afirmar isso tambem "nao e' bajular"...

- E... afirmar que "a economia angolana ainda tem um longo caminho a percorrer ate' se tornar minimamente competitiva, tanto a nivel regional como global", como o fiz naquele mesmo artigo e "reafirmei" ha' alguns dias aqui, tambem nao e' "cometer nenhum crime de lesa-patria"!


"Vejam os últimos relatórios sobre o crescimento e a competitividade das economias no mundo divulgados pelo Fórum Económico Mundial..."





"Vejam os sectores em que Angola era fraca e agora é forte. Não se olhe apenas para o “ranking”, onde o universo de países pode ser maior ou menor, o que altera a posição de cada um. Veja-se o “score”, o valor do aumento ou diminuição da avaliação."


- Colocando temporariamente de parte a "evidencia" de o "ranking" ser directamente determinado pelo "score" e de este ser determinado por todos os "pillars" considerados na avaliacao e indexacao, torna-se muito dificil, para nao dizer impossivel, fazer tal exercicio com alguma credibilidade, uma vez que Angola so' comeca a aparecer com alguma consistencia nesses relatorios nos ultimos dois anos. Assim, proponho um exercicio alternativo, muito simples e talvez mais revelador:

- Angola, o pais que, ao longo da ultima decada, tem batido todos os 'records' de Investimento Directo Estrangeiro em Africa e em boa parte do mundo, de 2010-2011 para 2011-2012, sobe apenas dois lugares na tabela, superando o Burundi apenas por um centesimo no 'score' e "ajudada" pela entrada no 'ranking' do Haiti - o pais mais pobre e mais devastado do mundo nos ultimos tempos...

- Angola, o pais que proclama, e por isso tem sido aclamado internacionalmente, ter "o quadro macroeconomico mais estavel e mais forte" da regiao e do continente nos ultimos anos, de um relatorio para o outro continua atras do Zimbabwe (o pais mais instavel a todos os niveis na regiao e no continente durante a ultima decada e por isso internacionalmente condenado e sancionado), o qual, entretanto, no mesmo periodo, consegue subir quatro lugares no 'rank', situando-se 7 posicoes acima da de Angola...

- Quando consideradas as variacoes na avaliacao, a posicao de Angola tambem nao compara favoravelmente: vejam-se, por exemplo, essas variacoes para pequenas economias como a Swazilandia (-8) ou o Lesotho (-7), ja' para nao falar em economias maiores como a Namibia (-9) ou a Tanzania (-7), as quais no entanto permanecem varias posicoes acima da de Angola (-1)...





"Mesmo em termos de “ranking”, para quem sabe ler relatórios, em relação à competitividade há claramente áreas em que Angola estava na cauda da tabela há alguns anos e agora está a meio, ultrapassando muitos países."


- O ultimo "ranking" inclui 142 paises, encontrando-se Angola na posicao 139 - ou seja, em termos de "ranking", ceteris paribus, Angola "ate' desceu" um lugar na tabela desde o ultimo relatorio onde se encontrava na posicao 138, como alias a variacao de -1 o indica... se isso e' estar "a meio da tabela", entao, definitivamente "nao sei ler relatorios" e tenho mesmo (!) "a mania do sabetudismo"!


"O estágio de desenvolvimento em que Angola está agora colocada pelo Fórum Económico Mundial é diferente do passado."


- O estabelecimento do "estagio de desenvolvimento" pelo FEM e' baseado primeiramente no nivel do PIB per capita o que nada diz sobre o "nivel de desenvolvimento" dos paises quando considerados criterios mais abrangentes, estruturais e estruturantes como a distribuicao desse mesmo PIB ou os seus indices de desenvolvimento humano, por exemplo.

- O segundo criterio adoptado pelo FEM e' baseado na composicao do PIB e na medida em que os paises sao 'factor driven', usando a percentagem de produtos mineiros no total das exportacoes. Assim, o "estagio de desenvolvimento" de Angola e' considerado como "de transicao do estagio 1 ('factor driven') para o estagio 2 ('efficiency driven')" ou, 'lido' de outro modo, Angola ainda nao e' uma economia "eficiente" - e nisso "nao sendo diferente do passado", ou seja, nao tendo mudado de estagio de um relatorio para o outro.


"O gráfico que compara a média de crescimento angolano à média dos países da África Subsaariana entre 2002 e 2010 é revelador do potencial conseguido."


- Para quem "saiba entender" de "crescimento economico", um fundamental e basico "facto estilizado" revela que economias que recebam um "boost" de investimento a partir de um nivel do PIB relativamente baixo (caso da Angola do pos-guerra - como aqui, entre outros lugares, o discuto) tendem a crescer a taxas relativamente mais elevadas do que economias com PIBs mais altos, ou que nao recebam tal "boost": tem a ver com algo designado "rendimentos decrescentes do capital" -
ja' Marx explicava!...

[...e eu, como nao passo de uma muito esforcada, mas modesta professora primaria, fico-me por aqui!...]

Portanto...

"Não vale (mesmo!) a pena esticar a corda"!


{Comentarios a esta materia}


P.S.: Apenas uma breve referencia ao Premio Nobel da Economia deste ano, anunciado depois da publicacao deste post, e ao que escrevi no artigo em questao sobre o papel das expectativas dos agentes economicos:

"(...) É neste contexto que, no quadro da teoria das expectativas racionais, se diz que, atravéz da ilusão monetária (ou do “fetichismo da moeda”, na versão marxista) e do desfasamento temporal entre as medidas de estabilização macroeconómica, “pode-se enganar alguns agentes económicos por algum tempo, mas não todos ao mesmo tempo, nem o tempo todo”… Na verdade, os factores que mais têm contribuido para uma melhoria das expectativas dos investidores estrangeiros e as condições mais favoráveis das linhas de crédito concedidas a Angola (para além, obviamente, das esperadas altas taxas de retorno do investimento nos sectores extractivo e terciário) são a paz, que parece consolidada, e as expectativas de estabilidade política e normalidade institucional que se esperam obter com a realização das eleições; não necessáriamente a “estabilidade macroeconómica” num país que, infelizmente, ainda se conta entre os mais corruptos do mundo e com um dos mais baixos índices de desenvolvimento humano, numa economia em que nem a própria classe dirigente parece ter confiança, a julgar pelos seus investimentos imobiliários e outros no estrangeiro e pela expatriação de capitais obtidos de forma pouco transparente para os mais famosos paraísos fiscais do mundo. (...)"



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Afinale...

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Do que as Mulheres Africanas Realmente Precisam

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ADENDA


"Aproveitando a deixa", e porque estamos em "mare' de SADC", decidi compilar o 'ranking' dos paises membros da SADC incluidos no ultimo relatorio do FEM [*]:















[*] O que podera' tambem servir de 'quadro ilustrativo' para o aquilatamento das pretensoes e expectativas sobre o papel de Angola na SADC no curto/medio prazo, em particular vis-a-vis a Africa do Sul, como aqui, entre outros lugares, se expressa.




"O quadro geral em Angola continua a melhorar. Afirmar isto não é bajular."


- De facto, ha' cinco anos, comecei por afirmar
neste meu artigo que "seria necessária alguma dose de má fé para se não reconhecer e creditar devidamente os méritos do governo na obtenção do que se convencionou chamar “estabilização macroecónomica”." E afirmar isso tambem "nao e' bajular"...

- E... afirmar que "a economia angolana ainda tem um longo caminho a percorrer ate' se tornar minimamente competitiva, tanto a nivel regional como global", como o fiz naquele mesmo artigo e "reafirmei" ha' alguns dias aqui, tambem nao e' "cometer nenhum crime de lesa-patria"!


"Vejam os últimos relatórios sobre o crescimento e a competitividade das economias no mundo divulgados pelo Fórum Económico Mundial..."





"Vejam os sectores em que Angola era fraca e agora é forte. Não se olhe apenas para o “ranking”, onde o universo de países pode ser maior ou menor, o que altera a posição de cada um. Veja-se o “score”, o valor do aumento ou diminuição da avaliação."


- Colocando temporariamente de parte a "evidencia" de o "ranking" ser directamente determinado pelo "score" e de este ser determinado por todos os "pillars" considerados na avaliacao e indexacao, torna-se muito dificil, para nao dizer impossivel, fazer tal exercicio com alguma credibilidade, uma vez que Angola so' comeca a aparecer com alguma consistencia nesses relatorios nos ultimos dois anos. Assim, proponho um exercicio alternativo, muito simples e talvez mais revelador:

- Angola, o pais que, ao longo da ultima decada, tem batido todos os 'records' de Investimento Directo Estrangeiro em Africa e em boa parte do mundo, de 2010-2011 para 2011-2012, sobe apenas dois lugares na tabela, superando o Burundi apenas por um centesimo no 'score' e "ajudada" pela entrada no 'ranking' do Haiti - o pais mais pobre e mais devastado do mundo nos ultimos tempos...

- Angola, o pais que proclama, e por isso tem sido aclamado internacionalmente, ter "o quadro macroeconomico mais estavel e mais forte" da regiao e do continente nos ultimos anos, de um relatorio para o outro continua atras do Zimbabwe (o pais mais instavel a todos os niveis na regiao e no continente durante a ultima decada e por isso internacionalmente condenado e sancionado), o qual, entretanto, no mesmo periodo, consegue subir quatro lugares no 'rank', situando-se 7 posicoes acima da de Angola...

- Quando consideradas as variacoes na avaliacao, a posicao de Angola tambem nao compara favoravelmente: vejam-se, por exemplo, essas variacoes para pequenas economias como a Swazilandia (-8) ou o Lesotho (-7), ja' para nao falar em economias maiores como a Namibia (-9) ou a Tanzania (-7), as quais no entanto permanecem varias posicoes acima da de Angola (-1)...





"Mesmo em termos de “ranking”, para quem sabe ler relatórios, em relação à competitividade há claramente áreas em que Angola estava na cauda da tabela há alguns anos e agora está a meio, ultrapassando muitos países."


- O ultimo "ranking" inclui 142 paises, encontrando-se Angola na posicao 139 - ou seja, em termos de "ranking", ceteris paribus, Angola "ate' desceu" um lugar na tabela desde o ultimo relatorio onde se encontrava na posicao 138, como alias a variacao de -1 o indica... se isso e' estar "a meio da tabela", entao, definitivamente "nao sei ler relatorios" e tenho mesmo (!) "a mania do sabetudismo"!


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- O estabelecimento do "estagio de desenvolvimento" pelo FEM e' baseado primeiramente no nivel do PIB per capita o que nada diz sobre o "nivel de desenvolvimento" dos paises quando considerados criterios mais abrangentes, estruturais e estruturantes como a distribuicao desse mesmo PIB ou os seus indices de desenvolvimento humano, por exemplo.

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"O gráfico que compara a média de crescimento angolano à média dos países da África Subsaariana entre 2002 e 2010 é revelador do potencial conseguido."


- Para quem "saiba entender" de "crescimento economico", um fundamental e basico "facto estilizado" revela que economias que recebam um "boost" de investimento a partir de um nivel do PIB relativamente baixo (caso da Angola do pos-guerra - como aqui, entre outros lugares, o discuto) tendem a crescer a taxas relativamente mais elevadas do que economias com PIBs mais altos, ou que nao recebam tal "boost": tem a ver com algo designado "rendimentos decrescentes do capital" -
ja' Marx explicava!...

[...e eu, como nao passo de uma muito esforcada, mas modesta professora primaria, fico-me por aqui!...]

Portanto...

"Não vale (mesmo!) a pena esticar a corda"!


{Comentarios a esta materia}


P.S.: Apenas uma breve referencia ao Premio Nobel da Economia deste ano, anunciado depois da publicacao deste post, e ao que escrevi no artigo em questao sobre o papel das expectativas dos agentes economicos:

"(...) É neste contexto que, no quadro da teoria das expectativas racionais, se diz que, atravéz da ilusão monetária (ou do “fetichismo da moeda”, na versão marxista) e do desfasamento temporal entre as medidas de estabilização macroeconómica, “pode-se enganar alguns agentes económicos por algum tempo, mas não todos ao mesmo tempo, nem o tempo todo”… Na verdade, os factores que mais têm contribuido para uma melhoria das expectativas dos investidores estrangeiros e as condições mais favoráveis das linhas de crédito concedidas a Angola (para além, obviamente, das esperadas altas taxas de retorno do investimento nos sectores extractivo e terciário) são a paz, que parece consolidada, e as expectativas de estabilidade política e normalidade institucional que se esperam obter com a realização das eleições; não necessáriamente a “estabilidade macroeconómica” num país que, infelizmente, ainda se conta entre os mais corruptos do mundo e com um dos mais baixos índices de desenvolvimento humano, numa economia em que nem a própria classe dirigente parece ter confiança, a julgar pelos seus investimentos imobiliários e outros no estrangeiro e pela expatriação de capitais obtidos de forma pouco transparente para os mais famosos paraísos fiscais do mundo. (...)"



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Ainda Sobre Aquele Meu Curso em Portugal





ADENDA


"Aproveitando a deixa", e porque estamos em "mare' de SADC", decidi compilar o 'ranking' dos paises membros da SADC incluidos no ultimo relatorio do FEM [*]:















[*] O que podera' tambem servir de 'quadro ilustrativo' para o aquilatamento das pretensoes e expectativas sobre o papel de Angola na SADC no curto/medio prazo, em particular vis-a-vis a Africa do Sul, como aqui, entre outros lugares, se expressa.

Monday, 26 September 2011

WANGARI MAATHAI (R.I.P.)





"TOO EDUCATED, TOO STRONG,
TOO SUCCESSFUL, TOO STUBBORN
AND TOO HARD TO CONTROL!“

"THEY ARE SO INCOMPETENT THAT EVERY TIME THEY FEEL THE HEAT BECAUSE WOMEN ARE CHALLENGING THEM THEY HAVE TO CHECK THEIR GENITALIA IF ONLY TO REASSURE THEMSELVES… I AM NOT INTERESTED IN THAT PART OF THE ANATOMY, THE ISSUES I AM DEALING WITH REQUIRE THE UTILISATION OF WHAT IS ABOVE THE NECK."

"I REALISED THAT I HAVE HUMAN BRAINS AND NOT WOMAN BRAINS SO I SET OUT TO MAKE USE OF THEM."

"THE STRUGGLE MUST CONTINUE... IT IS IMPORTANT TO NURTURE ANY NEW IDEAS AND INITIATIVES WHICH CAN MAKE A DIFFERENCE FOR AFRICA."



[Extracts from here]


[Obituary]






"TOO EDUCATED, TOO STRONG,
TOO SUCCESSFUL, TOO STUBBORN
AND TOO HARD TO CONTROL!“

"THEY ARE SO INCOMPETENT THAT EVERY TIME THEY FEEL THE HEAT BECAUSE WOMEN ARE CHALLENGING THEM THEY HAVE TO CHECK THEIR GENITALIA IF ONLY TO REASSURE THEMSELVES… I AM NOT INTERESTED IN THAT PART OF THE ANATOMY, THE ISSUES I AM DEALING WITH REQUIRE THE UTILISATION OF WHAT IS ABOVE THE NECK."

"I REALISED THAT I HAVE HUMAN BRAINS AND NOT WOMAN BRAINS SO I SET OUT TO MAKE USE OF THEM."

"THE STRUGGLE MUST CONTINUE... IT IS IMPORTANT TO NURTURE ANY NEW IDEAS AND INITIATIVES WHICH CAN MAKE A DIFFERENCE FOR AFRICA."



[Extracts from here]


[Obituary]


Saturday, 24 September 2011

Luanda: Fim de Semana de Manifestacoes



Sabado...




Militantes do MPLA manifestam-se em apoio ao Presidente Jose' Eduardo dos Santos.


Domingo...



Somos jovens, membros da sociedade civil de vários estratos sociais, que dentro dos parâmetros da constituição tem vindo a exercer pressão aos líderes políticos angolanos com vista a melhoria do quadro social em que se encontra maior parte da população angolana;

Viemos por este meio, desmentir a informação que tem estado a ser publicada pelo executivo, através dos órgãos de informação segundo a qual, os manifestantes são jovens que têm estado a ser usados pelos partidos da oposição para destabilizar o país e criar um clima de guerra para derrubar o presidente da república e o MPLA.
Assim sendo queremos esclarecer:

1º Estas afirmações não condizem com a realidade e são infundadas na mediada em que as manifestações, foram sempre convocadas de forma aberta, com propósitos bem claros e os seus signatários bem identificados.

2º As manifestações nunca foram convocadas com intuito de criar a desordem e a guerra no nosso belo país. Pelo contrário, notamos que a maneira como o executivo tem lidado com as manifestações é que tem provocado alguma desordem.

3º As manifestações não têm tido nenhum carácter partidário, mas sim, derivam dos graves e muitos problemas sociais que afligem a maioria do povo angolano, fruto da má governação por todos visíveis. Refira-se que no seio do movimento também existem jovens pertencentes ao MPLA.

4º Não foi e nunca será nossa intenção afrontar ou agredir as autoridades policiais. As situações ocorridas, tanto no dia 3 como no dia 8 de Setembro de 2011, foram fruto de provocações criadas pelo rapto de elementos que participavam dos actos, prisões arbitrárias bem como outros tipos de repressões que vinham sendo efectuadas pela polícia e elementos a paisana.

Aproveitamos a ocasião para anunciar a sociedade angolana e a comunidade internacional, que dados alguns transtornos alheios a nossa vontade preferimos transferir a manifestação do dia 24/09/2011 para domingo dia 25/09/2011 pelas 09H da manhã na qual marcharemos do cemitério da Santana tomando a avenida Deolinda Rodrigues e culminando no largo da independência.

Pedimos a todo povo angolano sem distinção a aderir a nossa causa que visa apelar a liberdade dos jovens que foram pesos injustamente.

Sem mais outro assunto a realçar, subscrevemo-nos com elevada estima e agradecimentos.

Deus é ser supremo, os justos serão abençoados!

Luanda, 17 de Setembro de 2011


*****


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Sabado...




Militantes do MPLA manifestam-se em apoio ao Presidente Jose' Eduardo dos Santos.


Domingo...



Somos jovens, membros da sociedade civil de vários estratos sociais, que dentro dos parâmetros da constituição tem vindo a exercer pressão aos líderes políticos angolanos com vista a melhoria do quadro social em que se encontra maior parte da população angolana;

Viemos por este meio, desmentir a informação que tem estado a ser publicada pelo executivo, através dos órgãos de informação segundo a qual, os manifestantes são jovens que têm estado a ser usados pelos partidos da oposição para destabilizar o país e criar um clima de guerra para derrubar o presidente da república e o MPLA.
Assim sendo queremos esclarecer:

1º Estas afirmações não condizem com a realidade e são infundadas na mediada em que as manifestações, foram sempre convocadas de forma aberta, com propósitos bem claros e os seus signatários bem identificados.

2º As manifestações nunca foram convocadas com intuito de criar a desordem e a guerra no nosso belo país. Pelo contrário, notamos que a maneira como o executivo tem lidado com as manifestações é que tem provocado alguma desordem.

3º As manifestações não têm tido nenhum carácter partidário, mas sim, derivam dos graves e muitos problemas sociais que afligem a maioria do povo angolano, fruto da má governação por todos visíveis. Refira-se que no seio do movimento também existem jovens pertencentes ao MPLA.

4º Não foi e nunca será nossa intenção afrontar ou agredir as autoridades policiais. As situações ocorridas, tanto no dia 3 como no dia 8 de Setembro de 2011, foram fruto de provocações criadas pelo rapto de elementos que participavam dos actos, prisões arbitrárias bem como outros tipos de repressões que vinham sendo efectuadas pela polícia e elementos a paisana.

Aproveitamos a ocasião para anunciar a sociedade angolana e a comunidade internacional, que dados alguns transtornos alheios a nossa vontade preferimos transferir a manifestação do dia 24/09/2011 para domingo dia 25/09/2011 pelas 09H da manhã na qual marcharemos do cemitério da Santana tomando a avenida Deolinda Rodrigues e culminando no largo da independência.

Pedimos a todo povo angolano sem distinção a aderir a nossa causa que visa apelar a liberdade dos jovens que foram pesos injustamente.

Sem mais outro assunto a realçar, subscrevemo-nos com elevada estima e agradecimentos.

Deus é ser supremo, os justos serão abençoados!

Luanda, 17 de Setembro de 2011


*****


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Thursday, 22 September 2011

Revisitando a SADC (Conclusao)





[Continuacao daqui]

Detenhamos-nos um pouco sobre a CNUCED. Esta organizacao, mais do que a OMC, ao contrario do que parece ser o entendimento de muitos, tem sido a maior promotora de iniciativas de desenvolvimento economico atraves do comercio regional e internacional, por intermedio do apoio tecnico e institucional que concede aos governos e organizacoes inter-governamentais que, como a SADC, perseguem esse objectivo. “Mais do que a OMC”, disse justamente: porque, tal como o FMI e o Banco Mundial o sao da economia monetaria e financeira internacional, a OMC e’ uma organizacao reguladora do comercio internacional, o que nao e’ estritamente a vocacao da CNUCED.

Detenhamo-nos tambem um pouco sobre a OMC. Esta organizacao, se entregue aos seus own devices pode, efectivamente, em certas circunstancias e contextos bem determinados e, especialmente naqueles em que os Paises Menos Desenvolvidos (PMD) se demonstram mais vulneraveis, agir como um “bicho papao”... e e’ precisamente por isso que varios projectos de apoio tecnico e de criacao e desenvolvimento de capacidade (capacity building) institucional, organizativa e de negociacao, em alguns dos quais estive envolvida, como aqui referi, se teem criado e se venhem tentando implementar na Africa Austral e noutras regioes do continente Africano e do chamado Global South (formerly better known as “Terceiro Mundo”).

Servem tais projectos, entre outros objectivos, justamente para fazerem os estudos de viabilidade tecnica, em particular das infrastructuras [*] existentes, ou a (re)construir e desenvolver, a par dos estudos de identificacao das vantagens absolutas e comparativas reais e potenciais, que sirvam de suporte a adopcao de politicas comerciais e industriais por parte dos paises abrangidos, que sejam adequadas nao apenas aos objectivos de desenvolvimento regional, mas tambem aos objectivos politico-economicos nacionais - como aqui o ilustro.

Mais servem esses projectos (... ou pelo menos aqueles em que estive envolvida...) para empreenderem o estudo dos quadros e instrumentos institucionais, legais, normativos e reguladores no dominio do comercio e da industria dos paises alvo e advogarem as necessarias medidas para o seu fortalecimento e adequacao as regulacoes da OMC la' onde elas sejam incontornaveis e ate' desejaveis para todos (caso dos standards sanitarios e fitosanitarios e de higiene alimentar, por exemplo, incidindo sobre os produtos de origem agricola, piscicola e pecuaria que constituem o grosso da producao e do comercio dos paises Africanos) e, tanto quanto possivel, submetendo-as aos seus proprios interesses nacionais, nos casos em que tais regulacoes se demonstrem apenas do interesse dos paises mais desenvolvidos - como aqui o ilustro.

E tais projectos destinam-se precisamente a criar um ambiente de proteccao desses paises e das suas politicas comerciais, industriais e economicas em geral das estrategias dos “bichos papoes” que dominam a OMC e que, tanto a nivel regional, como continental e internacional, tendem a constrangi-los e a submete-los aos seus ditames!

Seus ditames? Sim! Eles ditam, dominam e manipulam as "regras do jogo" do comercio internacional – nao e’ segredo nenhum para ninguem, dir-se-ha’ porventura... Mas, o que recolho das 'atoardas' com que nao raro me vejo bombardeada, e’ o que parece ser ainda desconhecido de muitos: nomeadamente, que todos os membros da ONU sao, ou podem ser, membros da OMC, tal como o sao, ou podem ser, do BM e do FMI e que o seu bargaining power nessas instituicoes, e na OMC mais do que nas outras, depende crucialmente das aliancas e coligacoes que entre si sejam capazes de forjar.

E essas aliancas, que se teem que fundar institucionalmente, em primeiro lugar, nas organizacoes regionais como a SADC, passam pela criacao de pelo menos tres pre-requisitos fundamentais: 1. vontade e determinacao politica; 2. capacidade tecnica; 3. capacidade negocial. E, sendo certo que a existencia de tais organizacoes e de instrumentos de politica como o Protocolo de Comercio da SADC de per se parecem indiciar a existencia do primeiro pre-requisito, ja’ os outros dois sao virtualmente inexistentes.




Por essa razao, varios grupos e sub-grupos de paises se teem organizado no seio da OMC e venhem forjando aliancas politico-reivindicativas cujo maior achievement ate’ ao momento foi a inclusao na agenda de Doha do objectivo “capacity building” para a obtencao do apoio por parte da propria OMC ao preenchimento dos pre-requisitos 2. e 3., sem o que o chamado Global South se reserva o direito de oferecer resistencia 'a implementacao das suas politicas e regulamentos, particularmente no sector dos servicos.

E apenas para ilustrar a importancia vital, premencia e urgencia do objectivo capacity building, referirei apenas este facto: na regiao da Africa Austral, no periodo, nao assim tao recuado, em que estive envolvida nesse tipo de projectos no terreno, contavam-se apenas, se tanto, cerca de meia duzia de profissionais nacionais dos paises membros da SADC [**] com alguma familiaridade quer com a teoria e a pratica da Economia e Comercio Internacional e da Integracao Economica Regional, quer com o funcionamento e estrategias negociais no quadro da OMC, sendo eu dentre eles - ... e, malgre' todas as maliciosas “reticencias” a minha nacionalidade com que la’ me vi confrontada por parte de alguns “representantes” do “meu pais” (como AQUI se pode constatar...), e nisso o meu amigo Angelo Mondlane , entao Chefe Economista da SADC e pessoa que muito estimo, que uma vez me disse "tu es a pessoa melhor qualificada que nos temos aqui", nao me deixara' mentir!... - [***] a unica com formacao academica especifica nessas areas, acrescida de especializacao na Historia Economica da regiao, obtida neste Departamento da LSE , no qual fui apenas a terceira Africana a ser admitida desde a sua fundacao! Os outros dois eram Eritreus. E fi-lo suportando os seus altos custos financeiros inteiramente por minha conta propria!...

Todos os outros eram nacionais de paises ocidentais, ou seja, dos tais "bichos papoes" da OMC! (... era um pouco sobre essa realidade que aqui trocava algumas ideias com alguns Africanos que "sabem do que falam") ... E por isso, em pelo menos duas ocasioes memoraveis me encontrei em rota de colisao e mesmo de ruptura com alguns deles directamente e, indirectamente, com as suas respectivas agencias de desenvolvimento - era dessas, entre outras situacoes, que se referia aqui alguem quando dizia "(...) She is also someone who stands firm in her beliefs and will speak her mind without fear" ... e era tambem disso que eu falava aqui, quando dizia que "e… por isso tenho pago (muito!) alto o preco!"...

E se essa e' a realidade na Africa Austral que, realisticamente falando, pode ser considerada "a mais desenvolvida" em termos de diversificacao economica e de fluxos/influxos comerciais e de recursos humanos e financeiros na Africa Sub-Sahariana, o que dizer das outras sub-regioes do continente?! ... E, a este respeito, nao sera' de todo inoportuno relembrar, nao sem uma certa amarga ironia, como, ainda muito recentemente, aqui se dizia que "... podemos importar, com facilidade, o “know-how” de África que nos falta"!...

Terminaria, portanto, com este 'statement' sobre o qual cada vez tenho menos duvidas: so' me parecem haver duas alternativas 'a OMC:

i) a sua extincao e o regresso ao 'unilateralismo' no comercio internacional, como aqui propunha o candidato (derrotado) a Presidencia dos EUA, Dennis Kucinich. Esta nao me parece, no entanto, ser uma opcao viavel, credivel nem recomendavel, por varias razoes, dentre as quais destacaria o inevitavel regresso ao 'mercantilismo puro e duro' ou, no limite, simplesmente a 'autarcia', pelo menos em alguns casos, sendo certo que estes se verificariam maioritariamente no Global South;

ii) um maior engajamento e compromisso dos paises do Global South nos processos de integracao economica regional, no fomento do comercio intra e inter-regional e na criacao e desenvolvimento das suas capacidades tecnicas e negociais a todos os niveis, por forma a servir-se efectivamente o objectivo ultimo de colocar o comercio internacional ao servico do desenvolvimento economico, social e humano, tanto em Africa como no resto do Global South e do mundo em geral.




[*] Sendo que as infrastruturas em questao no dominio do comercio internacional nao sao apenas as fisicas (estradas, pontes, linhas ferreas, portos, redes de telecomunicacoes, etc.), mas tambem, e sobretudo, as tecnicas. Isto porque e' consensual que as barreiras mais detrimentais a entrada nos mercados internacionais para os PMD sao as chamadas barreiras nao quantitativas, ou barreiras tecnicas ao comercio, que os paises mais fortes na OMC teem sido capazes de adoptar e implementar em seu favor atraves de instrumentos como as regras de origem, cumulacao, valor acrescentado e clausulas de salvaguarda, ou da estruturacao das pautas aduaneiras, apenas para citar as mais comuns.

Portanto, nao pretendendo de modo nenhum subestimar a importancia crucial das infrastruturas fisicas, o facto e' que por melhores que estas sejam, nao ha' comercio internacional que resista a tais barreiras tecnicas.

E e' este o principio fundamental que rege a criacao das Areas de Comercio Livre (FTAs), como propugna o Protocolo de Comercio da SADC, com vista a facilitacao do comercio e a livre circulacao de pessoas e bens entre paises, pois elas permitem a eliminacao de grande parte, senao de todas, essas barreiras tecnicas.


[**] Colocando-se aqui a Africa do Sul numa league of her own com o seu Trade Law Centre for Southern Africa (tralac), sediado em Stellenbosch e dirigido pela minha amiga Trudi Hartzenberg, que se tem vindo a afirmar nos ultimos anos como um importante viveiro de quadros regionais nessa area, sendo no entanto ainda bastante circunscrito 'as politicas comerciais da Africa do Sul e, por extensao, da SACU.


[***] Lembro-me, a este proposito, do sentimento, diria que de "humilhacao", com que vi, num dos workshops dos Customs Advisory Working Groups (CAWGs) a que aqui me refiro, ha' 10 anos, em Johannesburg, o "meu pais" representado por um cidadao Britanico, que assim se apresentou ao grupo: "I'm (so and so) and you can address any questions about Angola to me"...

Mas, a "representar" Angola estava tambem um cidadao Angolano, antigo funcionario das alfandegas - que certamente sabia muito mais sobre o funcionamento destas no pais e sobre Angola em geral do que o Britanico, mas... nao sabia Ingles! Nem o Britanico sabia Portugues! Nao vi qualquer interaccao ou dialogo entre eles durante ou depois das sessoes de trabalho. De facto, como varias vezes o tive que fazer em situacoes identicas, por moto proprio e "solidariedade nacional" (e pessoas como, por exemplo, o economista Alves da Rocha - que tive o prazer de conhecer em Johannesburg num workshop regional para a consolidacao e primeira apresentacao oficial do corrente Plano Indicativo Estrategico Regional da SADC e a quem daqui envio um cordial abraco -, sao disso testemunhas), fui eu que acabei por servir de tradutora/interprete para o Angolano... o "eterno" (inultrapassavel?) problema da lingua, pois sim. Mas o facto e' que os organizadores do workshop poderiam ter providenciado servicos de traducao/interpretacao ao(s) representante(s) de Angola se tal lhes tivesse sido solicitado com a devida antecedencia. So' que... quem 'mandava' (ainda 'manda'?) nas alfandegas de Angola era uma firma Britanica!...
E, entretanto, todos os outros paises da regiao estavam devidamente representados exclusivamente por cidadaos nacionais seus...

Mas nao se tratou ali apenas de uma questao 'emotiva' de "orgulho nacional ferido"; tratou-se, sobretudo, de uma questao com profundas e perversas implicacoes estruturais: aquela era uma plataforma para a obtencao de informacao e conhecimentos tecnicos e de interaccao entre os profissionais da regiao para a adopcao e implementacao de instrumentos comuns com vista a facilitacao do comercio entre os seus paises. Mas quem obteve e "acumulou" tal experiencia no caso de Angola?
O cidadao Britanico, a sua firma e o seu pais - ou seja, um dos "bichos papoes" da OMC?!


[images by Yinka Shonibare: 'HMS Victory in a bottle' and two versions of 'The Wonderer']





ADENDA


Apenas algumas linhas adicionais para "transportar" para o contexto regional (Rest of SADC vs. South Africa) as consideracoes feitas acima em relacao ao contexto global (SADC vs. Rest of the World):

Tal como a OMC, se entregue aos seus own devices, se pode comportar como um "bicho papao" em relacao aos PMD, no contexto regional esse "bicho papao" pode bem ser a Africa do Sul (AS) em relacao aos outros paises membros da SADC... se entregue aos seus own devices!

Vejamos: a AS e', indubitavelmente, o gigante continental (veja-se, por exemplo a sua posicao no Global Competitiveness Index aqui discutido em relacao aos outros paises da regiao e do continente - apenas seguida de perto pelas Mauricias; veja-se tambem a forma como cada vez mais a nivel global se vai aproximando do grupo dos BRIC - Brasil, Russia, India e China) e domina o comercio regional na Africa Austral.

Em resultado disso, como o demonstra amplamente a experiencia centenaria da SACU, a AS pode agir na regiao como a OMC age no mundo... but, again, apenas se entregue aos seus own devices!

A implicacao desse facto e' que ele torna o Protocolo de Comercio da SADC num instrumento crucial para a "subordinacao" das politicas comerciais e industriais tendencialmente hegemonicas da SA as disposicoes desse protocolo, que contempla o principio da geometria assimetrica no estabelecimento de uma FTA e, mais tarde de uma UA na regiao, e atraves do qual os outros paises membros da SADC podem exercer de forma concertada as accoes necessarias a salvaguarda dos seus interesses economicos nacionais, tal como o Global South o vem, slowly but surely, fazendo na OMC.





[Continuacao daqui]

Detenhamos-nos um pouco sobre a CNUCED. Esta organizacao, mais do que a OMC, ao contrario do que parece ser o entendimento de muitos, tem sido a maior promotora de iniciativas de desenvolvimento economico atraves do comercio regional e internacional, por intermedio do apoio tecnico e institucional que concede aos governos e organizacoes inter-governamentais que, como a SADC, perseguem esse objectivo. “Mais do que a OMC”, disse justamente: porque, tal como o FMI e o Banco Mundial o sao da economia monetaria e financeira internacional, a OMC e’ uma organizacao reguladora do comercio internacional, o que nao e’ estritamente a vocacao da CNUCED.

Detenhamo-nos tambem um pouco sobre a OMC. Esta organizacao, se entregue aos seus own devices pode, efectivamente, em certas circunstancias e contextos bem determinados e, especialmente naqueles em que os Paises Menos Desenvolvidos (PMD) se demonstram mais vulneraveis, agir como um “bicho papao”... e e’ precisamente por isso que varios projectos de apoio tecnico e de criacao e desenvolvimento de capacidade (capacity building) institucional, organizativa e de negociacao, em alguns dos quais estive envolvida, como aqui referi, se teem criado e se venhem tentando implementar na Africa Austral e noutras regioes do continente Africano e do chamado Global South (formerly better known as “Terceiro Mundo”).

Servem tais projectos, entre outros objectivos, justamente para fazerem os estudos de viabilidade tecnica, em particular das infrastructuras [*] existentes, ou a (re)construir e desenvolver, a par dos estudos de identificacao das vantagens absolutas e comparativas reais e potenciais, que sirvam de suporte a adopcao de politicas comerciais e industriais por parte dos paises abrangidos, que sejam adequadas nao apenas aos objectivos de desenvolvimento regional, mas tambem aos objectivos politico-economicos nacionais - como aqui o ilustro.

Mais servem esses projectos (... ou pelo menos aqueles em que estive envolvida...) para empreenderem o estudo dos quadros e instrumentos institucionais, legais, normativos e reguladores no dominio do comercio e da industria dos paises alvo e advogarem as necessarias medidas para o seu fortalecimento e adequacao as regulacoes da OMC la' onde elas sejam incontornaveis e ate' desejaveis para todos (caso dos standards sanitarios e fitosanitarios e de higiene alimentar, por exemplo, incidindo sobre os produtos de origem agricola, piscicola e pecuaria que constituem o grosso da producao e do comercio dos paises Africanos) e, tanto quanto possivel, submetendo-as aos seus proprios interesses nacionais, nos casos em que tais regulacoes se demonstrem apenas do interesse dos paises mais desenvolvidos - como aqui o ilustro.

E tais projectos destinam-se precisamente a criar um ambiente de proteccao desses paises e das suas politicas comerciais, industriais e economicas em geral das estrategias dos “bichos papoes” que dominam a OMC e que, tanto a nivel regional, como continental e internacional, tendem a constrangi-los e a submete-los aos seus ditames!

Seus ditames? Sim! Eles ditam, dominam e manipulam as "regras do jogo" do comercio internacional – nao e’ segredo nenhum para ninguem, dir-se-ha’ porventura... Mas, o que recolho das 'atoardas' com que nao raro me vejo bombardeada, e’ o que parece ser ainda desconhecido de muitos: nomeadamente, que todos os membros da ONU sao, ou podem ser, membros da OMC, tal como o sao, ou podem ser, do BM e do FMI e que o seu bargaining power nessas instituicoes, e na OMC mais do que nas outras, depende crucialmente das aliancas e coligacoes que entre si sejam capazes de forjar.

E essas aliancas, que se teem que fundar institucionalmente, em primeiro lugar, nas organizacoes regionais como a SADC, passam pela criacao de pelo menos tres pre-requisitos fundamentais: 1. vontade e determinacao politica; 2. capacidade tecnica; 3. capacidade negocial. E, sendo certo que a existencia de tais organizacoes e de instrumentos de politica como o Protocolo de Comercio da SADC de per se parecem indiciar a existencia do primeiro pre-requisito, ja’ os outros dois sao virtualmente inexistentes.




Por essa razao, varios grupos e sub-grupos de paises se teem organizado no seio da OMC e venhem forjando aliancas politico-reivindicativas cujo maior achievement ate’ ao momento foi a inclusao na agenda de Doha do objectivo “capacity building” para a obtencao do apoio por parte da propria OMC ao preenchimento dos pre-requisitos 2. e 3., sem o que o chamado Global South se reserva o direito de oferecer resistencia 'a implementacao das suas politicas e regulamentos, particularmente no sector dos servicos.

E apenas para ilustrar a importancia vital, premencia e urgencia do objectivo capacity building, referirei apenas este facto: na regiao da Africa Austral, no periodo, nao assim tao recuado, em que estive envolvida nesse tipo de projectos no terreno, contavam-se apenas, se tanto, cerca de meia duzia de profissionais nacionais dos paises membros da SADC [**] com alguma familiaridade quer com a teoria e a pratica da Economia e Comercio Internacional e da Integracao Economica Regional, quer com o funcionamento e estrategias negociais no quadro da OMC, sendo eu dentre eles - ... e, malgre' todas as maliciosas “reticencias” a minha nacionalidade com que la’ me vi confrontada por parte de alguns “representantes” do “meu pais” (como AQUI se pode constatar...), e nisso o meu amigo Angelo Mondlane , entao Chefe Economista da SADC e pessoa que muito estimo, que uma vez me disse "tu es a pessoa melhor qualificada que nos temos aqui", nao me deixara' mentir!... - [***] a unica com formacao academica especifica nessas areas, acrescida de especializacao na Historia Economica da regiao, obtida neste Departamento da LSE , no qual fui apenas a terceira Africana a ser admitida desde a sua fundacao! Os outros dois eram Eritreus. E fi-lo suportando os seus altos custos financeiros inteiramente por minha conta propria!...

Todos os outros eram nacionais de paises ocidentais, ou seja, dos tais "bichos papoes" da OMC! (... era um pouco sobre essa realidade que aqui trocava algumas ideias com alguns Africanos que "sabem do que falam") ... E por isso, em pelo menos duas ocasioes memoraveis me encontrei em rota de colisao e mesmo de ruptura com alguns deles directamente e, indirectamente, com as suas respectivas agencias de desenvolvimento - era dessas, entre outras situacoes, que se referia aqui alguem quando dizia "(...) She is also someone who stands firm in her beliefs and will speak her mind without fear" ... e era tambem disso que eu falava aqui, quando dizia que "e… por isso tenho pago (muito!) alto o preco!"...

E se essa e' a realidade na Africa Austral que, realisticamente falando, pode ser considerada "a mais desenvolvida" em termos de diversificacao economica e de fluxos/influxos comerciais e de recursos humanos e financeiros na Africa Sub-Sahariana, o que dizer das outras sub-regioes do continente?! ... E, a este respeito, nao sera' de todo inoportuno relembrar, nao sem uma certa amarga ironia, como, ainda muito recentemente, aqui se dizia que "... podemos importar, com facilidade, o “know-how” de África que nos falta"!...

Terminaria, portanto, com este 'statement' sobre o qual cada vez tenho menos duvidas: so' me parecem haver duas alternativas 'a OMC:

i) a sua extincao e o regresso ao 'unilateralismo' no comercio internacional, como aqui propunha o candidato (derrotado) a Presidencia dos EUA, Dennis Kucinich. Esta nao me parece, no entanto, ser uma opcao viavel, credivel nem recomendavel, por varias razoes, dentre as quais destacaria o inevitavel regresso ao 'mercantilismo puro e duro' ou, no limite, simplesmente a 'autarcia', pelo menos em alguns casos, sendo certo que estes se verificariam maioritariamente no Global South;

ii) um maior engajamento e compromisso dos paises do Global South nos processos de integracao economica regional, no fomento do comercio intra e inter-regional e na criacao e desenvolvimento das suas capacidades tecnicas e negociais a todos os niveis, por forma a servir-se efectivamente o objectivo ultimo de colocar o comercio internacional ao servico do desenvolvimento economico, social e humano, tanto em Africa como no resto do Global South e do mundo em geral.




[*] Sendo que as infrastruturas em questao no dominio do comercio internacional nao sao apenas as fisicas (estradas, pontes, linhas ferreas, portos, redes de telecomunicacoes, etc.), mas tambem, e sobretudo, as tecnicas. Isto porque e' consensual que as barreiras mais detrimentais a entrada nos mercados internacionais para os PMD sao as chamadas barreiras nao quantitativas, ou barreiras tecnicas ao comercio, que os paises mais fortes na OMC teem sido capazes de adoptar e implementar em seu favor atraves de instrumentos como as regras de origem, cumulacao, valor acrescentado e clausulas de salvaguarda, ou da estruturacao das pautas aduaneiras, apenas para citar as mais comuns.

Portanto, nao pretendendo de modo nenhum subestimar a importancia crucial das infrastruturas fisicas, o facto e' que por melhores que estas sejam, nao ha' comercio internacional que resista a tais barreiras tecnicas.

E e' este o principio fundamental que rege a criacao das Areas de Comercio Livre (FTAs), como propugna o Protocolo de Comercio da SADC, com vista a facilitacao do comercio e a livre circulacao de pessoas e bens entre paises, pois elas permitem a eliminacao de grande parte, senao de todas, essas barreiras tecnicas.


[**] Colocando-se aqui a Africa do Sul numa league of her own com o seu Trade Law Centre for Southern Africa (tralac), sediado em Stellenbosch e dirigido pela minha amiga Trudi Hartzenberg, que se tem vindo a afirmar nos ultimos anos como um importante viveiro de quadros regionais nessa area, sendo no entanto ainda bastante circunscrito 'as politicas comerciais da Africa do Sul e, por extensao, da SACU.


[***] Lembro-me, a este proposito, do sentimento, diria que de "humilhacao", com que vi, num dos workshops dos Customs Advisory Working Groups (CAWGs) a que aqui me refiro, ha' 10 anos, em Johannesburg, o "meu pais" representado por um cidadao Britanico, que assim se apresentou ao grupo: "I'm (so and so) and you can address any questions about Angola to me"...

Mas, a "representar" Angola estava tambem um cidadao Angolano, antigo funcionario das alfandegas - que certamente sabia muito mais sobre o funcionamento destas no pais e sobre Angola em geral do que o Britanico, mas... nao sabia Ingles! Nem o Britanico sabia Portugues! Nao vi qualquer interaccao ou dialogo entre eles durante ou depois das sessoes de trabalho. De facto, como varias vezes o tive que fazer em situacoes identicas, por moto proprio e "solidariedade nacional" (e pessoas como, por exemplo, o economista Alves da Rocha - que tive o prazer de conhecer em Johannesburg num workshop regional para a consolidacao e primeira apresentacao oficial do corrente Plano Indicativo Estrategico Regional da SADC e a quem daqui envio um cordial abraco -, sao disso testemunhas), fui eu que acabei por servir de tradutora/interprete para o Angolano... o "eterno" (inultrapassavel?) problema da lingua, pois sim. Mas o facto e' que os organizadores do workshop poderiam ter providenciado servicos de traducao/interpretacao ao(s) representante(s) de Angola se tal lhes tivesse sido solicitado com a devida antecedencia. So' que... quem 'mandava' (ainda 'manda'?) nas alfandegas de Angola era uma firma Britanica!...
E, entretanto, todos os outros paises da regiao estavam devidamente representados exclusivamente por cidadaos nacionais seus...

Mas nao se tratou ali apenas de uma questao 'emotiva' de "orgulho nacional ferido"; tratou-se, sobretudo, de uma questao com profundas e perversas implicacoes estruturais: aquela era uma plataforma para a obtencao de informacao e conhecimentos tecnicos e de interaccao entre os profissionais da regiao para a adopcao e implementacao de instrumentos comuns com vista a facilitacao do comercio entre os seus paises. Mas quem obteve e "acumulou" tal experiencia no caso de Angola?
O cidadao Britanico, a sua firma e o seu pais - ou seja, um dos "bichos papoes" da OMC?!


[images by Yinka Shonibare: 'HMS Victory in a bottle' and two versions of 'The Wonderer']





ADENDA


Apenas algumas linhas adicionais para "transportar" para o contexto regional (Rest of SADC vs. South Africa) as consideracoes feitas acima em relacao ao contexto global (SADC vs. Rest of the World):

Tal como a OMC, se entregue aos seus own devices, se pode comportar como um "bicho papao" em relacao aos PMD, no contexto regional esse "bicho papao" pode bem ser a Africa do Sul (AS) em relacao aos outros paises membros da SADC... se entregue aos seus own devices!

Vejamos: a AS e', indubitavelmente, o gigante continental (veja-se, por exemplo a sua posicao no Global Competitiveness Index aqui discutido em relacao aos outros paises da regiao e do continente - apenas seguida de perto pelas Mauricias; veja-se tambem a forma como cada vez mais a nivel global se vai aproximando do grupo dos BRIC - Brasil, Russia, India e China) e domina o comercio regional na Africa Austral.

Em resultado disso, como o demonstra amplamente a experiencia centenaria da SACU, a AS pode agir na regiao como a OMC age no mundo... but, again, apenas se entregue aos seus own devices!

A implicacao desse facto e' que ele torna o Protocolo de Comercio da SADC num instrumento crucial para a "subordinacao" das politicas comerciais e industriais tendencialmente hegemonicas da SA as disposicoes desse protocolo, que contempla o principio da geometria assimetrica no estabelecimento de uma FTA e, mais tarde de uma UA na regiao, e atraves do qual os outros paises membros da SADC podem exercer de forma concertada as accoes necessarias a salvaguarda dos seus interesses economicos nacionais, tal como o Global South o vem, slowly but surely, fazendo na OMC.

Wednesday, 21 September 2011

Dilemas da Extrema Pobreza...



(...)
como te atreves a querer
que te dê a mão
se ainda agora
a ofereci em troca de pão?
(...)


[A.S. - extracto de "Ralhete" in S.O.S. - lembro-me de, pelos dias em que escrevi esse poema, em tempos de guerra e escassez generalizada em Luanda, uma vez ter perguntado ao meu filho, entao com dois/tres anitos de idade, se "a barriga dele estava cheia", ele respondeu-me que "sim", perguntei-lhe "de que?" e ele: "a barriga esta' cheia de fome"...]




Esta e' uma imagem aterradora e revoltante, que ha' varios anos vem ilustrando as recorrentes fomes em Africa, e especialmente no 'seu Corno' - como ESTA, que actualmente vem mobilizando as atencoes e doacoes de todo o mundo face aquela que e' considerada a pior seca na regiao nos ultimos 60 anos.

Trata-se de uma imagem que tem sido igualmente politicamente manipulada pelas piores razoes e para as mais duvidosas causas possiveis. Por essa razao, apenas muito relutantemente me decidiria a posta-la neste blog. Mas, perante a noticia que abaixo se pode ler, ocorre-me que ela pode ilustrar tambem da forma mais macabra possivel os absurdos, dramas, traumas e dilemas com que as maes em condicoes de extrema pobreza frequentemente se teem que confrontar, e.g.: "matar a crianca, ou deixa-la morrer viva 'as garras dos abutres"?!...

Nao que a mae em questao na noticia seja 'desculpavel', mesmo porque nada faz supor que ela estaria no mesmo estado de extrema pobreza que a mae da crianca na imagem - a qual, muito provavelmente estaria ja' ela propria morta -, mas o seu acto ilustra bem os extremos a que os disturbios mentais associados a tais condicoes podem conduzir e que nenhuma imagem sera' capaz de retratar...


Mas, em qualquer dos casos, a dura, nua e crua realidade da sad bottom line da extrema pobreza e' bem retratada por esta imagem:





Criança Morre por Pedir Comida a Mãe

Uma criança de apenas 2 anos de idade perdeu a vida quando este chorava, queixando-se a sua mãe de fome. A mãe, agastada, pega nela e sufoca-a até à morte. A horrível cena ocorreu na localidade fronteiriça de Santa Clara, na província de Cunene, 40 km a Sul de Ondjiva, segundo fonte policial que não especificou a data.

“O facto ocorreu quando o menor queixava-se de fome e a mãe, na impossibilidade de suprir a necessidade do seu filho, entendeu sufoca-lo de forma a fazer com que se calasse, tendo assim provocado a morte imediata da criança’’, contou o porta-voz do comando provincial da Polícia naquela província, Carlos dos Santos.

O oficial disse ainda que a mãe, interrogada, «alegou que praticou tal acção, porque o pai não comparticipava nas despesas para sustentar o seu filho».

Com dois anos de idade, a criança em vida chamava-se Daniel Pena Elias Satoca.



[aqui]


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(...)
como te atreves a querer
que te dê a mão
se ainda agora
a ofereci em troca de pão?
(...)


[A.S. - extracto de "Ralhete" in
S.O.S. - lembro-me de, pelos dias em que escrevi esse poema, em tempos de guerra e escassez generalizada em Luanda, uma vez ter perguntado ao meu filho, entao com dois/tres anitos de idade, se "a barriga dele estava cheia", ele respondeu-me que "sim", perguntei-lhe "de que?" e ele: "a barriga esta' cheia de fome"...]




Esta e' uma imagem aterradora e revoltante, que ha' varios anos vem ilustrando as recorrentes fomes em Africa, e especialmente no 'seu Corno' - como ESTA, que actualmente vem mobilizando as atencoes e doacoes de todo o mundo face aquela que e' considerada a pior seca na regiao nos ultimos 60 anos.

Trata-se de uma imagem que tem sido igualmente politicamente manipulada pelas piores razoes e para as mais duvidosas causas possiveis. Por essa razao, apenas muito relutantemente me decidiria a posta-la neste blog. Mas, perante a noticia que abaixo se pode ler, ocorre-me que ela pode ilustrar tambem da forma mais macabra possivel os absurdos, dramas, traumas e dilemas com que as maes em condicoes de extrema pobreza frequentemente se teem que confrontar, e.g.: "matar a crianca, ou deixa-la morrer viva 'as garras dos abutres"?!...

Nao que a mae em questao na noticia seja 'desculpavel', mesmo porque nada faz supor que ela estaria no mesmo estado de extrema pobreza que a mae da crianca na imagem - a qual, muito provavelmente estaria ja' ela propria morta -, mas o seu acto ilustra bem os extremos a que os disturbios mentais associados a tais condicoes podem conduzir e que nenhuma imagem sera' capaz de retratar...


Mas, em qualquer dos casos, a dura, nua e crua realidade da sad bottom line da extrema pobreza e' bem retratada por esta imagem:





Criança Morre por Pedir Comida a Mãe

Uma criança de apenas 2 anos de idade perdeu a vida quando este chorava, queixando-se a sua mãe de fome. A mãe, agastada, pega nela e sufoca-a até à morte. A horrível cena ocorreu na localidade fronteiriça de Santa Clara, na província de Cunene, 40 km a Sul de Ondjiva, segundo fonte policial que não especificou a data.

“O facto ocorreu quando o menor queixava-se de fome e a mãe, na impossibilidade de suprir a necessidade do seu filho, entendeu sufoca-lo de forma a fazer com que se calasse, tendo assim provocado a morte imediata da criança’’, contou o porta-voz do comando provincial da Polícia naquela província, Carlos dos Santos.

O oficial disse ainda que a mãe, interrogada, «alegou que praticou tal acção, porque o pai não comparticipava nas despesas para sustentar o seu filho».

Com dois anos de idade, a criança em vida chamava-se Daniel Pena Elias Satoca.



[aqui]


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Tuesday, 20 September 2011

SADC: Meeting the Millennium Development Goals?



[image from here]


EXECUTIVE SUMMARY

This report is on the Status of and Prospects for achieving the Millennium Development Goals (MDGs) in SADC. The report outlines the progress made by SADC countries in implementing the MDGs five years after they were adopted. The report results from a consultation amongst SADC member States on the status of and prospects for achieving MDGs in preparation to the African Common position on the matters.

Section 2 of the report is an overview of the status of MDGs in SADC, based on statistical data on the different indicators pertaining to the MDGs. The section attempts to give account of the status of the MDGs across the SADC region as well as the total or average situation in SADC.

The third section is on the challenges for achieving the MDGs in the region. It shows that SADC countries face daunting challenges in achieving the MDGs by 2015. The HIV/AIDS scourge is the most severe development challenge to the realization of the MDGs in the region contributing to the deterioration in the human development over the past few years. Apart from the HIV/AIDS pandemic, the other challenges which hinder the achievement of MDGs include high poverty levels and income inequalities, persistent food shortages, environmental degradation, as well as institutional, policy and resource constraints.

The fourth section analyses the prospects for achieving the MDGs in SADC. It concludes that the SADC region faces uneven prospects of achieving the MDGs. Significant policy reforms both at national and international levels are recommended to help accelerate the progress for achieving the MDGs. These include institutional capacity building, domestication of the MGDs into country long-term development strategies, effectiveness and transparency in the management of natural resources through good governance and partnership-building with all the stakeholders. At the international level a fair international trading system, a deep and broad debt relief programme which include the cancellation of external debt of the highly indebted poor SADC countries and finance new commitments through grants, are needed.

Finally the Report concludes that meeting the MDGs will be a daunting task for most of the SADC countries and the donor community. However, the goals are both affordable and achievable.


[Keep reading here]


Postado a proposito, entre outras, destas materias: [A], [B], [C]



[image from here]


EXECUTIVE SUMMARY

This report is on the Status of and Prospects for achieving the Millennium Development Goals (MDGs) in SADC. The report outlines the progress made by SADC countries in implementing the MDGs five years after they were adopted. The report results from a consultation amongst SADC member States on the status of and prospects for achieving MDGs in preparation to the African Common position on the matters.

Section 2 of the report is an overview of the status of MDGs in SADC, based on statistical data on the different indicators pertaining to the MDGs. The section attempts to give account of the status of the MDGs across the SADC region as well as the total or average situation in SADC.

The third section is on the challenges for achieving the MDGs in the region. It shows that SADC countries face daunting challenges in achieving the MDGs by 2015. The HIV/AIDS scourge is the most severe development challenge to the realization of the MDGs in the region contributing to the deterioration in the human development over the past few years. Apart from the HIV/AIDS pandemic, the other challenges which hinder the achievement of MDGs include high poverty levels and income inequalities, persistent food shortages, environmental degradation, as well as institutional, policy and resource constraints.

The fourth section analyses the prospects for achieving the MDGs in SADC. It concludes that the SADC region faces uneven prospects of achieving the MDGs. Significant policy reforms both at national and international levels are recommended to help accelerate the progress for achieving the MDGs. These include institutional capacity building, domestication of the MGDs into country long-term development strategies, effectiveness and transparency in the management of natural resources through good governance and partnership-building with all the stakeholders. At the international level a fair international trading system, a deep and broad debt relief programme which include the cancellation of external debt of the highly indebted poor SADC countries and finance new commitments through grants, are needed.

Finally the Report concludes that meeting the MDGs will be a daunting task for most of the SADC countries and the donor community. However, the goals are both affordable and achievable.


[Keep reading here]


Postado a proposito, entre outras, destas materias: [A], [B], [C]

Sunday, 18 September 2011

LOVE AND LIBERATION



Sonia Sanchez's Literary Uses of Personal Pain


"To love is to express our humanity, but love cannot exist in a vacuum nor can love flower in the dirt of racism, capitalism and sexism. Time and time again, as Sanchez's personal pain bears witness, we find that all our attempts at love are twisted by systemic exploitation and oppression that deform our psyches and personalities, especially the male psyche. If we are to achieve love, we must fight for liberation."


By Kalamu ya Salaam


Although Sonia Sanchez has been publishing since the mid-sixties, there has been no diminishing of her poetic powers as she has aged; in fact, the exact opposite is the case--the poetry in her first book, Homecoming (1969), is no match for the brilliance of homegirls & handgrenades (1984) and is but a flicker when compared to the incandescent intensity of Wounded in the House of a Friend (1995). Rather than a brief candle who burned lyrically for a few years and then immolated herself in either self-destructive behavior or a selling-out of her talents to produce pap in exchange for momentary popularity and/or pecuniary reward, Sanchez instead has been a consistently blossoming beacon, ever shinning and in fact glowing brighter and brighter, while lesser lights dimmed around her. Like Langston Hughes and fine wines, over the years turned to decades, Sanchez ripened and matured rather than atrophied and lost potency.


But her's has been a hard won consistency. Life for Sanchez has been no crystal stair, particularly in her attempts to actualize a stable woman/man relationship. She has slipped and been tripped, fallen down and sometimes briefly been turned around, but she has never quit, never stopped climbing. Sanchez has, with a minimum of whining and with a courageousness and feistiness inversely proportioned to her diminutive body build, demonstrated a remarkable staying power, an archetypal persistence in embodying the advice the old folks constantly admonished: you just got to keep on keeping on--to keep on going despite whatever hardships and disappointments you suffer in your personal life.
Sonia Sanchez's keeping on has produced a body of work terrible in its honesty about the joys and pains of her personal life as well as profound in the relevance that the lessons drawn from Sanchez's bittersweet years impart to us. Chief among those lessons is a constant refutation of internalized oppression. While there is both greatness and suffering in Sanchez's work, there is no tragedy in the classic sense of the individual suffering because of an alleged fatal flaw in their makeup. As Sanchez sagaciously points out, the majority of our suffering is because of man's inhumanity to man--more specifically, Whites' historic inhumanity to people of color and men's general inhumanity to women.

Although a philosophical investigation of the relationship between suffering and art as illustrated by the work of Sonia Sanchez would be of major interest, my purpose here is much more specific. I intend to review Sonia Sanchez's creative use of the personal pain which resulted from her attempts to actualize long term, intimate female/male relationships. Simultaneously, I will suggest how Sanchez's work and the attitudes expressed In her work mirror what I propose are tenets of a dialectical African-American, African-derived life philosophy/worldview. I will also ascribe to her creative prose a privileged position in both Sanchez's own body of work as well as within the context of 20th century American literature as a whole.

[...]

In Homecoming, Sanchez's poetic debut, amid fanged poetry which snarls at and attempts to bite the alabaster hand of racism, there are also the first inklings that Sanchez's concern is with gender issues as well as race matters. The book ends with the short poem "personal letter no.2," a gem of unsentimental self-definition:


but I am what I
am. woman. alone
amid all this noise.
[H 32]


[...]

The norm of poetry about personal relationships is a romanticizing of the desire for and the struggle to achieve fulfilling intimate unions. But rather than an ingenue cooing romantic pop tunes in search of Mr. Right, Sanchez is a classic blues diva shouting away her blues and concluding that what she really needs is to be in control of herself and her social relations:

i've been two men's fool. a coupla black organization's fool. if ima gonna be anyone else's fool let me be my own fool for awhile,
[USS 99]

This self-assertive, self-affirmative blues-based outlook informs the bulk of Sanchez's personal poetry. Yet as potent as Sanchez's poetry is, there is another aspect of her work which supersedes her poetic achievements.

[...]

By citing her own situations and wrestlings, Sanchez challenges us not only to admit we suffer, she also challenges us to move beyond suffering. She challenges us not with lofty appeals to ideals but rather by pain filled sharings and by identification with the wounds of others, even identification with self-inflicted wounds. Thus, we now come full circle to understand that liberation and love go hand in hand: we need love to be truly human and without liberation (and the struggle to attain and maintain liberation) we are prevented from consummating true love.

To love is to express our humanity, but love cannot exist in a vacuum nor can love flower in the dirt of racism, capitalism and sexism. Time and time again, as Sanchez's personal pain bears witness, we find that all our attempts at love are twisted by systemic exploitation and oppression that deform our psyches and personalities, especially the male psyche. If we are to achieve love, we must fight for liberation. That is the summation of Sanchez's creative use of personal pain. Sanchez's creative poetry and prose is not only physical evidence of an exemplary act of courage, her work is also, and more importantly, a significant contribution to the ongoing battle "to create a human world."
A luta continua--the struggle continues.


[Full essay here]





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Sonia Sanchez's Literary Uses of Personal Pain


"To love is to express our humanity, but love cannot exist in a vacuum nor can love flower in the dirt of racism, capitalism and sexism. Time and time again, as Sanchez's personal pain bears witness, we find that all our attempts at love are twisted by systemic exploitation and oppression that deform our psyches and personalities, especially the male psyche. If we are to achieve love, we must fight for liberation."


By Kalamu ya Salaam


Although Sonia Sanchez has been publishing since the mid-sixties, there has been no diminishing of her poetic powers as she has aged; in fact, the exact opposite is the case--the poetry in her first book, Homecoming (1969), is no match for the brilliance of homegirls & handgrenades (1984) and is but a flicker when compared to the incandescent intensity of Wounded in the House of a Friend (1995). Rather than a brief candle who burned lyrically for a few years and then immolated herself in either self-destructive behavior or a selling-out of her talents to produce pap in exchange for momentary popularity and/or pecuniary reward, Sanchez instead has been a consistently blossoming beacon, ever shinning and in fact glowing brighter and brighter, while lesser lights dimmed around her. Like Langston Hughes and fine wines, over the years turned to decades, Sanchez ripened and matured rather than atrophied and lost potency.


But her's has been a hard won consistency. Life for Sanchez has been no crystal stair, particularly in her attempts to actualize a stable woman/man relationship. She has slipped and been tripped, fallen down and sometimes briefly been turned around, but she has never quit, never stopped climbing. Sanchez has, with a minimum of whining and with a courageousness and feistiness inversely proportioned to her diminutive body build, demonstrated a remarkable staying power, an archetypal persistence in embodying the advice the old folks constantly admonished: you just got to keep on keeping on--to keep on going despite whatever hardships and disappointments you suffer in your personal life.
Sonia Sanchez's keeping on has produced a body of work terrible in its honesty about the joys and pains of her personal life as well as profound in the relevance that the lessons drawn from Sanchez's bittersweet years impart to us. Chief among those lessons is a constant refutation of internalized oppression. While there is both greatness and suffering in Sanchez's work, there is no tragedy in the classic sense of the individual suffering because of an alleged fatal flaw in their makeup. As Sanchez sagaciously points out, the majority of our suffering is because of man's inhumanity to man--more specifically, Whites' historic inhumanity to people of color and men's general inhumanity to women.

Although a philosophical investigation of the relationship between suffering and art as illustrated by the work of Sonia Sanchez would be of major interest, my purpose here is much more specific. I intend to review Sonia Sanchez's creative use of the personal pain which resulted from her attempts to actualize long term, intimate female/male relationships. Simultaneously, I will suggest how Sanchez's work and the attitudes expressed In her work mirror what I propose are tenets of a dialectical African-American, African-derived life philosophy/worldview. I will also ascribe to her creative prose a privileged position in both Sanchez's own body of work as well as within the context of 20th century American literature as a whole.

[...]

In Homecoming, Sanchez's poetic debut, amid fanged poetry which snarls at and attempts to bite the alabaster hand of racism, there are also the first inklings that Sanchez's concern is with gender issues as well as race matters. The book ends with the short poem "personal letter no.2," a gem of unsentimental self-definition:


but I am what I
am. woman. alone
amid all this noise.
[H 32]


[...]

The norm of poetry about personal relationships is a romanticizing of the desire for and the struggle to achieve fulfilling intimate unions. But rather than an ingenue cooing romantic pop tunes in search of Mr. Right, Sanchez is a classic blues diva shouting away her blues and concluding that what she really needs is to be in control of herself and her social relations:

i've been two men's fool. a coupla black organization's fool. if ima gonna be anyone else's fool let me be my own fool for awhile,
[USS 99]

This self-assertive, self-affirmative blues-based outlook informs the bulk of Sanchez's personal poetry. Yet as potent as Sanchez's poetry is, there is another aspect of her work which supersedes her poetic achievements.

[...]

By citing her own situations and wrestlings, Sanchez challenges us not only to admit we suffer, she also challenges us to move beyond suffering. She challenges us not with lofty appeals to ideals but rather by pain filled sharings and by identification with the wounds of others, even identification with self-inflicted wounds. Thus, we now come full circle to understand that liberation and love go hand in hand: we need love to be truly human and without liberation (and the struggle to attain and maintain liberation) we are prevented from consummating true love.

To love is to express our humanity, but love cannot exist in a vacuum nor can love flower in the dirt of racism, capitalism and sexism. Time and time again, as Sanchez's personal pain bears witness, we find that all our attempts at love are twisted by systemic exploitation and oppression that deform our psyches and personalities, especially the male psyche. If we are to achieve love, we must fight for liberation. That is the summation of Sanchez's creative use of personal pain. Sanchez's creative poetry and prose is not only physical evidence of an exemplary act of courage, her work is also, and more importantly, a significant contribution to the ongoing battle "to create a human world."
A luta continua--the struggle continues.


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Saturday, 17 September 2011

“Bantuismos na construção poética de Agostinho Neto”





O discurso poético de António Agostinho Neto foi largamente influenciado por uma série de “bantuísmos” como forma propositada de marcar a identidade bantu na poesia, numa sociedade colonial em que tal civilização era rejeitada.

A afirmação pertence ao historiador Simão Souinduila, consultor do Centro Internacional das Civilizações Bantu, quando comentava hoje, na União dos Escritores Angolanos (UEA), em Luanda, sobre o tema “Bantuismos na construção poética de Agostinho Neto”.

Souindoula, que é igualmente perito do Fundo da Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), considerou “muito influenciada, a poesia de Neto, no idioma materno (Kimbundo), o que levou que pouco depois da independência nacional, tomasse como algumas das suas principais decisões de cunho cultural a adopção do acordo sobre o estudo e valorização das línguas nacionais e a criação da UEA e consecutiva eleição dos corpos gerentes.

Disse que o “bantuismo” de Agostinho Neto reflectido de diversas formas, em língua materna kimbundo, representa um conjunto de vocábulos com sistema de concordância com línguas de países da África Central.

No caso específico de Angola, disse que o poeta Neto inculcava nas obras termos como “Kitanda”, “Kalunga”, “Mussunda”, “Kinaxixi”, “Ingombota” e “Kitandeira”, “cubata”, “Musekes”, entre vários outros.

Apontou como um dos exemplos de “pura influência bantu” a palavra Kitanda que, em Umbundo recebe um prefixo, chamando-se “Otchitanda”.

“Neto não estava preocupado a escrever para os timorenses e cabo-verdianos (não são bantu). A sua intenção era dar ênfase à sua civilização, por meio da poesia”, defendeu o perito da UNESCO, para quem, “se quisesse, Agostinho Neto teria feito poesia em linguagem clássica”.

Referiu ainda a introdução do “K” e “W” na escrita da moeda nacional, o Kwanza, ao contrário de “Cuanza”, como uma decisão histórico-cultural, que terá contribuído para introdução no alfabeto da língua de Camões (português), das consoantes “k”, “y” e “w”.

“Agostinho Neto deixa uma poesia platónica, de leitura legível (não obriga ao leitor recorrer ao dicionário para perceber o lê), uma obra que serviu de balizas e orientação para o nacionalismo angolano”, frisou Simão Souindoula, que reconhece a dimensão cultural e social da sua poesia como sendo provocatória para o regime da época.


[Aqui]


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No Dia do Heroi Nacional





O discurso poético de António Agostinho Neto foi largamente influenciado por uma série de “bantuísmos” como forma propositada de marcar a identidade bantu na poesia, numa sociedade colonial em que tal civilização era rejeitada.

A afirmação pertence ao historiador Simão Souinduila, consultor do Centro Internacional das Civilizações Bantu, quando comentava hoje, na União dos Escritores Angolanos (UEA), em Luanda, sobre o tema “Bantuismos na construção poética de Agostinho Neto”.

Souindoula, que é igualmente perito do Fundo da Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), considerou “muito influenciada, a poesia de Neto, no idioma materno (Kimbundo), o que levou que pouco depois da independência nacional, tomasse como algumas das suas principais decisões de cunho cultural a adopção do acordo sobre o estudo e valorização das línguas nacionais e a criação da UEA e consecutiva eleição dos corpos gerentes.

Disse que o “bantuismo” de Agostinho Neto reflectido de diversas formas, em língua materna kimbundo, representa um conjunto de vocábulos com sistema de concordância com línguas de países da África Central.

No caso específico de Angola, disse que o poeta Neto inculcava nas obras termos como “Kitanda”, “Kalunga”, “Mussunda”, “Kinaxixi”, “Ingombota” e “Kitandeira”, “cubata”, “Musekes”, entre vários outros.

Apontou como um dos exemplos de “pura influência bantu” a palavra Kitanda que, em Umbundo recebe um prefixo, chamando-se “Otchitanda”.

“Neto não estava preocupado a escrever para os timorenses e cabo-verdianos (não são bantu). A sua intenção era dar ênfase à sua civilização, por meio da poesia”, defendeu o perito da UNESCO, para quem, “se quisesse, Agostinho Neto teria feito poesia em linguagem clássica”.

Referiu ainda a introdução do “K” e “W” na escrita da moeda nacional, o Kwanza, ao contrário de “Cuanza”, como uma decisão histórico-cultural, que terá contribuído para introdução no alfabeto da língua de Camões (português), das consoantes “k”, “y” e “w”.

“Agostinho Neto deixa uma poesia platónica, de leitura legível (não obriga ao leitor recorrer ao dicionário para perceber o lê), uma obra que serviu de balizas e orientação para o nacionalismo angolano”, frisou Simão Souindoula, que reconhece a dimensão cultural e social da sua poesia como sendo provocatória para o regime da época.


[Aqui]


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Friday, 16 September 2011

Angola em "Estado de Coma"?



"(...) oportunidade aproveitada para considerar como delicada e inspiradora de cuidados especiais a situação reinante em Angola (...)"


Um plano "B", que consiste numa insurreição de nível nacional, semelhante as ocorridas na Líbia, Egipto e Tunísia e que culminou com o derrube dos respectivos presidentes e partidos governantes, está a ser orquestrado por uma coligação de partidos da oposição, liderada pela Unita.


A denúncia foi feita ontem (quinta-feira) pelo primeiro secretário provincial de Luanda do MPLA, Bento Bento (Na Foto), durante um encontro alargado com as direcções de comités de acção e de especialidades do partido, da JMPLA e da OMA, oportunidade aproveitada para considerar como delicada e inspiradora de cuidados especiais a situação reinante em Angola.

A coligação, que integra o Bloco Democrático, PP e alguns partidos ligados aos POC, e que tem como executivos mais dinâmicos o secretário-geral da Unita, Kamalata Numa, o secretário-geral da Jura, MFuka Fuakaka Muzamba, o advogado David Mendes e Justino Pinto de Andrade, pretende criar o caos social, impossibilitar a governação do MPLA e do Presidente.

Afirmou que a oposição decidiu enveredar por manifestações violentas e hostis, provocando vítimas e inventando outras vítimas, incentivando a desobediência civil, greves e tumultos, bem como provocações aos agentes e patrulhas da polícia, fazendo recurso a objectos contudentes, com pedras, garrafas, paus, entre outros.

Em face de qualquer reacção da polícia, alertou Bento Bento, a estratégia é utilizar "a arma dos direitos humanos" de modo a legitimar uma intervenção militar estrangeira em Angola, semelhante a realizada na Líbia.


[Extractos daqui]


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"(...) oportunidade aproveitada para considerar como delicada e inspiradora de cuidados especiais a situação reinante em Angola (...)"


Um plano "B", que consiste numa insurreição de nível nacional, semelhante as ocorridas na Líbia, Egipto e Tunísia e que culminou com o derrube dos respectivos presidentes e partidos governantes, está a ser orquestrado por uma coligação de partidos da oposição, liderada pela Unita.


A denúncia foi feita ontem (quinta-feira) pelo primeiro secretário provincial de Luanda do MPLA, Bento Bento (Na Foto), durante um encontro alargado com as direcções de comités de acção e de especialidades do partido, da JMPLA e da OMA, oportunidade aproveitada para considerar como delicada e inspiradora de cuidados especiais a situação reinante em Angola.

A coligação, que integra o Bloco Democrático, PP e alguns partidos ligados aos POC, e que tem como executivos mais dinâmicos o secretário-geral da Unita, Kamalata Numa, o secretário-geral da Jura, MFuka Fuakaka Muzamba, o advogado David Mendes e Justino Pinto de Andrade, pretende criar o caos social, impossibilitar a governação do MPLA e do Presidente.

Afirmou que a oposição decidiu enveredar por manifestações violentas e hostis, provocando vítimas e inventando outras vítimas, incentivando a desobediência civil, greves e tumultos, bem como provocações aos agentes e patrulhas da polícia, fazendo recurso a objectos contudentes, com pedras, garrafas, paus, entre outros.

Em face de qualquer reacção da polícia, alertou Bento Bento, a estratégia é utilizar "a arma dos direitos humanos" de modo a legitimar uma intervenção militar estrangeira em Angola, semelhante a realizada na Líbia.


[Extractos daqui]


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Thursday, 15 September 2011

Politica, Futebol e...



... da Falta de Competitividade Global da Economia Angolana



(...)

Enquanto, em termos de paridade do poder de compra, Angola continuar a comparar desfavorávelmente com os seus parceiros internacionais e continuarmos a observar os investidores e funcionários regionais a preferirem qualquer outro destino para as suas reuniões, conferências e workshops na África Austral em detrimento de Angola, que é conhecida, regional e internacionalmente, como um dos países mais caros do mundo, continuaremos a viver numa das economias menos competitivas da região, tanto em termos de preços, como de qualidade e produtividade.

E tudo isso, simplesmente, porque a economia real, para lá da indústria extractiva, ainda não corresponde à economia monetária; a produção, oferta e distribuição de bens de consumo básico ainda não satisfaz suficientemente a procura nacional; as, até agora bem sucedidas, políticas monetária e cambial não são suficiente nem eficientemente suportadas por adequadas políticas comercial, fiscal e de rendimentos e preços. E o governo sabe certamente que as variáveis instrumentais de todas essas políticas deverão ser levadas aos seus níveis de equilíbrio e adequadamente harmonizadas entre si para que se possa clamar plena e durável “estabilidade macroeconómica”.

(...)


[Extracto daqui - postado a proposito desta materia]


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... da Falta de Competitividade Global da Economia Angolana



(...)

Enquanto, em termos de paridade do poder de compra, Angola continuar a comparar desfavorávelmente com os seus parceiros internacionais e continuarmos a observar os investidores e funcionários regionais a preferirem qualquer outro destino para as suas reuniões, conferências e workshops na África Austral em detrimento de Angola, que é conhecida, regional e internacionalmente, como um dos países mais caros do mundo, continuaremos a viver numa das economias menos competitivas da região, tanto em termos de preços, como de qualidade e produtividade.

E tudo isso, simplesmente, porque a economia real, para lá da indústria extractiva, ainda não corresponde à economia monetária; a produção, oferta e distribuição de bens de consumo básico ainda não satisfaz suficientemente a procura nacional; as, até agora bem sucedidas, políticas monetária e cambial não são suficiente nem eficientemente suportadas por adequadas políticas comercial, fiscal e de rendimentos e preços. E o governo sabe certamente que as variáveis instrumentais de todas essas políticas deverão ser levadas aos seus níveis de equilíbrio e adequadamente harmonizadas entre si para que se possa clamar plena e durável “estabilidade macroeconómica”.

(...)


[Extracto daqui - postado a proposito desta materia]


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Tuesday, 13 September 2011

Miss Angola is Miss Universe 2011



Although I cannot be said to be particularly keen on this kind of competition (as can be gathered here and here), this one deserves a special note on this blog:

Leila Lopes, Miss Angola, has been crowned Miss Universe 2011!



She lives in London and started her meteoric rise to Miss Universe on October 2010, when she was elected Miss Angola-UK. From there she went on to represent the Angolan Community in London at Miss Angola held in Luanda last December which she won. Now she is the first young lady from Angola, the second from Africa (following in the steps of Mpule Kwelagobe from Botswana) and among a minute few non-white girls in the world to reach such heights in this international beauty pageant celebrating its 60th anniversary this year.





Although I cannot be said to be particularly keen on this kind of competition (as can be gathered
here and here), this one deserves a special note on this blog:

Leila Lopes, Miss Angola, has been crowned Miss Universe 2011!



She lives in London and started her meteoric rise to Miss Universe on October 2010, when she was elected Miss Angola-UK. From there she went on to represent the Angolan Community in London at Miss Angola held in Luanda last December which she won. Now she is the first young lady from Angola, the second from Africa (following in the steps of Mpule Kwelagobe from Botswana) and among a minute few non-white girls in the world to reach such heights in this international beauty pageant celebrating its 60th anniversary this year.



Monday, 12 September 2011

KIBETO II: Here they go again!...







Se eu ‘tivesse juizo’, depois das kibetadas que levei de passagem “por arrasto e associacao” aquando do Kibeto I, desta vez deveria quedar-me pura e simplesmente “cega, surda e muda” como mandam as ‘sabias leis da sobrevivencia’ no “nosso pais”...

Nao que aquando do primeiro kibeto, como tive oportunidade de notar num comentario que fiz na altura, eu tivesse tomado qualquer partido, ou sequer manifestado os meus pontos de vista sobre as questoes de fundo na altura debatidas acaloradamente um pouco por ‘todo o mundo’ a volta daquela que designei “Maka de um Jose’ contra tres Antonios” (e a que o Luis Kandjimbo viria a acrescentar “mais os Mukuaxis”), excepto num certo timido “Elogio da Mediocridade”...

No entanto, ainda assim nao faltou quem me tivesse tentado puxar e/ou empurrar para um ou outro lado da contenda, tendo eu por isso acabado por apanhar com alguns bastante incomodos, para dizer o minimo, estilhacos do campo de batalha. E quando digo “para um ou outro lado”, tenho perfeita consciencia de que estou de algum modo a tentar “neutralizar” aquilo que entao se manifestou por demias obvio: tratou-se, por parte de alguns, abertamente de “me empurrar a viva forca” para o lado do Agualusa...

Bem, sempre achei deveras interessante a forma (diga-se geralmente despropositada) como algumas pessoas me “ligam” ao Agualusa e tentam, em alguns casos, de alguma maneira “politizar” e “ideologizar” aquilo que teem como “a nossa relacao” – como, de resto, pelo que aos poucos me venho dando conta, o tentam fazer com just about todos os aspectos, relacionamentos e posicionamentos da minha vida (... por isso tenho dado comigo tao frequentemente a perguntar “afinale?”...), particularmente quando estes apresentam uma qualquer interface com algumas das mais controversas questoes literarias e, mais amplamente, socio-culturais que (nao) se debatem na sociedade angolana.

Ora, tenho certamente as minhas discordancias com algumas das posturas do Agualusa, mormente em relacao a uma, em alguns circulos dominante, corrente de opiniao que ele tem vindo a protagonizar com base numa certa leitura, quanto a mim miope e enviezada, da Historia colonial e pos-colonial de Angola e da Africa em geral (e, para que conste, esta e' uma versao de pelo menos parte dessa(as) historia(as) na qual me revejo) – e disso nao tenho feito propriamente “caixinha” ...


[Continue lendo aqui]







Se eu ‘tivesse juizo’, depois das kibetadas que levei de passagem “por arrasto e associacao” aquando do Kibeto I, desta vez deveria quedar-me pura e simplesmente “cega, surda e muda” como mandam as ‘sabias leis da sobrevivencia’ no “nosso pais”...

Nao que aquando do primeiro kibeto, como tive oportunidade de notar num comentario que fiz na altura, eu tivesse tomado qualquer partido, ou sequer manifestado os meus pontos de vista sobre as questoes de fundo na altura debatidas acaloradamente um pouco por ‘todo o mundo’ a volta daquela que designei “Maka de um Jose’ contra tres Antonios” (e a que o Luis Kandjimbo viria a acrescentar “mais os Mukuaxis”), excepto num certo timido “Elogio da Mediocridade”...

No entanto, ainda assim nao faltou quem me tivesse tentado puxar e/ou empurrar para um ou outro lado da contenda, tendo eu por isso acabado por apanhar com alguns bastante incomodos, para dizer o minimo, estilhacos do campo de batalha. E quando digo “para um ou outro lado”, tenho perfeita consciencia de que estou de algum modo a tentar “neutralizar” aquilo que entao se manifestou por demias obvio: tratou-se, por parte de alguns, abertamente de “me empurrar a viva forca” para o lado do Agualusa...

Bem, sempre achei deveras interessante a forma (diga-se geralmente despropositada) como algumas pessoas me “ligam” ao Agualusa e tentam, em alguns casos, de alguma maneira “politizar” e “ideologizar” aquilo que teem como “a nossa relacao” – como, de resto, pelo que aos poucos me venho dando conta, o tentam fazer com just about todos os aspectos, relacionamentos e posicionamentos da minha vida (... por isso tenho dado comigo tao frequentemente a perguntar “afinale?”...), particularmente quando estes apresentam uma qualquer interface com algumas das mais controversas questoes literarias e, mais amplamente, socio-culturais que (nao) se debatem na sociedade angolana.

Ora, tenho certamente as minhas discordancias com algumas das posturas do Agualusa, mormente em relacao a uma, em alguns circulos dominante, corrente de opiniao que ele tem vindo a protagonizar com base numa certa leitura, quanto a mim miope e enviezada, da Historia colonial e pos-colonial de Angola e da Africa em geral (e, para que conste, esta e' uma versao de pelo menos parte dessa(as) historia(as) na qual me revejo) – e disso nao tenho feito propriamente “caixinha” ...


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Sunday, 11 September 2011

Nine Eleven 10 Years On



My 09/11/01




I was in Africa: Gaborone, Botswana. Didn’t know anything about it until I entered in what was at the time the biggest general store in town, Game, where I found a group of europeans gathered in front of one of the large TV screens on the walls. It was tuned into a live broadcast from New York by CNN showing the first tower up in smoke and flames.
Before I could understand what was going on, the second tower was also hit by a plane and started burning. Some among the group of europeans started clapping and cheering – they were French, I could understand from the language they spoke.



Later that day, I went with an Angolan acquaintance to visit a couple from some Muslim-dominated East African country doing business in Botswana. At some point in our conversation, I said that I was thinking about sending a message of condolences to my American colleagues with whom I worked in a team of international consultants throughout Southern Africa for a project called Regional Activity to Promote Integration through Dialogue and Policy Implementation (RAPID) - by the way, this was the kind of work we were doing there at the time.


My companions were not enthusiastic about my idea, to put it mildly; the Angolan actually cautioned me against it. There was among them a overwhelming sense of “celebration” for what was there generally perceived as a lesson from the now called “Global South” that “the (arrogant, imperialist) Yanquis” and the West in general long deserved…


My personal feeling, however, was that no ideology or religion should arrogate to itself the “right” to cause so much pain to so many people in such a split moment of time – and I would feel and say very much the same if, as it happened here and there along history, the damage had been inflicted by “the Yanquis” or any other Western power upon any other country in the world. I was just moved by human empathy towards my American friends and colleagues. Yet there was still that strange sense of “grandeur” and even “sinister beauty” about all that spectacle, which somehow managed to subdue our reasoned thoughts about what was developing in front of our eyes.


So, I just kept quite afterwards sinking it all in and recalling the day, ten years earlier, when I had been to the World Trade Centre with a group of German economics students and the pictures we had taken on the top of those towers… I don’t know where they are now – they seem to have disappeared just like the Twin Towers.





My 09/11/01




I was in Africa: Gaborone, Botswana. Didn’t know anything about it until I entered in what was at the time the biggest general store in town, Game, where I found a group of europeans gathered in front of one of the large TV screens on the walls. It was tuned into a live broadcast from New York by CNN showing the first tower up in smoke and flames.
Before I could understand what was going on, the second tower was also hit by a plane and started burning. Some among the group of europeans started clapping and cheering – they were French, I could understand from the language they spoke.



Later that day, I went with an Angolan acquaintance to visit a couple from some Muslim-dominated East African country doing business in Botswana. At some point in our conversation, I said that I was thinking about sending a message of condolences to my American colleagues with whom I worked in a team of international consultants throughout Southern Africa for a project called Regional Activity to Promote Integration through Dialogue and Policy Implementation (RAPID) - by the way, this was the kind of work we were doing there at the time.


My companions were not enthusiastic about my idea, to put it mildly; the Angolan actually cautioned me against it. There was among them a overwhelming sense of “celebration” for what was there generally perceived as a lesson from the now called “Global South” that “the (arrogant, imperialist) Yanquis” and the West in general long deserved…


My personal feeling, however, was that no ideology or religion should arrogate to itself the “right” to cause so much pain to so many people in such a split moment of time – and I would feel and say very much the same if, as it happened here and there along history, the damage had been inflicted by “the Yanquis” or any other Western power upon any other country in the world. I was just moved by human empathy towards my American friends and colleagues. Yet there was still that strange sense of “grandeur” and even “sinister beauty” about all that spectacle, which somehow managed to subdue our reasoned thoughts about what was developing in front of our eyes.


So, I just kept quite afterwards sinking it all in and recalling the day, ten years earlier, when I had been to the World Trade Centre with a group of German economics students and the pictures we had taken on the top of those towers… I don’t know where they are now – they seem to have disappeared just like the Twin Towers.



Saturday, 10 September 2011

PERSONAGENS (IV) - R*




(...)
Nós mesmos
Os contratados
A queimar vida nos cafezais
Os homens negros ignorantes
Que devem respeitar o branco
E temer o rico

Somos os teus filhos
Dos bairros de pretos
Com fome e com sede
Com vergonha de te chamarmos mãe
(...)



Extracto de “Adeus à Hora da Largada”
Agostinho Neto


O EXECRAVEL PUTO PE'-DESCALÇO

Execravel... um puto? Ideia insuportavel!
Mas sim, era um puto. E sim, era execravel.
Nao um desses surpreendentemente imaginativos, empaticos e geralmente de bom fundo, “meninos de rua”, filhos da inclusiva exclusao pos-dipanda.
Tinha sido um puto pre'-dipanda.
[Pe'-descalço. Recalcado. Complexado.]

Alimentado a acre de kikwanga e aspereza de mfumbwa.
Sem a suavidade do funge e a amenidade da kizaka.
Sem a doçura do mikate e a convivialidade do safu.
Crescera boçal e pobre de espirito.
Sem inocencia. Sem meninice.
Sem a magia encantatoria das estorias de adormecer Bantu.
So' pesadelos: de mulheres negras violadas e monas mundele esquartejados a catanada em roças de cafe'.
Que especie de mulheres e monas podiam ser aqueles, senao insuportaveis?! Sussuravam-lhe os seus kazumbis – os unicos que lhe visitavam os sonhos.
[Pesadelos.]

Sim, cresceu dizendo-se 'so' podiam ser umas insuportaveis putas; seus monas nao mereciam outro destino senao a rejeiçao, o apagamento'.

Definitivamente, nao havia outro remedio senao acabar de vez com "aquela mulataria", como dizia um seu companheiro de infancia traumatizada - esse outro, conterraneo de contratados do sul nas roças de cafe' do norte do pais, que mais tarde, porem quando ainda lhe faltava "a coragem de ser angolano", haveria de tentar exorcisar os seus kazumbis, kalundus, traumas e complexos junto de uma inglesa que lhe lia Shakespeare para adormecer sem musica de fundo, acabando, depois de ela lhe ter passado um falso diploma de "cura" (que, aparentemente, tambem o creditava como economista especialista em crises financeiras internacionais e perito em transparencia nas industrias extractivas, entre outras curiosidades e enfermidades afins, tais como "life-long entitlement to ghost writers"...), por produzir, sob o olhar silencioso de Freud, uma copiosa prole negra para mostrar ao mundo (e sobretudo as negras que ao longo da sua ainda curta, mas aventurosa vida o tinham rejeitado, ou com as quais apenas delirara nos breves intervalos dos seus pesadelos - sendo que pelo menos a uma delas tera' "approached" com uma proposta bem a "capitalist nigger": "olha, os mais velhos estao a nos dizer que devemos namorar com as nossas 'manas' e gastar o nosso dinheiro com elas - assim, at the end of the day, o dinheiro fica dentro da nossa comunidade... e sabes uma coisa? Uma das minhas irmas esta' a guarda de diamantes no valor de milhoes, muitos milhoes mesmo!"... Seguindo-se que a dita "approached", sem um comentario, fechou-lhe a porta na cara, ainda que apenas 'figurativamente', e nunca mais o quis ver!) a sua "imensa masculinidade africana"...

Com tanto negro como eu por ai?! - auto-flagelava-se a cada passo dos seus execravelmente descalços pes na vertiginosa descida aos nauseabundos esgotos da sua triste memoria. Mesmo, e sobretudo, depois de ter deixado a pobre aldeia de Tomasse privada do seu idiota de estimacao, ido para a capital dar mau nome aos Bakongo, sido adoptado como filho da exclusiva inclusao pos-dipanda e calçado os devidos sapatos de ouro do poder de estado da "naçao crioula"; quando passou a transportar os seus pesadelos de execravel puto pe'-descalço, que nunca deixaria de ser, para a pagina impressa - escolhendo ritualmente para o efeito as datas de nascimento dos monas visados.
[Esgoto. Barata. Genocida.]

Impossibilitado de acender fogueiras para os queimar nos putridos esgotos que habitava, ou de os enterrar vivos no seu ja' completamente fundo tugurio, continuou, aí, a esquartejar a tinta vermelha de sangue mulheres negras, especialmente se “nao casadas”, mais seus monas (enquanto, com medo de perder o emprego, idolatrava e lambia os pes calçados de botas dos seus, novos-ex-roceiros de cafe', patroes) mundele.
[Boçal. Lacaio. Subserviente. Verme.]

Convenceu-se de que podia escrever algo como a "Memoria de Minhas Putas Tristes" de Garcia Marquez (cuja mae sabia ler, certamente contar-lhe encantatorias estorias de adormecer e ensinar-lhe a respeitar as mulheres - "putas" que fossem!...) e alcançar a eternidade dos Nobeis.

Nunca conseguiria mais do que alcançar a eternidade dos ratos e baratas de esgoto.
[Execravelmente Pe'-Descalço!]

*(First posted 27/11/09 - repostado a 25/01/10 e hoje, 10/09/11,
a proposito desta materia - que me fez lembrar da estoria dos "100 MIL CONTOS DO ABRIGADA"!!!)


Posts relacionados:


Black Masculinit(ies)y and Domestic Violence

"O Crime de Lesa-Patria!"

Sabes?

Confissao a Sant'Ana da Muxima

Certo ou Errado?

Falando de Etica Jornalistica

Media Freedom(s) Quo Vadis?

Sim Senhora Ministra?

Terra Queimada

"A Mesa Redonda"

A Proposito dos Monologos da Vagina







ADENDA

Prémio Maboque de Jornalismo é um embuste?

O Prémio Maboque de jornalismo, criado por essa empresa para agraciar profissionais da Comunicação Social que se destaquem no período de Janeiro a Setembro de cada ano, continua a revelar que o seu propósito é agradecer jornalistas dos órgãos públicos e os pró-regime, pela vassalagem e propaganda que prestaram e/ou têm prestado ao sistema governante.
O vencedor da última edição, Luís Fernando, antigo director do Jornal de Angola e actualmente d’O País, que sempre foi (é) um propagandista ao serviço do sistema político, é bem a prova do que acabámos de afirmar, pois, ao longo dos oito meses, não fez por merecer.
Não é justo que, por três reportagens, duas no exterior do país e uma em Angola, se lhe entregue o prémio de mão beijada, quando há colegas que ao longo desse tempo elaboraram mais e melhores trabalhos, particularmente de órgãos privados, o Semanário Angolense incluído, modéstia à parte. Foi uma injustiça dar o prémio a Luís Fernando, em detrimento de colegas que fizeram trabalhos com mais regularidade, ao longo destes nove meses.
Fonte digna de fé revelou-nos que, à última hora, o prémio foi retirado ao programa Debate Informativo, da Rádio Ecclesia, para ser oferecido a Luís Fernando, por uma ordem «vinda de cima». Portanto, o Prémio Maboque é um embuste, uma charada.
A nossa suspeita é ainda reforçada pelo facto de, ao longo das 19 edições, apenas dois jornalistas, do mesmo órgão privado (Semanário Angolense), conquistaram, meritoriamente, o galardão. Trata-se, nomeadamente, de Severino Carlos e Silva Candembo, que deixaram o corpo de jurados sem hipótese. Essa atribuição também visou dar a imagem de que o Prémio Maboque não está comprometido com o partido no poder.
Aliás, o seu suposto proprietário, Armindo César, foi um destacado dirigente da organização juvenil do MPLA, a JMPLA, membro dessa formação política, não devendo premiar jornalistas de órgãos que criticam o governo e o partido que o suporta.
Ao jornalista António Freitas, então director adjunto do semanário Agora, apesar de reconhecermos a sua capacidade técnica e profissional, só foi entregue o prémio por ter feito uma entrevista a Arkadi Gaidamak, parceiro do Governo na compra de armas durante a guerra, em que também esteve envolvido o francês Pierre Falcone.
A maior parte das edições foi oferecida a trabalhadores da Televisão Pública de Angola, Rádio Nacional de Angola e ao Jornal de Angola e da LAC, criada em 1992, pelo MPLA.
Se, na verdade, o Prémio Maboque de Jornalismo tivesse sido criado para premiar qualquer profissional que o merecesse, sem se olhar para a linha editorial do órgão para o qual trabalha e o facto de criticar as autoridades governamentais, o partido no poder e outros órgãos afins, jor¬nalistas como […] entre muitos outros já o teriam vencido.
Caso esses jornalistas trabalhassem nos órgãos públicos, não haja dúvida de que já teriam ganho o Prémio Maboque. Apraz perguntar, o que João Melo, Maria Luísa Fançony, Luís Fernando e outros propagandistas do regime terão feito mais e melhor do que aqueles escribas, alguns dos quais foram os pioneiros do jornalismo angolano e o revolucionaram. Inspiraram muitos dos jornalistas que surgiram posteriormente. Julgamos, por isso, que o Prémio Maboque devia destinar-se apenas aos jornalistas dos órgãos de comunicação estatais. A discriminação é deveras óbvia e gritante.
Não poderíamos terminar sem nos reportarmos à Angop, agência noticiosa pela qual passaram muitos dos jornalistas que agora exercem noutros órgãos. Uma grande escola, a Angop. Só para citar alguns, são os casos Graça Campos, Aguiar dos Santos, Silva Candembo, Salas Neto, Severino Carlos, Pascoal Mukuna, Cristóvão Neto, Francisco Alexandre, José Caetano, Siona Casimiro, Nhuca Júnior, entre centenas de outros.
Este parêntese sobre a agência serve para protestar contra a exclusão a que os seus jornalistas têm sido submetidos pelo Prémio Maboque. Não concordamos! Em próximas edições, esses profissionais deviam também ter direito a concorrer, pois eles são tão jornalistas quanto os outros.

Presidente do júri

A presidente do júri, Maria Ramos, que não tem formação jornalística, devia ter a humildade e a honestidade de recusar o convite para ocupar tal cargo, por não estar à altura de avaliar o trabalho dos jornalistas. Aliás, os próprios organizadores do prémio deviam ser mais exigentes neste aspecto. Maria Ramos desconhece o que é um lead, uma reportagem, uma crónica, um editorial e outros géneros jornalísticos.
Ela está lá como mera figura decorativa, pois o presidente do júri de qualquer concurso deve dar uma opinião abalizada sobre as matérias que concorrem, sob pena de fazer papel ridículo por não entender patavina. Aconselhamos, por isso, a Maboque a que futuramente a constitua um corpo de jurado só de jornalistas.
Apesar de que, de uma forma geral, os jornalistas têm uma sólida cultura geral, não seria produtivo, por exemplo, que integrassem um júri para um prémio de direito, economia, finanças, construção civil e outras respeitáveis profissões. Infelizmente, muita gente acha que se pode imiscuir nos domínios do jornalismo, banalizando-o.
Portanto, cada macaco no seu galho! ■
PM
[in Semanario Angolense, Luanda, edicao #434 de 17/09/11]




(...)
Nós mesmos
Os contratados
A queimar vida nos cafezais
Os homens negros ignorantes
Que devem respeitar o branco
E temer o rico

Somos os teus filhos
Dos bairros de pretos
Com fome e com sede
Com vergonha de te chamarmos mãe
(...)



Extracto de “Adeus à Hora da Largada”
Agostinho Neto


O EXECRAVEL PUTO PE'-DESCALÇO

Execravel... um puto? Ideia insuportavel!
Mas sim, era um puto. E sim, era execravel.
Nao um desses surpreendentemente imaginativos, empaticos e geralmente de bom fundo, “meninos de rua”, filhos da inclusiva exclusao pos-dipanda.
Tinha sido um puto pre'-dipanda.
[Pe'-descalço. Recalcado. Complexado.]

Alimentado a acre de kikwanga e aspereza de mfumbwa.
Sem a suavidade do funge e a amenidade da kizaka.
Sem a doçura do mikate e a convivialidade do safu.
Crescera boçal e pobre de espirito.
Sem inocencia. Sem meninice.
Sem a magia encantatoria das estorias de adormecer Bantu.
So' pesadelos: de mulheres negras violadas e monas mundele esquartejados a catanada em roças de cafe'.
Que especie de mulheres e monas podiam ser aqueles, senao insuportaveis?! Sussuravam-lhe os seus kazumbis – os unicos que lhe visitavam os sonhos.
[Pesadelos.]

Sim, cresceu dizendo-se 'so' podiam ser umas insuportaveis putas; seus monas nao mereciam outro destino senao a rejeiçao, o apagamento'.

Definitivamente, nao havia outro remedio senao acabar de vez com "aquela mulataria", como dizia um seu companheiro de infancia traumatizada - esse outro, conterraneo de contratados do sul nas roças de cafe' do norte do pais, que mais tarde, porem quando ainda lhe faltava "a coragem de ser angolano", haveria de tentar exorcisar os seus kazumbis, kalundus, traumas e complexos junto de uma inglesa que lhe lia Shakespeare para adormecer sem musica de fundo, acabando, depois de ela lhe ter passado um falso diploma de "cura" (que, aparentemente, tambem o creditava como economista especialista em crises financeiras internacionais e perito em transparencia nas industrias extractivas, entre outras curiosidades e enfermidades afins, tais como "life-long entitlement to ghost writers"...), por produzir, sob o olhar silencioso de Freud, uma copiosa prole negra para mostrar ao mundo (e sobretudo as negras que ao longo da sua ainda curta, mas aventurosa vida o tinham rejeitado, ou com as quais apenas delirara nos breves intervalos dos seus pesadelos - sendo que pelo menos a uma delas tera' "approached" com uma proposta bem a "capitalist nigger": "olha, os mais velhos estao a nos dizer que devemos namorar com as nossas 'manas' e gastar o nosso dinheiro com elas - assim, at the end of the day, o dinheiro fica dentro da nossa comunidade... e sabes uma coisa? Uma das minhas irmas esta' a guarda de diamantes no valor de milhoes, muitos milhoes mesmo!"... Seguindo-se que a dita "approached", sem um comentario, fechou-lhe a porta na cara, ainda que apenas 'figurativamente', e nunca mais o quis ver!) a sua "imensa masculinidade africana"...

Com tanto negro como eu por ai?! - auto-flagelava-se a cada passo dos seus execravelmente descalços pes na vertiginosa descida aos nauseabundos esgotos da sua triste memoria. Mesmo, e sobretudo, depois de ter deixado a pobre aldeia de Tomasse privada do seu idiota de estimacao, ido para a capital dar mau nome aos Bakongo, sido adoptado como filho da exclusiva inclusao pos-dipanda e calçado os devidos sapatos de ouro do poder de estado da "naçao crioula"; quando passou a transportar os seus pesadelos de execravel puto pe'-descalço, que nunca deixaria de ser, para a pagina impressa - escolhendo ritualmente para o efeito as datas de nascimento dos monas visados.
[Esgoto. Barata. Genocida.]

Impossibilitado de acender fogueiras para os queimar nos putridos esgotos que habitava, ou de os enterrar vivos no seu ja' completamente fundo tugurio, continuou, aí, a esquartejar a tinta vermelha de sangue mulheres negras, especialmente se “nao casadas”, mais seus monas (enquanto, com medo de perder o emprego, idolatrava e lambia os pes calçados de botas dos seus, novos-ex-roceiros de cafe', patroes) mundele.
[Boçal. Lacaio. Subserviente. Verme.]

Convenceu-se de que podia escrever algo como a "Memoria de Minhas Putas Tristes" de Garcia Marquez (cuja mae sabia ler, certamente contar-lhe encantatorias estorias de adormecer e ensinar-lhe a respeitar as mulheres - "putas" que fossem!...) e alcançar a eternidade dos Nobeis.

Nunca conseguiria mais do que alcançar a eternidade dos ratos e baratas de esgoto.
[Execravelmente Pe'-Descalço!]

*(First posted 27/11/09 - repostado a 25/01/10 e hoje, 10/09/11,
a proposito desta materia - que me fez lembrar da estoria dos "100 MIL CONTOS DO ABRIGADA"!!!)


Posts relacionados:


Black Masculinit(ies)y and Domestic Violence

"O Crime de Lesa-Patria!"

Sabes?

Confissao a Sant'Ana da Muxima

Certo ou Errado?

Falando de Etica Jornalistica

Media Freedom(s) Quo Vadis?

Sim Senhora Ministra?

Terra Queimada

"A Mesa Redonda"

A Proposito dos Monologos da Vagina







ADENDA

Prémio Maboque de Jornalismo é um embuste?

O Prémio Maboque de jornalismo, criado por essa empresa para agraciar profissionais da Comunicação Social que se destaquem no período de Janeiro a Setembro de cada ano, continua a revelar que o seu propósito é agradecer jornalistas dos órgãos públicos e os pró-regime, pela vassalagem e propaganda que prestaram e/ou têm prestado ao sistema governante.
O vencedor da última edição, Luís Fernando, antigo director do Jornal de Angola e actualmente d’O País, que sempre foi (é) um propagandista ao serviço do sistema político, é bem a prova do que acabámos de afirmar, pois, ao longo dos oito meses, não fez por merecer.
Não é justo que, por três reportagens, duas no exterior do país e uma em Angola, se lhe entregue o prémio de mão beijada, quando há colegas que ao longo desse tempo elaboraram mais e melhores trabalhos, particularmente de órgãos privados, o Semanário Angolense incluído, modéstia à parte. Foi uma injustiça dar o prémio a Luís Fernando, em detrimento de colegas que fizeram trabalhos com mais regularidade, ao longo destes nove meses.
Fonte digna de fé revelou-nos que, à última hora, o prémio foi retirado ao programa Debate Informativo, da Rádio Ecclesia, para ser oferecido a Luís Fernando, por uma ordem «vinda de cima». Portanto, o Prémio Maboque é um embuste, uma charada.
A nossa suspeita é ainda reforçada pelo facto de, ao longo das 19 edições, apenas dois jornalistas, do mesmo órgão privado (Semanário Angolense), conquistaram, meritoriamente, o galardão. Trata-se, nomeadamente, de Severino Carlos e Silva Candembo, que deixaram o corpo de jurados sem hipótese. Essa atribuição também visou dar a imagem de que o Prémio Maboque não está comprometido com o partido no poder.
Aliás, o seu suposto proprietário, Armindo César, foi um destacado dirigente da organização juvenil do MPLA, a JMPLA, membro dessa formação política, não devendo premiar jornalistas de órgãos que criticam o governo e o partido que o suporta.
Ao jornalista António Freitas, então director adjunto do semanário Agora, apesar de reconhecermos a sua capacidade técnica e profissional, só foi entregue o prémio por ter feito uma entrevista a Arkadi Gaidamak, parceiro do Governo na compra de armas durante a guerra, em que também esteve envolvido o francês Pierre Falcone.
A maior parte das edições foi oferecida a trabalhadores da Televisão Pública de Angola, Rádio Nacional de Angola e ao Jornal de Angola e da LAC, criada em 1992, pelo MPLA.
Se, na verdade, o Prémio Maboque de Jornalismo tivesse sido criado para premiar qualquer profissional que o merecesse, sem se olhar para a linha editorial do órgão para o qual trabalha e o facto de criticar as autoridades governamentais, o partido no poder e outros órgãos afins, jor¬nalistas como […] entre muitos outros já o teriam vencido.
Caso esses jornalistas trabalhassem nos órgãos públicos, não haja dúvida de que já teriam ganho o Prémio Maboque. Apraz perguntar, o que João Melo, Maria Luísa Fançony, Luís Fernando e outros propagandistas do regime terão feito mais e melhor do que aqueles escribas, alguns dos quais foram os pioneiros do jornalismo angolano e o revolucionaram. Inspiraram muitos dos jornalistas que surgiram posteriormente. Julgamos, por isso, que o Prémio Maboque devia destinar-se apenas aos jornalistas dos órgãos de comunicação estatais. A discriminação é deveras óbvia e gritante.
Não poderíamos terminar sem nos reportarmos à Angop, agência noticiosa pela qual passaram muitos dos jornalistas que agora exercem noutros órgãos. Uma grande escola, a Angop. Só para citar alguns, são os casos Graça Campos, Aguiar dos Santos, Silva Candembo, Salas Neto, Severino Carlos, Pascoal Mukuna, Cristóvão Neto, Francisco Alexandre, José Caetano, Siona Casimiro, Nhuca Júnior, entre centenas de outros.
Este parêntese sobre a agência serve para protestar contra a exclusão a que os seus jornalistas têm sido submetidos pelo Prémio Maboque. Não concordamos! Em próximas edições, esses profissionais deviam também ter direito a concorrer, pois eles são tão jornalistas quanto os outros.

Presidente do júri

A presidente do júri, Maria Ramos, que não tem formação jornalística, devia ter a humildade e a honestidade de recusar o convite para ocupar tal cargo, por não estar à altura de avaliar o trabalho dos jornalistas. Aliás, os próprios organizadores do prémio deviam ser mais exigentes neste aspecto. Maria Ramos desconhece o que é um lead, uma reportagem, uma crónica, um editorial e outros géneros jornalísticos.
Ela está lá como mera figura decorativa, pois o presidente do júri de qualquer concurso deve dar uma opinião abalizada sobre as matérias que concorrem, sob pena de fazer papel ridículo por não entender patavina. Aconselhamos, por isso, a Maboque a que futuramente a constitua um corpo de jurado só de jornalistas.
Apesar de que, de uma forma geral, os jornalistas têm uma sólida cultura geral, não seria produtivo, por exemplo, que integrassem um júri para um prémio de direito, economia, finanças, construção civil e outras respeitáveis profissões. Infelizmente, muita gente acha que se pode imiscuir nos domínios do jornalismo, banalizando-o.
Portanto, cada macaco no seu galho! ■
PM
[in Semanario Angolense, Luanda, edicao #434 de 17/09/11]